Igreja e Convento da Ordem Terceira de São Francisco / Escola de Hotelaria e Turismo de Faro

IPA.00004526
Portugal, Faro, Faro, União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro)
 
Arquitectura religiosa, barroca, rococó, neoclássica. Convento franciscao com igreja de planta longitudinal composta por capela-mor, cruzeiro e nave rectangulares, com claustro a N. de planta quadrangular circundado por galerias de acesso a dependências rectangulares; a E. deste encontra-se a sacristia e a Sala de Reuniões. Volumes articulados, massas horizontais dispostas na horizontal em dois pisos e coberturas diferenciadas em telhado de 1, 2, e 3 águas, terraço e domo rematado por lanternim sobre o cruzeiro. Fachadas rebocadas e pintadas de branco com elementos divisores e molduras de vãos em cantaria. Fachada principal com dois corpos, correspondendo o 1º ao claustro e dependências e o 2º ao corpo da igreja; o primeiro tem embasamento e remate recto em beirado sobre cimalha, com dois registos com vãos com moldura em cantaria, o inferior com um portal ladeado por duas janelas de peitoril e o superior com 4 janelas de sacada de verga recta arquitravada; segundo corpo com fachada no espírito neoclássico com dois pares de pilastras colossais, com pedestais à altura do embasamento, e entablamento com cornija saliente; no pano central, mais largo, abre-se inferiormente um portal de verga recta encimado por uma cornija saliente e sobreposto por um janelão de verga curva, ambos delimitados por pilares-estípites e revestimento de cantaria com rebaixamento nas juntas, sendo o janelão rematado por frontão contracurvado com pedra de armas no tímpano com as insígnias da Ordem. Claustro regular barroco, construído porém ainda segundo as normas seiscentistas, apresentando uma grande austeridade e despojamento; com 4 alas de alçados idênticos com dois pisos, o inferior com três arcos de volta perfeita assente sobre colunas da ordem toscana em cantaria, abertas para uma galeria com abóbada artesoada, e o andar nobre com 3 janelas de varandim de verga recta e moldura em cantaria. Igreja com capela-mor com paredes laterais e abóbada revestidas a azulejos barrocos, com uma cornija em talha barroca ao nível do arranque da abóbada, apresentando ainda alguns painéis de azulejos na cobertura resultantes de uma intervenção rococó. Retábulo-mor rococó em talha dourada, de planta côncava, composto de sotobanco, corpo único e três tramos definidos por 4 colunas salomónicas e ático inscrito entre dois arcos plenos, erguendo-se a sobre a banqueta um sacrário elíptico e um trono piramidal com degraus encimado por um dossel onde é exposto uma imagem de vulto envolta por uma glória de serafins. Cruzeiro com rico programa rococó de azulejaria e talha, apresentando 4 retábulos idênticos insertos entre as pilastras dos arcos de suporte da cúpula, definindo no conjunto uma planta octogonal, sendo estes de planta sinuosa e convexa ao centro, compostos de banco, corpo único e um só tramo delimitado por pilares compósitos, com tribuna com imagem do orago ao centro, e ático com superfície abaluada que serve de suporte a um balcão semicircular com balaustrada no parapeito, com sanefas suspensas, e que precede um vão emoldurado com painel pintado em "trompe l'oeil" e rematado por frontão curvilíneo profusamente ornamentado. Nave da igreja segundo um programa neoclássico, sendo os alçados laterais revestidos a madeira com marmoreados policromáticos com 3 nichos e duas telas pintadas cada (A-B-A-B-A), apresentando no alçado anterior um coro-alto de madeira igualmente pintado com marmoreados policromáticos, apresentando azulejos na parede de fundo do sub-coro e em torno da janela que se abre para o coro-alto. Púlpito de madeira com marmoreados situado no intradorso do lado do Evangelho do arco de entrada para o cruzeiro.
Número IPA Antigo: PT050805050076
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Terceiros

