Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa do Bispo / Igreja Paroquial de Vila Boa do Bispo / Igreja de Santa Maria / Quinta do Mosteiro

IPA.00004933
Portugal, Porto, Marco de Canaveses, Vila Boa do Bispo
 
Antigo mosteiro de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, masculino, com edifício de planta composta por igreja e dependências monacais, dispostas à volta do claustro, quadrangular. De construção alto-medieval, de que nada subsiste, mantém algumas caraterísticas de elementos da construção românica, como a abóbada de pedra da capela-mor e arcadas cegas nas fachadas exteriores, visível nos paramentos exteriores através dos contrafortes e nos vãos em arco, e alguma silharia, que apresenta frisos com motivos axadrezados, modilhões e um capitel. É de destacar a originalidade da fachada principal da igreja, em que apresenta junto ao portal, duas arcadas cegas, conservando-se uma arcada inteira e o arranque de uma segunda, com as aduelas decoradas por animais unifrontados. Segundo Ferreira de Almeida, trata-se de uma solução excecional na arquitetura românica portuguesa, que poderá se explicar tanto pela transposição das arcadas da capela-mor como por influências vindas da região de Orense ou de Oeste de França. As arquivoltas destas arcadas apresentam os temas bracarenses dos animais unifrontados já muito evoluídos e tardios. As grandes transformações foram realizadas a partir de finais do séc.17, com a abertura de novos e maiores vãos, a criação da nova fachada principal da igreja, correspondendo às novas normas de Trento. No séc. 18, surge uma decoração exuberante no interior da igreja, através do revestimento a azulejos na capela-mor, na cobertura dos tetos em madeira de caixotões, na pintura dos vãos interiores e sobretudo na coerência estilística da talha nacional, do retábulo-mor, dos colaterais e do arco triunfal, de grande riqueza de relevo e ornatos. No interior do mosteiro, também existem painéis de azulejos, no antigo refeitório e algumas pinturas murais na galeria do claustro. Mantém vários túmulos medievais.
Número IPA Antigo: PT011307300016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Planta poligonal composta por igreja e edifício monacal, a primeira composta por nave, capela-mor, torre sineira e capela adossados ao lado direito, sendo a zona monacal retangular, desenvolvida em torno de quadra. Volumes articulados de dominante horizontal e escalonados, com coberturas diferenciadas. IGREJA com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, rematadas em beiradas simples, sendo em coruchéu de granito, coroado por esfera, na torre sineira. Fachadas em cantaria de granito, exceto na fachada principal, torre sineira, capela lateral e capela-mor, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos, e rematadas em cornijas. Fachada principal voltada a ocidente, rematada em empena, elevada relativamente à cobertura, rematada por cruz latina sobre acrotério. É rasgada por portal de verga reta e moldura recortada, enquadrada por pilastras toscanas e orelhas, que sustentam duplo frontão interrompido por nicho em abóbada de concha, envolvido por apainelados, rematando o conjunto em cruz latina e pináculos. Sobre o nicho, surge um janelão retangular, ladeado por dois óculos circulares, em capialço e gradeados. No lado esquerdo, são visíveis dois arcos cegos, com arquivoltas ligeiramente apontadas, com imagens esculpidas; na parte inferior, uma zona esculpida com motivos fitomórficos faz a ligação entre os arcos. No lado direito, surge a torre sineira, de dois registos definidos por cornija, o inferior com dois níveis de frestas em capialço e molduras salientes na face