Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia do Alandroal

IPA.00004462
Portugal, Évora, Alandroal, União das freguesias de Alandroal (Nossa Senhora da Conceição), São Brás dos Matos (Mina do Bugalho) e Juromenha (Nossa Senhora do Loreto)
 
Arquitetura religiosa, maneirista e barroca e de saúde vernácula. Igreja de misericórdia seiscentista reformada no séc. 18, de planta retangular composta por nave e capela-mor, interiormente com coberturas em falsas abóbadas de berço e iluminação axial, com hospital retangular disposto à esquerda, evoluindo em dois pisos. A igreja apresenta fachada principal em empena, rasgada por portal de verga reta encimado por espaldar recortado, com decoração barroca, e janela retilínea. No interior possui coro-alto sobre arco abatido, nave reforçada por arcos laterais cegos, no interior dos quais surgem a tribuna com cadeiral dos mesários, em talha policroma barroca, sobre modilhões, púlpito em mármore e os retábulos laterais, barrocos, de planta reta e três eixos, o do Evangelho em talha dourada, e o da Epístola em alvenaria. Capela-mor revestida a azulejos barrocos com representação figurativa, e retábulo-mor maneirista, de talha dourada, com planta reta e três eixos. O edifício do hospital apresenta a fachada principal terminada em cornija e com falsas pilastras nos cunhais, em argamassa, rasgada por cinco eixos de vãos retilíneos, com molduras de cantaria formando recorte superior, correspondendo no térreo a portal entre janelas de peitoril e no segundo a janelas de sacada, a central contracurva, com guardas em ferro. No interior tem vestíbulo central coberto por falsa abóbada de lunetas, desenvolvendo-se num dos topos escada de acesso ao segundo piso.
Número IPA Antigo: PT040701010008
 
