Chafariz de Matosinhos / Chafariz de Bouças / Chafariz de São João

IPA.00004959
Portugal, Porto, Matosinhos, União das freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira
 
Arquitectura civil pública, barroca. Chafariz de duas taças e coluna central, fortemente trabalhada donde ressaltam quatro bicas carrancas, masculinas, intercaladas por folhas de acanto. A taça inferior, quadrilobada é marcada por uma corda muito saliente. A taça superior, menor, é composta por quatro grandes vieiras nervuradas. O coroamento é constituído por coroa, sobre almofada assente em cubo decorado com escudos. Impressionante pelas proporções, e exuberância decorativa. Atente-se na espessura da coluna central. Cada uma das partes do chafariz, rigorosamente lavrada, apresenta-se autonoma em termos formais, mas imprime grande movimento o jogo da rotação das faces de cada peça.
Número IPA Antigo: PT011308050023
 
Registo visualizado 101 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de elevação, extração e distribuição  Chafariz / Fonte  Chafariz / Fonte  Tipo centralizado

Descrição

O tanque de planta rectangular alongada, rasteiro ao pavimento, com muretes rebocados no contacto com o mesmo, apresenta bordo em granito saliente e liso. Nos ângulos elevam-se pequenos pináculos em cantaria, constituídos por plinto de perfil côncavo, encimado por esfera. Numa das faces estreitas do tanque, do lado O. o remate de cantaria ao eixo é rasgado em forma de V e saliente em U para a face exterior, implantando-se na cota do pavimento uma caixa quadrangular com um orifício para escoamento das águas em excesso do tanque. Coluna central, apoiada num forte pedestal constituído por duas zonas, uma de superfície lisa e perfil "bombé" e a segunda fortemente trabalhada donde ressaltam quatro bicas. A segunda zona, é decorada com quatro carrancas masculinas, de enormes bigodes curvilíneos intercaladas por folhas de acanto. De cada boca sai uma bica metálica que jorra água para o tanque. Este corpo, encimado por sucessivos frisos é rematado por um friso tipo corda que serve de transição para a primeira bacia de contorno sinuoso. Esta, composta por quatro gomos, de bordo recortado e marcado por uma corda de elementos muito salientes, apresenta a superfície inferior decorada e relevada com flores de lís, volutas e folhas de acanto. A partir desta bacia ergue-se um outro pedestal, muito relevado, com grinaldas, intercaladas por festões com flores de lís e volutas, encimado por uma segunda taça, constituída por quatro conchas avolutadas, de profundas caneluras. O coroamento do chafariz subdivide-se em duas partes, a inferior de quatro faces, com quatro escudos, sendo dois nacionais e os outros ostentando os cravos de Matosinhos. A rematar, coroa sobre almofada de bordo curvo, com borlas pendentes nos ângulos. A coroa constituída por uma sucessão de flores de lís, ostenta ainda elementos florais num friso inferior e elementos geométricos na base.

Acessos

Avenida Dr. Antunes Guimarães, Parque Municipal da Quinta da Conceição

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, isolado, integrado no Parque Municipal da Quinta Conceição *1, numa plataforma do sítio de São João. Dessa extensa plataforma entre dois socalcos, em terra batida, emerge no centro o chafariz inserido num enorme tanque. No alinhamento do tanque para E., eleva-se banco de tampo em granito de planta rectangular alongada com os cantos arredondados. O tampo de forte espessura, com uma fenda oblíqua no centro em toda a largura, apresenta cinco apoios em pedra de liós, quatro nos ângulos tipo balaústre, de perfil côncavo e convexo e um ao centro, de secção quadrangular mais liso. Para cada lado implantam-se em alameda, árvores de grande porte. No alinhamento do chafariz, localiza-se fonte de espaldar setecentista (v. PT011308050046). O Parque Municipal está adossado a E. à EN. 107 e a S. à Avª. Antunes Guimarães. Debruça-se sobre a doca n.º 4 do Porto de Leixões, no extremo do Rio Leça.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Hidráulica: chafariz

Utilização Actual

Cultural e recreativa: fonte ornamental

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Nicolau Nasoni (atr.)

