Solar dos Zagallos / Quinta dos Pianos / Centro de Artes Tradicionais de Almada
| IPA.00004682 |
| Portugal, Setúbal, Almada, União das freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda |
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| Arquitectura residencial e religiosa, barroca, rococó, pombalina, neoclássica e do modernismo. Conjunto típico de solar residencial, com vínculos de capela e casa agrícola. O barroco encontra-se, na profusa riqueza expressiva azulejar: policromia, em interiores de índole profana e religiosa, com padronagem de tapete policromo, de disposição em diagonal integrando florões em painel e bordadura sinuosa com concheados do último quartel do século 17; padrões de época posterior, com cenas historiadas e de paisagem que ultrapassam a cercadura, sublinhado por recortes dos silhares, contra as superfícies murais; na pintura dos tectos com perspectiva em trompe l'oeil integrada nas cornijas de tectos, pinturas em sofitos, que se prolongam pelas paredes, deixando na indefinição o início da arquitectura, com elementos já identificadores do rococó em decoração decorativos de grande fragilidade e delicadeza do desenho. O barroco encontra-se na capela de Santo António da Sobreda onde, á grande simplicidade de linhas compositivas arquitectónicas, se opõe o interior de profusa riqueza expressiva do azulejo de finais do século 17, início do século 18, de padrão azul e branco, com cenas historiadas perspectivadas, em contenção ao nível da cercadura, e esta sublinhada pelos recortes de frontões e urnas; barroco na riqueza da pintura de imitação da abóbada celeste com simbologia crista; ainda na ermida do Senhor dos Passos exteriormente na sua forma plena e robusta, no traçado complexo dos frontões da fachada principal, ricos e cheios de movimento e, interiormente, nos entablamentos com sacadas salientes e reentrâncias marcadas. O pombalino no corpo E. / O. onde sobressaem os princípios de simplicidade, proporção e acordo entre partes, numa arquitectura do estilo chão, maneirista, de grande funcionalidade; com uma fachada palaciana contínua, com um ritmo de conjunto, onde sobressai um segundo piso nobre, com as janelas de sacada de guardas e pinhas nos topos dos ângulos que aquelas formam, em ferro; telhados à portuguesa de duas águas. O neoclassicismo na pintura do tecto do salão verde com a inclusão de uma alegoria. O modernismo na Ermida de Santo António do Caiado em que a expressão plástica é tendencialmente geometrizante, em volume seco e geométrico, com elementos estilizados, com ténues motivos da art déco e a utilização do betão armado. |
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| Número IPA Antigo: PT031503080021 |
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| Registo visualizado 1045 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta em L
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Descrição
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| Planta em L, de volumes articulados composta pelo solar, corpo adossado a O. e por capela a S.; duas capelas, anexos de quinta e outros em massas simples; irregular, exterior / interior não coincidentes; cobertura exterior diferenciada em telhados de duas águas nas capelas e corpo S., quatro águas na casa, seis águas em dois anexos. CORPO E. / O. de dois pisos: no piso térreo, três séries de janelas de guilhotina, intervaladas por duas portas; no segundo piso, janelas de sacada com pinhas de remate aos ângulos da ferragem dos balcões; remate em cornija e beirada simples. Interior / exterior desnivelado, pelo que se sobe um degrau para entrar. INTERIOR de espaço diferenciado com divisões articuladas, de coberturas planas e pavimento de madeira, em tijoleira ou em laje. Lance de escadas de alcance ao piso superior e a corredor de tecto plano e chão de sobrado, com acesso a diversas salas, de azulejaria de padrões e épocas diferenciadas, com tectos com pinturas, estuques e caixotões de madeira e uma lareira em pedra; antiga sala de banho com revestimento das paredes em lajes de mármore escuro e pavimento ladrilhado em mármore colorido; antiga cozinha com lar e lavadouro em cantaria, tecto de vigamento à vista, pavimento de lajes. O SOLAR adossada ao topo O. do corpo E. / O., com fachada principal orientada a E., com dois registos, escadaria de acesso ao segundo piso, com patamar forrado a azulejos; no piso térreo tem duas arcadas com arco em asa de cesto, dando entrada para pequeno átrio e acesso por duas portadas com arcos de asa de cesto para espaço único, onde quatro arcadas assentes em pilares de planta rectangular são o suporte de tecto flutuante. No segundo registo, no cimo da escadaria, varanda com 3 portadas abrindo para dois salões nobres, o salão dourado e o salão verde *1, com estuques e pinturas delicadas nas paredes e nos tectos. Zona envolvente do solar composta por: jardim com alameda ornada de espécies arbóreas frondosas de grande porte, um lago com fonte natural, horta e construções de apoio à actividade agrícola. No topo de alameda, subindo-se lance de escadas há a CASA DO FRESCO, de planta sextavada, com embasamento, um portal numa das fachadas e janelas com portadas interiores de ripas, remate em cornija e beiral. No interior