Descrição

Planta longitudinal composta por capela-mor, cruzeiro e nave rectangulares, com claustro a N. de planta quadrangular circundado por galerias de acesso a dependências rectangulares a O. e a E., entre estas últimas a Sala do Capítulo e a Sacristia; a N. um corpo de planta rectangular voltado para um logradouro. Volumes articulados a E. e N. com massas horizontais dispostas na horizontal em dois pisos. Coberturas diferenciadas em telhado de duas águas na capela-mor, nave e ala E. do claustro, de três águas na ala O. do claustro, de uma água num anexo, domo do cruzeiro revestido com telhas, rematado ao centro por lanternim, açoteias com varandim sobre o claustro e terraço sobre o corpo articulado a N.. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal voltada a O. composta por dois corpos correspondendo o 1º ao claustro e respectivas dependências e o 2º ao corpo da igreja; primeiro com embasamento pintado de cinzento e remate em beirado assente sobre cimalha e arquitrave, apresentando dois registos definidos por friso em cantaria com vãos com moldura em cantaria, no inferior um portal ao centro de verga curva e moldura recortada encimada por cornija, ladeado nos extremos por duas janelas de peitoril gradeadas; no andar nobre quatro janelas de sacada de verga recta arquitravada com guardas de ferro forjado com prumos verticais; fachada da igreja ritmada por dois pares de pilastras, com pedestais à altura do embasamento, e entablamento com cornija saliente, sendo estes elementos definidores em cantaria calcária; no pano central, mais largo, abre-se inferiormente um portal de verga recta encimado por uma cornija saliente e sobreposto por um janelão de verga curva, ambos delimitados por pilares-estípites e revestimento de cantaria com rebaixamento nas juntas, sendo o janelão rematado por frontão contracurvado com pedra de armas no tímpano com as insígnias da Ordem. À esquerda da fachada percorre um muro com um largo vão emoldurado de verga recta e portão de metal, dando acesso ao logradouro N.. Fachada N. com remate em beirado simples, interrompendo este uma empena recortada correspondente à ala E. do claustro; inferiormente abre-se um vão de verga em arco de volta perfeita de acesso ao claustro enquando superiormente se abrem 4 vãos de verga recta sem moldura correspondentes a 3 janelas de peitoril e uma porta, sendo esta última servida por umas escadas com corrimão que corta a fachada em direcção a O.; ainda nesta última linha de rasgamento de vãos encontra-se uma janela de peitoril idêntica às do registo inferior da fachada principal. Fachada S. com 4 corpos, o primeiro sem fenestrações e rematado por beirado correspondente a uma parte da nave da igreja; o segundo, de maior destaque, corresponde ao cruzeiro e é delimitado por cunhais de cantaria e rematado por uma empena recortada, apresentando no pano um janelão reentrante de verga curva e sem moldura e encimado por um óculo polilobado; 3º corpo mais baixo, correspondente à capela-mor, rematado por beirado assente sobre cimalha e com dois janelões reentrantes sem moldura e de verga recta; 4º corpo correspondente a um estreito volume adossado sem quaisquer fenestrações. INTERIOR: nave com pavimento em madeira com coxia central em lajeado, extendendo-se pelo cruzeiro, e cobertura em abóbada de penetrações com lunetas em meio círculo e tramos marcados por marmoreados; alçado anterior com coro-alto em madeira com balaustrada fingida, apresentando debaixo deste um guarda-vento em madeira e uma parede com revestimento azulejar com painel central; sobre o coro-alto abre-se um janelão com moldura em cantaria com verga recta enquadrada por azulejos, representando os de cima um painel com a imagem de Nossa Senhora; alçados laterais idênticos, revestidos até ao arranque da abóbada de madeira com madeira com marmoreados policromáticos, rematados por um entablamento com cornija pronunciada e subdivididos em 5 panos, apresentando o 1º, 3º e 5º nichos com meia cúpula onde assenta sobre um pedestal uma imagem de vulto de um santo franciscano, enquando o 2º e 4º apresentam telas italianas com cenas da vida de São Francisco; o 1º tramo a contar do alçado anterior situa-se debaixo do coro-alto; alçado posterior da nave com o arco do cruzeiro envolvido por talha e marmoreados polícromos, com frontão apontado, apresentando no intradorso do lado do Evangelho um púlpito. Cruzeiro com cúpula assente sobre trompas com óculos polilobados e decoração em talha, sendo o óculo O. entaipado; paredes revestidas a azulejos