Capela de São Sebastião / Igreja de São Sebastião

IPA.00004796
Portugal, Lisboa, Lisboa, Lumiar
 
Arquitectura religiosa, manuelina e barroca. Capela de planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita, com sacristia e torre sineira adossadas à fachada lateral direita, com coberrturas interiores de madeira, de masseira na nave e em gamela na capela-mor, escassamente iluminada pela janela da capela-mor e pelo janelão do coro-alto. Fachada principal em empena, com os vãos rasgados em eixo composto pelo poral manuelino, de uma única arquivolta, por janelão rectilíneo e óculo circular. Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados, rematadas por beirada tripla. Possui torre sineira de dois registos, com ventanas oitocentistas e cobertura em terraço. Interior com coro-alto assente em mísulas e guarda de madeira, com acesso pelo anexo, com púlpito no lado do Evangelho, com acesso pelo interior. A nave encontra-se revestida a azulejo de tapete, com duas padronagens, como é usual, a superior mais evoluída, com arco triunfal de volta perfeita, ostentando pinturas tardo-barrocas, flanqueado por falsos retábulos de azulejo, de estrutura maneirista. Capela-mor com retábulo de embutidos de mármore, tendo as paredes revestidas a azulejo monocromo, com cenas da vida do orago. Capela de traça quinhentista que se destaca pelo portal manuelino, que, embora simples, mostra todos os elementos que compõem uma estrutura daquele período, como os colunelos finos, as bases com toros e escócias, o arco canopial, cogulhos e as arquivoltas ornadas por elementos vegetalistas, constituindo o elemento mais interessante numa fachada muito adulterada em períodos sucessivos. A fachada posterior apresenta um frontão sem retorno, barroco, interrompido em volutas, resultando mais interessante que a principal, possuindo um cruzeiro de azulejos. Aliás, são os revestimentos de azulejo o mais interessante no interior da ermida, onde a produção de tapete se mistura com a figurativa, quer a de final do séc. 17, nos típicos retábulos fingidos, aqui a ladear o arco triunfal, quer a do séc. 18, de produção joanina, visível no ciclo da vida do orago que reveste a capela-mor. De destacar o contraste sistemático entre as modinaturas e elementos de calcário liós com algumas molduras ou elementos arquitectónicos em calcário vermelhão, bastante visível nos nichos que contêm as credencias e no próprio supedâneo da capela-mor. Este sustenta interessante estrutura de embutidos de calcário, formando três nichos e compondo uma estrutura retabular, apesar dos embutidos serem simples, formados apenas por elementos fitomórficos, como as rosas e acantos, revelando uma data incipiente do recurso a esta técnica. O pavimento possui várias sepulturas com inscrições, uma delas brasonada. São frequentes as datações que permitem aquilatar a época de feitura de vários elementos que ornam o interior. A torre sineira, muito alterada no séc. 19, possui uma sineira no topo, de volta perfeita e que poderá constituir o primitivo campanário.
Número IPA Antigo: PT031106180073
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave, capela-mor mais estreita, a que se adossam, no lado direito, a sacristia rectangular e torre sineira de planta quadrangular, de volumes articulados e massa horizontalista, cortada pela sineira, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas no templo, uma na sacristia e em terraço sobre a torre. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento saliente e pintado de amarelo, flanqueadas por cunhais apilastrados, também pintados de amarelo, e rematadas em beirada dupla, excepto na fachada principal, com friso e cornija. Fachada principal, voltada a SO., rematada em empena com cruz latina, de hastes tubulares, no vértice, flanqueada por volutas, e tendo, sobre os cunhais, pináculos cónicos. É rasgada por portal em arco canopial, de arquivolta única, apresentando cogulhos no extradorso, assente em finos colunelos, sobre bases de toros e escócias, aprsentando os capitéis decorados por elementos entrelaçados; a arquivolta é decoada por rosetas. O portal encontra-se protegido por duas folhas de madeira almofadadas. Está encimado por janelão em arco abatido e moldura de cantaria, sobrepujada por pequeno friso e protegido por grades de ferro, flanqueado por duas argolas em ferro e sobrepujada por pequeno óculo circular com moldura saliente. Fachada lateral esquerda, virada a NO., rasgada, na nave, por porta travessa de verga recta, rematada por friso e cornija, protegida por duas folhas de madeira almofadadas; o corpo da capela-mor, surge janela rectilínea, protegida por grades metálicas. Fachada lateral direita, virada a SE., marcada pelo corpo adossado da sacristia, com porta de acesso, de verga recta e moldura simples em cantaria. Adossada a esta e à capela-mor, a torre sineira, de dois registos divididos por friso de cantaria, o primeiro rasgado em duas das faces por fresta emoldurada, e com relógio quadrangular na face SO., surgindo, no segundo, três ventanas de volta perfeita, assentes em impostas e com pedra de fecho saliente, a virada a SO. entaipada. Encontra-se rematada em friso e cornija e tem cobertura em terraço, protegido por guarda metálica, surgindo, na face NE., uma pequena sineira em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e coroada por cruz latina. Fachada posterior rematada em frontão sem retorno, interrompido por várias volutas e rematado por cruz latina; é rasgado por duas frestas com molduras de cantaria e protegidas por grdes metálicas, que centram cruzeiro em azulejo, assente num monte policromo (azul, manganês, ocres e verdes), de 1/2+12+1/2+1+1/2+1+1/2x7, composto pelo reaproveitamento de 17 azulejos de diferentes painéis e períodos (renascentista, maneirista e barroco); o cruzeiro engloba 9 azulejos