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Edifício e estrutura Edifício Assistencial
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Descrição
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Edifício térreo de planta longitudinal, composta por capela de nave única adossada a dois compartimentos rectangulares, denominados sala e cozinha *1. Volumes articulados, com coberturas diferenciadas em telhado de três águas. A fachada principal orientada a NE é constituída pela associação dos dois corpos de empena triangular, capela e sala. A fachada da capela, mais elevada, é rematada por cornija tendo no vértice central um acrotério e nos extremos pináculos piramidais. No ângulo um sino suspenso numa sineira metálica. Apresenta portal simples de verga recta, encimado por um pequeno óculo quadrilobado sobre o qual se insere um nicho de arco pleno. A fachada da sala, com beiral saliente apresenta ao eixo uma porta igual à da capela e ao mesmo nível, sobrelevada relativamente ao terreno dada a pendente deste. O acesso faz-se através de uma escada em madeira. A fachada NO., correspondente ao lado mais extenso da sala, rematada por cornija em granito com beiral saliente é marcada apenas por uma porta ladeada por duas aberturas rectangulares gradeadas. O acesso faz-se por uma escadaria em granito apoiada numa zona lajeada parcialamente destruida. A fachada posterior apresenta no corpo da sala uma janela rectangular gradeada e no corpo da antiga cozinha uma porta. A fachada SE, constituída pela fachada lateral da capela mais elevada e pelo corpo da cozinha, apresenta respectivamente uma janela e uma porta. No INTERIOR, a sala corresponde a um espaço amplo caiado com a estrutura da cobertura visível com asnas de madeira. Num dos extremos, um lagar e na restante área vários tonéis. O espaço interior da capela, com tecto curvo em madeira apresenta um altar-mor pintado e dourado. O compartimento outrora cozinha está actualmente ocupado por vasilhame, patenteando um tecto plano em madeira bastante degradado. |
Acessos
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Lugar de Ordem, Rua de São Nicolau, n.º 1165 |
Protecção
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Em estudo |
Enquadramento
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Urbano, isolado, insere-se na margem direita do Tâmega, a meia encosta, na Quinta da Albergaria. A albergaria e a capela implantam-se recuados, relativamente à R. de São Nicolau, envolvidos por terreiro com alguns desníveis, definido por muro de granito gradeado. Neste, implantam-se, alguns corpos de apoio à actividade agrícola, a habitação da caseira, e junto à albergaria, incluído na propriedade, na parte posterior, um tanque de grande escala, com a forma de um decágono, abastecido pela ribeira do Vale do Covo. Nas proximidades, mais junto ao rio, a Capela de São Lázaro (v.PT011307210013), o conjunto formado pelas Igrejas de Santa Maria (v. PT011307210014) e de São Nicolau (v. PT011307210024) e o Cruzeiro do Senhor da Boa Passagem (v. PT011307210012). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Assistencial: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Extração, produção e transformação: lagar / Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular. |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 12 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 12 - Provável construção do Paço a mando da Rainha D. Mafalda *2; 1157, 4 Novembro - morre em Coimbra a Rainha D. Mafalda, destinando em testamento a instalação de uma Albergaria no edifício *3; 1200 - foi administrador ou albergueiro, Mendo Paes; 1294 - foi administrador ou albergueiro Martim Johannes; Séc. 14 - o Infante D. Pedro terá residido nesta Albergaria, aquando dos desentendimentos com o seu pai, D. Afonso IV; 1393, 5 Novembro - por má administração da Albergaria, a Câmara e o povo nomearam um administrador para a governar; 1453, 16 de Dezembro - toma posse como administrador ou albergueiro Gonçalo Gil; 1459 - por provisão do rei D. Afonso V foi concedido a Gonçalo Gil o título de administrador perpétuo, tendo sido também determinado que a administração da albergaria passaria dele aos seus descendentes, ficando encarregues de a melhorarem e não danificarem; 1485 - Gonçalo Gil deixa de ser o administrador; 1485 / 1508 - foi administrador ou albergueiro, Pedro Gil; 1508, 23 Junho - toma posse como administrador ou albergueiro, Gonçalo Gil, irmão de Pedro Gil; 1579, 29 Dezembro - por escritura, Gaspar Sousa de Carvalho passa a administração a seu filho, Álvaro Pessoa de Carvalho; 1580, 22 Janeiro - toma posse Álvaro Pessoa de Carvalho que à sua morte lega a administração a seu filho Luiz; o povo não aceita esta nomeação, passando-a para o seu irmão o Padre Gaspar Pessoa de Carvalho; por ser pouco zelador da albergaria o rei D. Pedro II nomeia administrador da mesma e dos bens dos Pessoas o corregedor de Guimarães, Capitão