Igreja Paroquial de Fandinhães / Igreja de Nossa Senhora da Livração / Capela de Fandinhães

IPA.00004934
Portugal, Porto, Marco de Canaveses, Freguesia de Penhalonga e Paços de Gaiolo
 
Igreja paroquial datável do séc. 13, de que apenas resta a cabeceira, tendo sido a nave demolida ao longo do séc. 19, para reutilização de materiais, com remodelações no séc. 16, com o revestimento a azulejo hispano-mourisco, de que subsistem os reaproveitados no frontal de altar, e alvo de remodelações no séc. 17, nomeadamente com a introdução de um novo retábulo. A planta é retangular simples, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, iluminada uniformemente por pequenas frestas rasgadas nas fachadas laterais e posterior. Fachada principal rematada em empena, sendo visível a fresta que existia sobre o arco triunfal e iluminava a nave, com portal, o antigo arco triunfal, de volta perfeita e dobrado, apresentando capitéis com decoração típica do românico, também visível na múltipla decoração das colunas das frestas, quer externa quer internamente, bem como em alguns cachorros que sustentam a cobertura. Interior com retábulo de talha maneirista.
Número IPA Antigo: PT011307130028
 
Registo visualizado 1247 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Igreja de que apenas resta a capela-mor e parte da parede sul da nave, de planta retangular simples, de espaço único, com cobertura em telhado de duas águas, rematadas em beiradas simples. Fachadas em cantaria de granito aparente, de aparelho isódomo, seccionada em dois registos por cornija de cantaria, que se reflete igualmente no interior, de cunhais simples e rematadas lateralmente em cachorradas e cornija, estando alguns dos cachorros ornados por motivos boleados, rolos, flores de quatro pétalas e figurações humanas e zoomórficas. Fachada principal virada a ocidente, rematada em empena com cruz no vértice, flanqueada por fragmento da antiga parede sul e pelas esperas da parede norte. É rasgada por portal em arco dobrado, de perfil apontado, assente em duas colunas, com capitéis decorados, o esquerdo com uma serpente a a do lado direito atlantes afrontados; as impostas exibem espirais ligadas e círculos enlaçados, que se prolongam em friso que secciona a fachada. Sobre o portal, a antiga fresta de volta perfeita, entaipada e revestida por painel de azulejo policromo, representando o orago. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas por duas frestas escavadas no muro, envolvidas por toro, assente em colunas, denominadas como toros diédricos, tendo capitéis ornados por figuras zoo e antropomórficas, que se replicam no interior, também com elementos vegetalistas, humanos e serpentes e pequenos friso entrelaçados. Fachada posterior rematada em empena, rasgada por fresta semelhante às anteriores. INTERIOR em cantaria de granito aparente, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira e pavimento em lajeado de granito. Junto ao portal axial, pia de água benta em cantaria de granito, composta por base torsa e alta taça facetada, revelando a reutilização de dois elementos de estruturas distintas. Sobre supedâneo de três degraus, a mesa de altar, paralelepipédica e com frontal revestido a azulejo hispano-mourisco. Na parede testeira, retábulo de talha dourada e pintada de branco, com corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos e fénices, assentes em plintos paralelepipédicos almofadados e de decoração vegetalista, as exteriores encimadas por urnas; o corpo está flanqueado por orelhas volutadas e com aves. Cada um dos eixos é marcado por mísulas, enquadradas por apainelados pintados, imitando adamascados. A estrutura remata em entablamento com friso de querubins e tabela horizontal, ladeada por quartelões e aletas de acantos e encimada por cornija sobrepujada por volutas e acantos.

Acessos

Paços de Gaiolo, Lugar de Fandinhães, CM1280

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 660/2012, DR, 2ª série, nº 215, de 07 novembro 2012

Enquadramento

Rural, isolado, implantado a norte da povoação, a meia-encosta, numa zona de forte declive, vencida por uma pequena regularização do terreno, vedado por muro em cantaria de granito aparente, de aparelho almofadado e capeado a cantaria, criando amplo adro, de planta trapezoidal. Está pavimentado a gravilha e protegido por pinocos e correntes, que não permitem a entrada de viaturas no recinto. Junto ao portal, o antigo lajeado da nave. O adro confina com estreita via pública, que liga Fandinhães ao Parque de Merendas de Montedeiras. Encontra-se rodeado por terrenos agrícolas e florestais e, nas imediações, cruzeiro em cantaria, composto por dado e cruz latina simples.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - Arciprestado de Marco de Canaveses)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 13 - época provável de construção da igreja, sendo a paróquia padroado dos herdeiros de um clérigo de Viseu; 1302 - o padroado é doado ao bispo do Porto, D. Geraldo Domingues (1300-1308); séc. 16, início - obras na capela, com introdução de azulejos hispano-mouriscos, atualmente reaproveitados no frontal da mesa de altar; séc. 17, final - feitura do retábulo-mor; 1690 - existe a Capela de São Clemente em Paços de Gaiolo, que começa a ser preferida pela população, devido à distância a que se encontra a igreja; 1758, 01 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Manuel Machado de Carvalho, é referido que a antiga matriz, dedicada a São Martinho, por estar numa serra muito áspera, foi mudada para a Capela de São Clemente, na povoação, ficando a antiga matriz como capela, administrada pelo abade de Paços de Gaiolo; séc. 18, final - São Clemente e São Martinho estão fundidos numa freguesia única; 1864 - a nave da igreja está muito danificada; 1873 - utilização da pedra do corpo da nave, que se encontrava em ruína, para ampliar a atual igreja paroquial; 1912 - a Capela passa a integrar a República Portuguesa; 1924 - a capela é solicitada pela Diocese do Porto; 2003, 09 maio - proposta de classificação da DRPorto do IPPAR; 2005, 16 setembro - proposta da DRPorto para a classificação como IIP; 2009, 29 dezembro - nova proposta da DRPorto para a classificação como IIP e delimitação da respetiva zona especial de proteção (ZEP); 2010 - a capela é integrada na Rota do Românico do Vale do Sousa; 2011, 31 de dezembro - nova proposta da DRCNorte para a classificação da capela como Monumento de Interesse Público; 2012, 28 março - publicação do projeto de Decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse e à fixação da respetiva zona especial de proteção; 2015, 28 abril - contrato entre a Associação de Municípios do Vale do Sousa e a Escola Profissional de Arqueologia para a realização de sondagens arqueológicas no adro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; modinaturas, cornijas, frisos, cachorros, pia de água benta, colunas e pavimento em cantaria de granito; cobertura de madeira; painel de azulejos policromos; azulejos hispano-mouriscos; retábulo-mor em talha dourada e pintada; cobertura exterior de telha cerâmica.

Bibliografia

AGUIAR, Manuel Vieira de - Descrição histórica, corográfica e folclórica de Marco de Canaveses. Porto: Escola Tipográfica Oficina de São José, 1947; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - «O Românico». In História da Arte em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, vol. 3, pp. 14 e 98; Arte Românica em Portugal. Aguilar de Campoo: Fundación Santa María la Real, 2010; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério - As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património. Braga, Universidade do Minho, 2000; COSTA, Joaquim Luís - «Luxúria e iconografia na escultura românica portuguesa» in Medievalista online. [consultado em 08 junho 2017]; Rota do Românico. Lousada: Centro de Estudos do Românico e do Território, 2015, vol. I.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 21 - obras de conservação e restauro, especialmente ao nível da cobertura.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2017 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login