azuis e brancos com um janelão de verga curva com moldura e avental em talha dourada, sendo o pano fechado superiormente por um arco em talha com uma cartela no fecho; na parede do lado do Evangelho é ainda aberto um vão emoldurado de acesso ao claustro com verga e arquitrave curvas; nos cantos facetados 4 retábulos de talha idênticos insertos entre as pilastras dos arcos de suporte da cúpula, apresentando uma planta sinuosa e convexa ao centro, sendo compostos de banco, corpo único e um só tramo delimitado por pilares compósitos, com tribuna com imagem do orago ao centro, e ático com superfície abaluada que serve de suporte a um balcão semicircular com balaustrada no parapeito, com sanefas suspensas, e que precede um vão emoldurado com painel pintado em "trompe l'oeil" e rematado por frontão curvilíneo profusamente ornamentado. Capela-mor com pavimento em madeira e pedra mármore, com paredes e abóbada de berço revestidas integralmente a azulejos; alçados laterais idênticos com cornija em talha marcando o arranque da abóbada e 3 vãos: uma porta com moldura em cantaria com verga recta encimada por cornija, sendo a do lado do Evangelho comunicante com a sacristia e a do lado da Epístola falsa, sendo tapada por cortina; duas janelas com moldura de cantaria com verga recta e rematadas por cornija, sendo as do lado do Evangelho falsas, enquando as do lado da Epístola encontram-se abertas para o logradouro S., fornecendo luz ao interior da capela; alçado posterior totalmente ocupado pelo retábulo-mor, sendo este em talha com planta côncava, compondo-se de sotobanco, corpo único e três tramos delimitados por colunas salomónicas, e ático inscrito em dois arcos plenos, com 4 anjos em alto relevo assentes sobre os segmentos de frontões curvos; ao centro ergue-se um trono piramidal com seis degraus rematados por dossel onde se expõe uma imagem de Nossa Senhora envolta por uma glória com serafins; a preceder o trono e sobre a banqueta encontra-se um sacrário elíptico; ainda na capela-mor apresentam-se dois cadeirais de madeira. CONVENTO: Planta centralizada com claustro quadrangular, antiga igreja, refeitório e restantes dependências de apoio rectangulares. Volumes articulados a N., cobertura diferenciada com telhados de quatro águas na igreja e nos cantos do claustro e de duas águas nos restantes corpos; massas dispostas na horizontal em dois pisos. Frontispício voltado a O. com quatro corpos delimitados por pilastras de cantaria com vãos emoldurados de verga curva; o 1º corpo faz ligação à Igreja da Ordem Terceira, tem três vãos por piso, destacando-se ao meio uma janela de sacada com guarda de ferro no andar nobre; o 2º é mais alto do que os restantes, corresponde à portaria e à igreja conventual, tem um portal e uma janela de sacada de maiores proporções com guarda de ferro no balcão; o 3º corpo é idêntico ao 1º; o 4º corpo tem oito vãos no piso térreo e nove no andar nobre, sendo um deles uma janela de saca com guarda de ferro. Fachada lateral com quinze vãos no andar nobre, sendo uma janela de sacada com guarda de ferro e os restantes janelas de peitoril. CLAUSTRO E DEPENDÊNCIAS: claustro regular, com alçados idênticos, aberto a E., ficando a N. a igreja e a portaria, a O. as celas e a S. a cozinha. Dois pisos definidos por friso em cantaria e rematado por beirado assente sobre cimalha; inferiormente corre 3 arcos de volta perfeita assentes em colunas toscanas de cantaria; no andar nobre três janelas de varandim de verga curva e moldura em cantaria; sobre a ala E. grande sineira com três sinos e frontão de massa recortado. Galerias com pavimento lajeado e em ladrilhos cerâmicos com algumas lápides sepulcrais com inscrições, e cobertura em abóbadas artesoadas; galeria O. com um largo vão central, emoldurado e de verga curva, comunicante com um pequeno átrio de entrada, uma pequena fresta emoldurada à esquerda deste e um estreito vão de acesso a uma sala ao lado direito; galeria N. com três vãos idênticos, com arco de volta perfeita, sendo os laterais entaipados e o central de acesso ao logradouro N.; galeria S. com um vão de acesso ao interior da igreja e outro, emoldurado e de verga curva, de acesso ao púlpito; galeria E. com dois vãos entaipados idênticos aos da galeria N., um largo vão emoldurado e de verga recta encimada por cornija de acesso a uma ampla sala, e uma janela e porta emoldurados e de verga recta abertas para a sacristia. Piso superior com galerias e salas vítimas de uma compartimentação interior, apresentando um pavimento em madeira.

