Fortaleza da Torre Velha / Torre de São Sebastião de Caparica

IPA.00004670
Portugal, Setúbal, Almada, União das freguesias de Caparica e Trafaria
 
Arquitectura militar. É considerada a mais antiga fortificação portuguesa destinada à defesa marítima. Foi a percursora de uma longa série de fortificações que se ergueram ao longo das duas margens do Rio Tejo desde o séc. 15 ao séc. 20 (SOUSA, 1997). A cortina a E., apresenta um cordão pelo lado inferior do parapeito, de secção rectangular enquanto no restante, cortina S. (a da antiga porta de armas porta de armas) e baluarte, os cordões são de secção semicircular. Pedraria com seteira do séc. 15, na antiga torre; mísula de guarita do séc. 17 e porta de entrada de acesso à capela.
Número IPA Antigo: PT031503020015
 
Registo visualizado 4236 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Planta em U, formada por três corpos, sendo dois orientados a S., entre os quais fica a esplanada da bateria, junto à arriba; o 3º corpo une por S. os dois primeiros. A partir do canto SO. da fortaleza, prolonga-se a construção com baluarte e torre de vigia. Sobre o núcleo principal da fortaleza, construções de habitação. Corre um fosso ao longo da cortina E., hoje entulhado. Tem três baluartes com casernas, um a NE., outro a SE. e outro a S.. Na muralha, canhoneiras. O corpo central da Torre Velha é de construção quadrangular, ampla, rebaixada, vendo-se apenas a parte inferior do piso térreo, com porta e janelão. Adossada vê-se a casa do governador. Perduram as seteiras e mata-cães na muralha. Vêem-se os encastramentos de vigas (de um possível sobrado em piso superior). Esta parte da torre é coberta em abóbada de berço e sobre ela fica um terraço (2), com escada exterior de acesso ao segundo piso, entre o térreo e o terraço, comunicando com ambos por porta. Cachorros (de balcões ou de mata-cães), provavelmente, de apoio a uma varanda ou cortina. Há um escudo de armas sobre a verga de porta, ao nível da antiga praça de artilharia, com as armas portuguesas. Construções acima do antigo parapeito, resultado da transformação em Lazareto.

Acessos

Lugar de Porto Brandão

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 11/2012, DR, 1.ª série, n.º 104 de 29 maio 2012 / ZEP, Portaria nº 934/2013, DR, 2.ª série, n.º 252, de 30 dezembro 2013