azuis e 6 diferentes, na intersecção 1 azulejo ocre com coroa de louro e a encimar a inscrição "INRI". A rematar inferiormente o conjunto nova inscrição sobre fundo branco "ANNO1628" e, sob esta, friso de azulejos monocromáticos e o espaço de 4 azulejos desaparecidos. INTERIOR com tecto de madeira em masseira, pintado de branco, assente em friso e cornija do mesmo material e com tirantes, tendo pavimento com mosaico cerâmico, formando axadrezado, composto por quadrados brancos e hexágonos de tom alaranjado, e por lajeado, onde se integram pedras tumulares dispostas longitudinalmente em direcção à capela-mor e paredes totalmente revestidas por azulejos policromos de padrão, em dois registos, o superior possuindo, em cada um dos lados, dois emblemas de São Sebastião, compondo um feixe de três setas envolvido por coroa. Coro-alto de madeira, assente em duas mísulas pétreas, com guarda de madeira torneada, tendo a base pintada com motivos fitomórficos, tendo acesso por porta de verga recta, no lado do Evangelho. O tecto do sub-coro forma apainelados de madeira, pintados com rosetões, pérolas e acantos, dispostos simetricamente. O portal axial encontra-se protegido por guarda-vento de madeira e vidro, flanqueado por pias de água benta, em calcário vermelho: a do Evangelho embutida no muro, compondo um nicho concheado, rematado em frontão tringular e com inscrição na base: "AQVA BENEDICTA / SIT MIHI SALVS / ET VITA"; a pia do lado oposto assenta em base troncopiramidal, decorada por elemento vegetalista, terminando em bacia circular, que fica embutida no muro e enquadrada por nicho de volta perfeita, revestido a azulejo monocromo, branco, um deles ornado por estrela azul, de oito pontas, tendo, na base, a data "1642". No lado do Evangelho, a porta encontra-se sobrepujada por painel de azulejos figurando São Cristóvão com o Menino. No lado oposto, o púlpito quadrangular, com bacia de pedra calcária e guarda de talha dourada e pintada de vermelho e verde, com os ângulos formados por estípides, tendo as faces ornadas por apainelados, o da face central recortado e decorado por florão, envolvido por concheados e flores-de-lis. Tem acesso por porta de verga recta com moldura em calcário vermelho, protegido por uma folha de madeira com almofadados em losango. Sobre a porta, painel de azulejo com a Pomba do Espírito Santo, de composição horizontalizante de 4x6 azulejos, inserida em cercadura simétrica de rosários e de acantos. Sob o púlpito, surge uma porta falsa, de azulejos policromos em azul e ocre, com a representação de almofadas e ferrolho, de composição verticalizante de 10+1/2x1/2+5 azulejos insere-se em cercadura simétrica de esponjados. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, totalmente pintado com "putti", carrancas, albarradas floridas, atlantes em "grisaille", elementos vegetalistas e grinaldas; os seguintes estão preenchidos a azulejo policromo com motivos vegetalistas e o arco está protegido por teia de madeira torneada, fixa por balaústres em calcário vermelho. O arco remata em estrutura de madeira, que acompanha a forma da cobertura, formando apainelado central, pintado com a "Flagelação de Cristo", de onde evoluem festões, que ligam aos painéis laterais, pintados de branco e de marmoreados fingidos azuis. Encontra-se flanqueado por duas falsas estruturas retabulares em azulejo, a do lado do Evangelho com São Pedro, encimado por painel de São Francisco, e a oposta com São Paulo, encimado por painel com Santo António. O intradorso do arco apresenta painéis monocromos (azul sobre fundo branco) figurativos que acompanham o desenho do arco triunfal com a representação de anjos tenentes, rodeados por barra de enrolamentos de acanto suportados por atlantes. Elevada por um degrau, a capela-mor possui tecto de madeira em gamela, formando caixotões pintados de branco, tendo pavimento em lajedo de calcário. As paredes encontram-se revestidas a azulejo figurativo, em monocromia, azul sobre fundo branco, formando dois registos de apainelados com cenas da vida de São Sebastião, enquadrados por dois tipos de moldura: nos painéis inferiores, volutas e contra-volutas às quais se adossam anjos e folhagens suportadas por plintos que acompanham o desenho dos degraus e, nos painéis superiores, plintos com cariátides suportando urnas floridas, com pássaros, golfinhos, carrancas, concheados e flores. No lado do Evangelho, surgem representados "Prisão de São Sebastião", "Martírio de São Sebastião"e "São Sebastião perante Diocleciano", aparecendo, no lado oposto, "São Sebastião como guerreiro", "Santa Irene cura as feridas do santo" e uma "Flagelação de São Sebastião". Confrontantes, dois nichos rectilíneos, com molduras em cantaria de calcário vermelho, contendo credencias de cantaria, compostas por tampo assente em balaústre, encimadas por azulejo monocromo (azul sobre fundo branco) rectangulares com albarradas floridas assentes sob plinto enquadradas por volutas e contra-volutas, tendo, inferiormente, friso com motivo de cordame; sob a tampa da credência, azulejos de figura avulsa com diversos motivos centrais isolados e enquadrados por aranhiço nos ângulos. Sobre supedâneo de dois degraus em cantaria de calcário vermelho, a mesa de altar, sobre dois pilares simples. A parede testeira possui a estrutura retabular, em embutidos de calcário, de três eixos definidos por seis pilastras toscanas, que sustentam três nichos de volta perfeita e pedras de fecho salientes, os laterais com abóbada de concha. Entre as pilastras, surgem apaianelados de embutidos com rosetões rodeados de acantos. A estrutura assenta em friso e cornija, na base das quais está o altar-mor paralelepipédico, encimado por três apainelados de embutidos, flanquedo por duas portas de verga recta e uma folha de madeira almofadada, de acesso à dependência posterior.

