Palácio dos Condes dos Arcos / Palácio do Salvador

IPA.00004814
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Casa senhorial, construída por iniciciativa do sexto conde dos Arcos, provavelmente entre 1755 e 1768, sobre as ruínas das antigas casas nobres anexas ao Convento do Salvador, de fundação trecentista, apresenta características próprias da reconstrução pombalina, nomeadamente, na regularização da fachada exterior, permitindo a regularização do quarteirão, e na sobriedade da sua imponente fachada principal, dominada pelo portal de aparato encimado pela pedra de armas dos condes dos Arcos.
Número IPA Antigo: PT031106360021
 
Registo visualizado 788 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta retangular, com pátio interno, central, formada pela articulação de vários corpos. O principal, com cinco e quatro pisos, é composto por um módulo longitudinal, desenvolvido no sentido noroeste-sudeste, a que se justapõe um outro transversal, no sentido sudoeste-nordeste, formando um pátio interno, delimitado a noroeste por um muro se sustentação de terras, ao qual se encosta um segundo módulo em "L". As coberturas são em telhados, maioritariamente de duas águas, podendo, nos corpos de ligação, ser de três ou quatro águas. O acesso principal ao imóvel faz-se a partir do Largo do Salvador, a nordeste, para onde se encontra orientada a sua fachada principal, a única visível do exterior. Esta, de cinco e quatro pisos, é composta por um só pano, delimitado por cunhais de cantaria simples, cornija sob beirado e soco de alvenaria. Rasgam-no vinte e oito janelas, retilíneas com moldura de alvenaria simples dispostas em oito linhas verticais. O piso térreo é revestido de pedra até meia altura e rasgado por vãos variados com molduras de alvenaria simples, à exceção do grande ao portal de aparato, situado numa posição descentrada, na metade direita da fachada, sob a sexta fila de janelas, no local onde, devido ao declive natural do terreno, o edifício deixa de ter cinco pisos para passar a ter quatro. De duplo pé direito, o portal eleva-se à altura do lintel das janelas dos segundo e terceiro pisos, é em madeira, de dupla folha, apresentando um largo vão apilastrado, encimado por janelão semicircular com entablamento de moldura simples rasgada ao centro por cartela barroca com a pedra de armas dos condes de Arcos, flanqueada por dois pináculos de remate cónico. O andar nobre, situado no último piso, é marcado exteriormente pelas suas oito janelas de sacada com guardas de ferro fundido e cornijas salientes. Os restantes pisos apresentam simples janelas de guilhotina. INTERIOR: acede-se ao interior através de uma passagem que liga o portal ao pátio interno, composto por duas galerias enfrentadas com arcos triplos; as lojas do piso térreo apresentam coberturas em abobadilha; os salões do piso nobre exibem silhares de azulejo setecentista e tetos apainelados seiscentistas. Possui capela com altar setecentista em talha dourada e policromada, enquadrado por um pórtico de desenho clássico em mármore rosa, e onde figura uma tela com uma representação de Nossa Senhora da Conceição, de feição italianizante, provenientes do Palácio dos Condes de São Miguel, em Arroios; nas paredes wncontram-se silhares de azulejo historiado apresentando cenas da vida da Virgem.

Acessos

Largo do Salvador, n.ºs 14 a 23; Rua do Salvador, n.º 1; Beco de Santa Helena, n.ºs 10 A e 10B.WGS84 (graus decimais): lat. 38,712234; long. -9,129853

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 658/2015, DR, 2.ª série, n.º 172 de 3 setembro 2015 / ZEP, Portaria n.º 658/2015, DR, 2.ª série, n.º 172 de 3 setembro 2015

Enquadramento

Urbano. Ocupa um lote irregular no bairro histórico de Alfama, a meia encosta, a sudeste do Castelo de São Jorge, fronte à colina de São Vicente, junto aos miradouros de Santa Luzia e das Portas do Sol, na sua envolvência reconhecem-se edifícios tipologicamente muito diversos como o Convento de São Salvador (v. IPA.00005142) e uma casa pré-pombalina de empena em bico, no Largo do Salvador.

Descrição Complementar

Acervo de azulejos setecentistas, composto por silhares de azulejo azul e branco historiando cenas da vida da Virgem, na capela; de padrão pombalino ou de figura avulsa nos salões do piso nobre; azuis e brancos representando cenas de caça, nos muretes das conversadeiras do jardim.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada

Afectação

Época Construção

Séc. 14 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 14 - João Esteves da Azambuja, privado de D. Pedro I e alcaide-mor de Lisboa, vive numas casas nobres no local onde se erguerá o Palácio do Salvador; 1390 - João Afonso Esteves de Azambuja (c. 1340 - 1415), sobrinho e herdeiro de João Esteves de Azambuja, então bispo de Silves, solicita autorização para a fundação de uma congregação religiosa neste local; 1391 - D. João I (1357 - 1433) concede o padroado de São Salvador a João Afonso Esteves da Azambuja, agora prelado do Porto, que o doa, perpetuamente, à Ordem de São Domingos; 1478 - encontra-se concluído o Convento de São Salvador, ficando nele a residir o ramo feminino da Ordem de São Domingos; Séc. 15 - Álvaro Pires de Távora (c. 1400 - ), neto de João Esteves de Azambuja, recebe de João Afonso Esteves de Azambuja as casas nobres anexas ao convento, assim como o seu padroado; Séc. 16 - D. Leão de Noronha (1510 - 1572), descendente há quarta geração de João Afonso Esteves de Azambuja, torna-se senhora das casas nobres anexas ao convento; 1646 - D. Tomás de Noronha, bisneto de Leão de Noronha, torna-se, por casamento com D. Madalena Brito de Bourbon, filha do 1.º conde dos Arcos, 3.º conde dos Arcos, entrando assim, as casas nobres anexas ao Convento de São Salvador para a posse desta casa; 1650 - na Planta de Lisboa de João Nunes Tinoco, o quarteirão onde se situa o paço surge com uma área idêntica à atual, contudo com um recorte muito irregular, sobretudo na frente virada ao Largo do Salvador; 1755, 01 novembro - o grande terramoto de Lisboa arrasa o primitivo paço; 1756 - na Planta de Lisboa de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel, o quarteirão surge já com uma feição semelhante à atual; a reconstrução do palácio terá sido feita de imediato por iniciativa do seu proprietário, o 6.º conde dos Arcos, Marcus José de Noronha e Brito ( - 1768), enquadrando-se nos planos de reconstrução pombalina, nomeadamente na regularização de fachada; 2014, 05 junho - publicação do anúncio de abertura do procedimento de classificação do edifício, em Anúncio n.º 136/2014, DR, 2.ª série, n.º 108; 2015, 09 junho - publicação do projeto de decisão relativo à classificação do edifício como Monumento de Interesse Público, Anúncio n.º153/2015, DR, 2.ª série, n.º 111.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, azulejos.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de - Inventário de Lisboa. Lisboa, 1949, fascículo VI; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1973, tomo I; "Marcus Noronha da Costa". In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo (dir. de) - Dicionário da História de Lisboa. Lisboa, 1994; "Palácio do Salvador". In SANTANA, Francisco; SUCENA, Eduardo (dir. de) - Dicionário da História de Lisboa. Lisboa, 1994.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Tereno 2015

Actualização

 
 
 
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