Paço Episcopal de Faro

IPA.00004521
Portugal, Faro, Faro, União das freguesias de Faro (Sé e São Pedro)
 
Paço Episcopal de estilo chão, constituindo um dos melhores exemplares do estilo no Algarve, de planta longitudinal, volumes articulados, massas dispostas na horizontal em dois pisos e coberturas diferenciadas em telhados de 4, 3 e 2 águas e telhados de tesoura. Fachada principal rectilínia, de sobriedade característica do estilo chão, com embasamento, cunhais de cantaria almofadados e remate com cimalha e beirado, apresentando duas linhas de rasgamento vãos emoldurados a cantaria, destacando-se o portal principal rococó ao centro; no piso inferior janelas de verga recta com gradeamentos e no superior janelas de sacada arquitravadas, com guarda de ferro forjado. Fachada lateral esquerda prolongada pelo corpo da Capela do Bispo, com janelas de sacada idênticas às do frontispício no andar nobre, destacando-se no piso térreo a porta travessa de acesso à capela, emoldurada a cantaria e arquitravada. No interior possui vestíbulo central, acedido pelo portal principal, composto por oito colunas toscanas suportandoseis arcos abatidos, estruturados em três tramos. Na Capela do Bispo conserva vestígios de revestimento azulejar seiscentista debaixo do coro-alto. O andar nobre, acedido por escadaria com três lanços, tem três salas de aparato, intercomunicantes: a de espera, a de receber e a do trono. A biblioteca, situada entre a sala do trono e o coro-alto da capela, tem as paredes revestidas de estantes com decoração de chinoserie e dourados, pertencentes a uma campanha barroca. Da campanha rococó destacam-se os azulejos que revestem o vestíbulo, as escadaria para o andar nobre e as salas de aparato, para além do portal da fachada principal. A campanha oitocentista é denunciada pelas janelas de moldura de cantaria com verga com arco abatido que pontuam as restantes fachadas exteriores e as fachadas voltadas para o logradouro, semelhantes às que se apresentam na fachada oitocentista do Seminário Episcopal de São José (v. PT050805050070).
Número IPA Antigo: PT050805050069
 
Registo visualizado 381 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Paço eclesiástico  Paço episcopal  