Acessos

Largo de São Sebastião

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 47 508, DG, 1.ª série n.º 20 de 24 janeiro 1967 / Incluído na classificação do Paço do Lumiar (v. IPA.00021768)

Enquadramento

Urbano, isolado e destacado, implantado em piso plano, no meio de uma via pública, criando um cruzamento de circulação automóvel, com tráfego em ambos os sentidos, separado por estreito passeio pavimentado a calçada. Encontra-se rodeada de edifícios de habitação, como a Casa da Quinta de São Cristóvão, (v. PT031106180394), a Casa da Quinta do Paço (v. PT031106180860), Edifício onde residiu Cesário Verde (v. PT031106180835). Insere-se no Núcleo Antigo do Paço do Lumiar (v. PT031106180333) e nas proximidades assinala-se a presença de outras edificações com interesse cultural, decorativo ou arquitectónico, como o Cruzeiro da Ermida de São Sebastião (v. PT031106180629), Casa da Quinta de São Sebastião (v. PT031106180795) e a Casa da Quinta de Nossa Senhora da Paz (v. PT031106180393).

Descrição Complementar

Na nave, surgem cinco sepulturas com as seguintes inscrições: "AQVI JAS SEPVLTADO O PADRE JOAQVIM JORGE FALECEO A NOVE DE NOVEMBRO. DE 1783"; "SEPULTURA. PERPETVA DO PADRE ANTONIO. PINHEIRO. CAPELLAO QUE FOI DESTA HIRMIDA O QVAL. FALLECEO NA ERA DE 1705 E DE SEVS ERDEIROS"; "SEPULTURA DO CAPITAÕ ESTEVAÕ SOARES DE ALVERGVARIA CAVALEIRO DA ORDEM DE CRISTO FALESEO EM 11 DE DEZENBRO DE 1641 E DE SVA MOLHER ANNA DE MASEDO DA MAIA E DE SVA MAI MADANELA DA MAIA E SEVS ERDEIROS PELLOS QVAIS SE DIZEM NESTA ERMIDA DE SAÕ SEBASTIAÕ 120 MISSAS CADA ANNO"; a sepultura possui escudo gravado, composto por cruz floreteada com orla de escudos, elmo e paquife. Noutra sepultura: "AQVI JAS SEPVLTADO O PADRE ANTONIO MAMEDE BEMFEITOR DESTA IRMIDA FALECEV V PRIMEJRO DE ABRJL DE 1791"; "AQVI JAS SEPVLTADO O PADRE JOAQVIM JORGE FALECEO A NOVE DE NOVEMBRO. DE 1783". A nave encontra-se revestida a azulejo do tipo tapete policromos, azul, manganês, ocre e verde delimitados por frisos de dente de serra e por barra. O padrão inferior com módulo de padrão 2x2 decorado com motivos geométricos, florais e vegetalistas estilizados sobre fundo branco constituído por três centros de rotação, sendo que o primeiro e o segundo intercalam entre si diagonalmente e com o terceiro horizontal e verticalmente. Primeiro centro de rotação constituído por florão, do interior para o exterior, quadrado azul e ocre, elemento vegetalista ocre em forma de octógono irregular de onde partem de cada lado oito acantos em corte brancos sobre fundo azul, e tarjas curvilíneas e rectas ocres em forma de dodecaedro. Segundo centro de rotação constituído por quatro flores-de-cálices brancas dispostas na diagonal de onde partem, de cada ponta, flores ocres com ramagens estilizadas azuis e, de cada intersecção, flores-de-cálice ocres com estames azuis. Terceiro centro de rotação, que aparece disposto ao alto e ao baixo, constituído por malmequer branco e ocre inserido em reserva oval branca e ocre circundada por volutas ocres e azuis. O segundo padrão, mais rico, forma um módulo de padrão 3x2 decorado com motivos arquitectónicos, geométricos, florais e vegetalistas estilizados sobre fundo branco constituído por dois elementos que dispostos horizontalmente intercalam entre si. Primeiro elemento constituído por vaso bojudo com pegas de onde saem elementos geométricos e vegetalistas com volutas nas pontas. Segundo elemento constituído por plinto com volutas e elemento vegetalista rematado inferiormente por conjunto de romã e de flor de quatro pétalas. A barra forma um módulo de padrão 2x2 decorado com motivos geométricos e vegetalistas estilizados sobre fundo ocre, com o primeiro centro de rotação constituído por losango branco de lados abaulados que