Registo visualizado 759 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta retangular irregular composta por duas igrejas retangulares dispostas paralelamente entre si, ambas de nave única e capela-mor, a primitiva dispondo-se à direita (a E.), e hospital, também retangular, disposto à esquerda (a O.). Volumes escalonados com coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas nas igrejas, sendo comum a ambas e tendo alturas diferenciadas na zona posterior, e em metade do hospital, onde se dispõe perpendicularmente, e de três e quatro águas na metade O. do mesmo. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal virada a S., percorrida por faixa azul e de três panos, correspondendo aos diferentes corpos. IGREJA ATUAL: fachada principal com falsas pilastras nos cunhais, pintados de azul, e terminada em empena, com cornija de argamassa, coroada por cruz latina flor-de-lisada sobre acrotério; é rasgada por portal em mármore, de verga reta, com moldura sublinhada por cornija, ladeada por pilastras almofadadas, com cartelas recortadas nos cunhais e no fecho, encimada por cornija, sobre a qual se desenvolve espaldar recortado, definido por frisos recortados sobrepostos por botões, ornado por brasão nacional e coroa e terminado em cornija contracurva; superiormente, abre-se janela retilínea com moldura de argamassa recortada e pintada a azul. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico com guias ladeando a coxia em cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, apoiada em cornija. Coro-alto em alvenaria rebocada e pintada a marmoreados fingidos amarelos, assente em arco abatido, com guarda de madeira em falsos balaústres planos, acedido no lado da Epístola pela primitiva igreja. No sub-coro as paredes têm azulejos de padrão fitomórfico, azul, amarelo e branco, formando silhar, encimados por pinturas murais, formando padrão fitomórfico, as quais se prolongam pela cobertura, em falsa abóbada de lunetas, assente em pilastras com marmoreados fingidos; ao centro da cobertura existe florão em estuque com as armas da Misericórdia e colchetes relevados. Ladeiam o portal duas pias de água benta em concha, de mármore, e, do lado do Evangelho, dispõe-se confessionário de madeira. As paredes laterais da nave são ritmadas por dois arcos de volta perfeita, avançados em relação à caixa muraria, os do lado do Evangelho albergando a tribuna dos Mesários com cadeiral e a capela da Ordem Terceira de São Francisco, em talha dourada e com retábulo de planta reta e três eixos. No lado da Epístola, o primeiro arco alberga púlpito em mármore, de bacia retangular inferiormente decorada com acantos, assente em mísula, com guarda em balaustrada e acedido por porta de verga reta com moldura de mármore terminada em cornija, a partir da primitiva igreja; no segundo arco existe retábulo em estuque dedicado a Santa Ana, de planta reta e três eixos. Arco triunfal de volta perfeita, pintado a branco e almofada bege, sobre pilastras, pintadas de branco e com flores nos capitéis, tendo a parede envolvente pintada a laranja, com drapeados e brasão nacional central, com coroa. Capela-mor com as paredes revestidas a azulejos bícromos azuis e brancos, figurando no lado do Evangelho a "Última Ceia" e do lado da Epístola "Lava pés". Sobre supedâneo de três degraus, dispõe-se o retábulo-mor de talha dourada, de planta reta e três eixos, definidos por quatro colunas de fuste liso decorado com elementos fitomórficos e de terço inferior marcado, assentes em plintos paralelepipédicos com acantos e de capitéis coríntios, coroadas por urnas; no eixo central abre-se tribuna em arco de volta perfeita, de boca rendilhada, interiormente com pinturas murais, formando apainelado inferior encimado por figuras híbridas ladeando um resplendor; a cobertura da tribuna em falsa abóbada de berço, de estuque, tem brutescos pintados. Alberga trono de talha dourada, facetado e de dois degraus escalonados, ornado de motivos vegetalistas, sustentando imaginária; nos eixos laterais possui apainelado com elementos fitomórficos enrolados, sobrepostos por mísula com imaginária; ático em frontão semicircular, ornado com motivos vegetalistas, palmas e ampla cartela central, rematada em cornija contracurva. Banco de apainelados decorados de cartelas e motivos vegetalistas; sotobanco revestido a dois painéis de azulejos bícromos azuis e brancos, com representação do sol (Evangelho) e da lua (Epístola) inseridas em cartelas. Altar com frontal de mármore formando três apainelados. A capela-mor possui a cobertura pintada a laranja com cartela central fitomórfica com florão, e friso de flores