defronte à entrada, um tanque de forma e bordo redondos com bica, adossado à parede; banco de pedra corre as restantes paredes. A direita da casa de fresco, com a mesma configuração arquitectónica, de menor volume, a CASA DAS BONECAS, com equipamento de cozinha, em miniatura, em tijolo. Ladeando a alameda duas ermidas: ERMIDA DE SANTO ANTONIO DO CAIADO, muito pequena defronte para espécie de adro definido por dois muretes com bancos corridos em pedra: fachada com embasamento decorado, pano definido por molduras, decoração com frisos de losangos em baixo relevo; porta rectangular moldurada, com sobreposição de óculo, único lume da ermida; remate em fachada de ângulo com cornija de coroamento, vestígios de pináculos nos remates dos cunhais, e de uma cruz. ERMIDA DO SENHOR DOS PASSOS, isolada: planta longitudinal, simples, regular, coincidência exterior / interior, massa simples com verticalidade. Cobertura exterior em telhado de duas águas. Fachadas delimitadas por pilastras decoradas, coroadas por pináculos, sobre cornija continuada, de coroamento. Fachada principal com portal de frontão com volutas e pináculos embebidos, 2 painéis de azulejos de padrão azul e branco, figurativos, representado cenas religiosas; óculo quadrilobado, remate em frontão de segmentos curvos e lineares, com cruz. As outras 3 fachadas são cegas. Articulação exterior / interior desnivelado, espaço único, iluminação por óculo. Capela-mor diferenciada da nave por arcada de arco de asa de cesto, sobre pilastras toscanas; altar de caixa, nicho escavado na parede da cabeceira, com arcada plena e abóbada de berço, com imagem pequena do orago; coberta por abóbada de arestas. A nave com azulejos de padrão azul e branco, representando cenas profanas e religiosas que enchem todas as paredes disponíveis até cerca de meio da altura do pé direito; este é marcado por cornija continuada, saliente; com estuques. Remate em abóbada de berço, pavimento em tijoleira, com campa rasa onde está sepultado Francisco Paula Carneiro Zagallo e Mello. CAPELA DE SANTO ANTONIO DA SOBREDA de planta longitudinal, composta, irregular, não coincidência exterior / interior, massa simples na vertical. Fachada principal a E.: com 1 pano delimitado por cunhais corridos e dois registos definidos no térreo por portal sobre dois degraus largos, e duas janelas pequenas, gradeadas, do nártex; no piso superior, dois janelões e lumes do coro-alto, gradeados; remata em cornija saliente, a que se sobrepõe empena angular, em beiral, com pequeno óculo. Fachada posterior cega. Articulação exterior / interior desnivelada. INTERIOR: espaço diferenciado: nártex, nave única, capela-mor. Iluminação dada pelos vãos já descritos; nártex dividido da nave por parede com arcada de arco deprimido e, lateralmente, dois vãos de janela; cobertura em abóbada de berço com pintura policroma, com registo central representando o orago. Sobre o nártex, coro-alto em madeira com balaustrada. Nave de dois registos, com silhar de azulejos até um terço do pé-direito, figurativos, com representação de cenas religiosas, púlpito de caixa de madeira à esquerda. Capela-mor destacada sobre degraus, altar retabular de talha dourada em sarcófago, com marmoreado; portas nas ilhargas que integram a articulação com o restante edifício; à direita porta para escada que leva a tribuna de arco abatido com fecho, e balaustrada; à esquerda porta que leva a corredor que conduz ao púlpito e ao coro-alto; cobertura em abóbada de berço, pintada com simbologia litúrgica. Adossado à capela, CORPO E. / O., de planta rectangular, simples, regular, embasamento e bancos corridos ao longo da fachada a N., em pedra, de dois pisos. Adossada àquela, o SOLAR de planta longitudinal, simples, regular, com coincidência exterior / interior, pátio fronteiro, quadrangular, delimitado por muro com embasamento escalonado a N. e a E., com portão fronteiro à casa, delimitado por pilastras. |
Acessos
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| Largo António Piano Júnior (antigo Largo do Rio). WGS84 (graus decimais) lat: 38.650095 long:-9.190172 |
Protecção
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| Inexistente |
Enquadramento
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| Urbano, meia-encosta, isolado, fronteiro a largo, integrando zona envolvente da quinta, com equipamento agrícola, alamedas de arvoredo, jardim, lago, fonte, e anexos. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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| Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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| Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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| Pública: municipal |
Afectação
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Época Construção
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| Séc. 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| ARQUITECTOS: Victor Lopes dos Santos e Victor Mestre (projecto de recuperação, remodelação e restauro do século 20); PINTORES: Mário Reis, pintura em tela no salão dourado; Eugénio Coutrim, sancas e paredes. |
Cronologia