Descrição

Conjunto de edifícios de planta longitudinal dispostos em torno de um logradouro constituíndo um quarteirão em forma de triângulo irregular integrado na malha urbana *1. Edifício primitivo do Paço Episcopal a S. do conjunto, de planta em L, sendo a parte maior correspondente ao corpo rectangular com fachada aberta para o Lg. da Sé e a parte menor voltada para E., apresentando uma planta rectangular correspondente à antiga Capela do Bispo; no canto deste corpo, voltado para o logradouro, encontra-se adossado um corpo de planta rectangular, disposto paralelamente ao corpo S.; a N. do corpo da capela é adossado a dois edifícios de planta rectangular, formando com esta última o corpo de edifícios que define a fachada E.; a NO, dispõem-se dois edifícios de planta longitudinal que unem o extremo N. dos corpos a E. e o extremo O. do corpo a S., definindo uma ligeira curva; no canto interior formado por este conjunto e o anterior, abre-se no meio dos volumes um pequeno pátio quadrangular. Volumes articulados e escalonados, com massas dispostas na horizontal em dois e três pisos. Cobertura diferenciada em telhados de tesoura (4 águas) no corpo S. e nos extremo N. dos corpos E., em telhados de quatro águas nos corpos sobre os edifícios do corpo NO., sobre a antiga Capela do Bispo, e de três águas em outras dependências; terraço sobre a união do corpo. S. e do corpo NO.. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Cunhais, sacadas e molduras de vãos em cantaria, e embasamento em alvenaria e cimalha em massa. Fachada principal a S. sobre patamar com acesso por escadaria com 7 degraus disposta em frente do portal; com um só pano delimitado por cimalha de massa pintada de cinzento e beirado, cunhais almofadados de cantaria, e com embasamento de alvenaria pintado de cinzento; com duas linhas de rasgamento com treze vãos emoldurados cada, com janelas de peitoril gradeadas no piso térreo e janelas de sacada de verga recta arquitravada e guardas de ferro forjado com 11 prumos verticais no andar nobre; ao centro da fachada, ocupando o 7º vão, portal de verga recta com as ombreiras imitando dois pilares onde assentam dois segmentos de frontão adornados com concheados; entre estes painel trabalhado com a flor de Lis ao centro; sobre o portal assenta, ao nível do andar nobre, uma janela de peitoril com remate em cornija apontada, apresentando concheados e na verga um arranjo floral com uma fita; a encimar a fachada erguem-se telhados de tesoura. Fachada E. com 3 corpos de dois pisos delimitados por cunhais almofadados de cantaria; o corpo S. partilha do mesmo embasamento, cornija e beirado da fachada S., com sete janelas de sacada no andar nobre idênticas às da fachada S., e com duas janelas de peitoril gradeadas no piso térreo axiais ao 1º e 2º vãos superiores, correspondendo interiormente à sala utilizada como arquivo; debaixo do 4º vão superior abre-se o portal de acesso à antiga Capela do Bispo, acedido por dois degraus, com verga recta arquitravada com a flor de Lis ao centro da verga; ainda neste pano, inferiormente ao 7º vão, janela jacente emoldurada; corpo intermédio com embasamento de alvenaria pintado de cinzento e cornija e beirado situados a uma cota inferior aos do corpo anterior devido ao desnível da rua; duas linhas de rasgamento com 4 vãos emoldurados cada; inferiormente janelas jacentes com gradeamento e superiormente janelas com a verga em arco abatido; corpo N. com embasamento de alvenaria pintado de cinzento e cornija e beirado a uma cota inferior aos do corpo anterior; o cunhal N. de cantaria simples; no piso térreo portal de verga recta rematado por pequena cornija e uma larga montra de vidro com porta de vidro ao centro; no piso superior quatro janelas idênticas às do piso superior do corpo anterior. Fachada NO. com oito corpos, três com dois pisos e cinco com três pisos; 1º corpo (da esquerda para a direita) com embasamento, cornija e beirado na continuação do corpo N. da fachada E., com cunhal de cantaria almofadada à direita; no piso inferior janela jacente gradeada de cantaria e janela de peitoril com verga recta; no piso superior duas janelas idênticas às do corpo N. da fachada E.; 2º corpo com embasamento e beirado, porta emoldurada de verga recta encostada ao cunhal com acesso a um pátio interno; superiormente janela emoldurada de verga recta; a passagem do 2º corpo para o 3º descreve uma curva no pano da fachada; 3º corpo com embasamento e beirado, com quatro vãos abertos superiormente (abertos para a sala onde se instalou a maquinaria da tipografia); estes correspondem a janelas com verga de arco abatido, exceptuando o 3º vão que corresponde a uma janela de varandim com guarda em madeira; a passagem do 3º para o 4º corpo descreve uma curva no pano da fachada; 4º corpo com embasamento e beirado com duas janelas de verga recta no piso térreo e duas janelas de verga em arco abatido no piso superior; 5º corpo elevado acima do corpo anterior, com embasamento e remate definido pela inclinação da água do telhado, apresentando axialmente uma porta, uma janela de peitoril e uma janela jacente com vergas em arco abatido; 6º corpo mais elevado em relação ao anterior, com embasamento, cimalha e beirado, apresentando três linhas de rasgamento de vãos, todos emoldurados e com a verga em arco abatido; no inferior uma janela jacente e uma porta, situadas debaixo do 1º e 2º vãos superiores, respectivamente; nas duas linhas superiores abrem-se 4 janelas cada, sendo as do 1º vão distanciadas do vão seguinte por um largo nembo, apresentando-se um pequeno óculo emoldurado no nembo do piso superior; 7º corpo com embasamento, cimalha e beirado com uma linha de rasgamento de vãos ao mesmo nível do que a segunda linha do corpo anterior, apresentando duas janelas iguais e um óculo trilobado e emoldurado; pano rematado por um beirado erguendo-se no cimo um 3º piso com vários panos descrevendo em planta um W, abrindo-se dois óculos emoldurados num destes e uma janela de verga de arco abatido noutro; 8º corpo com embasamento, cimalha e beirado, com três janelas emolduradas e com verga de arco abatido dispostas axialmente, sendo a do piso térreo jacente e as dos pisos superiores de peitoril. INTERIOR: Alçados rebocados e pintados de branco. Acesso ao corpo S. pelo portal da fachada