inferior. Lateralmente, abrem-se portas de verga reta de ligação à nova sacristia, no lado do Evangelho, e à capela-mor da antiga igreja, no lado da Epístola. IGREJA ANTIGA: Fachada principal terminada em meia empena interrompida pela torre sineira, quadrangular e de tendência verticalista, de dois registos separados por cornija, o inferior rasgado por portal de verga reta com moldura de cantaria e o superior rasgado, em três faces, por sineira em arco de volta perfeita, sobre pilastras, frontalmente albergando sino; remata em friso e cornija coroada por fogaréus nos cunhais e é coberta em cúpula bolbosa, coroado por cata-vento de ferro. Fachada lateral de dois panos, o da nave cega e o da sacristia adossada rasgado por duas janelas retilíneas, com molduras de cantaria e gradeadas. Na face posterior da torre existe corpo semicircular saliente, coberto por domo. A fachada posterior termina em meia empena, integrando ao centro empena contracurva, rematada em cornija de argamassa telhada, sensivelmente mais baixa. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico integrando na capela-mor lápide sepulcral, inscrita, e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque. No lado do Evangelho existe escada de dois braços, com guarda plena, precedendo portas de arco abatido e de verga reta de acesso ao coro-alto e à torre sineira e ao púlpito, respetivamente. No lado da Epístola existe painel com antiga tela da tribuna, representando uma Visitação. Arco triunfal apontado, em alvenaria, pintado de branco, de duas arquivoltas, a interior côncava e a exterior convexa. Antiga capela-mor coberta com falsa abóbada de aresta, assente em mísulas prismáticas, com pinturas murais em três panos, figurando brutescos envolvendo cartelas ovais com anjos segurando atributos da Paixão de Cristo, as nervuras pintadas com flores e cruz da Ordem de Cristo no bocete central. As paredes laterais conservam pinturas murais na zona superior, de composição figurativa, representando no lado do Evangelho São João Batista no deserto e um Santo Papa (talvez São Gregório) e, no lado oposto, fragmento de São Francisco recebendo os estigmas. Na parede testeira foi integrado retábulo de alvenaria pintado a vermelho, verde, e dourado, de planta reta e um eixo, definido por duas colunas torsas, com pâmpanos pintados, assentes em mísulas e de capitéis coríntios sustentando entablamento; ao centro possui nicho retilíneo, ladeado por parras pintadas, interiormente com mísula, encimado por pomba do Espírito Santo relevado sobre mísula. Entre as mísulas existe friso de estuques com elementos volutados relevados. À esquerda, abre-se vão de verga reta de ligação à sacristia, retangular, com pavimento cerâmico, paredes com faixa a ocre e cobertura em falsa abóbada de lunetas. Num dos topos possui arcaz, de seis gavetões, encimado por retábulo de mármore, preto e branco, de planta reta e um eixo definido por duas colunas assentes em mísulas e de capitéis coríntios, sustentando entablamento e o ático em frontão semicircular, com florão no tímpano; ao centro abre-se nicho em arco interrompido por florão, albergando imaginária. É ladeado por duas portas de verga reta, a da esquerda entaipada, e moldura de argamassa, terminada em cornija e encimada por espaldar recortado. Na parede S., existe descentrado rico lavabo em mármore, com espaldar ovalado, definido por palmas e decorado por dois golfinhos entrelaçados, de onde saem bicas, encimado por acantos relevados; o lavabo, envolvido por moldura retangular pintada a laranja e amarelo, tem taça recortada. A meio possui mesa de mármore octogonal, de pé galbado. HOSPITAL de dois pisos, com fachada principal definida por falsas pilastras, pintadas de ocre, e terminada em friso e cornija de argamassa, a última pintada de branco, encimada por beirada simples; é rasgada por cinco eixos de vãos retilíneos, com molduras de cantaria, correspondendo no primeiro piso a portal central entre janelas de peitoril, as dispostas à direita gradeadas e, no segundo piso a janelas de sacada, com molduras recortadas superiormente, e com guardas em ferro, coroadas por pinhas nos ângulos; a janela central é mais alta de perfil e a sacada tem perfil contracurvo. Fachada posterior rasgada irregularmente por vãos retilíneos possuindo no ângulo NE. escada de acesso ao segundo piso, de dois lanços. INTERIOR: o portal principal acede ao vestíbulo central, com guarda-vento de alumínio envidraçado, pavimento cerâmico policromo e cobertura em falsa abóbada de arestas; à esquerda abre-se arco trilobado, pintado de azul, a partir do qual se desenvolve escada de ligação ao segundo piso.