encerra, ao centro, losango azul e branco de onde partem em cada ponta flores-de-cálice azuis e, em cada lado, quatro tarjas brancas em forma de voluta com acanto azul nas pontas que unem a novas tarjas através de nova flor-de-cálice branca. A união destas tarjas encerra segundo centro de rotação constituído por dois losangos inclusos brancos e azuis de onde partem dos lados acantos azuis. A unir os dois centros de rotação elemento vegetalista azul. O painel de SÃO CRISTÓVÃO COM O MENINO é policromo e figurativo, azul, manganês, ocre e verde, de composição verticalizante de 1/2+10+1/2x6 azulejos insere-se em cercadura simétrica de rosários e de acantos, com a representação hagiográfica numa paisagem com habitações de São Cristóvão com o Menino. São Cristóvão, num primeiro plano, em pé, atravessa um rio, tem o rosto com barba e bigode, a cabeça ligeiramente de perfil e olha para a esquerda. Veste hábito de pastor, tem os pés descalços, tem a mão esquerda curvada sobre o peito e segura na mão direita uma vara larga de madeira. O Menino está assente sobre o seu ombro esquerdo. O Menino desnudo, tem auréola (que caracteriza a sua santidade e inspiração divina), a cabeça ligeiramente inclinada para a direita, tem o braço direito erguido em gesto de benção e, no braço esquerdo, segura o globo e uma cruz. Num segundo plano, à esquerda, um rio e montes com habitações e, à direita, rochas, um monte com vegetação, uma igreja e um indivíduo vestido. As falsas estruturas retabulares em azulejo que ladeiam o arco triunfal são semelhantes, em faiança pintada a azul cobalto e aguadas, amarelo antimónio, roxo manganês e verde cobre sobre esmalte estanífero branco, surgindo, no lado do Evangelho, um falso nicho de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e fecho saliente, onde se integra, com alguma dificuldade perspéctica, um plinto paralelepipédico, ornado por querubins e com aletas, sobre o qual surge o orago, São Pedro, a segurar o seu atributo mais comum, as chaves; sob este, o frontal de altar, com sebastos e sanefa e com o corpo ornado por cartela, onde surgem os atributos de São Sebastião e, na base, a inscrição "ANNO". Sobre a estrutura, um painel representando São Francisco, ao centro da composição, em pé sobre um monte com o corpo ligeiramente virado para a esquerda; veste hábito franciscano com capuz e cíngulo de três nós, alusão à Santíssima Trindade, e sandálias, tem o rosto com barba e calvície central, a cabeça inclinada e virada para esquerda e, ao seu redor, a auréola da divindade, tem os pés ligeiramente avançados e virados para a esquerda e tem o braço esquerdo dobrado sobre o peito segurando um crucifixo com Cristo e, o direito, junto ao corpo com a mão aberta. Num segundo plano, uma paisagem com árvores de frutos, ramagens e nuvens. No lado oposto, uma estrutura semelhante, surgindo, no nicho, São Paulo com os seus atributos - livro e espada, sob o qual surge um falso altar semelhante ao anterior, tendo na base a data "1628". Sobre a estrutura, um painel representando Santo António num primeiro plano e ao centro da composição, está em pé sobre um monte com o corpo ligeiramente virado para a direita, veste hábito franciscano com capuz e cíngulo de três nós, alusão à Santíssima Trindade, e sandálias, tem o rosto imberbe e calvície central, a cabeça virada para a direita e, ao seu redor, a auréola da divindade, tem os pés ligeiramente avançados e virados para a direita e tem o braço esquerdo esticado segurando um crucifixo e, o direito, dobrado segurando o Menino, nú, com resplendor, sentado num livro fechado e virado para o santo. Num segundo plano, uma paisagem com árvores, ramagens, flores e nuvens.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR de AZULEJO: Mestre P.M.P (séc. 18).

