Ponte sobre o Lima

IPA.00000439
Portugal, Viana do Castelo, Ponte da Barca, União das freguesias de Ponte da Barca, Vila Nova de Muía e Paço Vedro de Magalhães
 
Ponte construída no séc. 16, de tipo arco, profundamente reformada no séc. 18 e 19, em estilo revivalista. Apresenta tabuleiro em cavalete suave, sobre dez arcos, de volta perfeita ou apontado, tendo a montante talhamares prismáticos e a jusante talhantes quadrangulares, de tamanhos diferentes, seis deles encimados por olhais, também eles em arcos de volta perfeita ou quebrado, certamente resultantes das reformas efetuadas em centúrias diferentes. Tipologicamente, segue o novo protótipo criado pela de Ponte de Lima (v. PT011607350002), ao que parece tendo sido também fortificada, com uma torre disposta do lado da vila. Nos restauros realizados posteriormente, para além de se ter procedido à demolição da torre, eliminou-se a função estrutural dos talhamares, já que, acima das primeiras fiadas de pedra sobre o nível das águas, se encontram apenas adossadas, provando que as modificações foram bastante profundas. Os espaldares sobre os contrafortes centrais possuem decoração barroca e inscrição alusiva à reforma da ponte. Os colunelos metálicos para colocação de estandartes que surgem sobre as guardas de cantaria, na zona central, possuem os brasões dos concelhos que a ponte servia e que separava; o de Ponte da Barca reproduz, possivelmente, o primitivo brasão da vila, que representa em campos de prata, as armas de Portugal, com as cinco quinas e sete castelos, sobre uma barca de ouro, alusiva à antiga barca que unia as duas margens do Lima.
Número IPA Antigo: PT011606160004
 
Registo visualizado 970 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Transportes  Ponte / Viaduto  Ponte pedonal / rodoviária  Tipo arco

Descrição

Ponte de tabuleiro em cavalete suave, com extremidades rampeadas, de paramentos em cantaria de granito de aparelho regular, com as juntas pintadas de branco, assente em dez arcos de volta perfeita ou quebrados, de tamanhos desiguais e aduelas regulares, estando o primeiro arco do lado da vila parcialmente entaipado com a rampa de acesso à ponte e plataforma sobrelevada de sustentação do parque. A montante, apresenta talhamares prismáticos, de diferentes alturas, seis deles encimados por olhais, em arco quebrado e, depois do contraforte central, de volta perfeita, e a jusante talhantes quadrangulares. Sensivelmente a meio, possui, de ambos os lados, contraforte rectangular até ao nível do pavimento, criando espaço semicircular. Pavimento de paralelos de granito, com passeios laterais, formado por lajes de cantaria, exteriormente avançado e assente em consolas, protegido por guardas metálicas, pintadas de verde, tendo no arranque pilar paralelepipédico com remate prismático. Os espaços semicirculares sobre os contrafortes têm guarda plena em cantaria, de duas fiadas sobrepostas, a inferior mais saliente, com colunas de arranque de remates prismáticos, a que se encosta, a meio, banco de pedra, de perfil curvo; a guarda é encimada por espaldar recortado delimitado por aletas, rematado por cornija inscrita e cartela recortada, flanqueada por aletas volumosas e concheadas e elementos volutados; a cartela do lado montante possui brasão com as armas de Portugal e coroa fechada, e a de jusante esfera armilar relevada encimada por cruz de Cristo. Sobre a guarda eleva-se pilar metálico facetado, possuindo brasão, encimado por elementos transversais para sustentação de estandartes e terminando em florão; o brasão do lado montante representa as armas antigas de Ponte da Barca e o de jusante as de Arcos de Valdevez.

Acessos

Ponte da Barca, EN. 101. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,809190; long.: -8,420703

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano. Ergue-se sobre o rio Lima, à saída da vila e separando o concelho de Ponte da Barca do de Arcos de Valdevez. Ao longo da margem esquerda do rio desenvolvem-se placas arelvadas, pontuadas de árvores e com bancos de jardim para desfruto da paisagem, existindo a montante praia fluvial. Sob um dos primeiros arcos da ponte, passa alameda, integrada no arranjo paisagístico. A montante, numa cota mais elevada, existe o Jardim dos Poetas e, mais perto da ponte, ergue-se o mercado Pombalino (v. PT011606160039) e o Pelourinho (v. PT011606160005); para jusante, existe parque de merendas e de campismo. Na margem direita do rio, ergue-se junto à ponte a Casa da Prova de Baixo (v. PT011606160089) e a Casa da Prova de Cima (v. PT011606160090).