Acessos

Rua Alexandre Herculano (antiga Rua Grande), Largo São João de Deus, Travessa da Misericórdia, Rua Diogo Lopes de Sequeira

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 43/93, DR, 1.ª série-B, n.º 280, de 30 novembro 1993 (igreja da Misericórdia e Fonte) / Incluído na Zona de Proteção do Castelo de Alandroal (v. PT040701010003)

Enquadramento

Urbano, adossado, disposto de gaveto num quarteirão do Núcleo urbano da vila do Alandroal (v. PT040701010040), desenvolvido em frente do castelo, com fachada principal formando frente de rua virada à antiga Rua Grande, de acentuado declive, atenuado por escadaria. Na fachada posterior possui corpo quadrangular adossado no ângulo da igreja com o hospital. A N. desenvolve-se a horta da Misericórdia, delimitada por alto muro a E., junto à Travessa da Misericórdia, e a N., circundado pela Rua Diogo Lopes de Sequeira, possuindo amplo portal de acesso a E.. Em frente do portal principal do hospital, existe integrada numa casa fonte da Misericórdia.

Descrição Complementar

Tribuna dos Mesários com cadeiral, assente em quatro modilhões de mármore, com espaldar retilíneo de talha pintada a marmoreados fingidos a verde e dourado, delimitando treze lugares por pilastras ornadas com elementos fitomórficos; doze deles têm almofadas retangulares com os topos recortados, rematadas sobre a cornija recta por palmetas de acantos vazados. O assento do extremo direito, destinado ao Provedor, tem o espaldar mais largo e alto, terminado em empena semicircular, coroada por pináculos laterais e palmeta, central sobre elementos recortados, e tem braços. Apresenta guarda plena de talha, formando oito painéis igualmente pintados com marmoreados fingidos a verde, sobrepostos por motivos fitomórficos dourados dispostos nos ângulos e, ao centro, um florão. O acesso à tribuna faz-se por porta de verga reta, com moldura de argamassa terminada em cornija, rasgado atrás do sétimo assento, que é móvel, precedido por escada com guarda plena ornada por volutas, desenvolvida a partir do portal de verga reta rasgado sob a tribuna. A Capela da Ordem de São Francisco, do lado do Evangelho, apresenta o arco revestido a talha dourada, decorado por elementos fitomórficos, com cartela recortada no fecho contendo as insígnias franciscanas, e concheados nos seguintes, encimado por cornija e espaldar recortado, ornado de motivos vegetalistas, entre vasos. Alberga retábulo de talha dourada de planta reta e três eixos, definidos por quatro quarteirões e, no interior, por duas pilastras; no eixo central surge nicho com orago sobre mísula, rematado em espaldar contracurvo, contendo reserva com São Francisco sustentando a Igreja, de onde pendem drapeados a abrir em boca de cena com baldaquino de lambrequins; nos eixos laterais possui painéis retilíneos, sobrepostos por mísula e falsos baldaquinos fitomórficos, rematados em friso, cornija e fragmentos de frontão; sotobanco com apainelados, integrando ao centro sacrário com pelicano na porta, envolvida por glória de querubins. Altar paralelepipédico, com frontal moldurado tendo ao centro reserva com cruz. A Capela de Santa Ana alberga retábulo de alvenaria, de planta reta e três eixos definidos por duas pilastras exteriores, decoradas com motivos vegetalistas, e duas colunas interiores de fuste liso e capitéis coríntios, todas assentes em plintos paralelepipédicos ornados de flores, e sustentando entablamento; sobre este desenvolve-se espaldar recortado, terminado em cornija, com cartela inscrita, ladeado por festões e motivos e florais pintados; no eixo central possui nicho em arco de volta perfeita, interiormente pintado de amarelo com festão e coroa de flores, albergando imagem do orago, e nos eixos laterais surgem panéis retilíneos pintados com almofadas recortadas; banco com cartelas contendo flores. Altar tipo urna com frontal pintado a marmoreados fingidos, florão numa reserva central e friso de acantos superior. Um dos sinos da igreja tem a inscrição "FÁBRICA DE SINOS DE REBELO E SILVA". No pavimento da capela-mor da igreja primitiva existe lápide sepulcral de Jorge de Melo Pereira, em mármore, com a inscrição: "AQUI IAZ. JORGE DE MELO PEREIRA / FILHO DE DUARTE DE MELO DO / CONSELHO DEL REI NOSSO SENHOR / ALCAIDE MOR E FIDALGO DE CAS / TELO DE VIDE E DE DONA GUIOMAR CA / BRAL. FALECEU 5 JVNHO 1549". O portal do hospital possui portão em ferro com a inscrição "MIZERICÓRDIA". Horta da Misericórdia com amplo portal de alvenaria, com vão em arco de deprimido e portão em ferro, terminado em entablamento, sobre o qual se desenvolve espaldar recortado, definindo reserva circular contendo brasão nacional, rematado em cornija coroada por pináculo cilíndrico, entre pináculos sobre plintos paralelepipédicos.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Educativa: jardim de infância

Propriedade

Privada: misericórdia

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: Domingos Antunes (1675 a 1680). ENGENHEIRO: Gregório Pacheco de Morais (1675 a 1680). FÁBRICA DE SINOS: Rebelo e Silva (1914). MESTRE: Manuel Silveira (1678). PEDREIRO: Bento Dias (1678).

