Casa Professa de São João Evangelista / Igreja Paroquial de São Bartolomeu de Vila Viçosa / Igreja de São Bartolomeu

IPA.00004372
Portugal, Évora, Vila Viçosa, Nossa Senhora da Conceição e São Bartolomeu
 
Casa professa da Companhia de Jesus, maneirista e barroca, de planta rectangular regular, composta por igreja no lado direito, com pátio adossado, este evoluindo em duas alas, por se encontrar inacabado. A igreja é de planta longitudinal, com quatro tramos e três capelas intercomunicantes, transepto inscrito, capela-mor pouco profunda e sacristia adossada ao lado direito, seguindo o esquema da Casa de São Roque (v. PT031106150012), mas em disposição inversa, optando, na igreja, pelo esquema da casa-mãe, a Igreja do Gesù, em Roma. O interior tem coberturas em abóbada de lunetas na nave e falsa abóbada de berço na capela-mor, sobre as quais surgem arcaturas e pilares em tijolo burro, a sustentar o telhado, sendo amplamente iluminada pelas janelas rectilíneas da fachada principal e através das janelas laterais, em capialço. Fachada principal harmónica, com o corpo tripartido pelos vãos que a rasgam, flanqueada por torres sineiras mais altas, numa solução que a Companhia divulgou nos imóveis construídos no séc. 17, estando presente nas fachadas dos Colégios de Elvas (v. PT041207010024), Santarém (v. PT031416210009) e nas Ilhas, nos Colégios de Angra (v. PT071901160008), Ponta Delgada (v. PT072103120002), Horta (v. PT072002080003) e Funchal (v. PT062203080006). Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija. Possui coro-alto assente em três arcos sustentados por pilares toscanos, para onde abrem porta de acesso à zona conventual e baptistério, com três capelas intercomunicantes, decoradas com azulejo, pintura, retábulos de talha dourada ou em cantaria e coberturas em falsas abóbadas de berço, ostentando pinturas murais. As estruturas retabulares são diferentes, existindo exemplares maneiristas, do barroco nacional e rococó. Nos últimos pilares da nave, dois púlpitos confrontantes, rectangulares e com guardas vazadas, com acesso pelos corredores laterais. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por retábulos colaterais, encimados por tribunas, estruturas que se repetem na capela-mor, onde surgem arcossólios ladeados por silhares de azulejo. Retábulo-mor de talha dourada, de estilo barroco, de planta recta e três eixos. No lado da Epístola, implanta-se a sacristia, com arcaz encimado por espaldar. A zona conventual tem acesso pela portaria, de onde partem as escadas para o piso superior, sendo ambos os pisos organizados por corredores centrais, marcados exteriormente por um pano de muro em empena, que se eleva sobre as coberturas; no piso inferior, surgem os antigos refeitório e cozinha, com lavabo implantado no corredor, e, nos superiores, os cubículos. Edifício implantado no topo da praça, definindo um dos seus eixos e dominando toda a envolvência até ao castelo, correspondente a uma das raras casas professas que subsistem no mundo, inacabada, devido à expulsão da Companhia, agora transformada em igreja paroquial. Do conjunto, destaca-se a igreja, que mantém a sua estrutura e equipamento decorativo, com fachada principal rasgada por três portais, o central proeminente e flanqueado por colunas dóricas, com o terço inferior do fuste liso, tendo remates em frontões semicirculares, que contrastam com os frontões triangulares das janelas intermédias; o remate da fachada foi adulterado pela introdução de platibanda e relógio, desconhecendo-se o tipo de remate que se encontrava previsto, inclusive para as torres, inacabadas. No interior, destaca-se a solução do coro-alto, assente em tripla arcada, numa solução rara nas igrejas jesuítas, bem como a decoração das capelas laterais, com pinturas murais alusivas aos oragos, rodeados de elementos geométricos, criando falsos caixotões; os retábulos são em mármore ou em talha, sendo o do Sagrado Coração de Jesus maneirista, com colunas decoradas por grotesco e remate em tímpano com tondo, sendo os colaterais do barroco nacional, com colunas torsas, que se prolongam em arquivoltas; os de Nossa Senhora de Fátima e de Santa Ana são rococós, com profusa decoração de estípides, com remate em espaldar contracurvado, o segundo de planta convexa. Algumas capelas, especialmente na primeira do lado do Evangelho, surgem reaproveitamentos de azulejo azul e branco. As tribunas do transepto e da capela-mor mantêm-se funcionais, surgindo, no sub-coro, no lado da Epístola, o baptistério, ali instalado a partir do período em que o templo passou a paroquial. O retábulo-mor é de transição, com estrutura do barroco nacional, mas com introdução de elementos joaninos, visíveis na substituição das arquivoltas torsas por arquivoltas com apainelados de anjos e, sobretudo, no sacrário, em forma de globo, rodeado por anjos de vulto. A primitiva sacristia situar-se-ia no lado do Evangelho, com acesso por porta de verga recta, que se mantém no topo do transepto, sendo transferida, em data incerta, para o lado oposto. Na zona conventual, muito adulterada, mantém-se uma dependência com pintura mural decorativa, as conversadeiras nas janelas dos cubículos e o pequeno lavabo do refeitório, implantado no corredor de acesso ao mesmo, indiciando que a comunidade não seria numerosa.
