Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Ourique

IPA.00004408
Portugal, Beja, Ourique, Ourique
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca, rococó. A igreja corresponde a uma tipologia arreigada na arquitectura tradicional da região, com uma só nave escalonada e fachada principal enquadrada por duas torres sineiras. A sacristia, com os contrafortes em escorço, sobrepujados por pináculos, e a cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas, insere-se plenamente nos modelos arquitectónicos mais correntes em pequenos templos do Baixo Alentejo nos meados do séc. 16. A composição volumétrica do conjunto do edifício remete para a prática construtiva do Barroco inicial, ainda bastante arreigado ao estilo chão. No seu interior o Barroco afirma-se já plenamente pujante nas grandes estruturas de talha dourada e policromada que extravasam dos retábulos, prolongando-se pelo arco triunfal, cornijas e sanefas. Na frontaria, de remate delicadamente Rococó, sobressai a composição assimétrica das armas reais, dialogando com a traça das torres sineiras, tão amplamente utilizada no mesmo período estilístico.
Número IPA Antigo: PT040212030007
 
Registo visualizado 161 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal escalonada, composta por nave e capela-mor com trono, mais estreita, a que se adossam, na fachada principal, as torres sineiras, do lado esquerdo, o baptistério, e do lado direito, a sacristia, o cartório e anexos. Volumes articulados. Cobertura diferenciada em telhado de duas águas na nave, capela-mor e trono, em telhado de uma água no baptistério, sacristia, cartório e anexos, e em cúpula escalonada nas torres sineiras. Alçado principal orientado a E., de três panos separados por pilastras. Pano central rasgado por portal de verga recta com moldura simples de cantaria pintada, sobrepujado por janelão com moldura de cantaria de verga recta adintelada, coroado pelas armas reais enquadradas por cartela assimétrica de concheados, e rematado por empena polilobadada com decoraç_es de argamassa relevada e cruz latina de ferro. Panos laterais correspondentes às torres sineiras salientes, divididos em dois pisos separados por cornija de argamassa, sendo o piso superior rasgado por olhal em arco de volta perfeita e rematado por empena curvilínea enquadrada por fogaréus de argamassa. Alçado lateral S. em que se destacam os volumes sucessivos do trono, da capela-mor, rasgado por uma janela, e da nave, rasgado por duas janelas, todos rematados por cornija e beirado, com os cunhais encimados por pináculos piramidais assentes em plintos. Volume do baptistério cego. Torre sineira de alçado idêntico à descrita. Cabeceira cega, rematada por empena triangular. Alçado lateral N. composto pela torre sineira, nave rasgada por portal lateral e três janelas e sacristia enquadrada por contrafortes em escorço, rematados por pináculos piramidais, e anexo rasgado por janela. INTERIOR: de uma nave coberta por abóbada de berço que arranca de cornija guarnecida por talha dourada. Portal principal resguardado por guarda-vento de madeira tendo, à direita de quem entra, uma pia de água benta de cantaria. Coro-alto assente em arco de asa de cesto com balaustrada de madeira, iluminado por janelão sobrepujado por sanefa de talha dourada e policromada. O portal é enquadrado interiormente por paredes em chanfro, rasgando-se, na parede à esquerda de quem entra, a porta de acesso à torre sineira, seguida do baptistério, a que se acede por arco de volta perfeita assente em pilastras, emoldurado por argamassas relevadas e guarnecido por grade de madeira, tendo no seu interior a pia baptismal de cantaria, de secção octogonal. As paredes da nave são guarnecidas por silhares de azulejaria padronada polícroma com molduras azuis e brancas. A meio da nave, do lado do Evangelho, destaca-se o volume do púlpito com bacia de cantaria pintada e caixa de madeira marmoreada, porta com moldura de cantaria sobrepujada por sanefa de talha dourada e ladeada por duas janelas; capela lateral pouco profunda em arco de arco de asa de cesto emoldurado e assente em pilastras onde se encaixa uma pintura a óleo sobre tela com moldura de talha dourada, representando Santo António e o Menino. Do lado da Epístola rasga-se arco de volta perfeita enquadrado por moldura de argamassa e assente em pilastras que dá acesso ao portal lateral; segue-se o altar lateral fronteiro ao púlpito com crucifixo suspenso na parede, ladeado por duas janelas; capela lateral idêntica à que lhe fica fronteira com pintura figurando Nossa Senhora da Conceição. Acesso à capela-mor por arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras compósitas e integralmente decorado por composição de talha dourada e policromada formada por concheados e ornatos acantiformes em que sobressai, ao centro, o escudo com as armas reais, ladeado por anjos custódios. Este arco é enquadrado por altares colaterais, ladeados por colunas torsas e rematados por baldaquinos e sanefas que se inserem na composição global do arco. Acede-se à capela-mor por degrau de cantaria e teia de madeira com balaustres torsos, sendo os dos extremos em lioz rosa. Capela-mor coberta por abóbada de volta perfeita que arranca de cornija guarnecida por talha dourada. Altar-mor com retábulo e camarim com trono, de talha dourada e policromada, enquadrado por colunas torsas que concluem em arquivoltas concêntricas que têm sobrepostas cartelas decoradas por lírios que são sustidas por anjos. Na parede do lado do Evangelho abre-se uma janela e do lado oposto a porta de acesso à sacristia. Sacristia coberta por abóbada de cruzaria de ogivas assente em mísulas de cantaria e fecho do mesmo material. Na parede à esquerda de quem entra, vindo da igreja, está embutido um baixo-relevo em mármore que representa Nossa Senhora do Carmo entregando o Escapulário a São Simão Stock, a que se segue a porta do cartório. Na parede do lado N. adossa-se o arcaz com espaldar, de madeira exótica, sobrepujado por cartela enquadrando painel de azulejos que representa Nossa Senhora. Na parede do lado E. destaca-se o lavabo de cantaria, sobrepujado por vieira, com dois registos de água, tendo à direita a porta para o exterior, enquadrada por arco de asa de cesto. Na parede do lado S. sobressai a pia de água benta de cantaria, enquadrada no vão da porta de acesso à igreja. Ao centro do aposento encontra-se uma mesa de paramentar, de cantaria, de tampo oval e pé balaustriforme.

Acessos

Adro da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, meia-encosta, isolada, com adro murado e arborizado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Séc. 16, meados - construção da sacristia; Séc. 18 - reconstrução da igreja.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Paredes de alvenaria de pedra e cal, rebocadas e caiadas, cobertura em telha de canudo, portal e elementos secundários de cantaria, pavimento soalho, mosaico hidráulico e tijoleira, retábulos de talha dourada e policromada, lambrins e cartela de azulejos.

Bibliografia

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

José Falcão e Ricardo Pereira 1998

Actualização

 
 
 
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