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| Séc. 15 - os Zagallos família proprietária do solar, oriunda de Reguengos de Monsaraz, tendo chegado à Caparica no reinado de D. João II; séc. 17 (?) construção de um núcleo primitivo, com a capela de Santo António da Sobreda; 1669 - Vitório Zagallo Preto, almirante, fundou um vínculo de capela; 1745 - o desembargador Rodrigo de Oliveira Zagallo institui um morgado na Sobreda; séc. 17 - construção da ermida do Senhor Jesus dos Passos; colocação dos azulejos da ermida de Santo António do Caiado; séc. 17 / 18 - construção e revestimento azulejar da capela; séc. 18 - foi confirmada a sua vocação como casa agrícola; as várias capelas terão contribuído para a importância do lugar bem como a qualidade do terreno e a fartura da água; data dos azulejos da capela do Senhor Jesus dos Passos e os da Capela de Santo António da Sobreda, diversas intervenções no edifício e anexos; 1772 / 1837 - data na sepultura de Francisco Paula Carneiro Zagallo e Mello na Capela do Senhor dos Passos; séc. 19 - remodelação da Capela de Santo António e deduzível construção do corpo E. / O.; 1828 - data da construção do salão verde com o medalhão central no tecto - figurativo de Leda e o Cisne; 1924 - data da pintura central em tela do salão dourado; séc. 20, anos 40 - surgiram ainda algumas construções de apoio às actividades da Quinta; construção da Capela de Santo António do Caiado; abertura de uma escola de música na Quinta que se torna local de residência e de lazer; 1985 - o edifício encontrava-se em adiantado estado de envelhecimento, ameaçando colapso em algumas partes; é comprado pela Câmara Municipal de Almada, tendo sido, então, objecto de obras de recuperação, remodelação e restauro, para aí instalar um centro de Artes e Ofícios, uma galeria de exposições temporárias, uma outra para Exposição Permanente de peças de artesanato regional e um centro de acolhimento a reuniões / recepções / congressos / encontros. |
Dados Técnicos
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| Paredes autoportantes e estrutura mista |
Materiais
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| Cantaria calcária, alvenaria, betão armado, ferro, mármores, madeira, estuques artísticos, pintura em tela; pinturas parietais, azulejos, tijoleira, telha |
Bibliografia
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| Investidos 3000 mil contos em Almada na recuperação de monumentos, Jornal Diário de Notícias, 27 de Fevereiro de 1922; Solar dos Zagallos, Almada, 1995; VIEIRA JUNIOR, Duarte Joaquim, Vila e Termo de Almada, Almada, s.d.. |
Documentação Gráfica
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| IHRU: DGEMN/DSID; Museu Municipal de Almada - Solar dos Zagalos |
Documentação Fotográfica
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| IHRU: DGEMN/DSID; CMA: edifício 93, foto16, rolo 96 |
Documentação Administrativa
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| CMA |
Intervenção Realizada
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| CMA: 1985 (financiamento de fundos comunitários e municipais) - Intervenção global nos edifícios, com recuperação do que foi possível preservar. Intervenção nos edifícios agrícolas dos anos 40, projectando-se a construção com desenho e materiais totalmente contemporâneos, manutenção da harmonia volumétrica e a compatibilização dos materiais actuais com os empregues no palácio. Levantamento e classificação dos espaços e estruturas; obras de recuperação, remodelação e restauro; procura da salvaguarda das características do edifício, elaboração de minucioso levantamento de patologias, identificação e registo dos focos de degradação; estabelecimento de terapêuticas capazes de inibir ou radicar as fontes nocivas. Manutenção aspectos formais e / ou decorativos e a espacialidade. Instalação de infra-estruturas no conjunto de edifícios (redes de electricidade, segurança, detecção de incêndios). Libertação das humidades dos edifícios. Desobstrução de janelas e portas, com contribuição para a ventilação e consequente controlo de humidade do ar. Reintegração e valorização das intervenções das várias épocas, detectadas durante as obras e entendidos como mais valia, como registos preciosos da História evolutiva do Solar. Intervenção nos salões nobres e no altar da capela, com remoção, substituição e consolidação dos elementos estruturais componentes das paredes e dos tectos. Reconstrução e restauro de elementos decorativos de pintura, estuque e sancas. |
Observações
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| *1- Construídos para aí se receber o rei D. João VI, visita que nunca chegou a realizar-se; *2 - o solar, inicialmente uma casa agrícola, esteve na posse da família italiana dos Pianos, cuja época de ocupação se desconhece e que possuía também a Quinta de Cima (à Sobreda) que havia sido sede do morgado dos Zagallos, alienados à propriedade primitiva da Quinta de Santo António. *3 - Os terrenos adjacentes ao solar, alienados à propriedade primitiva da Quinta de Santo António, são propriedade do IHRU. |
Autor e Data
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| Filomena Bandeira 1996 / Albertina Belo 1998 |
Actualização
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| 2010 |
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