Sistema Fortificado de Estremoz

IPA.00004803
Portugal, Évora, Estremoz, União das freguesias de Estremoz (Santa Maria e Santo André)
 
Arquitectura militar, gótica, moderna, neoclássica. Castelo característico da arquitectura militar regional dos Séc. 13 e 14, cuja fonte de inspiração se pode considerar o Castelo de Portel (v. PT040709050001). Da construção do tempo de D. Dinis resta um edifício de planta quadrada com cobertura em abóbada artesoada. Muralhas e baluartes pertencentes a duas fases cruciais de intervenção na defesa das praças meridionais, o Séc. 13 e o Séc. 17, caracterizada pelo precário aparelho de alvenaria de pedra a primeira, pelos sistemas radiais Vauban a segunda. Pertencem a este universo os castelos de Terena (v. PT040701050006), Alandroal (v. PT040701010003), Évora Monte (v. PT040704040002), Vila Viçosa (v. PT040714030002), Monsaraz (v. PT040711030002), Mourão (v. PT040708030001) e outros. Foi ainda este critério que influenciou, no essencial, a edificação da monumental cerca medieval de Évora, já nos fins do Séc. 14. As Torres e Porta da Couraça faziam parte da estrutura defensiva medieval do antigo burgo, características da arquitectura militar regional; a Couraça de Estremoz distingue-se da cerca em que está embebida pela sua majestade e aspecto arcaico. A 1ª linha de fortificações constitui-se como estrutura defensiva característica da arquitectura militar regional durante os Séc. 13 / 14, com protótipos em Borba (v. PT040703010005), Redondo (v. PT040710020005), Veiros (v. PT040704130019), Arraiolos (v. PT040702010004), etc.. A 2ª linha de fortificações e as Portas seguem o tipo Vauban, em composições barrocas de emolduramento dos vãos de acesso, similares a outros exemplares Vauban existentes em todo o País, nomeadamente em Elvas e em Évora. A Porta de Évora foi erguida após o contexto da Guerra Peninsular já na centúria de setecentos. As obras de adaptação a pousada do castelo procuraram respeitar o traçado do Paço Joanino valorizado pelo mobiliário português dos Séc. 17 e 18. A torre de Menagem de descomunais dimensões e capitéis assinados. As Torres e Porta da Couraça testemunham a destruída estrada coberta das couraças que se estendia, com barbacã de grossa alvenaria, ao longo da encosta até alcançar o poço do Espírito Santo, que desde a fundação da Vila abastecia todos os seus moradores de água potável, porquanto as 20 cisternas do castelo apenas recolhiam águas pluviais. A 1ª Linha de fortificações faz parte da complexa estrutura defensiva que envolveu o burgo e a cidade em várias épocas.
Número IPA Antigo: PT040704030008
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Militar  Sistema fortificado    