principal que se abre para um átrio de três tramos formados por duas arcadas em cantaria calcária perpendiculares à fachada constituídas por seis arcos abatidos assentes em oito colunas de ordem toscana; tecto de abóbadas de aresta e pavimento em mármore; lambril de azulejos envolvente; vão do alçado S. ladeado por duas janelas e resguardado por um guarda-vento de vidro; vãos dos restantes alçados com moldura em cantaria com arco abatido; vão E. comunica com a câmara eclesiástica, o vão N. com o logradouro e o vão O. com as escadas de acesso ao andar nobre. Câmara eclesiástica de planta rectangular com pavimento de mármore em xadrez, sendo dividida em três espaços distintos (de O. para E.): uma sala de espera, acedida pelo átrio por dois degraus, com lambril de azulejos de padrão e um painel de azulejos onde figura uma das Virtudes (a Caridade) na parede central do alçado E.; cobertura com grande abóbada de aresta; janela no alçado S. e dois vãos no alçado E.; espaço intermédio, mais estreito, correspondendo a um pequeno vestíbulo, com lambril de azulejos de padrão diferente ao anterior e cobertura em abóbada de aresta; no alçado S. abre-se uma janela, no alçado N. um vão de acesso a várias dependências e no alçado E. dois vãos alinhados com os do alçado O., entaipados com madeira; espaço a E. correspondente à Secretaria actualmente usada como arquivo da diocese; cobertura em abóbadas de aresta assentes sobre dois pilares dispostos no eixo longitudinal do espaço. Voltando ao espaço intermédio, acede-se a N. a dois corredores com pavimento em tijoleira e cobertura com várias abóbadas de aresta, apresentando lambril de azulejos envolvente com o mesmo padrão dos azulejos do espaço intermédio da câmara eclesiástica; ambos os corredores desembocam num vão de acesso ao logradouro, dando ainda acesso a várias pequenas salas e sanitários; no corredor que se extende para N. um vão à direita que dá acesso a um compartimento com pavimento em tijoleira e cobertura de abóbada de berço cuja curvatura se extende pelas paredes; o alçado N. dá acesso a salas e a um estreito corredor adossado à Capela do Bispo, com pavimento em ladrilho cerâmico e cobertura em abóbada de berço, abrindo dois vãos a E. de acesso à capela, e desembocando de forma perpendicular a outro corredor de acesso ao logradouro; comunica com uma sala e com umas estreitas escadas de acesso à tribuna da capela. Capela do Bispo de planta rectangular, pavimento em tijoleira e cobertura em abóbada de berço que arranca de cornija saliente, com acesso principal pela porta travessa que se abre para a R. do Município; alçado N. correspondente à antiga cabeceira da igreja, restando uma parede lisa com uma grande reentrância a meio com arco de volta plena, correspondendo talvez à parte posterior da tribuna do antigo retábulo; ao nível do piso, nos extremos do alçado, dois vãos, o da esquerda entaipado e o da direita aberto para escadaria que dá acesso à referida reentrância; alçado S. correspondente ao coro-alto, de dois registos, o inferior com arco abatido em cantaria que se abre para o espaço situado debaixo do coro-alto, sendo guarnecido por lambril de azulejos de padrão; registo superior com três vãos emoldurados com arco de volta perfeita e com guarda em alvenaria; no vão da direita parte um passadiço recente em metal, que acompanha o alçado O. servindo os dois primeiros vãos deste; alçado O. com dois vãos emoldurados com cantaria com verga recta no piso térreo e três vãos emoldurados com a verga em arco abatido, sendo o primeiro comunicante com a biblioteca e os restantes com o patamar que se acede através das estreitas escadas que se dispõem a O.; alçado E. com o vão de entrada resguardado por guarda-vento de vidro e com três janelas abertas superiormente, idênticas aos vãos do alçado oposto, com balaustrada; coro-alto, pavimento em ladrilho cerâmico e tecto falso em madeira, com acesso directo à 3ª sala de aparato e a um estreito corredor que termina no corredor que atravessa o andar nobre. No átrio de entrada, o vão O. dá acesso a uma escadaria com três lanços rectos e um patamar de descanso, com as paredes revestidas por lambris de azulejos, com destaque para o painel de azulejos das Virtudes situados no patamar da escadaria, confrontando com o lanço de escadas que parte do átrio; corrimão e outros pormenores em mármore. No andar nobre, dispõem-se adossadas à fachada principal, três salas de aparato *2, intercomunicantes através de vãos emoldurados a cantaria com verga recta, com pavimento em madeira, lustre ao centro do tecto e lambris de azulejos envolventes; a primeira sala de planta quadrangular e as restantes de planta rectangular, sendo a 3ª a mais comprida; todas têm porta de acesso ao corredor que percorre o corpo S., também com molduras de cantaria com verga recta. Corredor com pavimento de madeira, mais estreito quando adossado à fachada voltada para o logradouro, com cobertura em abóbada de berço; a E. o corredor é mais largo, sendo aí dotado de tecto falso e comunicando com várias salas, entre elas um pequeno compartimento que dá acesso à Biblioteca; esta é de planta rectangular, com pavimento e tecto em madeira, com estantes de madeira a revestir todas as paredes com entalhe, pintura, douramentos e chinoiserie, apresentando no alçado S. uma cartela ao centro com as armas do bispo D. António Pereira da Silva. LOGRADOURO: Alçados rebocados e pintados de branco, com embasamento, duplo beirado nos corpos a E. e S. e com cimalha e beirado nos corpos a O., com duas linhas de rasgamento, o superior com janelas com moldura de cantaria com verga em arco abatido e no inferior portas, janelas de peitoril e jacentes com moldura em cantaria, apresentando ainda alguns largos vãos com arco de volta-perfeita ou abatida, dispondo de portadas de acesso ao interior, exceptuando dois arcos no alçado S. do corpo S. que abrem para uma reentrância na fachada onde se dispõe uma escadaria de acesso a uma cisterna; no alçado S. do corpo adossado ao canto interior das fachadas S. e E. abre-se um vão recto para uma varanda, com duas portas emolduradas de acesso à biblioteca e outras duas portas laterais de acesso a outros compartimentos; esta varanda prolonga-se pela fachada interior dos corpos E. sendo acedida pelo logradouro através de uma escadaria.