Acessos

Largo de São Francisco nº 50 - 51

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-U/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012

Enquadramento

Urbano, planície, flanqueado. Ergue-se num gaveto de quarteirão fronteiro às muralhas medievais (v. PT050805050013), com fachada principal voltada para um amplo largo utilizado como parque de estacionamento, de piso alcatroado e pontuado por árvores. Fachada N. voltada, em parte, para um logradouro circunscrito por muro que o separa do terreno adjacente onde se ergue um edifício, com muro voltado para a via pública alinhado com o do logradouro. Fachada posterior voltado para logradouro Parte da antiga cerca (v. PT050805050005 é delimitada pelos vestígios de meio baluarte.

Descrição Complementar

Interessante o facto da actual capela-mor corresponder à nave da igreja barroca original, inversão da orientação do templo que resultou na destruição da antiga ousia sem no entanto remover o revestimento azulejar da antiga nave. O cruzeiro da igreja da ordem terceira integra um conjunto de especificidades decorativas que são únicas no contexto algarvio: em primeiro lugar a talha dos quatro retábulos, que assumem plenamente o discurso rococó, libertando-se da herança barroca e adoptando as novidades do rocaille francês que chegam pela via lisboeta, sendo assim compostas por uma planta convexa ao centro e côncava nas ilhargas; a sua disposição nos lados oblíquos do cruzeiro de planta octogonal demonstram também a originalidade desta criação artística, criando um certo dinamismo do espaço, muito ao gosto da época; ainda no mesmo espaço, a talha expande-se pela cúpula que encima o cruzeiro, sendo também esta uma solução única no espaço algarvio. A azulejaria encontra-se igualmente bem representada, contado com revestimento total das paredes e coberturas, criando assim, e através de uma planeada articulação com a talha, uma autêntica obra de arte total, semelhante com a da Igreja de São Lourenço de Almancil (v.PT050808010006). O claustro é aberto no lado E. e os quatro cantos são preenchidos por torreões de dois pisos. INSCRIÇÕES: lápide rectangular situada no pano esquerdo da fachada principal da igreja, sem moldura; mármore; tipo de letra: capital quadrada; leitura: "IGREJA DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE S. FRANCISCO ACÇÃO DE GRAÇAS PELA COMEMORAÇÃO DOS 320 ANOS DO LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA 15-09-1679 - 15-09-1999"

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Educativa: escola profissional

Propriedade

Privada: Igreja Católica (igreja e anexos) / Pública : estatal (antigo convento)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Francisco Xavier Fabri (conjectural) (finais da década de 1780); Carrilho da Graça (projeto de adaptação a Escola de Hotelaria); AZULEJEIROS: Manuel Borges (1718), Domingos de Almeida (1761), Oliveira Bernardes (?), Policarpo de Oliveira Bernardes (conjectural); CANTEIRO: Manuel José (1749); DOURADORES E PINTORES: António Dias (1733), Francisco Correia da Silva (1751), João da Costa Botelho (1766), Manuel Machado (1766), Simão da Fonseca Franco (1766), Joaquim José da Sousa (1766); ENTALHADORES: mestre Manuel Francisco Xavier (1714,1766), mestre Manuel Martins (1719,1721,1732), Miguel Nobre (1746,1766), mestre Dâmaso Franco (1753,1760), José da Costa (1777); PEDREIROS: mestre Diogo Tavares e Ataíde (1744,1749), António Rodrigues Pimenta, Manuel Jorge (oficial), João dos Santos Tavares (1749); PINTORES: Marcello Leopardi (1794), Libório Guerini (?) (1794).