Descrição

CASTELO: planta pentagonal, constituída por cerca de muros baixos de largo adarve reforçados por 4 quatro salientes torreões cilíndricos nos flancos, com a frontaria na cota suprema e desenvolvendo-se em plano pendente para a vertente N.. A frontaria, que se abre para S., é dominada pela altaneira Torre de Menagem ou Dos Três Reis, assente em sólido pódio de 5 irregulares degraus, com 27m de altura e integralmente edificada em silhares de mármore da região de fino corte, alguns siglados *4; divide-se em 3 pisos definidos por finos bocetes envolventes, o primeiro assenta e é delimitado por friso boleado, correspondente à sombria sala rectangular, talvez uma prisão medieval, iluminada apenas pela portada gótica do pátio de armas, na qual se vêem os imponentes arranques da galilé, com mísula de cunha, apenas esboçadas e nos cunhais decoração discoide; o segundo, aberto com frestas trilobadas ou maineladas, metidas em rectângulos perfeitos e enobrecido pelo escudo de armas da casa real portuguesa da 1ª dinastia, formoso brasão de alto relevo, do tipo primitivo, dos 5 escudetes postos em cruz e orla de 22 castelos, amparado por anjos sentados ou de vénia; e o terceiro, rasgado com fenestras geminadas ou singelas e rompentes com 3 balcões medievais ou mata-cães, dois nos vértices SE. e SO. e um no paramento N., crivados de orifícios destinados ao arremesso de objectos de guerra, suportados por cachorrada de andares e parapeito cingido de merlões góticos prismáticos; terraço, igualmente cortinado de ameias, arranca de cornijamento decorado por arcadura de cunhas, sendo os prospectos, guarnecidos de gárgulas zoo-antropomórficas; no interior, a alta torre, com 125 degraus de pedra, afigura-se a sala do andar nobre, que se atinge subindo discreta escada colada ao esqueleto arcaico da torre ou pela escadaria monumental da Armaria, salão de planta octogonal, com porta de arco gótico, à escala humana, é iluminada por 3 frestas rasgadas nos panos da torre, de enxalços profundos e arcos equiláteros, chanfrados, compostos por colunelos geminados, de capitéis abundantemente decorados por folhagem de parra de vinha, folhas de carvalho e elementos zoomórficos; cobertura em abóbada, polinervada, de linhas correctas distribuída em aranhiço de 8 raios e nervuras torreadas de duplas meias canas, nasce em colunéis formeiros, de bases poligonais e capitéis naturalistas, dispostos em andares, sendo um, esculpido com máscaras humanas, em expressão naturalista e intencional, do estilo gótico; chaves cilíndricas com padrão vegetalista, também de mármore branco; O pórtico do Castelo: totalmente em mármore, típico da arte joanina de 1740, com jambas de corda saliente e verga ligeiramente abaulada, de colchete central, o frontão apresenta exuberante heráldica militar em mármore, armoriado de troféus de guerra, antigos e modernos, envolvidos por cordão e cruz da Ordem de Cristo, ladeia a Torre a E. que ocupa as instalações dos antigos Paços - Armazéns de Guerra, que marcam toda a banda E. da frontaria e se incorporam em quase toda a extensão da velha praça de armas; é neste edifício que funciona a Pousada: nas caves as cozinhas, copas, instalações de aquecimento e tratamento de águas, vestiários e instalações do pessoal; no r/c as zonas da recepção, salas de estar e de refeições, articuladas ao longo de amplos salões com cobertura de abóbada de aresta assente em pilares de cantaria, munidos de bases e mísulas molduradas; uma escadaria nobre, com soco revestido a azulejo azul e branco, dá acesso ao 1º andar organizado em função de 3 amplas galerias-corredor dispostas em U, para as quais abrem os quartos dos hóspedes e dependências de serviço, através de portas de vergas molduradas e jambas de cantaria pintada e dourada; na intersecção dos corredores, situam-se salas de estar ricamente mobiladas, com portas e janelas revestidas a talha dourada e pintada, por vezes munidas de brasões entre composições de exuberante talha dourada; no 2º andar encontram-se as instalações do pessoal, depósitos vários, engomadoria, etc.; as circulações verticais são asseguradas por escadas de serviço e monta-cargas. A capela, de planta rectangular, é pegada com os Armazéns da Guerra através de portal com as armas de D. João V e por escadaria de 4 patamares; apresenta portal com frontão clássico, pavimentos de mármore