Acessos

Largo da Sé, nº 15, Rua do Munícipe, nº 14; Rua Monsenhor Boto nº 1 - 5

Protecção

Incluído na Zona de Proteção da Fortaleza de Faro (v.PT050805050013) e da Sé Catedral (v. PT050805050004)

Enquadramento

Urbano, adossado, planície. Em pleno Centro Histórico, no interior das muralhas medievais, ocupando todo um quarteirão em forma de triângulo irregular assente sobre um ligeiro declive que parte do Lg. da Sé e que se extingue no Lg. Francisco Gomes de Avelar. Fachada principal voltada para o Lg. da Sé, sendo adossado, por meio de um passadiço sobre a R. Monsenhor Boto, ao Seminário Episcopal de São José (v.PT050805050070). Largo empedrado, sendo pontuado por algumas árvores ao centro e várias laranjeiras defronte às fachadas do Seminário e do Paço Episcopal, utilizado como parque de estacionamento. A fachada principal assenta sobre uma plataforma avançada para a qual se acede lateralmente ou por escadas de um só lanço recto em pedra, situadas em frente do portal de entrada, sendo esta plataforma o resultado do rebaixamento da cota do largo numa data posterior à construção do imóvel (o logradouro situado no interior do quarteirão ainda preserva a antiga cota do terreiro da Sé); as restantes fachadas abrem-se para ruas estreitas, igualmente empedradas, sendo a fachada E. paralela à fachada lateral do edifício dos Paços do Concelho.