principal, surgindo uma fresta e o mostrador do relógio na face lateral direita; no segundo registo, as ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes. A estrutura remata em cornijas. Tem acesso pela face posterior, a partir de escada de dois lanços, um adossado à fachada lateral e outro perpendicular, através de porta de verga reta. Fachada lateral esquerda adossada ao edifício monacal. Fachada lateral direita rasgada, na nave, por três frestas, tendo marcação de um corpo que tinha adossado e recentemente demolido. É marcada por corpo adossado, rematado em empena com cruz no vértice, tendo janelas retilíneas em capialço nas faces laterais. O corpo da capela-mor é marcado por dois contrafortes, e vários fragmentos de friso axadrezado e capitel decorado com sereia; é rasgado por três janelas em capialço, gradeadas, a primeira inserida num vão em arco ligeiramente quebrado, tendo encostado à base o túmulo de D. Salvado Pires, com o escudo de armas e inscrição. Fachada posterior rematada em empena, coroada por cruz sobre acrotério, rasgada por janela de verga reta. Surge de forma aleatória fragmentos de cantaria com motivos axadrezados. INTERIOR da nave com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço, em madeira, com caixotões decorados por florões em talha dourada, nos ângulos, e pavimento em madeira. Coro-alto assente em arco abatido de pedra pintado a marmoreados a vermelho e preto, assente em colunas embebidas e pilares, com guarda em balaústres torneados de madeira, em talha policroma e dourada. Tem acesso por porta no lado do Evangelho, com moldura em granito pintado a fingir drapeados e sanefa em talha policroma e dourada. Possui cadeiral, pintado a marmoreados vermelho, azul e preto com apontamentos em talha dourada. Sub-coro com cobertura em madeira de caixotões, pintada a marmoreados castanhos com florões em talha dourada nos ângulos. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira e vidro, ladeado por pias de água benta, em cantaria, com decoração gomada. No lado do Evangelho, surgem dois arcosólios com os túmulos de D. Júlio Geraldes e D. Nicolau Martins. No alinhamento, numa posição elevada, o coreto do órgão. Sucedem-se a capela retabular lateral, dedicada a Nossa Senhora de Fátima e um púlpito quadrangular com guarda plena de talha policroma e dourada. Surge, ainda, uma porta de verga reta, com moldura granítica pintado a marmoreados, anteriormente enquadrada por arco apontado, este deslocado e separados por friso pintado de branco. No lado da Epístola, o batistério, revestido a azulejos de padrão policromos, azuis e amarelos, com cobertura de caixotões pintados de branco, com molduras em granito, tendo nos vértices florões do mesmo material, e pavimento cerâmico. Nos ângulos da dependência, dispõem-se quatro colunas coríntias, em granito, que centram a pia batismal, em cantaria, composta por coluna em forma de urna e taça com decoração vegetalista *2. Surge, ainda, capela adossada, do Santíssimo Sacramento, com acesso por arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, pintado com motivos fitomórficos, tendo no intradorso inscrições delidas. Está encimado por sanefa de talha policroma e dourada, decorada com enrolamentos fitomórficos e concheados, com cartela central, representando o Santíssimo Sacramento, sendo sobrepujada por imagem de vulto. Tem cobertura em falsa abóbada de berço com pinturas murais decorativas. Possui retábulo de talha policroma e dourada. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, integralmente revestido a talha dourada com decoração exuberante de motivos fitomórficos, concheados, anjos e putti; está flanqueado por capelas retabulares colaterais, dedicadas a Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (Epístola). Capela-mor com as paredes marcadas por dois registos de azulejos de padrão azul e branco, os superiores formando albarradas e os superiores de figura avulsa, tendo cobertura em abóbada de berço formando caixotões de talha dourada, alguns deles enquadrando antigas pinturas murais de temática hagiográfica; pavimento em lajeado de granito. Tem portas confrontantes com moldura granítica com pinturas, sendo encimadas por apainelados de talha policroma e dourada, que enquadram mísula com imaginária. Sobre supedâneo de granito, acedido por três degraus centrais, a mesa de altar, de madeira. Na parede testeira, o retábulo-mor de corpo côncavo e um eixo, definido por quatro colunas torsas ornadas por pâmpanos, pássaros e pequenos anjos, assentes em consolas e que se prolongam em duas arquivoltas também torsas e unidas por aduelas equidistantes no sentido do raio, com fecho saliente formada por cartela decorada com enrolamentos vegetalistas que enquadram dois anjos que seguram a mitra de bispo, encimados por fénix, constituindo o ático. Ao centro, tribuna em arco de volta perfeita, decorada com apainelados decorados com motivos vegetalistas, e cobertura em falsa abóbada de concha, decorada com motivos vegetalistas, contendo trono expositivo, sob o qual se dispõem dois pequenos anjos de vulto. Na base da tribuna surgem três nichos em arco de volta perfeita, assentes em colunas torsas, tendo, ao centro, o sacrário embutido, envolvido por enrolamentos vegetalistas e sobrepujado pela imagem do orago, com a porta decorada com o Salvador do Mundo; os laterais albergam imaginária; sotobanco em madeira pintada a marmoreados a vermelho e verde, que enquadra altar paralelepipédico, de madeira e feitura recente. No lado do Evangelho, a porta de acesso à sacristia com paredes rebocadas e pintadas de branco, cobertura rebocada e pintada e pavimento em madeira. Possui na parede norte grande arcaz de madeira e na parede virada a oriente lavabo em cantaria, sob supedâneo também em cantaria, com espaldar retangular, terminado em friso e cornija reta, decorado com motivos fitomórficos, e duas bicas enquadradas por carrancas, tendo ao centro cartela retangular; a estrutura remata com volutas, tendo centralmente a mitra de bispo, e é sobrepujada por motivos vegetalistas que formam cruz *3. MOSTEIRO de planta quadrangular, desenvolvida em torno de claustro, de massa simples e com fachadas em alvenaria de granito, rebocadas e pintadas de branco. No prolongamento do muro de granito, virado a sul, abre-se um portal de verga reta com moldura granítica, aberto em espaldar rebocado e pintado de branco, enquadrado por duas pilastras toscanas, com remate em cornija contracurvado, sobrepujado por dois pináculos com esfera, tendo centralmente a pedra de armas. A fachada virada a sul tem duas portas de acesso a uma varanda única, apoiada em quatro fortes cachorros de granito. A fachada virada a norte possui escadaria granítica e fronteira a esta, tanque com bica em granito, com a imagem de uma carranca. O claustro evolui em dois registos, separados por friso, o primeiro marcado por arcos de volta perfeita, assentes em colunas toscanas, e o segundo por janelas com parapeito saliente. Galerias com fragmentos de pintura mural, sendo visível uma cartela com o busto de um bispo. Ao centro da quadra, uma fonte, enquadrada por pequenos arbustos. INTERIOR com os tetos de madeira, sendo os do claustro em caixotões. Antigo refeitório com paredes revestidas a painéis de azulejos azul e branco, decorados por cartelas e motivos fitomórficos, enquadrando pássaros.