azul e branco de arquitecturas perspectivadas, telas nas naves com passos da vida de Santa Isabel; do lado da Epístola painéis de azulejo azul e branco com milagres da santa; arco triunfal de 1/2 ponto, capela-mor de mármores da região e da zona de Sintra; altar-mor joanino com as imagens de São Filipe Nery e São Lázaro; na tribuna imagem estofada de Santa Isabel; na sacristia pinturas murais neoclássicas com medalhões com os 4 evangelistas e silhares de azulejos joaninos. Sob o torreão da capela existe cisterna de arcadas em arco quebrado sobre pilares de mármore e cobertura em abóbada de canhão; O pátio, de secção trapezoidal, de empenas iluminadas por janelas de sacada e de peito e portadas com cornijas e vergas adinteladas, tem, no eixo do terreiro, uma baixa e cilíndrica fonte de taça centrada por repuxo de quadrifoliados golfinhos marmóreos, ao fundo a casa da água, com túnel de arco redondo, apilastrado e abobadado, comunicante a dois vastos depósitos de guerra; no corpo integrado da torre, corre uma varanda com parapeito guarnecido de balaústres perspectivados, dispostos em três tramos aclaustrados, falsos, de volta plena, bem emoldurados e de cogulhos axiais, existe ainda gárgulas, de inspiração clássica, reproduzindo capacetes gregos, estilizados, fazendo-se a iluminação de algumas salas, por lunetas elipsóides, de mármore, metidas em mansardas pombalinas. FORTIFICAÇÕES: As MURALHAS PRIMITIVAS da cidadela terão sido iniciadas pela Ordem de Avis, reinado de D. Afonso II, concluídas no ano de 1258 na era de César, 1220 DC; envolveram o núcleo do Castelo ou de Santa Maria, núcleo fundador do burgo medieval; planta sensivelmente pentagonal, com 22 torres e cubelos; constituída por pequena cerca de alvenaria de pedra, serpenteando por cota estável acompanhando as linhas de nível, arrancando os paramentos precários da escarpa rochosa da colina calcária; tem perímetro sensivelmente poligonal, com duas portas axiais, a E., a Porta da Frandina, do Sol ou do Castelo, ladeada por dois torreões cilíndricos; a O., a Porta do Arco de Santarém, de Santana ou dos Santos, defendida por uma torre quadrada. A SEGUNDA LINHA DE MURALHAS estendeu-se ao bairro de Santiago, permanecendo a Porta de Santarém apenas como comunicação de Santiago com Santa Maria e já não como porta da vila. Na nova muralha foram abertas duas novas portas, uma para a encosta S., a Porta de Évora e outra, hoje desaparecida, para a encosta da levada, a Porta da Lage. Além destas, existiam ainda a Porta de Santo António, a SE., desaparecida quando do restauro da fortaleza e a do Barô, a NO., que mais tarde seria incluída na fortificação das Couraças, composta por TORRES E PORTA DA COURAÇA, deste raro exemplar de fortificação medieval apenas restam as duas torres quadradas ameadas de planta composta, resultante da articulação horizontal, no eixo N. - S., de duas torres de planta quadrada, com cerca de 6m de lado, e de pequeno lanço de muro, onde se rasga atarracado pórtico, a antiga Porta da Couraça, aberta a O.. Frontaria definida pela articulação dos elementos descritos, rasgada no registo térreo pelo pequeno postigo da Porta da Couraça, com a verga em arco apontado, definido por aduelas em silharia de mármore corridas por friso de encordoado, aberto em lambril de silharia, até cerca de 1/3 da altura do paramento, corrido de friso, que continua, depois de quebrar para a horizontal, o motivo do friso das aduelas. As duas torres, cobertas de amplo adarve servido de merlões de barrete prismático, são rasgadas, ao longo dos quatro pisos, por seteiras de enxalços profundos; cada torre contém um compartimento interior que permite o acesso à cobertura; FORTIFICAÇÕES SEISCENTISTAS, representam os baluartes incorporados à linha de muralha do Castelo e toda a cintura envolvente dos limites urbanos da cidade; mandadas edificar em 1642 por D. João IV segundo plano de Cosmander, devido à fragilidade dos velhos muros da cidadela medieval, perante os progressos balísticos da época, dotando-a de uma linha bastionada protectora do tipo de artilharia, encerrada em polígono exterior, de escarpas flanqueadas por quatro baluartes, dois meio-baluartes e um revelim; a NO. o Baluarte de Santa Isabel, defendendo a povoação; a N. o Baluarte de Santo Agostinho, protegendo o Castelo e que sacrificou a Porta do Barô e a estrada coberta