Igreja Paroquial de São Pedro de Óbidos / Igreja de São Pedro

IPA.00004771
Portugal, Leiria, Óbidos, Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa
 
Arquitectura religiosa com elementos barrocos, neoclássicos, eclécticos.
Número IPA Antigo: PT031012050026
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave, capela-mor e trono do retábulo, sendo a capela-mor flanqueada por dois corpos: do lado direito uma sala, outrora o cartório da igreja, hoje albergando o núcleo museológico, existindo sob este piso uma outra sala acompanhando o desnível do solo e com entrada pelo exterior; do lado esquerdo, a antiga sacristia, actualmente composta por dois pisos e sótão, destinados a sacristia, gabinete do pároco, cartório e sala de catequese (este bloco tem saída directa para o Lg. de São João de Deus). Ao nível da fachada e integrado na estrutura rectangular da nave, duas torres, a do lado S. mais alta comportando o acesso ao coro e aos sinos, e a do lado N., cuja reconstrução nunca foi terminada, contém ao nível do piso térreo o baptistério e, ao nível do coro, uma arrecadação. Os volumes exteriores são articulados com coberturas diferenciadas com telhados de 1, 2 e 3 águas. A torre S. é rematada em cúpula. A fachada O., é delimitada verticalmente por barras em três zonas: a da esquerda corresponde à base da torre (inacabada), a da direita, à torre sineira, composta por vãos em arco de implantação dos sinos, cantos quebrados a partir do nível da empena, sanca de remate, sobre a qual existem, aos cantos, quatro fogaréus e se lança a cúpula rematada com uma esfera em pedra e uma cruz em ferro. A zona central por porta de acesso principal e sobre ela um janelão que obriga a parede a elevar-se um pouco mais, a acompanhar o arco deste vão, formando como que um frontão rematado com cimalha e por uma cruz em cantaria. A porta principal de acesso é recortada em diversos registos que assentam sobre um soco liso, sendo rematada com um pequeno frontão, o qual contém a inscrição: BEATUS ES SIMON BAR JONAS. Este portal, tardo renascentista, está inserido dentro de um outro do período gótico, do qual só restam vestígios. Neste portal gótico, ao lado direito, encontra-se gravada uma estrela de oito pontas e, no seu interior, um busto muito estilizado, sendo esta estrela enquadrada por um círculo e encimada por uma estilização da cruz. Embutida junto à porta, também ao lado direito, envolta numa moldura de cantaria, encontra-se a parte superior de uma estela funerária com uma cruz (do género dos templários). O alçado do lado N., da direita para a esquerda, apresenta uma parede da tribuna, no seguimento desta, embora a um plano mais elevado, a da capela-mor, vislumbrando-se, pelo mau estado dos rebocos, um vão circular que serviria de óculo de iluminação à mesma capela; a um nível mais avançado e alto, a parede da nave, na qual se rasga uma porta de acesso lateral e três janelas em arco, encimadas por frontão em arco abatido; a um nível superior; na zona da torre, uma fresta de iluminação para o baptistério e, uma janela de iluminação da sala que lhe está acima. O alçado S. repete as mesmas características, embora apresente uma janela de vão recto mais pequena junto à torre e três frestas de iluminação das escadarias de acesso ao campanário. Existe, ainda, um dos cinco passos do Calvário na base da torre e um corpo mais saliente, que corresponde ao flanco S., à capela do Santíssimo e ao acesso ao púlpito. O alçado E., apresenta três alturas de paredes, o primeiro e segundo da mesma largura, mas um mais alto que o outro, sendo observável três janelas que iluminam uma secção anterior da tribuna; a um terceiro nível, a parede da nave, na empena da qual se rasga um óculo de iluminação. No alçado O. do flanco Norte existe uma porta, no alçado N. desse mesmo flanco, duas janelas colocadas ao baixo e, no alçado E., uma janela de iluminação aos lavabos e um pequeno campanário. O flanco S. apresenta no alçado S. uma porta, à qual se acede por escadas a partir do Lg. de São Pedro, e uma janela de iluminação no piso superior; o alçado E. tem apenas uma janela para este mesmo piso. No INTERIOR, acede-se à