Acessos

Vila Boa do Bispo, Avenida Padre António Cunha Machado. WGS84 (graus decimais): lat.: 41,130516; long.: -8,220468

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 (Igreja de Vila Boa do Bispo, incluindo os túmulos) / IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 (Mosteiro de Vila Boa do Bispo) *1

Enquadramento

Peri-urbano, isolado, implantado em zona de forte declive, a que se adapta, com acesso por via pavimentada a calçada de cubos de granito, enquadrada por algumas construções, como um parque infantil, o coreto e a casa paroquial. A via termina no mosteiro, antecedido por pequeno adro protegido por murete em cantaria de granito aparente, com dois vãos ostentando grades metálicas; o interior está pavimentado a calçada, tendo quatro lápides tumulares. No contorno do adro e da via de acesso, estão implantadas diversas cruzes de granito que constituem uma Via Sacra. Na proximidade, junto à estrada, sob plataforma quadrangular, com acesso por quatro degraus centrais, ergue-se o cruzeiro monacal. Junto à fachada posterior, três tanques de água, decorativos.

Descrição Complementar

O CORETO DO ÓRGÃO serve, atualmente de comunicação entre o mosteiro e a igreja. É de madeira pintada de acharoada de vermelho e motivos dourados, com cenas de paisagem, elementos arquitetónicos e animais exóticos, de nítida aproximação à chinoiserie. É de secção trapezoidal e é sustentada por atlante com os braços abertos e manto esvoaçante, sob um concheado. Tem guarda em balaustrada de madeira pintada de marmoreados fingidos, verdes e vermelhos. Sobre a PORTA DE ACESSO AO PÚLPITO, surge a inscrição: "1686". ARCO TRIUNFAL apresenta arquivoltas decoradas com motivos vegetalistas e cartela central envolta em enrolamentos que enquadram o Sagrado Coração; lateralmente, possui apainelados decorados e quartelões. É encimado por fragmentos de frontão, de cornijas e apainelados vegetalistas, que enquadram a fresta do arco, decorado com motivos fitomórficos, concheados e quatro anjos de vulto. A CAPELA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA é de talha pintada de branco e dourada, de corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas torsas de fuste decorado com motivos vegetalistas e pequenos anjos, assentes em consolas decoradas com enrolamentos vegetalistas e querubins; as colunas prolongam-se em arquivoltas unidas no sentido do raio, mas desencontradas, formando o ático. Ao centro, nicho de volta perfeita com o fundo revestido a apainelados, contendo a imagem do orago. Cada um dos eixos laterais possui mísulas enquadradas por apainelados e encimadas por baldaquino. Altar paralelepipédico formando quatro painéis interrompidos por cruz que tem, no centro, cartela circular com pintura, representando Nossa Senhora de Fátima. A CAPELA DO SANTÍSSIMO é de talha policroma e dourada, de corpo reto e três eixos definidos por duas colunas exteriores, de fustes lisos e ornados por elementos fitomórficos, e por dois quartelões, assentes em consolas. Ao centro, nicho de volta perfeita, estando ladeado por mísulas enquadradas por apainelados com fundos pintados, de motivos fitomórficos a vermelho e verde, encimados por baldaquinos. A estrutura remata em fragmentos de frontão, de onde evoluem anjos de vulto, que centram um baldaquino central, com lambrequins e falsos drapeados a abrir em boca de cena. Altar em forma de urna, encimado por sacrário envolvido por volutas e anjos, encimado por baldaquino, tendo a porta decorada com Agnus Dei. Os RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes, cada um deles de talha policroma e dourada, de corpo reto e um só eixo, definido por falsas pilastras, assentes em consolas, e fustes profusamente decorados com motivos vegetalistas, flores, pequenos anjos e putti. Ao centro abre-se nicho de perfil ultrapassado e moldura saliente, evolvido por profusa decoração de volutas e acantos, contendo peanha com imaginária. A estrutura remata em friso e cornija, encimado por frontão semicircular contendo relevo a representar, no Evangelho, a Assunção da Virgem e, no oposto, Cristo Redentor. Sobre estes, um friso e cornija faz ligação à decoração do arco triunfal. Altar paralelepipédico com frontal decorado com cartela envolta em motivos vegetalistas. CARTELA DO LAVABO com a data inscrita "1727". Na parede ocidental do claustro, o túmulo do fundador, com tampa de formato abaulado; na parede sul, uma estela funerária e, no lado norte, um túmulo em arcosólio com tampa curva.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Comercial: espaço para eventos

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - Arciprestado de Marco de Canaveses) (igreja) / pessoa coletiva (mosteiro)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 12 / 13 / 15 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Manuel Ferreira de Figueiredo (1700).