Cronologia

Séc. 16 - instituição da irmandade da Misericórdia do Alandroal por pessoas ilustres da região e do reino, nomeadamente Diogo Lopes de Sequeira, 4º Governador-Geral da Índia, almotacé-mor de D. Manuel I e alcaide-mor da vila de Alandroal, e Jorge de Melo Pereira, alcaide de Castelo de Vide; 1508, 4 maio - venda da herdade de Campo de Gamos, por João Moreira e mulher, Catarina Bela, à Misericórdia do Alandroal, conforme translado constante no livro de 1843; nesta sequência deve ter-se construído a primitiva igreja; 1521 / 1557, entre - fundação do hospital da Misericórdia no início do reinado de D. João III, provavelmente por Jorge de Melo Pereira; 1549, 5 julho - data do falecimento de Jorge de Melo, alcaide de Castelo de Vide, sepultado na primitiva capela da Misericórdia; 1579, 4 setembro - Mesa reconhece a situação de extrema pobreza da casa e, para evitar o encerramento, determina a venda de um foro de oito alqueires de trigo, na herdade de Seivacedo; 1580 - no livro de Receitas e Despesas, relativo ao ano económico de 1579, diz-se que as receitas da Misericórdia foram de 6$233 e as despesas de 6$190, sendo 2$000 dispendidos com o Dr. Semião Ribeiro, para curar os doentes, e o restante com os pobres e livramento dos presos; data do livro mais antigo existente na Misericórdia (livro de contas), tendo os anteriores desaparecido; para evitar o colapso económico, visto as receitas provirem quase exclusivamente dos peditórios na vila e no campo, aos domingos e quartas-feiras, o capelão contrai um empréstimo de que ele próprio se responsabiliza; 25 abril - determina-se vender o foro que a Misericórdia possuía na horta de Martim Vaz; 1585, a partir - verifica-se uma razoável melhoria da situação financeira da Misericórdia, devido às receitas com a instituição de capelas; 4 maio - instituição da capela de João Fernandes Rico, com doação de vários bens; 1587 - visita ao hospital pelo bispo de Targa D. Sebastião da Fonseca; 1587 / 1591, entre - o vencimento do capelão era já de 24$000; 1597, 10 janeiro - instituição da capela de Messias Fradeça com legado de vários bens; 1611 / 1612 - a Misericórdia recebe 357 alqueires de trigo e despende 60 alqueires de trigo com o capelão da capela de João Fernandes Rico, 60 alqueires de trigo com o capelão da Capela de Messias Fradeça e 80 alqueires com os pobres; 1617, 14 abril - instituição da capela de Sebastião Fernandes Gasparinho, com doação de bens; 1627 - realização de contratos com o médico da casa, com vários capelões, porteiro, barbeiro e com os arrematadores do trigo, mostrando grande atividade da Misericórdia, bem como termos de arrematação de casas, de pastagens e dos olivais; 1647 - instituição da capela de Margarida Mendes, viúva de Manuel Fernandes Ribeiro; 1655 - instituição de um morgado com toda a sua fazenda por Margarida Mendes a favor da Misericórdia com obrigação de uma missa por semana; 1 fevereiro - termo da declaração de Apolónia Mendes Fradeça da fazenda e herança de Margarida Mendes que, por sua morte, pertence à Misericórdia de Alandroal; 25 fevereiro - termo de declaração sobre a fazenda de Margarida Mendes, assinado por Apolónia e pelo padre Frei Manuel Fernandes Gasparinho, testamentário da defunta Margarida Mendes, onde se informa que dos 150$000 que estavam por entregar à Misericórdia, se gastaram 63$530 na compra de um foro na herdade da Rouca e umas casas na Rua Nova da Vila, e que ficaram ainda por empregar 86$470; 1661 - data de um sino da torre; 1675, 2 junho - termo de quitação que se dá ao Padre Frei Inácio Mendes Gançoso e Manuel Fernandes Ribeiro, seu sobrinho, herdeiros de Apolónia Mendes Fradeça, sua tia, na entrega dos Morgados de Ana Gomes e Margarida Mendes que, por morte da dita defunta Apolónia Mendes, herdou a Misericórdia; 1675 a 1680 - despesas de 235$733 com o levantamento da nova igreja, pagando-se ao empreiteiro Domingos Antunes, de Estremoz, 171$393, ao capitão engenheiro