Descrição Complementar

AZULEJARIA: os azulejos mais antigos situam-se na antiga capela episcopal, sendo característicos do séc. 17 sendo de padrão azul, amarelo e branco; dois painéis setecentistas figurativos sendo um destes situado no patamar de descanso das escadarias de acesso ao piso nobre e o outro numa parede disposta ao meio da sala situada a E. do átrio de entrada, representando ambos as Virtudes numa composição tardo-barroca, com enquadramento arquitectónico em jeito de arco triunfal, encimado pelo brasão do Bispo D. Frei Lourenço de Santa Maria ladeado por dois anjos; o 1º painel representa as seguintes virtudes: a Fé, a Esperança, a Prudência, a Justiça e a Fortaleza, enquanto o 2º painel representa apenas a Caridade; lambril de azulejos do átrio de entrada e da escadaria de acesso ao andar nobre compostos por vários painéis distintos a azul e branco com uma figura central representando uma fonte (neste caso a representação é a sanguínea) ou motivos florais, emoldurados por uma decoração profusamente trabalhada no estilo rococó; lambris de azulejos das salas de aparato constituídos por vários painéis com a mesma decoração e de grande riqueza cromática, representando ao centro as insígnias episcopais e o brasão do Bispo D. Frei Lourenço de Santa Maria; (azulejos rococós de possível autoria do mestre lisboeta Domingos de Almeida, autor do revestimento da abóbada da Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco de 1761). No átrio, no alçado S., à direita do vão de entrada encontram-se azulejos da década de 60 do séc. 20, com as armas de D. Frei Francisco Rendeiro sobre um texto onde se lê: "Este paço episcopal foi construido pelo Bispo D. Afonso de Castello-Branco (1581 - 1585), e reedificado por D Fr. Lourenço de S.ª Maria, depois do terramoto de 1755. A 3 de julho de 1913 foi ocupado pelas forças da República e afectado aos serviços da marinha. A 8 de fevereiro de 1963 foi reintegrado no património da diocese, e restaurado em 1965".

Utilização Inicial

Residencial: paço eclesiástico

Utilização Actual

Residencial: paço eclesiástico

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Miguel Nobre; PINTORES: Marcello Leopardi e Domingos de Almeida, pintor de azulejos

Cronologia

1577 - transferência da Sé de Silves para Faro; 1581 - 1585 - início de construção durante o bispado de D. Afonso de Castelo Branco segundo Silva Lopes (LOPES, 1848); 1598 - data provável da construção inicial durante o bispado de D. Fernando Martins Mascarenhas (1594 - 1616); 1704 - feitura da talha das estantes da biblioteca sob o mando do bispo D. António Pereira da Silva (1704 - 1715), cujo brasão de armas aparece destacado sobre uma das estantes, desconhecendo-se o autor da pintura em "chinosserie"; 1741 - o Arcebispo-bispo D. Inácio de Santa Teresa instala no antigo edifício do Paço um internato para os Ordinandos, apesar destes continuarem a frequentar as aulas no Colégio Jesuíta de São Tiago Maior; 1755 - destruição, provocada pelo terramoto, do átrio e do portal principal e consequente remodelação, revestindo-se o átrio, a escadaria de acesso ao andar nobre e as salas de aparato com azulejaria, obras essas que decorreram durante o bispado de D. Fr. Lourenço de Santa Maria (1752 - 1783) *4; pertencente à mesma campanha de obras é o portal da fachada principal; Séc. 18, finais - realização do retábulo, hoje desaparecido, da Capela do Bispo, obra encomendada por D. André Teixeira Palha ao mestre entalhador Miguel Nobre por 53$100; 1783 - provapvel execução, por um mestre local, da pintura do Bispo D. Frei Lourenço de Santa Maria; 1786, após - colocação, a mando do Cabido, do retábulo da Capela do Bispo, após a sua morte, durante a Sé vaga; 1789 - 1816 - o bispo D. Francisco Gomes de Avelar encomenda a Marcello Leopardi as telas figurando São Pedro e São Paulo; 1808, 22 Janeiro - 22 Fevereiro - o edifício é usado como quartel das tropas comandadas por Campigny; 1897 - estadia do rei D.Carlos e de D.Amélia aquando da visita destes à região algarvia; os aposentos da família real estavam dispostos da seguinte forma: "quarto de toillete do rei; quarto de toilete (sic) da rainha; quarto de cama para ambos; quarto da dama da rainha; sala do reposteiro; sala de serviço e sala de recepção" (ROSA, 1997); o salão de jantar funcionou no gabinete grande e a livraria grande serviu de copa; o médico da Real Câmara particular de el-rei, o médico da rainha e o reposteiro ocuparam os quartos do piso térreo; 1913, 3 Julho - ocupação do imóvel pelos serviços da Marinha e instalação do Museu da Marinha, funcionando também a Escola de Alunos Marinheiros; durante esta ocupação fecharam-se duas portas e um portal que se situavam no lado direito da fachada do Paço; a capela episcopal é profanada; serviu também como Capitania do Porto de Faro; 1940 -1950, décadas de - obras de conservação e beneficiação no edificio da Capitania pela DGEMN e do Museu Marítimo Ramalho Ortigão; 1962, 8 Fevereiro - o edifício volta a pertencer à Diocese algarvia; 1965 - restauro durante o bispado de D. Frei Francisco Rendeiro; 2005 - 2006 - exposição de arte sacra na salas de aparato; 2010, 06 de Janeiro - visita ao imóvel de um grupo de representantes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve com vista a travar a degradação dos azulejos; 2019 - o edifício abre ao turismo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista na câmara eclesiástica.