Cronologia

990 - 1022 - fundação do mosteiro por D. Mónio ou Moninho Viegas, sendo seu primeiro abade D. Rosardo, natural de França; 1022 - provável data de falecimento do fundador, sepultado no claustro, apesar de divergência dos autores sobre a data gravada em data posterior, provavelmente já no séc. 13; 1030 - D. Sisnando, bispo do Porto e irmão do fundador entra no Mosteiro, onde professou e permaneceu até à sua morte; 1035 - hipotético falecimento de D. Sisnando por um ataque mouro; 1073 - segundo algumas crónicas, o bispo do Porto, D. Pedro Ribaldis manda fazer um túmulo condigno para D. Sisnando e pintar a história da sua bravura nas paredes da capela existente no Monte, onde este falecera; 1120 - 1141 - criação da paróquia de Santa Maria de Vila do Bispo; 1141 - já pertence à ordem dos cónegos regrantes de Santo Agostinho, e recebe carta de couto de D. Afonso Henriques, em agradecimento pela forma como foi recebido no local; séc. 12 - séc. 13 - reedificação da igreja; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo o mosteiro taxado em 1500 libras, valor elevado relativamente a outros mosteiros da região; 1348 - túmulo de D. Nicolau Martins, no local onde estava a Capela de Nossa Senhora, no lado do Evangelho; 1381, 30 janeiro - falecimento de Júlio Geraldes, vassalo de D. Fernando, sepultado no local; 1392 - sepultura de D. Salvador Pires, prior do mosteiro, no lado da Epístola; 1475 - entrou em regime de comenda; 1596 - transporte da pedra tumular de D. Sisnando para o mosteiro; 1593 - iniciou a reforma que culminou com a sua integração na Congregação de Santa Cruz de Coimbra; séc. 17, segunda metade - grande campanha de obras no mosteiro e igreja, que estaria concluída em 1678; 1700, 13 dezembro - contrato entre o padre D. Roque da Paixão e o entalhador Manuel Ferreira de Figueiredo, de Arrifana do Sousa, para a feitura de 3 retábulos; 1740 - o mosteiro é entregue à Companhia de Jesus; colocação de azulejos da capela-mor; com a saída dos jesuítas, passa para a Coroa; 1758, 28 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Manuel Moreira, é referido que a paróquia é dedicada a Nossa Senhora da Assunção e tem quatro altares, o de Santo Agostinho e São Teotónio, o de Nossa Senhora do Rosário, o do Sacramento, com a imagem de Nossa Senhora, e o de Santo António; tem as irmandades do Senhor, da Senhora e de São Sebastião; tem por pároco um vigário e um cura, ambos apresentados pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e a paróquia rende 60$000; tem as ermidas de Santo António, dos religiosos; 1834 - extinção das Ordens Religiosas; o mosteiro foi vendido a particulares; 1882, 21 de janeiro - a Direção Geral de Obras Públicas do Distrito do Porto ordena, por motivos de segurança, que a torre seja apeada e novamente reconstruída; 1886, novembro - as obras da torre encontram-se em curso; séc. 20 - construção do um corpo de dois pisos adossado a fachada lateral sul; construção do cruzeiro; 1914 - feitura dos pavimentos da torre sineira; 1953 - a quinta do Mosteiro está em processo de venda; 21 abril - pretende-se abrir processo de classificação para os azulejos do Mosteiro; o refeitório serve de tulha; 1958 - o pároco de Vila Boa do Bispo contata a Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), apelando para a realização de obras que considerava urgentes, com a eletrificação total do interior, o arranjo da talha que reveste o arco cruzeiro e trabalhos ao nível do telhado; o mosteiro é propriedade de António Pereira Pinto; 1963 - oferta do relógio da torre por Alberto Soares Pereira e a esposa D. Ana Gonçalo; 1969 - tremor de terra fez abalar as estruturas do arco triunfal, provocando o deslocamento da talha; 1990 - comemoração dos 1000 anos do mosteiro, com várias atividades culturais; 1995 - a igreja candidatou-se a fundos comunitários no âmbito de Apoio a Projetos - Piloto no Domínio da Conservação do Património Arquitetónico Europeu; 1996 - ofício do IPPAR a solicitar à DGEMN uma vistoria à igreja para elaboração de um relatório, por forma a que o IPPAR possa considerar a eventualidade de apoiar a recuperação do espólio artístico, constituído por retábulos em talha dourada, azulejos, tetos em caixotões e cadeiral; 1997 - ofício da DGEMN ao IPPAR com a proposta de intervenção nas áreas da conservação, consolidação, beneficiação e eventual restauro das talhas, pinturas sobre alvenarias de granito, azulejaria, pintura sobre madeira de portas e vãos interiores, balaustradas, caixotões dos tetos e cadeiral do coro, assim como a pintura mural existente no claustro e os azulejos do refeitório do mosteiro; deveria ser feita com a coordenação da DGEMN e colaboração do IPPAR; 2002 - ofício do padre Manuel de Oliveira Sousa Vales a solicitar obras nas coberturas, drenagem de águas pluviais, conservação de tetos e restauro da talha e pavimentos; 2005 - o padre Manuel de Oliveira Sousa Vales enviou ofícios para várias entidades (Comissão Europeia, IPPAR, DGEMN, Governo Civil do Porto, CCDR-N, Assembleia da República, Câmara Municipal do Marco de Canaveses e Bispo da Diocese do Porto) no sentido de alertar para o estado de degradação geral da igreja, nomeadamente as condições estruturais e decorativas; 2007 - a atual Capela do Santíssimo é dedicada a Nossa Senhora das Graças; 2012 - durante as obras são detetadas as pinturas murais da cobertura da capela-mor.