da Couraça; a E. os baluartes mais importantes, Baluartes de S. Brás e da Rua Nova, protegendo a porta do Arco da Frandina, imponentes ainda hoje e cintados de poderosos cunhais marmóreos, já sem guaritas; o Revelim de Santa Cruz, encostado aos muros do Assento; o Baluarte das Ferrarias, no ângulo sudoeste, guarnecido de guaritas e com duas alturas artilhoadas, flanqueando o Arco de Santarém; envolvia a parte baixa da vila uma terceira cintura de muralhas num circuito de quase 5 quilómetros, iniciada por engenheiros portugueses e franceses em 1644-1658, após 1662, Nicolau de Langres auxiliado por Pierre de Saint-Colombe é nomeado o engenheiro encarregue da fortificação de Estremoz; de planta irregular e sinuosa, constituída por aterro e parapeito de alvenaria, reforçada por silharia nos cunhais, envolvendo a área urbana da cidade pelos lados N., O. e S. e rasgada por quatro amplos vãos de acesso rematados pelas duas faces de composição ornamental emoldurante, conectando um sistema de fortes e baluartes de planta poligonal, pentagonal e compósita; 10 baluartes, 3 meios baluartes, um reduto e vários revelins envolviam e definiam os limites urbanos da cidade; a ala E. compreendida entre as Portas de Santa Catarina e Santo António, foi demolida no séc.20, para a construção da linha de caminho de ferro; rasgadas na cintura defensiva exterior da cidade, as PORTAS DE SANTO ANTÓNIO, DE SANTA CATARINA, DOS CURRAIS E DE ÉVORA são as únicas entradas na cidade; a Porta de Santo António, aberta entre dois bastiões dos baluartes de Santo António e de São Francisco, demolido, tem planta rectangular com dois tramos apoiados em robusto pilar central cilíndrico, de pedra regional, de longo túnel com cobertura em abóbada de canhão, tem pelo exterior moldura de composição maneirista, de arco pleno, ladeada de pilastras de silharia almofadadas, que se continuam em remates pinaculares completados por esferas acima do frontão triangular, onde se abre nicho com o santo padroeiro. Pelo interior moldura característica dos arcos e portas seiscentistas da cidade, de silharia almofadada a fazer o aro, sobrepujado de volutas e enrolamentos. Por cima de cada um dos vãos uma lápide epigrafada (ESPANCA, 1975). Similares a esta composição são os arcos que compõem os vãos das restantes portas classificadas, que perfuram o muro defensivo igualmente em túneis profundos; a Porta de Santa Catarina, a N., entre o baluarte dos Reguengos e o demolido baluarte de S. Pedro, de planta rectangular, assente em pontão de arcaria irregular cobrindo o fosso, o túnel de tecto redondo e arcadas falsas, dividido ao meio pela abertura da ponte-levadiça, mantém, parcialmente obstruída as frestas dos arcabuzeiros, nos corpos laterais rasgam-se os respectivos cubículos da guarda, enxovias, casas da carruagem e trem militar, com arcos de lintéis e jambas gradeadas, com arco pleno, emoldurado e de pilastras singelas, laterais, rematado por áticas com as iniciais G.P., e fogaréus piramidais, frontão de aletas e nicho redondo com imagem da padroeira em mármore branco. Na cobertura, onde os presos assistiam à missa, uma guarita cilíndrica, enobrecida pelo escudo régio de Portugal, flores-de-lis e ornatos em losangos e perolados, do estilo barroco; a Porta dos Currais, como as congéneres da fortificação moderna é construída de mármore sobre um pontão com fosso, hoje aterrado, o imenso vão da porta, de túnel arredondado e de alto pé direito, conserva vestígios ancestrais da sua primitiva arquitectura, no friso interno e nas molduras dos cancelos defensivos, é constituída por ancho arco pleno ladeado de pilastras de aparelho de cinta fendida, verga de blocos granulados, decorada pelo escudo da Casa Real e uma quimera ornamental, ambos coroados, no topo 3 frontões esculpidos e de remates em pirâmides, os laterais figurados por monstros alados, a águia imperial e grifos pisando panóplia bélica de artilharia, o central, com aletas ornamentais, ostenta em nicho singelo a Virgem com o menino, em mármore branco; inacabada ficaria na zona alta, virada a S., a Porta de Évora, dedicada a Santiago em cujo nicho, como nas restantes deveria figurar a escultura do patrono, apresenta planta rectangular e de composição similar às restantes portas classificadas, que perfuram o muro defensivo igualmente em túneis profundos, e em mármore da região.