Cronologia

1528 - a edilidade solicita a vinda dos religiosos da Província da Piedade para construírem um convento; 1529 - D. Branca de Vilhena e o seu filho, Nuno Rodrigues Barreto, alcaide de Faro, cedem o terreno e patrocinam a construção do convento; 1564 - por instância da rainha D. Catarina, os frades Capuchos trocam de instalações com os observantes de Vila Nova de Portimão, o convento de Faro é melhorado como se fora feito de novo; 1596 - é saqueado e incendiado pelas tropas inglesas do Conde de Essex, sendo posteriormente reparado; 1679, 15 Agosto - o deão D. Manuel Guerreiro Camacho lança a primeira pedra da igreja da Ordem Terceira, dentro da cerca do convento, sendo as obras sustentadas pelas esmolas dos fiéis do Algarve; a igreja teria uma orientação oposta à que tem hoje; o primitivo portal seria idêntico ao actual da Ermida de Nossa Senhora do Repouso; 1703 - benção solene da igreja; 1714 - feitura do primitivo retábulo da capela-mor pelo mestre Manuel Francisco; 1717 - findam as grandes obras de edificação da igreja; 1718 - o Ministro da Ordem e Vigário Geral do Bispado, o Dr. Manuel de Sousa Teixeira, contrata o mestre Manuel Borges para proceder ao revestimento da igreja com azulejaria; 1719 - o mestre Manuel Martins constrói a cornija em talha no primitivo corpo da igreja para separar a obra de azulejaria; 1721 - reformulação do primitivo retábulo da capela-mor por Manuel Martins; 1732 - Manuel Martins faz na igreja oito nichos em talha destinados às imagens procissionais, dos quais só resta a referência no contrato notarial; 1733, 4 Novembro - por contrato celebrado nesta data, António Dias, pintor e dourador, é incubido de dourar metade dos nichos pelo valor de 50$000; 1744 - devido ao crescente número de irmãos foi necessário proceder a obras de ampliação do templo; o mestre pedreiro Diogo Tavares e Ataíde inicia uma grande campanha de remodelação da igreja, na qual se muda a orientação do templo, cuja fachada principal deixa de estar voltada a E. para passar a O., e a nave da primitiva igreja passa a capela-mor, enquanto a antiga ousia foi derrubada e no seu lugar constrói-se um cruzeiro de planta octogonal, acrescentando ainda uma nave; na mesma campanha constrói-se o actual claustro, com traça ainda segundo as normas seiscentistas; 1746 - são feitas umas imagens procissionais de roca, talvez pelo escultor farense Miguel Nobre; 1749 - constrói-se um claustro a N., destinado a engrandecer a obra da igreja e a fornecer um novo espaço para o enterramento dos irmãos; esta obra foi da responsabilidade do mestre Diogo Tavares e Ataíde, sendo ajudado pelo seu filho, João dos Santos Tavares (arquitecto da Casa do Compromisso Marítimo de Olhão v. PT050810030024), e pelo canteiro Manuel José; 1751 - Francisco Correia da Silva doura o retábulo de Nossa Senhora das Dores da igreja; 1753 - o mestre Dâmaso Franco inicia a construção do actual retábulo da capela-mor e da talha do transepto, tendo esta sido destruída devido ao terramoto de 1755; c. 1755 - conclusão da talha do retábulo maior e dos quatro retábulos colaterais; 1755, 1 Novembro - o convento de São Francisco e a respectiva igreja sofrem grandes estragos provocados pelo terramoto desta data, obrigando os padres aí residentes a prestarem culto na igreja da ordem terceira; 1759 - conclusão da reconstrução da abóbada da capela-mor, durante as obras de reconstrução pós-terramoto, provávelmente da responsabilidade do arquitecto Francisco Xavier Fabri; 1760 - é concluída a feitura do retábulo da capela-mor e os retábulos colaterais do cruzeiro da igreja pela oficina do mestre Dâmaso Franco; feitura do pálio roxo e as sanefas dos andores das procissões da Ordem por Tomé da Costa, de Olhão; 1761 - Domingos de Almeida, mestre de azulejos, reveste a abóbada da nova nave da igreja com azulejos, reaproveitando ao máximo os anteriores; 1766 - Manuel Francisco Xavier e Miguel Nobre iniciam o revestimento em talha da cúpula do cruzeiro; o douramento e pintura desta pertence a Joaquim José de Sousa, Manuel Machado e a João da Costa Botelho, tendo este último sido também responsável pelo douramento do retábulo da capela-mor; Manuel Machado é responsável pelo douramento do retábulo da capela da Santa Rosa; Simão da Fonseca Franco foi também responsável pelo douramento de alguns elementos de talha; 1777 - o entalhador José da Costa executa uns pequenos trabalhos na igreja da ordem terceira; 1780, finais da década - é construído o corpo da igreja, segundo uma traça que poderá ter sido da autoria do arquitecto Francisco Xavier Fabri; 1790 - construção da nave da igreja; 1794 - colocação na nave de quatro grandes telas encomendadas em Itália pelo Bispo D. Francisco Gomes de Avelar, duas delas assinadas por Marcello Leopardi (Morte de São João Francisco e a Conversão de São Francisco) e as outras duas possivelmente da autoria de Libório Guerini (São Francisco recebendo as estigmas e São Francisco apresentando a Regra a Inocêncio III); 1818 - depois de muitos anos de litígio com o Reitor da Sé é permitida a construção da fachada principal da igreja da ordem terceira; 1827 - ainda em obras o convento é ocupado pelos serviços militares; 1834 - com a extinção das ordens religiosas, o convento é ocupado pelo quartel do Regimento de Infantaria n.º 4 (designado de Caçadores Quatro; 1993 - extinção do Regimento de Infantaria nº 4; 1993 - o antigo convento é adquirido pelo Instituto Nacional de Formação Turístisca; 1994 - 1996 - obras de reabilitação sob a responsabilidade do arquitecto Carrilho da Graça; 1998, 09 junho - Proposta de classificação pela CM de Faro; 1998, 15 julho - Proposta de abertura do processo de classificação pela DRFaro; 1998, 04 julho - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2003, 07 maio - Parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como IIP - Imóvel de Interesse Público; 2003, 26 maio - Despacho do Ministro da Cultura de homologação de classificação como Imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada de branco; betão; elementos estruturais, pilastras, colunas, arcos, cunhais, molduras de vãos, frisos e cornijas em pedra calcária; pavimentos em pedra calcária, mármore, ladrilho cerâmico e madeira; revestimentos de paredes em azulejos e madeira; retábulos, cornijas e arcos e janelas do cruzeiro em talha dourada; cadeiral e coro alto em madeira; portas, janelas e caixilharias em madeira e alumínio; vidro simples em janelas e portas; coberturas exterior em telha de canudo; ferro em guardas dos balcões de janelas e portões e gradeamentos.