Dados Técnicos

Estrutura de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito aparente, rebocada e pintada em alguns paramentos; muros, modinaturas, colunas, frisos, cornijas, arcos, cruzes, capitéis, pia batismal, pia de água benta, lavabo, túmulos, escadas, plintos, cruzeiro e outros elementos em cantaria de granito; pavimento de betão na torre sineira; pavimento, portas, coberturas, arcaz e caixilharia de madeira; retábulos e sanefas em talha dourada e policroma; silhares de azulejo; gradeamentos de janela em ferro; sinos em cobre; vidros simples e vitrais; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

AGUIAR, Manuel Vieira de - Descrição histórica, corográfica e folclórica de Marco de Canaveses. Porto: Escola Tipográfica Oficina de São José, 1947; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - «Geografia da Arquitectura Românica» in História da Arte em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, S.A, 1986, vol. III; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, Porto, Diocese do Porto, 1985, vol. II; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério - As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património. Braga: Universidade do Minho, 2000; COUTO, António - Raízes Histórico-Culturais de Vila Boa do Bispo. Marco de Canaveses: Edição do Autor, 1988; «Igreja Matriz de Vila do Bispo». Boletim da DGEMN, Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 107; MONTEIRO, Emília - Monografia do Marco de Canaveses. Marco de Canaveses: Câmara Municipal de Marco de Canaveses, 1996, 3 vols.; «Património Cultural Edificado Classificado». In: Marco de Canaveses a Caminho dos 140 anos. Colóquio. Marco de Canaveses: Câmara Municipal de Marco de Canaveses, 1991, pp. 107-115; RODRIGUES, José Carlos Meneses - A Talha Nacional e Joanina em Marco de Canaveses. Porto: s.n., 1996, 3 vols. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto; SILVA, João Belmiro Pinto da - Marco de Canaveses. Sepulturas Medievais Concelhias. Marco de Canaveses: Edição do Autor, 1990, vol. II; SOUSA, Bernardo Vasconcelos e Sousa (Dir.) - Ordens Religiosas em Portugal: das origens a Trento - Guia Histórico. Lisboa: Livros Horizonte, 2005; VALENÇA, Manuel (Padre) - A Arte Organística em Portugal. Braga: Editorial Franciscana, 1990, vol. II.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN: DREMNorte/DM, DGEMN:DSMN/REM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN: DREMNorte, SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DREMN-0270/30, PT DGEMN:DREMN-1133/14, PT DGEMN:DREMN-1133/15, PT DGEMN:DREMN-1133/16, PT DGEMN:DREMN-1133/17, PT DGEMN:DSARH-010/139-0004, PT DGEMN:DSID-001/013-005-1981/2, PT DGEMN:DSID-001/013-005-1981/3, PT DGEMN:DSMN/SE-0031/03

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 40 - trasladação de dois túmulos do claustro para as paredes da igreja; 1958 - diversos trabalhos de conservação das coberturas; 1980 - obras nas coberturas; 1990 - obras de conservação; DGEMN: 1997 - diagnóstico sobre o estado de conservação e patologias do imóvel; PROPRIETÁRIO: 2006 / 2007 - obras de conservação apoiadas tecnicamente pela DGEMN; colocação de reboco e pintura dos paramentos exteriores; reavaliação das necessidades de intervenção no interior do imóvel, considerando que para resolver problemas estruturais, será necessário remover e reavaliar estruturas em talha e outros objetos decorativos, sendo algumas deslocadas; obras de conservação das coberturas, dos tetos em madeira, dos paramentos exteriores e interiores; remodelação das caixilharias; consolidação estrutural do arco que sustenta o coro-alto e do arco triunfal; limpeza e tratamentos dos pavimentos; remodelação geral das infraestruturas (eletricidade e som); consolidação da pintura mural; conservação dos túmulos; conservação e restauro das pinturas do púlpito e dos vãos interiores, dos caixotões, dos azulejos, da talha do arco triunfal, dos retábulos, das sanefas, do cadeiral, da imaginária, dos tocheiros; tratamento geral da envolvência; demolição do corpo anexo à capela lateral; 2012 - obras nos caixotões da capela-mor e consolidação da pintura mural encontrada durante esta intervenção.

Observações

1 - DOF: Mosteiro de Vila Boa do Bispo / Igreja de Vila Boa do Bispo, incluindo os túmulos. *2 - a primitiva pia batismal encontra-se arrecadada. *3 - as obras ocorridas no início do séc. 20 fazem desaparecer elementos: os vãos encontravam-se sobrepujados por sanefas de talha pintada e dourada, formando cornija e lambrequins; o coro-alto possui cadeiral, pintado a marmoreados vermelho, azul e preto com apontamentos em talha dourada; a capela do Santíssimo tinha cobertura em falsa abóbada de berço de caixotões de talha dourada.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2018 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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