Cronologia

1312 - doação do paço que D. Dinis tinha no Lumiar a D. Afonso Sanches, seu filho bastardo, e que passou a designar-se Paços do Infante D. Afonso Sanches; séc. 14, meados - após D. Afonso IV ter confiscado todos os bens ao seu irmão, esta residência nobre tomou a designação de Paço do Lumiar, a qual acabou por abranger a povoação vizinha; séc. 16 - a fundação da Ermida no lugar do Paço resultou da piedade dos moradores que, temendo a peste, apelaram ao santo mártir São Sebastião, ficando o templo a pertencer ao povo; embora exista um maior consenso em relação à datação da ermida em inícios do século, há também a possibilidade de ter sido fundada na segunda metade, pois sabe-se da existência de uma capela e altar de São Sebastião na nave sul da Igreja de São João Baptista do Lumiar (v. PT031106180408) que deixou de constar nos registos paroquiais a partir de 1574; 1628 - o capitão Estevão Soares de Albergaria, benfeitor da capela, permitiu a realização de obras de manutenção, conforme atestam inscrições: representação numa das paredes exteriores de uma cruz datada e de azulejos representando frontais de altar, São Pedro, São Francisco, São Paulo e Santo António com o Menino; 1642 - colocação da pia baptismal do lado da Epístola; 1644 - faleceu o capitão Estevão Soares de Albergaria e é colocada uma lápide sepulcral ao centro do pavimento; séc. 18 - a capela foi alvo de obras, com a colocação dos painéis de azulejos de padrão e figurativos nas paredes laterais; séc. 18, 1ª metade - revestimento da capela-mor com azulejos figurativos, pintados pelo Mestre P.M.P.; 1755, 1 Novembro - após o terramoto a capela foi alvo de obras de reconstrução, na qual foram acrescentadas as volutas de alvenaria das fachadas oeste e leste e os pináculos laterais da fachada principal; 1758 - as Memórias Paroquiais registaram a ermida de São Sebastião no lugar do Paço do Lumiar; séc. 18, final - pintura do arco triunfal; séc. 19 reforma da torre sineira; séc. 20 - ainda era possível visualizar-se no tecto da nave "boas pinturas antigas entre estuques mais modernos"; 1905 - Gabriel Pereira referiu a existência de uma lápide muito gasta com o nome de Rodrigo Dinis Pereira (PEREIRA, 1905); 1967 - a capela foi classificada como Imóvel de Interesse Público; 1988, Fev. - carta do Padre Manuel Gonçalves solicitando obras, com o parecer da DGEMN que, após visita ao monumento, verificou que a cobertura estava em péssimo estado, devendo a estrutura do telhado ser reparada ou substituída, assim com parte das telhas, e que o tecto da nave, em estuque, possuía áreas em ruína devido a infiltrações de água da chuva; 1989, Novembro - no decurso das obras de beneficiação ruiu totalmente a cobertura da nave; 1991 - descoberta do primitivo retábulo pétreo com embutidos no decurso dos trabalhos de restauro *1; 1994 - a capela foi abrangido pelo Plano Director Municipal, ref. 18.21; 1997 - classificação do Conjunto do Paço do Lumiar.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; portal em calcário; modinaturas, cunhais, sineira, pavimento da capela-mor, credencias, mísulas do coro-alto em cantaria de calcário liós; embutidos de calcário; supedâneo, bacia do púlpito e modinaturas em calcário vermelhão; azulejo tradicional; grades em ferro fundido; coro-alto, tectos, portas, púlpito em madeira; janelas com vidro simples, coberturas exteriores em telha; pavimento da nave em ladrilho cerâmico.