Materiais

Estrutura de alvenaria, cantaria calcária em molduras de vãos, cunhais, pilastras, arcadas, escadarias; pavimentos em lage de pedra calcária e mármore, ladrilho cerâmico, tijoleira, mosaicos e madeira; cobertura exterior em telha marselhesa e de canudo; tectos em alvenaria, alguns em madeira (coro-alto e biblioteca) ou com tecto falso de cortiça e metal; portas, janelas e caixilharias em madeira; ferro forjado nas guardas das janelas de sacada e gradeamentos; azulejos; vidro nos guarda-ventos.

Bibliografia

AZEVEDO, José Correia de, Arte Monumental Portuguesa, Vol. V, Porto, 1975; IDEM, Enciclopédia da Arte Portuguesa, vol. 2, s. l., 1976; AZEVEDO, José António Correia de, Algarve Monumental, s.l., 1977; AZEVEDO, Correia de, Portugal Monumental, vol. 8, Lisboa, 1994; LAMEIRA, Francisco I. C., Itinerário do Barroco no Algarve, Portimão, 1988; IDEM, Faro-Edificações Notáveis, Faro, 1995; IDEM, O Paço Episcopal (brochura), Faro, 1995; LAMEIRA, Francisco, Faro - A Arte na História da Cidade, Faro, 1999; LOPES, João Baptista da Silva, Memorias para a Historia Ecclesiastica do Bispado do Algarve, Lisboa, 1848; MELLO, Magno Moraes, Pintura do Concelho de Faro: Inventário, CMF, GGRP, Faro, 2000; OLIVEIRA, Francisco Xavier de Athaíde de, Biografia de D. Francisco Gomes de Avelar, Porto, 1902; PAULA, Rui M. e PAULA, Frederico, Faro - Evolução Urbana e Património, Faro, 1993; ROSA, José António Pinheiro e, O Antigo Paço Episcopal de Faro, Jornal Algarve, 1 de Fevereiro, Faro, 1953; IDEM, Os Azulejos do Paço, Jornal Algarve, 3 de Maio, Faro, 1953; IDEM, Monumentos e Edifícios Notáveis do Concelho de Faro, Faro, 1984; IDEM, Guia do Visitante das Igrejas de Faro, Faro, 1987; IDEM, Tesouros Artísticos do Algarve, Faro, 1990; ROSA, Luís Filipe, Faro - Um olhar sobre o passado recente (segunda metade do século XIX), Faro, 1997.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMS/DE (Capitania do Porto de Faro); CMF: Divisão do Centro Histórico

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Arquivo Histórico da Diocese do Algarve

Intervenção Realizada

DGEMN: 1940 - 1950, décadas de - obras de beneficiação e conservação no edifício da Capitania e Museu Marítimo Ramalho Ortigão; Paço Episcopal: 1965 - grandes obras de restauro dirigidas pelo bispo D. Francisco Rendeiro.

Observações

*1 - Pinheiro e Rosa aponta para a possibilidade de os edifícios que definem o quarteirão onde se integra o edifício do Paço Episcopal resultarem de sucessivas aquisições dos bispos com vista a alargar o espaço do edifício; na bibliografia mais recente, o edifício do Paço Episcopal já é apreendido como o conjunto destes edifícios, correspondente em termos urbanísticos a um quarteirão, "um verdadeiro bairro" (ROSA, 1984); *2 - estas eram a Sala de Espera, a Sala de Receber e a Sala do Trono; *3 - estes retratos pertencem às salas de aparato; *4 - este bispo demonstrou algumas preocupações urbanísticas, comprando várias casas no Lg. da Sé para serem demolidas, de maneira a alargar este espaço urbano.

Autor e Data

Francisco Lameira 1996 / Daniel Giebels 2005

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login