Descrição Complementar

A cornija do espaldar do lado montante possui a inscrição REF. AN DE 1761 e a do lado oposto INDEO.

Utilização Inicial

Transpostes: ponte

Utilização Actual

Transportes: ponte

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

FUNDIÇÃO: Fundição do Aterro Moreira, Viana (séc. 19 / 20).

Cronologia

1220 - Inquirições de São Martinho de Paço Vedro referem a povoação da Barca como lugar e onde já havia um hospital, que pagava ao rei o imposto de 3 almudes (72 litros) de milho-miúdo; a denominação de Barca deriva do facto de ali existir uma barca de ligação entre as duas margens do rio Minho, ligando a freguesia de Paço Vedro e de Oleiros; a primitiva povoação devia ser anterior à monarquia; séc. 14, meados - provável construção de uma ponte; 1386 - a povoação já era conhecida por Ponte da Barca e, provavelmente, já seria a sede da terra ou concelho da Nóbrega; 07 a 30 Outubro - D. João I acampa na povoação durante quase todo o mês, juntamente com a comitiva do Núncio Apostólico e cerca 2 mil homens e exército, aquando da sua viagem para se encontrar com o Duque de Lencastre, pretendente aos reinos de Castela e Leão; 1450, 4 Abril - carta de D. Afonso V aos homens bons do julgado referindo a freguesia como "S. João da Ponte da Barca", o que sugere já a existência da ponte sobre o Lima; 1527, 27 Agosto - "Numeramento" de D. João II da população de Entre Douro e Minho, refere Ponte da Barca como uma das maiores das existentes no Norte de Portugal; tinha 100 fogos, fora clérigos, abades e fidalgos; séc. 16 - nos reinados de D. Manuel e D. João II procedeu-se à construção da ponte com dez arcos quebrados, dois espaldares com o brasão de Arcos de Valdevez do lado O. e o de Ponte da Barca a E.; 1761 - reforma ou restauro da ponte, tendo-se construído os contrafortes laterais encimados por espaldar concheado e brasonado, um deles inscrito; 1895 - reparação da ponte, assinalada na outra cartela, com alargamento do tabuleiro e substituição das antigas guardas de granito por grades de ferro; séc. 19 / 20 - colocação dos candeeiros em ferro, com as armas dos concelhos, da Fundição do Aterro Moreira, de Viana; 1982 - pavimentação da ponte; 1984, 07 Julho - inauguração da praia fluvial, e arranjo paisagístico da margem esquerda do rio Lima, com grandes zonas de relvado, café, snack-bar e barcos de recreio; o choupal foi transformado em Parque de campismo; 1996, 07 Novembro - inauguração da nova ponte entre Arcos de Valdevez e Ponte da Barca; 2002, 2 Novembro - geminação de Ponte da Barca com Les Clayes-Sous-bois (França).

Dados Técnicos

Sistema de estrutura mista.

Materiais

Estrutura de cantaria de granito; guardas em ferro e em cantaria de granito; pavimento em paralelos e lajes em cantaria de granito; colunelos em ferro.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 7, Lisboa, 1876; CASTRO, D. João de Arcos de Val-de-Vez e Ponte da Barca in A Arte e a Natureza em Portugal, vol. 7, Porto, 1907; AURORA, Conde, d' Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; s.a., Guia de Portugal, vol. 4, Lisboa, 1965; Comissão de Planeamento da Região Norte, Inventário Artístico da região Norte-II, série: Estudos Regionais, nº 3, Ponte da Barca, 1973; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; AMORES, Helder Pacheco, Ponte da Barca. Características físicas e administrativas in Lema - Cultura e Divulgação Regional, Viana do Castelo, 1990; RIBEIRO, Aníbal Soares, Pontes Antigas Classificadas, Porto, 1998.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID

Intervenção Realizada

MOP: 1932 - obras de reparação; Junta Autónoma das Estradas: 1955 - obras de restauro devido ao muro do tímpano do lado montante estar em ruína.

Observações

Uma das estradas muito frequentadas que passava pelo concelho era a que, saindo de Braga, atravessava a Portela do Vade e o rio Lima para continuar pelo Vale de Vez. Essa travessia era feita por uma barca que, ao que parece, daria o nome à povoação.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / 2008

Actualização

 
 
 
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