Acessos

Portas de Évora, Porta dos Currais, Porta de Santa Catarina e Porta de Santo António; Largo do Espírito Santo *1.

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (Castelo (v. PT040704030001)) / Decreto n.º 9 842, DG, 1.ª série, n.º 137 de 20 de junho 1924 (muralhas e baluartes do Castelo, Torre das Couraças, Portas e Baluartes da 2.ª Linha de Fortificações) *2 / Lei n.º 1 766, DG, 1.ª série, n.º 78, de 11 abril 1925 (muralhas da 1.ª Linha de fortificações e Portas de Santo António, de Santa Catarina, dos Currais e de Évora) *3 / Inclui Zona Especial de Proteção do Castelo (v. PT040704030001)

Enquadramento

Urbano, destacado, intramuros. Castelo na cumeeira de escarpada colina de afloramentos calcários, pólo distribuidor da urbanização radial do primitivo burgo, envolvido por cerca defensiva. Muralhas medievais coroando uma escarpa pedregosa que se ergue abruptamente na planície plena sobre que cai a O. a cadeia montanhosa da Serra d'Ossa. Muralhas da 1ª linha de fortificação desenvolvendo-se em linha de nível de cota estável coroando a cumeeira da escarpa de Estremoz; ambas as linhas de fortificação envolvem o núcleo fundador do burgo medieval; as Portas e baluartes da 2ª linha de fortificações, definem os limites urbanos da cidade, pelas bandas N., O. e S.. Torres e Porta da Couraça alcantiladas na encosta escarpada da colina do Castelo, embebidas na cerca ducentista, destacando-se dela pelas suas dimensões; ficam anexas ao antigo Convento Augustiano de Nossa Senhora da Consolação, único acesso. Restantes Portas na cota estável da 1ª plataforma de descanso da escarpa de Estremoz, embebidas na 2ª linha de muralhas. Óptimas panorâmicas sob a paisagem envolvente, em particular do cimo da Torre de Menagem.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: sistema fortificado

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Estremoz, auto de cessão de 06 Agosto 1949 (Castelo, Muralhas ducentistas e baluartes, 1ª e 2ª linha de Fortificações) / Sem afectação (portas e torres)

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

João Pascácio Cosmander (Fortificações modernas); Nicolau de Langres (1662 / 1670); D. Dinis de Melo e Castro e D. João da Silva e Sousa, assistidos pelos engºs Francisco João da Silva e Victorio Antoniacci (2ª linha de fortificações); Carlos Andreis, desenho das instalações do Armazém de Guerra (1736); Arquitecto Rui Angelo do Couto, projecto de adaptação a Pousada (1967)

