Colégio de São Pedro dos Religiosos Terceiros / Casa de Repouso de Coimbra

IPA.00004743
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Arquitectura religiosa, educativa, maneirista. Colégio universitário, com igreja a S., e claustro em volta do qual se distribuem algumas dependências. Igreja de planta longitudinal composta por nave, para onde abrem quatro capelas laterais intercomunicantes e capela-mor, com coberturas diferenciadas em abóbadas de lunetas na nave, e de berço na capela-mor com caixotões de cantaria, iluminada pelas janelas da frontaria e por uma janela da capela-mor, e com iluminação indirecta através das janelas laterais da nave, num esquema semelhante ao do Colégio do Carmo localizado nesta mesma rua (v. PT020603170083). Também a fachada principal tem semelhanças com aquele Colégio; na igreja, ambas harmónicas, apresentando as torres sineira integradas na fachada que se apresenta tripartida e com exo-nártex.
Número IPA Antigo: PT020603170083
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio universitário    

Descrição

Planta longitudinal, composta, irregular. Volumes articulados, disposição horizontal das massas. Coberturas diferenciadas em telhado de 2 águas. Fachada principal orientada a O., com a igreja a S. seguida do antigo edifício colegial. Igreja: Frontaria dividida em 2 corpos, correspondendo o mais elevado às torres e ao remate central triangular; verticalmente reparte-se em 3 secções, correspondendo as laterais à linha das torres, divididas por altas pilastras sobre pedestais; em cada uma um arco aberto para o átrio, sendo o central maior; sobre os arcos pequenos 2 nichos com esculturas de pedra; acima deste 2 janelas rectangulares com grade de ferro e uma outra sobre o arco principal; outra, sem grade, mais baixa, acima da cornija. As torres mostram sineiras de arco redondo e pináculos piramidais nos ângulos. INTERIOR: Espaço diferenciado composto de nave única com 3 capelas intercomunicantes a cada lado, capela-mor e coro-alto sobre o átrio. A nave apresenta abóbada lisa com lunetos. As capelas, exceptuando a do Sacramento, à esquerda junto ao cruzeiro, têm abóbadas simples; sobre elas corre, a cada um dos lados, uma galeria com janelas simples. O transepto é marcado apenas em elevação. A capela do Sacramento tem o arco lavrado e a abóbada de caixotões; tem na parede do lado direito uma epígrafe alusiva aos seus fundadores, Manuel Simões Pacheco e sua mulher; abriga retábulo de talha dourada com colunas torsas. A capela-mor é bastabnte mais estreita que a nave; mostra abóbada de caixotões simples; guarda um retábulo dourado, simples, com grande tela central; paredes revestidas a azulejos de tapete, polícromos. Colégio: Frontaria dividida em 3 panos, com 3 vãos de verga curva em cada, por pilastras de alto pedestal semelhantes às da igreja. Eleva-se também a 3 registos. Em baixo, rasga-se ao centro a porta principal e acima, no andar superior, uma varanda corrida à largura das 3 portas-janelas. INTERIOR: Acesso através de uma escada, de caixa quadrada, em 4 lanços, cada um de 4 degraus, com alizar de azulejos de figura avulsa. Num deles, ao nível do último lanço, está pintado o milésimo de 1707, indicando o fim da colocação. Estas escadas dão para o claustro, passando por uma porta de verga decorada e frontão contracurvado. Claustro: Constituído por 5 arcos de pequenas pilastras em cada uma das alas. As galerias são cobertas por abóbada de arestas. Para o lado do monte fica o antigo refeitório, muito alterado mas com 3 janelas a cada lado em forma de elipse.

Acessos

Rua da Sofia

Protecção

Incluído na Zona de Protecção da R. da Sofia (v. PT020603170033) e do Colégio da Graça (v. PT020603170048).