Número IPA Antigo: PT040714050008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Casa professa  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta rectangular regular, composta por igreja de planta longitudinal, com nave única, para a qual abrem seis capelas intercomunicantes, três de cada lado, com transepto inscrito, capela-mor mais estreita e sacristia adossada à fachada lateral direita, tendo, do lado oposto, a zona conventual organizada à volta de pátio rectangular. Constitui uma massa volumosa com coberturas diferenciadas de duas e quatro águas, tendo, sobre a nave, um sistema construtivo de arcarias, como suporte do telhado, em tijolo burro. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto a da igreja em cantaria aparente, em aparelho isódomo, percorridas por faixa pintada, a principal de amarelo e a lateral direita de azul, rematadas em friso, cornija e beiral. IGREJA com fachada principal orientada, de disposição harmónica, flanqueada por duas torres sineiras; o corpo é rasgado por três portais de acesso, de verga recta e molduras salientes, os laterais, de menores dimensões, encimados por frontões semicirculares. O central é flanqueado por duas colunas estriadas assentes em plintos paralelepipédicos, que sustentam friso e cornija, tendo, na verga, as insígnias da Companhia de Jesus; os friso e cornija percorrem todo o corpo, dando origem ao registo superior, onde surgem duplos pináculos sobre as colunas do inferior, flanqueando nicho semicircular, ladeado por pilastras toscanas e rematado por friso, cornija e frontão semicircular, interrompido por cruz latina. O nicho é ladeado por duas janelas de peitoril, rectilíneas e emolduradas, rematadas por frontão triangular; sobre estes, surge uma terceira ordem de vãos rectilíneos e molduras salientes, os laterais jacentes. O corpo remata em friso e cornija, encimado por platibanda plena, alteada e curva na zona central, onde se inscreve um relógio circular, sobre o qual existe uma inscrição e um elemento bolboso, atrás do qual se implanta a cruz latina da empena; no meio de ambos existe um pequeno terraço de ligação entre as duas torres. Estas são ladeadas por quatro ordens de pilastras toscanas, as superiores inconcluídas, tendo quatro registos divididos por friso e cornija, cada um dos três inferiores com janela rectilínea e o superior vazado por ventana em arco de volta perfeita, assentes em impostas salientes. Fachada lateral direita virada a N., composta por corpos escalonados, o da torre e transepto e capela-mor, mais elevados, sendo o da nave de menores dimensões para permitir a iluminação directa, através de três janelas jacentes em capialço, sendo ritmado por pilastras toscanas, criando panos cegos, excepto no corpo do transepto, com ampla janela rectangular, e na zona da cabeceira, com porta de verga recta, encimada por fresta em capialço e pequeno postigo. Fachada posterior parcialmente visível, com o corpo da casa da tribuna de menores dimensões e remate em empena. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com nave de quatro tramos definidos por pilastras toscanas que sustentam o friso e cornija de onde arranca a cobertura em abóbada de lunetas, rebocada e pintada de branco, tendo pavimento em placas de mármore de várias tonalidades. O primeiro tramo corresponde ao coro-alto, em cantaria, assente em tripla arcada sobre pilares toscanos, a central de perfil abatido e as laterais de volta perfeita, possuindo, numa das faces, pia de água benta em forma de concha. O coro tem guarda balaustrada de mármore e acessos laterais, através de portas de verga recta. Sob este, com cobertura em abóbada de aresta, surge o guarda-vento de madeira e remate em talha dourada, de composição fitomórfica e, no lado da Epístola, um vão em arco de volta perfeita de acesso ao baptistério, encimado pelo escudo português e protegido por teia de madeira, com cobertura em falsa abóbada de berço e revestido de azulejo de padrão formando silhar, onde se inscreve a pia baptismal, em mármore. As capelas laterais do Evangelho são dedicadas a São Francisco Xavier, Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora de Fátima, sendo as do lado oposto dedicadas a Santa Quitéria, Santa Ana, Sagrado Coração de Jesus, intercomunicantes e com acesso por arcos de volta perfeita, coberturas em falsas abóbadas de berço e pavimentos em tijoleira antiga. Nos pilares junto ao transepto, surgem púlpitos confrontantes, quadrangulares, assentes em mísula de cantaria e guarda vazada do mesmo material, com acesso por porta de verga recta, através dos corredores laterais; tanto o do lado do Evangelho como o da Epístola ostentam inscrições comemorativas de obras. Transepto