Enquadramento

Periurbano, num monte, na margem S. do Rio Tejo, entre duas pequenas enseadas a de Porto Brandão e a da Paulina, ergue-se frente à Torre de Belém.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1488 - concluída a fortaleza que D. João II mandara edificar no lugar da bateria ao lume de água, chamado o Forte da Caparica, que D. João I mandara levantar; as gravuras de Garcia de Resende revelam que era formada por uma torre e um baluarte, sendo possível que se assemelhasse à Torre de Outão, sua contemporânea e à torre de Belém mais tardia (SOUSA, 1997); séc. 15 - época provável da porta que comunica para o terraço e janelão, e dos suportes de pau de bandeira (SOUSA); 1570 - D. Sebastião manda reedificar ou transformar a torre (1) (não se sabe qual teria sido a intervenção) passando a chamar-se Torre ou Fortaleza de São Sebastião da Caparica; 1580 / 1640 - fica na posse dos espanhóis e teve alterações durante a dinastia filipina, sendo conhecida, nesta altura, por Torre dos Castelhanos; 1640 - séc. 18 - Os Távoras da Caparica tiveram em Almada um importante morgadio sendo governadores perpétuos da Torre Velha; séc. 17 - sofre obras de melhoramento, transformando a torre; 1692 - as partes fundamentais traçadas na planta desta época subsistem nos nossos dias: a torre do séc. 15, as cortinas E. e S. e os três baluartes, o fosso a E. a casa do governador, a capela, consagrada a São Brás e São Sebastião, adossada à cortina da porta de armas e uma construção abrigando uma escada no ângulo SE. da praça de armas; séc. 18, 2ª metade - há indicação de preocupação quanto à consolidação do terreno anexo às edificações junto à riba; 1767 - informação de a Torre Velha ou de São Sebastião, sobre uma montanha, oposta à torre de Belém pelo lado N. e de as suas baterias altas e baixas cruzarem a de Belém; séc. 18 - a Torre teve obras (SOUSA, 1997); 1794, 9 de Setembro - relatório de Guilherme Luís António de Valleré, dirigido ao ministro da guerra, o duque de Lafões, (A.H.U.) onde se fala das obras na Torre; 1794 / 1796 - obras na Torre sob a direcção do coronel Francisco D'Alincourt; 1801 - desactivação das fortalezas da margem S., terminado o conflito da Guerra das Laranjas; 1811 - é sugerido que o depósito onde era armazenado o material acessório de artilharia fosse destinado à instalação de prisioneiros; 1814, 13 de Agosto - parecer favorável à ocupação dos edificações para lazareto provisório, destinado às quarentenas de passageiros e tripulantes suspeitos de serem portadores de epidemia a bordo; 1815, 29 de Maio - o forte foi dissolvido por ordem do governo, conservando uma parte das edificações para alojar a guarnição que fazia guarda aos quarentenários; 1832 - a torre é remodelada e de novo reactivada; pensa-se que o muro que divide a praça alta que dá para a porta de armas está relacionado com a coexistência do lazareto; séc. 19, meados - a Torre Velha é declarada sem interesse como fortificação e passa a ser considerada praça de guerra de 2ª classe; 1894 - deixou de integrar a lista das praças, tendo permanecido como depósito e alojamento, anexo ao depósito de munições do Porto Brandão; 1859 - extinção do lazareto, mas continua a alojar uma guarnição militar de guarda ao novo lazareto, construído perto; 1982, 10 setembro - proposta de classificação do imóvel pela Câmara Municipal de Almada; 1991, 15 setembro - proposta de abertura do processo de classificação do IPPC; 05 dezembro - despacho de abertura do processo de classificação do Presidente do IPPC; 1994, 16 dezembro - proposta de classificação da DRLisboa; 1995, 24 janeiro - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como Monumento Nacional; 1996, 12 abril - despacho de homologação do Ministro da Cultura; 2007, 23 fevereiro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção da DRLisboa; 19 março - parecer favorável à proposta de classificação e fixação de Zona Especial de Proteção do Conselho Consultivo do IPPAR; 2013, 7 junho - publicação do projeto de decisão relativo à fixação da zona especial de proteção da fortaleza da Torre Velha, em Anúncio n.º 208/2013, DR n.º 110, 2.ª série.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma, paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria, cantaria

Bibliografia

BARBOSA, I. de Vilhena, Novo Lazareto da Torre Velha, Archivo Pittoresco, vol. 12, Lisboa, 1864; VIEIRA, Duarte Joaquim Júnior, Villa e Termo de Almada, Lisboa, 1984; SOUSA, Raul, H. Pereira de, Fortalezas de Almada e Seu Termo, Almada, 1981; IDEM, Pequena História da Torre Velha, Almada, 1997; À Descoberta das Sentinelas: Roteiro de Castelos e Fortalezas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, CCRLVT, Lisboa, 1998.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID; IANTT: Colecção de documentos da Casa Cadaval, 1692 - Planta da Torre Velha; I.G.C.: Mapoteca - Carta topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, 1813; CMA - Planta actual, levantamento aero-fotogramético do concelho de Almada, escala 1:2000, 1974.

Documentação Fotográfica

CMA: edifício 69, foto 13, rolo 118

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

2013, 09 dezembro - Anúncio de procedimento n.º 6153/2013, DR n.º 238, 2.ª série, relativo à reabilitação do reservatório de farol da Azeda, com reparação, tratamento e impermeabilização das superfícies interiores do reservatório que se encontram em contacto com a água; tendo a empreitada o preço base 199686.87 euros.

Observações

Esta torre compreenderia dois pisos, acima do solo: o piso térreo e o sobradado. Porque o terreno fronteiro à torre desapareceu, não é possível fazer-se aí pesquisa arqueológica. Tomou o nome de velha por ser mais antiga que a de Belém; (1) - Pensa-se que anteriormente a D. Sebastião, teria o nome de São Brás, patrono dos artilheiros (SOUSA, 1997); (2) - Este terraço seria, possivelmente, o piso ao nível do varandim ou grupos de mata-cães, em cima do qual se erguia um corpo de menor área rematado por um telhado de quatro águas. Com grande semelhança se veio a erguer, mais tarde, a Torre de Belém.

Autor e Data

Albertina Belo 1998

Actualização

 
 
 
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