nave, baptistério e escadarias de acesso à torre e coro a partir de um vestíbulo, o qual ainda contém o guarda vento e duas grandes pias de água benta. O coro localiza-se sobre o vestíbulo e é sustentado por um arco abatido, cuja chave é decorada. Na nave, com cobertura em abobadilha, observa-se uma pintura representando um escudo partido com as armas de São Pedro e de Portugal, coroado e distinguido por uma cruz da Ordem de Cristo, as paredes da nave são decoradas com pinturas marmoreadas formando painéis emoldurados com predominância de branco e rosa, sendo também pintadas as restantes capelas, o coro e o vestíbulo, com marmoreados e motivos vegetalistas. No lado da epístola, perfilam-se duas capelas, uma dedicada a Santo António e outra do Santíssimo, sendo que esta, por ser mais recuada, tem espaço para abarcar os vãos de acesso ao púlpito e à entrada do actual núcleo museológico, bem como o retábulo. Entre estas duas capelas existe um púlpito. No lado do evangelho repete-se simetricamente o mesmo esquema, sendo as capelas dedicadas a São Sebastião e a Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Na capela-mor, do lado da epístola a capela colateral de Nossa Senhora do Rosário e, do lado do evangelho, a capela colateral de Nossa Senhora da Piedade. Todas as capelas da nave sao rasgadas na espessura da parede (à excepçao da do Santíssimo) sendo o vão em arco de volta perfeita em cantaria. Os púlpitos, também em cantaria, são compostos de mísula de suporte ao varandim em madeira, sendo o acesso feito por uma porta cujo vão é rematado por um frontão. A comunicação com a capela-mor é feita através de um arco triunfal em cantaria, cujos socos são almofadados em mármore rosa e as impostas e chave do arco decoradas com motivos vegetalistas. Sobre este arco, um óculo em cantaria lavrada e que pega em volutas, também em cantaria, com o próprio arco. O acesso à zona da capela-mor e das capelas colaterais é feito através de um primeiro degrau, sendo o pavimento em lajeado antigo; já no interior da capela-mor o acesso à zona do presbitério é feito por uma escadaria central de cinco degraus, ladeada de paredes em cantaria almofadada a mármore rosa, existindo um segundo patamar apenas com um degrau, onde assenta o altar-mor. O retábulo assenta numa parede de cantaria, onde se rasga uma porta de acesso à parte posterior e que se encontra «escondida» pelo altar. Na capela-mor existe em cada uma das paredes laterais, um armário em mármore rosa e, na parede do lado esquerdo, uma lápide que tapa o ossário do Padre Francisco Rafael da Silveira Malhão. O retábulo em talha dourada barroca do período «nacional» (finais do séc. 17 ou início de 18) tem um primeiro nível que comporta o sacrário e dois pequenos nichos para as imagens de São Pedro e São Paulo. Sobre este a tribuna propriamente dita, emoldurada por colunas salomónicas assentes em mísulas com anjos, fechadas em arcos de volta perfeita, decorado com anjos e medalhões, sendo o central coroado. No interior da tribuna, sobre o trono, um resplendor coroado e dois anjos ajoelhados em adoração. O retábulo da Capela do Santíssimo é composto por elementos de várias épocas: o altar apresenta um resplendor em talha dourada brunida e uma pomba do Espírito Santo policromada (séc. 18 - meados), tendo servido de baldaquino a um púlpito; o sacrário (séc. 19), é em madeira policroma; o retábulo é em madeira profusamente entalhada e dourada (séc. 17), apresentando duas colunas assentes em mísulas decoradas com anjos e grinaldas de flores e frutos (ao gosto maneirista), rematada por um entablamento recto. Esta parte do retábulo, é proveniente do mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Vale Benfeito (hoje desaparecido) e não se encontra íntegro, já que foi cortado para encaixar no espaço da capela. Registe-se o facto da parte inferior das colunas ter sido serrada e aproveitada para suporte de cruzes processionais, tendo sido recolocadas apenas na campanha de obras do final de 1997. Também nessa mesma campanha foi retirado e destruído um baldaquino rectangular em madeira policromada (séc. 19), o qual se encontrava em avançado estado de degradação.

