Igreja Paroquial de Jazente / Igreja de Santa Maria

IPA.00004832
Portugal, Porto, Amarante, Jazente
 
Arquitectura religiosa, românica e maneirista. Mosteiro feminino da ordem beneditina, transformado em igreja paroquial de estrutura românica alterada no século 17. De planta rectangular composta por nave única, capela-mor com sacristia adossada. Arco triunfal com duas estruturas diferentes, uma românica, de arco quebrado e outra posterior seiscentista, com pilastras adossadas ao intradorso do arco. Igreja de grande simplicidade, com dois portais em arco quebrado, com cruz vazada no principal e com cinco círculos vazados no lateral. A pouca decoração concentra-se mos cachorros de decoração geométrica cujos símbolos estão relacionados com a actividade agrícola; como as três bolas em triângulo que significam o cacho de uvas, ou o pequeno cilindro como o símbolo do tonel de vinho. Retábulos colaterais, de planta recta de um só eixo, neoclássicos. Campanário seiscentista, de estrutura maciça, integrado no muro de delimitação do adro. Nas fachadas laterais da nave são visíveis consolas para sustentação de alpendres desaparecidos, bem como orifícios junto aos cachorros nos remates das fachadas laterais da capela-mor, possivelmente para suporte de outras construções. Interiormente é de salientar, o frontal de azulejos hispano-árabes.
Número IPA Antigo: PT011301180014
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor mais baixa e estreita, a que se adossa lateralmente a S., sacristia, de planta quadrangular. Perpendicularmente à fachada principal, no alinhamento a S., eleva-se campanário, de dois registos separados por friso e cornija, o primeiro é cego, o segundo é vazado por duas ventanas em arco de volta perfeita, com pés direitos definidos por colunas toscanas de secção quadrada, com remate em friso e cornija saliente, encimado por urnas e centralmente em empena interrompida por ventana mais pequena, com remate em friso e cornija e sobrepujada por cruz sobre acrotério; com acesso por escada de ferro, colocada na face E.. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de duas águas na nave e capela-mor e de três na sacristia. Fachadas em granito aparente, com embasamento. Remates diferenciados, em empena na fachada principal e na posterior da nave, coroadas por cruz pátea; em cornija suportada por cachorrada com alguns modilhões decorados, nas fachadas laterais da nave e capela-mor; e em cornija sob beiral na sacristia. Fachada principal, orientada, terminada em empena truncada por sineira, de arco de volta perfeita, terminada em empena de cornija saliente, coroada por pequena cruz. Portal enquadrado por duas arquivoltas, em arco quebrado, e tímpano com cruz vazada, assente em impostas salientes, lintel com cruz gravada, e os pés-direitos ornados com estrias verticais. Sob o portal, uma pequena fresta de arco de volta perfeita. Na fachada N. da nave, rasgam-se duas frestas estreitas, e porta de verga recta; na capela-mor, fresta de volta perfeita gradeada. A fachada oposta virada a S., é percorrida, numa posição elevada, por friso, e rasgada por duas frestas estreitas, e portal de arco quebrado, com tímpano ornado por cinco pequenos círculos vazados, formando cruz, inscritos num círculo, assente em impostas lisas; e uma fresta de volta perfeita gradeada na capela-mor. O corpo da sacristia possui, na fachada O., porta de verga recta e a E., uma fresta em capialço gradeada. Na fachada posterior da nave rasga-se uma pequena fresta, a da capela-mor é cega. INTERIOR com paredes em cantaria de granito aparente, tecto e pavimento da nave em madeira. Junto à parede fundeira, no lado do Evangelho, surge pia baptismal, em cantaria, de taça octogonal, com pé facetado; no lado da Epístola, situa-se a escada de madeira de acesso ao coro-alto. Na parede do lado do Evangelho, rasga-se arco de verga abatido, no qual se insere vão de verga recta, forrado a madeira com mísula, albergando imaginária; na parede do lado da Epístola, porta para o exterior. Arco triunfal quebrado, com impostas salientes, possuindo no intradorso pilastras adossadas com capitéis toscanos; encimado por fresta em capialço, e ladeado por dois retábulos colaterais, albergando imaginária. Capela-mor, com pavimento em madeira, e supedâneo de granito, acedido por dois degraus também em granito, adossados à parede do lado da Epístola; centralmente, mesa de altar, em granito, com frontal em azulejos hispano-árabes. Na parede testeira, surge fresta, inserida num nicho de volta perfeita, profundo, e mísula com sacrário, sendo ladeada por outras duas mísulas que albergam imaginária. A parede do lado da Epístola, possui vão em arco abatido de acesso à sacristia. SACRISTIA com paredes em granito aparente, tecto em masseira, e pavimento em madeira. Na parede S. surgem dois móveis em madeira, e na parede oposta, um relógio de pêndulo. Coro-alto, assente em estrutura e mísulas de madeira, com guarda em balaústres de madeira.