Gregório Pacheco de Morais $800 e 53$540 em materiais de construção; apesar dos pagamentos e das despesas dos morgados, a Misericórdia teve um saldo positivo de cerca de 200$000; 1675 - o capelão tinha 13$000 de vencimento anual, o cirurgião 26$000, o sangrador 6$800, o servo da casa 9$000 e o servo responsável pela assistência aos enfermos 7$400; pagava-se pelo ofício geral dos defuntos 6$240 e pelo sermão da paixão 6$100; 8 julho - Misericórdia elege como depositário dos rendimentos dos Morgados de Margarida Mendes e Ana Gomes, o irmão João Lourenço Pegacho e determinam que os rendimentos dos Morgados fossem depositados para serem empregues no levantamento da nova igreja; 1677, 2 julho / 1678, 2 julho, entre - despesa de 7$500 com o engenheiro de vistoriar as obras da igreja e de 114$600 com o empreiteiro das obras, Domingos Antunes; 1678, 2 julho - pagamento de 3$100 ao capitão Gregório Pacheco por medir as obras exteriores da Igreja, feitas em 1677; despesa de $300 com a escritura da obra feita por Manuel Silveira, de 15$000 com o pedreiro Bento Dias, de Borba, pelo trabalho dos degraus de pedraria, janela para a frente e outros trabalhos; 1679 / 1680 - pagamento de 2$000 ao pai de Manuel Dias, para sinal do ladrilho, 1$200 com o pedreiro, que veio de Elvas, 4$340 do carreto da areia e do ladrilho, 14$500 com os mestres vindos de Elvas, 7$700 com o Silveira, de cântaros e diversas drogas, 1$700 de areia a Gregório Gonçalves, 1$100 do seu carreto, 2$870 com o oficial que fez a grade e 3$130 com o pedreiro das pedras brancas; 16 agosto - data da certidão de mediação da obra pelo Capitão Gregório Pacheco de Morais, na presença do empreiteiro, Provedor Fernando Rodrigues Calado, escrivão o Padre Frei Francisco do Couto, mais irmãos e também o anterior Provedor André de Paiva; 1699, 10 junho - instituição de capela por António Rodrigues Valdevino com doação de bens; pelo termo de nomeação do médico para os doentes da casa, o licenciado Luís de Miranda compromete-se a pagar os doentes da casa pelo salário anual de 10$000 e o padre Amaro Rodrigues Nogueira, responsável pelo serviço religioso da capela instituída por João Fernandes Rico, tinha o vencimento anual de 40$000, além da cedência de uma casa, situada na Praça da Vila, para residência; séc. 17 - adopção do Compromisso da Misericórdia de Lisboa datado de 1618; 1734, 7 fevereiro - instituição da capela de Ana Gomes, viúva de Lourenço Rodrigues; 1749, 30 janeiro - licença da Misericórdia à Irmandade da Ordem Terceira existente na Igreja para por "um caixão" debaixo da tribuna da Misericórdia para nele "darem cómodo aos ornamentos e vestimentas sacerdotais e assim aos mais bens que dever a dita Ordem do Culto divino e os que puder adquirir para ficarem em bom cómodo e arrecadassem..."; pediam ainda licença para "darem um rasgo de alvenaria em uma fresta que tem a dita casa para maior clareza da mesma segurando-a bem com suas grades bem reforçadas e seguras de sorte que ficassem para o todo o tempo", a que a Misericórdia deu consentimento; séc. 18, meados - revestimento de azulejos da capela-mor; 1755, após o terramoto ergueu-se sobre a primitiva capela da Misericórdia a torre sineira, reforçando a parede frontal; 1774, 20 abril - intervenção do Marquês de Pombal no compromisso da Misericórdia de Alandroal; o exemplar do Compromisso de Lisboa de 19 de maio de 1618, adaptado pela Misericórdia do Alandroal e que vigorou até 1889, tem algumas folhas arrancadas e seis linhas intencionalmente rasuradas; faltam as duas primeiras folhas (o frontispício e as licenças do Santo Ofício e Paço), e as últimas correspondentes aos capítulos correspondentes aos capítulos 40 e 41.