Acessos

Lg. de São Pedro, Lg. de São João de Deus

Protecção

Incluído no Núcleo urbano da vila de Óbidos (v. PT031012040050)

Enquadramento

Urbano, isolado, enquadrado pelo Largo de São Pedro e Largo de São João de Deus, fazendo parte integrante da sua envolvência os edifícios fronteiros: a E. a Casa do Meio, a S. o Paço da Vigararia, e a O. a Capela de São Martinho.

Descrição Complementar

Na capela de São Sebastião existe uma imagem deste santo (madeira policromada e dourada, séc. 18 - finais), e uma outra de Santo Antão (dito "o novo", em madeira policromada e dourada, séc. 17 - início); na capela de Santo António uma imagem deste santo (madeira policromada, séc. 18); na capela de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, uma imagem desta invocação (década de 40 deste século); capela de Nossa Senhora da Piedade com imagem desta invocação (pedra policromada, séc. 16); capela de Nossa Senhora do Rosário, imagem da Virgem (madeira policromada e dourada, séc. 18 - 2.ª metade); capela-mor, duas imagens, uma de São Pedro e outra de São Paulo (ambas em madeira policromada e dourada, séc. 18 inícios), e um crucifixo (madeira policromada, séc. 18 - meados) proveniente da capela de Nossa Senhora de Monserrate. Da capela-mor existe ainda uma pintura sobre tela da autoria do pintor obidense João da Costa, finais do séc. 17 ou inícios do séc. 18, representando a entrega das chaves do Céu ao apóstolo Pedro. No alçado interior da parede da nave voltada a O., duas pinturas sobre madeira, representando os apóstolos São João e São Mateus (finais do séc. 16 ou inícios de 17). No coro um órgão de tubos (séc. 18 - finais), cujo armário que os guarda é feito em madeira de pinho, sendo rematado por um arco sobre o qual estão pinhas e grinaldas em talha.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 13 / 14 - construção do templo primitivo; séc. 15 - vestígios de portal gótico; séc. 16 - cunhais em cantaria; 1574 - a igreja pertence ao padroado real e integra a Diocese de Lisboa; séc. 16 / 17 - portal actual; séc. 17 - construção ou ampliação da sacristia; 1684 - Josefa de Óbidos foi aqui sepultada; séc. 17, finais - retábulo da capela-mor; 1755 - ruína no terramoto, início da reconstrução do templo; 1810 - furto de diversos objectos em prata pelas tropas francesas; pintura nos tectos da nave e da portaria e nas paredes; séc. 19 - instalação do retábulo da capela do Santíssimo, cuja talha é proveniente do mosteiro de Vale Benfeito; 1836 - nesta data a igreja encontrava-se em construção "tendo as paredes em reboco e altares não concluídos" (GTL); 1993 - existência de um órgão positivo muito degradado; 1997 - 7 de Dezembro, cerimónia de consagração, após obras de restauro e beneficiação; inauguração do núcleo museológico.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Bibliografia

Memórias Históricas, Óbidos, 1985; PEREIRA, José Fernandes, Óbidos, Lisboa, 1988; BETTENCOURT DA CÂMARA, Teresa, Óbidos Arquitectura e Urbanismo Séculos XVI e XVII, Óbidos, 1990; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal – 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; SILVA, Manuela Santos, A Região de Óbidos na Época Medieval, Col. Estudos, PH - Estudos e Documentos, Caldas da Rainha, 1994; GORJÃO, Sérgio, Santo António em Óbidos - Instroduçao a um Estudo de Iconografia, Torres Novas, 1996; BOTELHO, Joaquim da Silveira, Óbidos Vila Museu, Óbidos, 1996; GORJÃO, Sérgio, Tesouro das Igrejas de Santa Maria e São Pedro de Óbidos - Guia do Núcleo Museológico, Igreja de S. Pedro, Óbidos, 1998; IDEM, Santuário do Senhor Jesus da Pedra - Óbidos, Lisboa, 1998; SILVA, Manuela Santos, Ensaio para uma Monografia das Colegiadas de Óbidos na Idade Média, CLIO - Revista do Centro de História da Universidade de Lisboa, 3, Lisboa, 1998.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1940 (década de) - oferta da imagem e arranjo da capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário de Fátima; 1980 (década de) - construção do lavabo; 1996 - remoção do altar e banqueta da capela de Nossa Senhora do Rosário de Fátima; 1997 - levantamento do soalho da nave e aplicação de novo soalho e passadeira em pedra; demolição do altar-mor e reconstrução com menor profundidade; avanço do degrau da base do altar-mor; colocação do novo altar voltado ao povo na base da zona do presbitério; encerramento da fresta do baptistério; instalação de laje de betão no tecto da sala contígua ao coro; rebaixamento da cota do piso da antiga sacristia e realização interior de dois pisos nesse flanco; reinstalação dos arcazes da sacristia, um no novo espaço e outro por trás da tribuna do retábulo; remoção do lavatório da sacristia (anteriormente entre as duas janelas) e instalação no espaço anteriormente ocupado pelo cofre; instalação se sistemas de som.

Observações

Autor e Data

Sérgio Gorjão 1998

Actualização

 
 
 
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