Cronologia

Séc. 13 - Estremoz entra definitivamente na posse da Coroa portuguesa durante o reinado de D. Sancho II (1223 - 1248) que inicia a edificação das muralhas do Castelo, obra continuada no reinado de D. Afonso III (1248 - 1279); 1260, c. de - construção da Torre de Menagem, da cerca medieval, 1ª linha de fortificações e das torres das Couraças; Séc. 13 - já referida documentalmente a Igreja de Santa Maria; 1279 - 1325 - conclusão das obras de edificação das muralhas do Castelo durante o reinado de D. Dinis; construção do Paço Real dionisíaco junto ao Castelo; 1336, 4 de Julho - morre no Paço a rainha Santa Isabel; 1370, c. de - conclusão da Torre de Menagem; 1383 - 1385 - o alcaide-mor Joane Mendes de Vasconcelos, que tomara partido por Castela, é intimado pela população a deixar o castelo sendo este entregue ao escudeiro Martim Pires; 1416 - realizam-se no castelo Cortes por D. João I; 1436 - encontro no castelo entre D. Duarte e Dom Frey Gomez, delegado papal que traz a Bula da Cruzada solicitada pelo Conde de Ourém ao Concílio de Ferrara; Séc. 16 - totalmente reconstruída a Igreja de Santa Maria e a Casa da Audiência dionisíaca; construção dos baluartes; destruída a estrada coberta das couraças devido à construção do baluarte de Santo Agostinho; 1580 - Estremoz é a única Praça alentejana, sob o comando do Almirante D. João de Azevedo, a resistir ao exército do Duque de Alba; Séc. 17 - as Torres e Porta da Couraça são anexas ao convento de religiosos Augustinianos e o adro nivelado; 1642 - D. João IV encarrega João Pascácio Cosmander, Rui Correia Lucas e Jean Gillot de inspecionar as Praças alentejanas e nelas fazer as obras necessárias; construção dos baluartes do castelo por Cosmander; 1645 - início da construção das fortificações modernas; reforço da cerca por 4 baluartes, 2 meios baluartes e um revelim; 1659 - início construção da Capela de Santa Isabel, por voto de D. Luísa de Gusmão, no local onde teria falecido a Rainha Santa Isabel; 1662, após - Nicolau de Langres auxiliado por Pierre de Saint-Colombe é nomeado o engenheiro encarregue da fortificação de Estremoz; 1698, 17 de Agosto - destruição do Paço por violenta explosão do paiol de pólvora aí instalado; Séc. 18 - construção da Porta de Évora; 1705 - durante a Guerra da Sucessão de Espanha o Conde de Galveias reune em Estremoz um exército de 15 mil infantes, 5 mil cavalos, 20 peças de artilharia e 6 morteiros; 1706 - documentadas obras de construção da capela; 1715 - D. João V toma a Capela de Santa Isabel sob a sua protecção; 1730 - 1740 - execução painéis azulejo da Capela com episódios da vida da Rainha Santa Isabel; 1736 - reconstrução do Paço por D. João V transformado em armazém de guerra e paiol; construção dos Armazéns de Guerra, desenhados por António Carlos Andreis; pórtico do Castelo; 1738 - 1742 - D. João V funda no antigo Paço a Sala de Armas, ao tempo um dos mais famosos museus de armaria da europa; 1758 - existia ainda a grade de cantaria lavrada do coro da Capela de Santa Isabel; 1798 - o Marechal-príncipe de Waldek apresenta Estremoz como Armazém do Corpo do Exército do Alentejo; 1801 - estabelece-se em Estremoz o quartel-general das tropas sob o comando do General Forbes; a 18 de Maio Forbes queixa-se ao Duque de Lafões que a Praça de Estremoz se encontrava desguarnecida pelo que transfere o seu quartel-general para Portalegre; 1808 - as tropas francesas ocupam Estremoz sob o comando do General Kellerman; a 12 de Julho abandonam Estremoz; 1925, 11 de abril - a Lei n.º 1 766, DG, 1.ª série, n.º 78, concede à autarquia, a título gratuito "a parte restante dos prédios militares n.º 1 e 6 constituídos pelos fossos das fortificações e terrenos interiores desde as Portas de santa Catarina até, os terreiros da Câmara Municipal de Estremoz, no prolongamento da Av. Miguel Bombarda, para a continuação da avenida da estação do caminho de ferro, abertura de ruas, sua comunicação com a Vila e edificação de um bairro que se denominará Bairro 9 de Abril, em homenagem aos combatentes da Grande Guerra" e ainda "o prédio militar n.º 32, forte de S. José, e prédios militares n.º 11 e 17, Carragocho, baluarte da Mancebia e anexos, que a Câmara destina para abertura de ruas, campo de férias e mercado e alargamento da vila"; 1967 - adaptação a Pousada sob projecto do arquitecto Rui Angelo do Couto, sendo instalada no castelo uma unidade hoteleira com capacidade para 23 quartos; 2004, 15 de Março - Abertura concurso pela DGEMN / DREMS para obras de conservação de panos de muralha; 2004, 15 Março - abertura concurso pela DGEMN / DREMS para obra conservação de panos de muralha; 2004, Abril - abertura concurso pela DGEMN / DREMS para obras de recuperação, iluminação e arranjos de espaços exteriores.

Dados Técnicos

Estruturas mistas

Materiais

Aparelho de alvenaria roqueira, cantaria e silharia de mármore e granito, alvenaria de pedra e tijolo, alvenaria de pedra argamassada, mármore, talha, azulejo, mosaico, mármores, lajes de betão e tijolo armado, telha portuguesa.