º e à respectiva "tabuada" (índice) *1; séc. 18, finais - execução do retábulo de Santa Ana; séc. 18 / 19 - obras de ampliação do hospital; 1808 - data do livro do inventário dos bens do hospital, igreja e sacristia; 1815 - os vencimentos anuais do capelão eram 24$000, o cirurgião 76$800, o servo da casa 24$000, e o servo responsável pela assistência aos enfermos 18$200; o ofício geral de defuntos era de 6$640 e o sermão da paixão 6$400; pagou-se por quatro moios de cal preta e seu carreto 6$000, por quatro moios de areia e carreto 1$600, por vinte e cinco tijolos e um feixe de ripas $670 e por cem pregos de ripa $150; 1830 - pagamento dos vencimentos anuais: 30$000 do capelão, 118$000 do cirurgião, 26$000 do servo da casa, 19$100 do servo responsável pela assistente aos enfermos; o ofício geral dos defuntos custava 4$800 e o sermão da Paixão 4$000; despendeu-se 4$100 de quatro moios de cal preta e seu carreto, 4$000 por quatro moios de areia e seu carreto, $780 por um cento de telhas e $300 por 100 tijolos; 1842, 20 novembro - Ata dá conta da confusão existente no Arquivo da Misericórdia e da necessidade urgente pedida pelos novos mesários de proceder à inventariação dos documentos; a comissão administrativa recém-nomeada responsabiliza o secretário da mesa, assistido pelo próprio presidente de promover, sem demora, a organização de inventário de todos os livros, títulos e demais papéis guardados no Arquivo; 1877 - data inscrita no portal da horta da Misericórdia; 1889, 31 agosto - data do Compromisso da Misericórdia; o Governador de Évora, José Carlos Gouveia, interfere na sua aprovação, condicionando-a à aceitação das alterações de nove artigos e substituições indicadas; manda também que o tradicional dia 2 julho, dia da festa da Visitação e em que se elegia a Mesa, fosse substituído pelo primeiro domingo de junho; 1897, cerca - segundo Costa Goodolphim, a Misericórdia tinha de receita 1:670$000, e de capital nominal 48:250$000; 1913 - data dos Estatutos da Misericórdia e Hospital Civil do Alandroal; 17 maio - aprovação dos Estatutos pelo Governador Civil Évora; 1914 - data de um dos sinos da igreja; 1946 - data do sino denominado de Nossa Senhora de Fátima, mandado refundir pela confraria do Santíssimo Sacramento; séc. 20, meados - utilização da primitiva igreja da Misericórdia como capela mortuária; 1974 / 1975 - pelos Decretos-Lei nº 704/74 e 618/75, o Hospital, com todos os seus serviços deixa de estar sob a alçada da Misericórdia para ser directamente administrado por comissões nomeadas pelo Secretário do Estado da Saúde; 1977, 1 janeiro / 1979, 31 junho, entre - a comissão administrativa foi constituída pelos mesmos membros da antiga direção da Misericórdia e que servira de 1 julho de 1973 a 31 dezembro de 1976, ficando a misericórdia apenas com a responsabilidade do lar; 1978, cerca - o retábulo da primitiva da igreja ainda conservava no nicho pintura da cidade de Jerusalém; 1980, 20 dezembro - acordo entre o Ministério dos Assuntos Sociais a as Misericórdias visando reparar os prejuízos resultantes da aplicação dos decretos-lei 704/74 e 618/75; nesta sequência, a Misericórdia de Alandroal recebeu a indemnização de 910.000$00, valor atribuído ao equipamento do hospital, e de uma renda anual de 648.000$00 pela utilização do edifício; 1985, julho - des+acho de homologação da classificação como IIP - imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; pavimento em ladrilho cerâmico e hidráulico, de lajes e de madeira; coberturas em falsa abóbada de berço, de estuque; painéis de azulejos bícromos azuis e brancos e silhar de azulejos policromos brancos, azuis e amarelos; pinturas murais; portal, modilhões, pias de água-benta, púlpito, altar da nova igreja, lápide sepulcral, lavabo da sacristia e outros elementos, em mármore; molduras do hospital em cantaria; retábulo lateral do Evangelho e retábulo-mor em talha dourada, retábulo lateral da Epístola e da capela-mor da primitiva igreja em alvenaria pintada e da sacristia em mármore; tribuna e cadeiral dos mesários em talha policroma; portas e caixilharia de madeira e de alumínio na fachada principal do hospital; grades em ferro forjado; cobertura de telha.