Acessos

Jazente, EN 15 (Amarante), saída pela margem esquerda até Padronelo, ao km 64, virar para a EN 101-5, em direcção a Marco de Canaveses, atravessar o Rio Ovelha e continuar à direita para Jazente, virar à esquerda para a Rua da Igreja até ao Lugar da Igreja. WGS84 (graus decimais): lat. 41.242352º, long. -8.057021º

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Rural, meia encosta, isolado. Insere-se em adro de terra batida, pontuada de algumas árvores, delimitado por pequeno muro em pedra, que acompanha o declive do terreno, interrompido no acesso fronteiro à fachada principal a O. e a N., com portões de ferro, de acesso ao cemitério. Adossado ao muro da fachada lateral S., existe uma construção recente de sanitários, três bancos de pedra, campanário, e mais recuada entre as videiras, ergue-se a casa paroquial. Adossado ao muro O., desenvolve-se o salão paroquial, e pelo exterior, surge um memorial de homenagem ao Padre Paulino Cabral. No largo fronteiro, ergue-se a capela mortuária, sobranceira a campos agrícolas.

Descrição Complementar

TALHA: Retábulos colaterais policromados a branco, rosa e azul, semelhantes, com decoração marcada a dourado, de planta recta e um eixo definido por colunas com capitéis coríntios, e fuste estriado; assentes ao nível do banco em plintos paralelepipédicos frontalmente decorados com motivo vegetalista. Sustentam entablamento com cornija denticulada; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, envolvido por moldura e filete dourado, apresentando o fundo pintado de azul celeste e albergando imaginária. A base da tribuna integra nicho envidraçado, com imagem, no retábulo do lado do Evangelho; e sacrário com porta, no retábulo do lado da Epístola. Ao sotobanco adossa-se altar em forma de urna com frontal decorado com motivos vegetalistas. Ático em espaldar recortado com fragmentos de cornija, decorado de festões remate com folha de acanto, apresentando ao centro, florão.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 12 - data provável da fundação do Mosteiro de Santa Maria de Jazente; século 13, finais - data provável da construção da igreja; 1320 - nesta data, o mosteiro estava taxado em cinquenta libras, o que significa que seria um mosteiro modesto; 1458 - ainda existia o Mosteiro, transferência de uma freira beneditina, do Mosteiro de Recião; 1542 - nesta data o Mosteiro já estava extinto e reduzido a igreja paroquial; 1739 - 1789 - o Padre Paulino Cabral (1739-1789) pastoreou a paróquia cerca de meio século; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Manuel Pereira, é referido que a Igreja tem por orago a Santíssima Virgem Maria, com três altares, o mor, da padroeira, e os colaterais do Menino Deus, São José e Santa Ana (Evangelho) e Nossa Senhora do Rosário (Epístola); tem as Confrarias do Santo Nome de Deus e Rosário; o pároco é abade apresentado pela Santa Sé e pelo Bispo do Porto, tendo de renda 300$000; 1932, 13 de Setembro - ofício do padre Virgílio Monteiro Alves Guimarães dirigido ao engenhero Baltazar de Castro, em que o informa das obras a decorrer segundo as suas orientações; no mesmo ofício faz-se referência ao aparecimento de uns orifícios junto de cada cachorro, nas fachadas laterais da capela-mor; e dos fragmentos de pintura mural descobertos no arco triunfal, semelhantes aos fragmentos da parede testeira da capela-mor; 1948, 24 Novembro - ofício do padre Manuel Pinto Coelho, a solicitar informação sobre a classificação da igreja e a informar da necessidade de obras na igreja; 1962, 5 Dezembro - ofício do padre João Ferreira a solicitar informação sobre a classificação da igreja e a informar da necessidade urgente de obras nas coberturas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em granito aparente, molduras de vãos, colunas, frisos, cornijas, arcos, pilastras, cruzes, pia baptismal, escadas, mesa de altar e outros elementos em granito; pavimento em lajeado de granito na capela-mor, de madeira na nave, na sacristia e parte da capela-mor; portas, tectos, armários da sacristia, e caixilharias em madeira; gradeamentos de janela, escadas do campanário e sinos em bronze; frontal de azulejos; vidros simples e coloridos; cobertura em telha.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; CARVALHO, Balbino de, Paulino António Cabral (um poeta amarantino do séc. XVIII), Porto, 1955; Contée de Tourisme de la Montagne de Marão: Amarante - Baião - Celorico de Basto - Marco de Canavezes - Mesão Frio - Mondim de Basto - Vila Real, Tipografia Pátria, 1959; Guia de Portugal Entre Douro e Minho, I Douro Litoral, Coimbra, 1985; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno. Diccionário Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal, vol. 3, Lisboa, 1874; MACHADO, António de Sousa, Amarante Medieval, 1979; MENESES, F. Alpoim, Historia Antiga e Moderna da sempre leal e antiquíssima Vila de Amarante, Lisboa, 1814; MIKETEN, Roberval, Amarante Visitada, 1985; SOUSA, Bernardo Vasconcelos e Sousa (Dir.), Ordens Religiosas em Portugal: das origens a Trento - Guia Histórico, Lisboa 2005; VASCONCELOS, J. de, Amarante, in A Arte e Natureza em Portugal, V. P., 1905.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1932 / 1933 - obras de conservação: remoção do reboco dos paramentos exteriores e interiores, limpeza das pedras; restauro do tímpano da porta principal, levantamento de uma carreira de pedras da espessura de um palmo que encobria uma fila de azulejos que se encontrava subterrada.

Observações

Autor e Data

Isabel Sereno 1994 / Paula Noé 1996

Actualização

Sónia Basto 2006
 
 
 
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