Bibliografia

ALMEIDA, João de Almeida, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Vol. 3, Lisboa, 1948; BRANDÃO, Fr. Francisco, Monarchia Lusitana, 4ª Parte, Cap. 24, Lisboa, 1632; CHAVES, Luís, Arqueologia Artística III - Siglas nos Edifícios Medievais de Estremoz, Lisboa, 1917; CRESPO, Marques, Estremoz e o seu termo regional, Estremoz, 1950; DGEMN, Pousada da Rainha Santa Isabel, Boletim da Direcção-Geral dos Edifício e Monumentos Nacionais, n.º 127, Lisboa, 1977; ESPANCA, Túlio, Fortificações da Cidade de Estremoz, A Cidade de Évora, nº 51 e 52, 1962; IDEM, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Vol. 8, Lisboa, 1975; MATOS, Gastão de Melo, Nicolau de Langres e a sua obra em Portugal, Lisboa, 1941; MEDEIROS, José Filipe, A epopeia de Estremoz, Estremoz, 1972; MOP - DGEMN, Pousada da Rainha Santa Isabel, Estremoz, 1970; PIMENTEL, Luis Serrão, Methodo Luzitanico, para desenhar as Fortificaçoes das Praças Regulares (...), Lisboa, 1680; SEPÚLVEDA, Cristóvão Ayres de Magalhães, História organica e politica do exercito portuguez - Provas, Lisboa - Coimbra, 1907, Lisboa, 1913; VERMELHO, Joaquim, Ler nas Pedras, Estremoz, 2004; IDEM, Joaquim, Nas lavras do Tempo… Sementes e Raízes, Estremoz, 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Intervenção Realizada

DGEMN: 1939 - reparo geral do Castelo; 1944, antes de - demolidos os edifícios anexos à fachada NO. da Torre da Couraça; DGEMN: 1944 - Castelo: consolidação com substituição dos cunhais, reparação e regularização das paredes, reparação dos pavimentos, consolidação das abóbadas e demolição de um parapeito que existia entre torres; Torre da Couraça: consolidação com substituição dos cunhais, reparação e regularização das paredes, reparação dos pavimentos, consolidação das abóbadas e demolição de um parapeito que existia entre torres; 1961 - Castelo: reparo dos telhados; 1967 / 1988 - Castelo: obras de adaptação a Pousada, projecto do Arq. Rui Angelo do Couto: execução de escavações nos pisos inferiores para instalação da zona de serviços incluindo construção de paredes exteriores e interiores, drenagens e coberturas em lages de betão revestidas a cerâmica; no 1º e no 2º andar e em parte do r/c, execução de pavimentos e tectos em lajes de betão e tijolo armado; execução de novas coberturas; execução de divisórias interiores, redes de águas, eletricidade, aquecimento e ar condicionado; execução de pavimentos em mármore, mosaico e tijoleira; execução de rebocos, lambris de mármore e azulejo, carpintarias e pinturas; restauro da Torre de Menagem, da muralha e de pinturas decorativas no 1º andar; sucessivas beneficiações; 1980 / 1981 / - obras de recuperação de vários troços de muralha; 1995 - Castelo: limpeza, rebocos e caiação de panos de muralha e compartimentos interiores, revestimento dos terraços em tijoleira, desentulho do esconso inferior e exterior (fachada NO.) e restauro com ampliação do gradeamento em ferro; Torre da Couraça: limpeza, rebocos e caiação de panos de muralha e compartimentos interiores, revestimento dos terraços em tijoleira, desentulho do esconso inferior e exterior (fachada NO.) e restauro com ampliação do gradeamento em ferro; 1996 - reconstrução do revelim às Portas de Évora quase totalmente em ruína; 1997 - reconstrução e recuperação troços de panos de muralha; 1999 e 2001 - reparação de panos de muralha, incluindo limpeza e vegetação, preenchimento de lacunas, consolidação e reconstrução de cunhais, refechamento de juntas, reconstrução pontual do cordão e realização de coroamento; reparação panos muralha envolventes à Porta de Évora.

Observações

*1 - Abrange também a Freguesia de Santo André; *2 - DOF: Muralhas do Castelo de Estremoz, do Século XIII, e respectivos baluartes, Torre das Couraças, Portas e baluartes da 2.ª linha de fortificações do Século XVII; *3 - DOF: Muralhas que faziam parte da 1.ª linha de fortificações do antigo Castelo de Estremoz e as portas militares denominadas de Santo António, Santa Catarina, Currais e Portas de Évora; *4 - na Torre de Menagem, a obra de cantaria, para lá das muitas marcas indecifráveis de canteiros, está assinada, com rubrica desenvolvida, em dois capitéis do vasto salão do terceiro piso (CHAVES, 1917); *5 - existe projecto de arranjos exteriores e recuperação das muralhas do recinto fortificado de Estremoz, elaborada pela CME-DREMS.

Autor e Data

Manuel Branco 1993 / Castro Nunes 1994 / Rosário Gordalina 1999 / António Braz 2006

Actualização

João Matos 2002
 
 
 
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