Bibliografia

AZEVEDO, José Correia de, Algarve Monumental, s. l., 1977; IDEM, Portugal Monumental, vol. 7, Lisboa, 1994; CORREIA, José Eduardo Horta, O significado do mecenato do Bispo D. Francisco Gomes de Avelar, Lição de síntese proferida na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, 1995; GIL, Júlio, As mais belas Igrejas de Portugal, vol. II, Lisboa, 1989; LAMEIRA, Francisco, Faro. Edificações Notáveis, Faro, 1995; IDEM, A Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco (brochura), Faro, 1997; IDEM, Faro - A Arte na História da Cidade, Faro, 1999; IDEM, A Talha no Algarve durante o Antigo Regime, Faro, 2000; IDEM, O retábulo na cidade de Faro, Monumentos, n.º 24, março, Lisboa, DGEMN, 2006; LOPES, João Baptista da Silva, Corografia do Reino do Algarve, Lisboa, 1841; IDEM, Memorias para a Historia Ecclesiastica do Bispado do Algarve, Lisboa, 1848; MECO, José, Azulejos na cidade de Faro, Monumentos, n.º 24, março, Lisboa, DGEMN, 2006; MELLO, Magno Moraes, Pintura do Concelho de Faro: Inventário; CMF, GGRP, Faro, 2000, pp. 222-233; PAULA, Rui M. e PAULA, Frederico, Faro - Evolução Urbana e Património, Faro, 1993; ROSA, J. A. Pinheiro e, Monumentos e Edifícios Notáveis do Concelho de Faro, Faro, 1984; IDEM, Guia do Visitante das Igrejas de Faro, Faro, 1987; IDEM, Tesouros Artísticos do Algarve, Faro, 1990; SANTOS, Honorato, Notas Monográficas sobre a Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade de Santa Maria de Faro, s. l., 1919; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - O Barroco, Lisboa, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSI, DGEMN/DSARH; CMF: Gabinete Técnico Local; Escola de Hotelaria e Turismo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Arquivo da Ordem Terceira de São Francisco de Faro

Intervenção Realizada

Ordem Terceira de São Francisco: 1990-1996 - colocação de janelas de alumínio, pavimentos inadequados, etc.; Escola de Hotelaria e Turismo: 1994 - 1996 - reabilitação do convento e construção de edifício anexo; 2005 - recuperação e conservação do revestimento azulejar das paredes do cruzeiro; 2005, Setembro - melhoramentos no sistema de som da igreja.

Observações

O meio baluarte que protegia este convento fazia parte de um sistema defensivo que envolveu a cidade de mar a mar a partir de 1659.

Autor e Data

Francisco Lameira 1996 / Daniel Giebels 2005

Actualização

 
 
 
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