Enquadramento

Urbano, adossado à direita ao Colégio da Graça, fronteiro ao Palácio da Justiça (v. PT020603170139). Faz parte do conjunto da R. da Sofia, implantado em terreno de acentuada inclinação destacada pela apresentação em socalcos dos espaços ajardinados e pelo escalonamento das edificações. Circundado por muro a E. e a N..

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Educativa: colégio universitário

Utilização Actual

Assistencial: lar

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

OURIVES: António Ferreira Barros (1765)

Cronologia

1540 - fundação e início da construção pelo canonista Dr. Rui Lopes de Carvalho*1 em sítio doado pelo mosteiro de Santa Cruz, era destinado a 12 clérigos pobres que viessem estudar teologia ou cânones para a Universidade; 1548 - sagração da igreja, ficando a data registada na base de um busto de São Pedro (VASCONCELOS, 1938); 1548, 29 Junho sagração da Igreja; 1549, 17 Janeiro - o colégio é incorporado na universidade por carta régia; 1552 - conclusão do edifício; 1559, 13 Agosto - falecimento do bispo D. Rodrigo de Carvalho; 1566, 20 Outubro - transladação dos ossos do bispo para o colégio; 1574 - os colegiais com autorização do rei D. Sebastião, mudam para o Paço das Escolas, ao lado da Porta Férrea ( v.PT02 060325014), sitio dos aposentos dos infantes do palácio manuelino; 1572 - os colegiais devido a desentendimentos com o sobrinho do bispo (herdeiro), mudaram-se para um edifício no Paço das Escolas, junto à porta férrea; 1574 - tanto o sobrinho do bispo como os colegiais abandonam os direitos que tinha no colégio; 1584 - vinda para Coimbra dos Religiosos da Terceira Ordem Regular de São Francisco; 1585, 24 Setembro - o bispo-conde D. Afonso Castelo Branco, passou provisão aos Religiosos da Terceira Ordem Regular de São Francisco para aqui estabelecerem o seu colégio*2; 1586 - carta de privilégio passada ao solicitador do colégio de são Pedro da Ordem Regular de São Francisco; 1621, 22 Junho - data de duas provisões uma que concede licença a D. Isabel de Beja, para doar ao colégio parte de um olival contíguo, pertença de prazo da Universidade, outra, para das esmolas que costumava dar todos os anos, lhe doar 50 cruzados destinados a obras da igreja; 1624, 4 Maio - data da provisão que autoriza a Universidade a aplicar uma parte das esmolas de D. Isabel de Beja, às principais obras do colégio; séc. 17, primeira metade - construção da actual igreja; 1697, 15 Outubro - data do alvará que autoriza os religiosos a ampliar o seu dormitório "até quatorze braças à face da rua e na direcção da porta de Santa Margarida, sem pagarem foro algum à cidade" (TEIXEIRA, 1890); 1707 - data inscrita nos azulejos de figura avulsa, das escadas de caixa quadrada, de 4 lanços, com ligação à rua da Sofia; séc. 18, início - alargamento do colégio, reforma do claustro; 1765, 28 de Outubro - contrato com o ourives António Ferreira Barros, para a execução de uma banqueta com cruz em prata, mediante risco fornecido pelo Colégio; séc. 18 / 19 - provável reforma da fachada do colégio; 1834 - extinção das ordens religiosas, não tendo sido o colégio logo totalmente abandonado. Posteriormente foi vendido em praça pública a particulares; 1864, 30 Abril - é referido em sessão de Câmara, que o monumento que contém as ossadas de D. Rodrigo de Carvalho, Bispo de Miranda e de Bragança, poderia ser aproveitado para o cemitério da cidade, ficando o Dr. Aires de Campos encarregue de visitar o monumento e avaliar o seu valor artrístico; 1866 - o bispado de Coimbra dirige ofício à Câmara Municipal a pedir esclarecimentos sobre o túmulo de D. Rodrigo de carvalho, ao qual a Câmara responde que promoverá a deslocação do túmulo para o cemitério da Conchada. Actualmente o túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz (PT020603170004), na capela de Jesus do claustro do silêncio; 1869, Fevereiro - o colégio com a igreja e a cerca eram propriedade de João Vitorino de Morais Duarte e Silva (VASCONCELOS, 1938). Adquirido depois pelo Asilo da Mendicidade que estava numas casas no Montarroio; séc.20, inicio - igreja serviu de teatro popular com a Escola Dramática Afonso Taveira, depois serviu de armazém de sucata metálica (GONÇALVES, 1947); 1931 - A mesa administrativa do Asilo inaugura uma Casa de Saúde na parte já existente do edifício e em edifícios novos construídos para esse fim; 1940 década - restauro da igreja pelo Asilo da Mendicidade; 1948, 12 Abril - o Asilo da Mendicidade, dirige um ofício à Direcção Monumentos Nacionais a pedir autorização para colocação na frontaria da sua igreja, de umas esculturas mutiladas (sem cabeça), que estavam num arco do topo esquerdo do transepto da extinta igreja de São Domingos (v. PT020603170009), vindo depois a ser autorizada a transferência; 2006, Fevereiro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Pedra (escadas do antigo colégio); cantaria (escadaria de acesso à igreja, molduras dos vãos, pilastras, cornijas, frisos, abóbada da capela-mor, arcos torais da abóbada da nave da igreja e do claustro); Alvenaria rebocada e pintada (paredes); telha (cobertura exterior). ferro (gradeamento, portões); vidro simples (janelas); azulejos (revestimento de paredes da capela-mor, e nas escadas do antigo colégio); madeira (portas e caixilharia, retábulos, teias das capelas laterais)..