de infantaria Francisco Pinto de Queiroz; o povo está descontente com esta nomeação; 1672, 30 Agosto - por sentença de Lisboa, é reafirmado que a administração pertence à Câmara e não à Coroa, pelo que nomeiam Gonçalo de Faria Velho; 1740, a partir - as rendas começam a reduzir-se; 1742, até - governou até morrer o capitão Manuel Pinto Ribeiro de Andrade, fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo; após - por não se chegar a consenso para um novo administrador passou a Albergaria, bem como as suas regalias para o padroado Real, conforme o expresso no testamento de D. Mafalda; 1750, 29 Julho - D. João V concede o alvará de administrador a João Guedes Pinto ou João Guedes de Vasconcelos, de que não houve acordo pela Câmara; 1772 - não se chegando a acordo com nova nomeação, entre a Coroa e a Câmara, passa novamente a administração nesta data para a Câmara; 1782, 23 Dezembro - por má administração da Albergaria, dos seus rendimentos e conservação do dito, perdem-se novamente os privilégios e a albergaria e os seus bens passam para o padroado real; 1791, 26 Setembro - através de carta régia de D. Maria I passa de padroado real para o administrador D. Joaquim de Queirós de Vasconcelos Coimbra Camacho, fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Malta, Senhor da Casa do Pinheiro no concelho de Santa Cruz e do Morgado de nossa Senhora da Conceição da cidade de Braga; séc. 19, 1ª metade - a administração passa para D. Gaspar de Queirós Camacho de Vasconcelos Sousa Coimbra Barros e Lencastre, Senhor do Morgado dos Coimbras, filho de D. Joaquim de Queirós de Vasconcelos Coimbra Camacho; 1853 - morte de D. Gaspar de Queirós Camacho de Vasconcelos Sousa Coimbra Barros e Lencastre, passando a administração para o seu filho D. António de Queirós de Vasconcelos Sousa Coimbra de Lencastre, Senhor do Morgado dos Coimbras; 1892 - morte de D. António de Queirós de Vasconcelos Sousa Coimbra de Lencastre, passando a administração para D. José Maria Queirós e Lencastre; 1935 - pertence ainda a D. José Maria Queirós e Lencastre; 1930 / 1940 - existe apenas um compartimento na sala com um catre e os restantes encontram-se em ruínas, destinados agora a gado e depósito de forragens; séc. 20, déc. 70 - a albergaria passa para a família do actual proprietário. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes em alvenaria de granito aparente no exterior e interior, excepto na capela rebocada no interior; cobertura em telha marselha apoiada sobre estrutura de madeira; portas em madeira; pavimento em soalho de madeira na capela; tecto corrido em madeira na capela e cozinha; grades em ferro forjado nas janelas |
Bibliografia
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SOUSA, António Caetano de, História Genealógica da Corte Real Portuguesa, 1735- 1749; Livro das Ordens, Torre do Tombo, fl.29; VITERBO, Elucidário da Língua Portuguesa, 1865; VASCONCELOS, Manuel de, A Vila de Canaveses, Lisboa, 1935; Guia de Portugal, IV-I, Coimbra, 1985. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Proprietário: 1930 / 1940 - Restauro da capela. |
Observações
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A questão da administração da Albergaria, foi sempre muito disputada, tanto no reinado de D. Dinis como nos de D. Afonso IV e D. Pedro I, pelo que foram muitas as reclamações contra os albergueiros por parte do povo de Canaveses, originando várias cartas régias. Sabe-se que esta albergaria possuíu dois livros de Tombo, mas só um deles é conhecido e está nas mãos da família Lencastre. *1 - Em termos organizativos, este pequeno paço, era constituído por capela, sala e cozinha. Inicialmente, a sala era constituída por nove compartimentos, separados por divisórias em castanho até meia altura e tinham dentro um catre. Os documentos mais antigos fazem crer que havia três camas para nove peregrinos; *2 - a Rainha Santa Mafalda terá mandado construír este edifício para sua residência, para acompanhamento das obras da ponte, e terá aí permanecido até se recolher no Mosteiro de Arouca. No Livro das Ordens, fl. 29 (na Torre do Tombo) lê-se: " Deixo o meu Paço de Canaveses que eu fiz em que pousei enquanto mandei fazer a ponte sobre o Tãmega..."; *3 - a albergaria seria para recolher temporariamente pobres e peregrinos, dando-lhes obrigatoriamente na entrada e saída, lume e sal, poderiam eventualmente receber cuidados de enfermaria e se algum falecesse seria enterrado com três missas. A Rainha, fez com que a Albergaria tivesse rendas próprias tais como: os foros e rendas das freguesias de São Pedro e Santa Maria de Fornos, a apresentação da igreja de Santa Maria Sôbre-Tâmega, as azenhas do rio Paçô, os fornos de cozer pão, as portagens da Ponte de Canaveses (actualmente submersa), o rendimento de duas quintas nas proximidades e etc. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1999 |
Actualização
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