Casa da Quinta do Saldanha e Ermida do Senhor Jesus dos Aflitos

IPA.00004665
Portugal, Setúbal, Montijo, União das freguesias de Montijo e Afonsoeiro
 
Arquitectura religiosa e residencial, chã, barroca, rococó, vernacular, neoclássica. Imóvel, barroco, rococó de transição para o neoclássico em arquitectura vernacular. Templo de estilo chão com domínio de gramática de linhas sóbrias e equilibradas, superfícies planas, com transgressão de repertório clássico (no frontão, no perfil da igreja), com sobriedade decorativa, ou mesmo desornamentação numa arquitectura plana. O barroco encontra-se no ressalto das modinaturas do retábulo e no seu frontão quebrado, nas linhas curvas. O rocaille é transmitido nas linhas subtis da decoração de molduras dos vão de porta e janelas, já fora do barroco, não renegando as formas clássicas dos frontões e modinaturas das ordens em transição para o neoclássico, transmitido, ainda, no interior, no corpo do templo, na abertura de janelas e portas de desenho diversificado. Verifica-se o uso de arquitectura vernacular na construção da correnteza de casas térreas, simples, de cobertura de 4 águas, envolvidas lateralmente por edificações justapostas, com exiguidade de aberturas, recorrendo à técnica construtiva de uso de gigantes.
Número IPA Antigo: PT031507020009
 
Registo visualizado 613 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Conjunto de planta quadrangular: ermida, casa de habitação, outros edifícios e pomar, enquadrado por amplo pátio, cujo portão de acesso é rematado por brasão e por uma pinha estilizada. Para N. da ermida, pátio formado por enquadramento de casas térreas *1, caiadas, atarracadas, com exíguas aberturas, com estrutura reforçada por gigantes, cobertas por telhados de 4 águas. Para E. da ermida, prédio *2 de planta alongada, de dois pisos, definidos por moldura, de grande horizontalidade, com grande número de aberturas de portas e janelas em ambos os pisos, rematado por telhado de 2 águas com beiral. Adjacentes a esta casa edifícios que se articulam de forma muito irregular *3. Ermida: planta longitudinal, simples, regular, com coincidência exterior - interior, e massa simples. As fachadas são chas. A principal, a S., de 1 pano entre cunhais, rematados por pináculos, termina em frontão triangular com rosa-dos-ventos no centro do tímpano, encimado por cruz. Portal flanqueado por duas janelas gradeadas, com molduras do mesmo gosto daquele. Sobre o portal, medalhão de azulejo azul e branco representativo de Nossa Senhora das Dores. Fachada a O. com 2 janelas gradeadas. Fachada a E. com 1 porta de acesso à ermida e 2 janelas gradeadas, encimadas por pequeno campanário. INTERIOR: nave única, coberta por abóbada de berço; acede-se à capela-mor por arco cruzeiro pleno. Flancos da capela-mor com 2 janelas no nível inferior, 2 no superior e 2 portas que a ladeiam, denunciando dois registos que no flanco esquerdo, são marcados por 2 janelas superiores e um armário que guarda ex-votos, com o mesmo tipo de moldura daquelas.. Paredes estão caiadas de branco e chão revestido de mosaicos.

Acessos

Quinta do Saldanha, Vale de Vagados, Est. Montijo - Samoco; R. Dr. Manuel da Cruz Júnior; R. Cidade de Guimarães, Estrada do Seixalinho

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Edital n.º 86/2009 da Câmara Municipal do Montijo de 25 junho 2009

Enquadramento

Urbano, em planície, isolado. Ermida integrada num conjunto pertencente à antiga Quinta do Morgado Saldanha da Gama, separada dos esteiros do rio Tejo, por estrada. Confronta-se a E. com um muro onde se abre o portão de acesso à quinta e a O. não há qualquer construção a referir.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 17 - construção das casas da Quinta; 1706 - Numa descrição da Quinta o Padre Carvalho não falava na ermida o que leva a supor que esta ainda não existia; séc. 18 - edificação ou reedificação da ermida; 1942 - a cor predominante da ermida era o amarelo-ocre e as pilastras vermelho-ocre; séc. 19, finais - séc. 20 - eram proprietárias da Quinta as famílias Fialho e Caria; 1938 - 1942 - fizeram-se várias alterações entre as quais no coro que então existia; 1960, c. de - alteração da porta da fachada; 1960 - 1970 - o interior da ermida foi revestido de azulejos; 1983 - doação à Câmara Municipal do Montijo da Quinta, ermida e recheio artístico-religioso; 1996, 14 Outubro - despacho de homologação como Valor Concelhio do Ministro da Cultura; 2007, 22 Outubro - processo de classificação encerrado no âmbito do IGESPAR, por despacho do Secretário de Estado da Cultura; 2008, 20 Agosto - proposta de classificação para Imóvel de Interesse Municipal aprovada em reunião da Câmara Municipal de Montijo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes / Estrutura mista

Materiais

Cantaria, alvenaria, madeira, azulejo, telha e mosaico.

Bibliografia

LANDEIRO, José Manuel, No Rolar dos Anos - As Festas de São Pedro dos Pescadores de Aldeia galega - Montijo, Montijo, 1952; NABAIS, António, História do Concelho do Seixal - Cronologia, Seixal, 1982; PEREIRA, Fernando A. Baptista, Três obras de arte do Distrito de Setúbal pouco conhecidas do público, Movimento Cultural, Ano 2, nº 3, Dezembro, Setúbal, 1986; ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológicas - Históricas do Distrito de Bragança - Arqueologia, Etnografia e Arte, Tomo 9, s.d.; ALVES PIRES, Porfírio et. alt., Projecto do centro de Arte e Cultura, vol. 2 e 3; Diário da República, 3ª Série, nº 214 de 17 de Janeiro 1989; ALMEIDA, Fernando António, A Quinta do Saldanha no Montijo - Uma Aproximação à sua História, Montijo, 2004; www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/71695/ [consulta em 15 de Março 2011].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

CMM: 1985 - 1987 - A ermida foi restaurada a nível da fachada e do telhado, os azulejos do interior foram retirados, o coro, que não existia inicialmente, foi removido e o pavimento coberto com mosaicos. As paredes interiores da ermida foram pintadas de branco e o anexo foi, também, pintado e sofreu obras no telhado.

Observações

É possível ter havido um jardim entre a ermida e a casa de habitação, na zona do pátio, uma vez que foram encontrados um elemento de fontanário e um receptáculo em forma de concha que talvez pertencesse a uma fonte. A ermida do Senhor Jesus dos Aflitos é assim conhecida devido à devoção popular, principalmente por parte dos pescadores de Montijo, a uma imagem de Cristo com essa invocação. Regista-se também na ermida, o culto de Nossa Senhora das Dores (primitiva invocação), sobretudo da parte de mulheres grávidas. O brasão leva a pensar que a Quinta pertenceu a um descendente de Vasco da Gama ou a Paulo da Gama, mas não se conhecem referências à família Gama em Aldeia Galega, relacionadas com a Quinta; *1 - que antigamente foram arrecadações, palheiros, galinheiros e habitações de serviçais; *2 - serviu de casa de habitação. *3 - serviram para recolha de animais e de alfaias agrícolas. Há a assinalar elementos, hoje dispersos, na área da Quinta: 1 capitel, 1 poço, 1 salgadeira em pedra, 1 tanque de rega e colunas partidas.

Autor e Data

Albertina Belo 1998

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login