Bibliografia

ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, A ourivesaria portuense nos séculos XVII e XVIII, análise de alguns contratos, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 335-354; BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; CRAVEIRO, Maria de Lurdes, Diogo de Castilho e a Arquitectura da Renascença em Coimbra, 1990, tese de mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; IDEM, O Renascimento em Coimbra, Modelos e Programas Arquitectónicos, Tese de Doutoramento em História de Arte apresentada à FLUC, Coimbra 2002; DIAS, Pedro, Coimbra. Arte e História, Porto, 1983; GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal - Cidade de Coimbra, Lisboa, 1947; LOBO, Rui Pedro, Santa Cruz e a Rua da Sofia, Arquitectura e Urbanismo no séc. XVI, Trabalho de Síntese para as Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, apresentado ao Departamento de Arquitectura da F.C.T. da Univ. de Coimbra, Coimbra, 1999; LOUREIRO, J. Pinto, Anais do Município de Coimbra. de1870 a 1889, Coimbra, 1937; SILVA, António Martins da O destino dos colégios universitários de Coimbra in separata das Actas do Colóquio, A Universidade e a Arte 1290 -1990, pp. 382-392, Coimbra, U. C, 1993; TEIXEIRA, António José, Breve notícia dos colégios, conventos e mosteiros, fundados nos distritos de Coimbra, Aveiro e Leiria in Revista Instituições Christãs, 1ª série, nº 11, 1890; VASCONCELOS, António de, Escritos Vários Relativos à Universidade de Coimbra, vol. 1, 1938, Coimbra.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DREMC

Intervenção Realizada

Asilo da Misericórdia: 1947 - restauro da igreja para integração no culto religioso.

Observações

*1 - mais tarde em 1555 veio a ser bispo de Miranda com o nome de D. Rodrigo Carvalho. Da primeira intervenção da década de 1540, aparentemente já nada subsiste. *2 - Este colégio ficou vulgarmente conhecido por Colégio dos Borras. Tinha as armas dos conventos da Terceira Ordem: São Francisco ajoelhado, convento e cipreste e na parte superior um serafim a entregar as chagas ao santo, possuindo ainda outro escudo mais pequeno com três flores de lis, com uma inscrição "sello do ministro da província da terceira ordem da penitencia de São Francisco de Portugal" (TEIXERA 1890).

Autor e Data

Francisco Jesus 1999 / Margarida Silva 2006

Actualização

 
 
 
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