inscrito, tendo cobertura em abóbada de aresta no cruzeiro e, no topo do lado do Evangelho, surge porta de verga recta entaipada, provavelmente o primitivo acesso ao Colégio; nas paredes fundeiras rasgam-se portas de verga recta de acesso às capelas da nave e a confessionários embutidos. Arco triunfal de volta perfeita, com dupla arquivolta, flanqueado por retábulos colaterais de talha dourada, inseridos em arcos de volta perfeita, dedicados a Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e São José (Epístola), encimados pelas janelas das tribunas, de perfil rectilíneo e moldura saliente, protegidas por portadas de madeira pintadas de verde; o espaço que antecede o arco e as capelas colaterais encontra-se protegido por teia de madeira torneada. Capela-mor pouco profunda e elevada por um degrau, com cobertura em falsa abóbada de berço assente em friso e cornija e com pinturas murais, em "trompe l'oeil", criando elementos arquitectónicos nas zonas laterais, que enquadram reserva central rodeada por anjos, onde surgem os símbolos de São Bartolomeu, a faca e a palma do martírio. Paredes laterais revestidas a azulejo monocromo, azul sobre fundo branco, de carácter decorativo, com profusão de festões, vasos e acantos, emoldurando os elementos arquitectónicas que nelas se rasgam, como as portas de verga recta, de acesso aos corredores, encimadas pelas tribunas, com guarda balaustrada de cantaria e portadas de madeira pintadas de verde, e pelos arcosólios de volta perfeita. Sobre supedâneo de cantaria, com degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas torsas ornadas por acantos e assentes em consolas, com acantos e "putti"; as colunas prolongam-se em duas arquivoltas, decoradas por acantos, anjos de vulto, "putti" e querubins, com cartela no fecho com as insígnias da Companhia de Jesus; no eixo central, tribuna em arco de volta perfeita, com a boca rendilhada, onde se enquadra trono expositivo, surgindo, na base desta, o sacrário embutido, assente em anjos atlantes e flanqueado por anjos de vulto, de forma esférica, encimado por concha e ostentando, na face, o "Agnus Dei"; altar paralelepipédico, formando apainelados de rosetões. No lado da Epístola, através de estreito corredor, acede-se à sacristia, com cobertura em abóbada de aresta, possuindo arcaz de madeira, encimado por estrutura de talha pintada de amarelo, branco e vermelho, com nicho central flanqueado por estípides, formando apainelados laterais, o do lado esquerdo com cartela assimétrica ornada por concheados e, no oposto, o escudo português; na base, vários nichos para relicários. A partir daqui, acede-se às tribunas do segundo piso. CONVENTO com fachada principal virada a E., de dois pisos, o inferior rasgado por quatro portas, a do extremo esquerdo, de maiores dimensões, e as do lado direito rematadas por friso e cornija, e por janela rectilínea gradeada; no piso superior, sete janelas de peitoril, rectilíneas, com moldura de cantaria e remate em friso e cornija, protegidas por caixilharias de madeira pintada de verde, surgindo, num nível intermédio, uma janela semelhante à do primeiro piso. INTERIOR com dependências rebocadas e pintadas de branco, com pavimentos em ladrilho cerâmico, sendo o acesso efectuado por dois vestíbulos, marcados por arcos de volta perfeita, actualmente entaipados, que os ligava, formando sala de dois tramos, e por escadaria de dois lanços, no lado esquerdo, que liga ao segundo piso, onde se desenvolvem dois amplos corredores, com cobertura em abóbada de berço, possuindo cubículos de ambos os lados, cada um deles iluminados por janela com conversadeiras. No ângulo dos dois corredores, existem vestígios de pinturas murais na cobertura, representando quadraturas. No piso inferior, desenvolvem-se dois corredores, um deles dividido em várias dependências, e outro com lavabo em mármore num dos topos, tendo, no lado direito, uma cozinha e um bar, e, no esquerdo, uma garagem *1. O pátio é rectangular, fechado por duas alas do primitivo claustro, onde ainda se vislumbram algumas arcadas e as bases das colunas, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa amarela, e rematadas em beiral. Na ala virada a O., surgem três panos formado por ressaltos do muro, o do lado esquerdo com amplo arco de volta perfeita assente em impostas salientes, que liga ao corredor central, flanqueado por janelas de peitoril em arco abatido, surgindo, no segundo piso, quatro postigos e uma janela rectilínea com moldura de cantaria; o pano intermédio possui porta de verga recta e janela jacente, encimados por três janelas rectilíneas; o pano do lado direito tem janela jacente e, no ângulo formado com o anterior pano, porta de verga recta. A ala virada a S. tem dois pisos rematados em friso e cornija, tendo, ao centro, um alteamento em empena, ao lado do qual surge uma chaminé; o piso inferior é rasgado por três janelas de peitoril, duas delas parcialmente entaipadas, sendo antigas portas, e o superior por quatro janelas rectilíneas gradeadas.