Cronologia

1476, 10 Julho - Escritura em que transita a Quinta da Granja *2 para os Padres da Ordem de São Francisco da Observância; 1478, 18 Maio - o vigário São Clemente reza a primeira missa na quinta da conceição e lança a primeira pedra do Convento de Nossa Senhora da Conceição; Dezembro - as paredes do convento, já estavam muito adiantadas; 1481 - o convento começa a ser ocupado; 1530 - no Convento da Conceição institui-se a Província da Ordem Franciscana para todos os observantes de Entre Douro e Minho; 1696, 9 de Julho - incêndio no convento; séc. 18 - provável construção do Chafariz de Bouças no adro da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos; 1837, 20 Dezembro - a Quinta da Conceição é adquirida ao Estado por Manuel José de Freitas Guimarães *3; 1863, até - Matosinhos não possuía fontes; 2 Outubro - é inaugurada a primeira fonte em Matosinhos, designada de Fonte dos Dois Amigos, na actual Rua Dr. José Ventura; séc. 19 - o Chafariz de Bouças é danificado por um raio, após uma trovoada; o chafariz é removido do adro da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos e colocado na Quinta da Conceição, onde se localizou o antigo convento franciscano, Cenóbio Capuchinho de Leça, a mando de D. Maria dos Santos Araújo; 1884 - iniciam-se os trabalhos de distribuição de água à cidade; 1885 - o Laboratório Municipal do Porto, efectua análises à água da Fonte dos Dois Amigos e à dos dois chafarizes do adro da Igreja Paroquial, considerando-a excelente para consumo; 1886 - conclusão dos trabalhos de distribuição de àgua à cidade, 1887, Julho - inicia-se o serviço público de distribuição de água; é nomeada uma comissão para tratar do abastecimento da água à vila; 1897 - a Câmara Municipal abre quatro poços: na Rua de França Júnior, na Alameda de Passos Manuel, na Praia dos Pescadores e na Rua de Roberto Ivens; 1898 - a Câmara abre um outro poço na Rua de Santana; já existiam os dois chafarizes do adro da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos; a Câmara abre mais dois poços, um no Largo do Castelo e outro na Agra; 1950 - expropriação, pelo Estado, da Quinta da Conceição, a D. Beatriz de Sã Lima, para alargamento do Porto de Leixões.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Granito na fonte e elementos decorativos do tanque; alvenaria rebocada nas paredes do tanque; ferro nas bicas.

Bibliografia

MARÇAL, Horácio, A Quinta da Conceição, Matosinhos,1957; SMITH, Robert C., Nicolau Nasoni, arquitecto do Porto, Lisboa, 1966; Boletim da Biblioteca Pública Municipal de Matosinhos, Agosto, nº15, 1968; CUNHA, Luís, O Porto do Arquitecto Nicolau Nasoni, in, Petrogal, Ano I, nº2, Janeiro / Março, 1980; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; CLETO, Joel, Senhor de Matosinhos, Matosinhos, 1995.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN / DSID

Intervenção Realizada

Observações

A designação de Chafariz de Matosinhos também é dada ao Chafariz do Claustro do Antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição (v.PT011308050047). Segundo Robert Smith este chafariz enquadra-se no período que Nasoni esteve a trabalhar ao serviço da Irmandade de Bouças, quando interviu na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos e arranjo do adro. Segundo este, o Chafariz de Bouças é inspirado nos chafarizes de claustros conventuais do séc. 17, como o de São Gonçalo de Amarante, Tibães, Santo Tirso, Rendufe e Grijó. *1 - Nos meados do séc. 15 o terreno que faz parte da Quinta da Conceição era designado por Granja ou Quinta da Granja, sendo prazo do Mosteiro de Leça do Balio; *2 - O nome de Quinta da Conceição deriva do Convento de Nossa Senhora da Conceição que teve aí o seu assento entre 1481 a 1834; *3 - Segundo o Eng. Fernando Pinto de Oliveira, Manuel José de Freitas Guimarães, cede a quinta a José Nogueira Pinto, que mais tarde a cede a sua mãe D. Maria Francisca dos Santos Pinto de Araújo.

Autor e Data

Isabel Sereno 2001

Actualização

 
 
 
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