Bibliografia

CASTELO BRANCO, Bento Ferrão, Alandroal; COSTA, Américo, Dicionário Corográfico de Portugal; COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo III, Braga, 1869 [1.ª ed. de 1712]; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, vol. 1, Lisboa, Academia Nacional de Belas Artes, 1978; IDEM, Visitas Guiadas, Alandroal, Castela da Planície, 1966; GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, Livros Horizonte, 2ª ed., 1998; MARCOS, Francisco Sanches, História da Misericórdia do Alandroal, Alandroal, 1982; TOJAL, Alexandre Arménio, PINTO, Paulo Campos, Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, 2002; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74744 [consultado em 1 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DREMS; União das Misericórdias Portuguesas

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMS

Intervenção Realizada

DREMS: 1997 - arranjo das coberturas, rebocos, caiações e caixilharias.

Observações

*1 - O Compromisso de Lisboa existente no arquivo da Misericórdia do Alandroal nas últimas folhas explica a razão num "Termo de Exame" e "Taboada" que pertenciam (segundo Francisco Sanches Marques) ao Compromisso de 1618 onde diz "e achou-se um interrogatório a folhas primeira verso que contraria a dita lei o qual mandou o dito Ministro "riscar", na forma da real ordem passada pelo Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Marquês de Pombal (...) para mais se não ler...". Ou seja, mandava-se riscar a primeira das sete condições exigidas para ser "irmão" da Santa Casa da Misericórdia, que era ser "limpo de sangue sem alguma raça de mouro ou judeu não somente em sua pessoa, mas também em sua mulher, se for casado, como está determinado e se pratica e usa na Irmandade da Misericórdia por Acórdão da Mesa e Junta, que está no livro primeiro dos Acórdãos a fols. 254 feito em 25 de maio de 1598 e confirmado por outro Acórdão de Mesa e Junta, feito em 8 de junho de 1603, que está no dito livro fols. 301". A imposição de Filipe II foi mandada riscar pelo Marquês de Pombal, porque contrariava as leis de 16 fevereiro 1773 que abolia uma "limpeza de sangue" e as de 25 maio 1773 e dezembro 1774 que proibiam qualquer distinção entre Cristãos Velhos e Cristãos Novos. Quer o Compromisso de Alandroal quer o Évora Monte têm na primeira folha verso as mesmas seis linhas rasuradas. Pela leitura do Compromisso inicial, percebe-se que o cargo de provedor da Misericórdia foi confiado ao clero local e a uma vintena de famílias que se sucediam alternada e sistematicamente. *2 - A Procissão das "Bandeiras" que antigamente se realizava em Alandroal com as Bandeiras da Paixão, tinha o seguinte percurso: saía da Igreja da Misericórdia, seguia pela Rua Grande, atual Rua Alexandre Herculano, Rua Nova (atual Rua Luís de Camões), Rua Flores (atual Rua Brito Camacho), Rua do Pinheiro, Caminho da Fonte (atual Rua João de Deus), Praça Príncipe da Beira (atual Praça da República), Rua do Mártir (atual Rua Afonso Costa), Largo de São Sebastião (atual Largo Major Roçadas), Rua de Três (atual Rua de São Bento), Largo 19 Julho (atual Largo de São Bento), Rua de Estrada (atual Rua de Olivença), Rua da Mata, (atual Rua Dr. Teófilo Braga), Praça Príncipe da Beira, Largo da Matriz, Igreja Matriz, Rua do Castelo, Curral do Concelho, depois chamado Largo da Misericórdia (atual Largo de São João Deus), terminando na Igreja da Misericórdia com o sermão do Pretório, vulgarmente conhecido pelo sermão das Amêndoas.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1998 / Paula Noé 2012 (no âmbito da parceria IHRU / União das Misericórdias Portuguesas)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login