Bibliografia

PROENÇA, Raul, Lumiar in Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1874, pgs. 450-451; PEREIRA, Gabriel, De Benfica à Quinta do Correio-Mor, Lisboa, 1905; PEREIRA, Gabriel, Pelos Subúrbios e Vizinhanças de Lisboa, Lisboa, 1910; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; ; MELO, Manuel Soares de Albergaria Paes de, Soares de Albergaria (Subsídios para a Sua História), Lisboa, 1952; SIMÕES, J. M. Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVIII, Lisboa, 1971; ALMEIDA, José António Ferreira de, (coord. de), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; Catálogo da Exposição Temporária Lisboa Quinhentista, a Imagem e a Vida da Cidade, Lisboa, 1983; MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1985; BASTOS, Fernando Pereira, Apontamentos Sobre o Manuelino no Distrito de Lisboa, Lisboa, 1991; AAVV, Pelas Freguesias de Lisboa, Lisboa, 1993; OLLERO, Rodrigo (coord. de), Plano de Pormenor de Salvaguarda. Paço do Lumiar, Gabinete Técnico de Carnide - Luz / Paço do Lumiar, Lisboa, 1994; INÁCIO, Carlos A. Revez, Paço do Lumiar. Apontamentos de História, Lisboa, 1998; AAVV, Monografia do Lumiar, Junta de Freguesia do Lumiar, Lisboa, 2003; AAVV, "Paço do Lumiar", Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. XIX, Lisboa - Rio de Janeiro, s.d.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DRML

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DRML

Intervenção Realizada

DGEMN: 1989, Novembro - obras de conservação exteriores, no decurso das quais ruiu a cobertura da nave, interrompendo-se as mesmas; 1990, Junho - remodelação da instalação eléctrica; 1990, Julho - obras de conservação de exteriores, visando completar as que tinham sido encetadas em Novembro de 1989; 1990, Agosto - obras de conservação interiores; 1990, Outubro - reparação do coro e sanitários; 1991 - trabalhos de pré-fixação de pinturas e douraduras do retábulo para desmonte do mesmo, em cuja operação se descobriu a existência do primitivo retábulo, pétreo com embutidos, que será alvo de estudo; conservação do revestimento de azulejos do corredor lateral; 1992, Maio - conservação do coro, conclusão do restauro dos azulejos e reparações interiores diversas; 1993 / 1994 - reparação de interiores; 1995 - reparação de peças de cantaria do altar, refechamento de juntas e limpeza do lajedo da capela-mor, limpeza da guarda do coro, restauro do púlpito e colocação de nova porta, renovação da mesa de altar e bancos, limpeza e restauro das pinturas murais do arco triunfal, restauro e pintura do tecto de madeira, execução do corrimão para a escada de acesso ao coro, substituição do pavimento da sacristia, pintura do guarda-vento e reparação da pia baptismal; 1996 - substituição da porta da entrada principal e reparações no guarda-vento; 1997 - conclusão das beneficiações.

Observações

*1 - o retábulo desmontado foi colocado em exposição na capela dos Meninos de Palhavã, no Mosteiro de São Vicente de Fora (v. PT031106510059).

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 / Lina Oliveira e Sara Andrade 2004

Actualização

 
 
 
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