Acessos

Praça da República. VWGS84 (graus decimais) lat. 38,778095 long. -7,419414.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 34.452 DG, 1.ª série, n.º 59 de 20 março 1945 / ZEP, Portaria, DG, n.º 205 de 02 setembro 1960 / ZEP Conjunta, Portaria n.º 527/2011, DR, 2.ª Série, n.º 88, de 06 maio 2011

Enquadramento

Urbano, em pleno centro histórico, num dos topos da ampla e longilínea Praça da República, tendo as fachadas posterior e lateral esquerda adossadas a casas de habitação, estando as demais fachadas viradas a estreitas vias públicas, pavimentadas a alcatrão e com passeios de calçada à portuguesa, bordejado por árvores de médio porte.

Descrição Complementar

CAPELAS do EVANGELHO: A primeira capela deste lado encontra-se sem culto, com cobertura em abóbada rebocada e pintada de branco, mantendo um retábulo de mármore de várias tonalidades, de planta recta e um eixo definido por duas colunas torsas, assentes em consolas, e por duas pilastras bastante largas, que se prolongam em duas arquivoltas planas, unidas no sentido do raio por acantos em talha dourada, elementos que se repetem na decoração do tímpano, a envolver as insígnias do primitivo orago deste espaço; o remate assenta em friso de querubins e cornija; ao centro, nicho em arco de volta perfeita, com a boca da tribuna ornada por rendilhado em talha dourada, assente em duas pilastras, encimadas por "putti" encarnados; altar paralelepipédico, flanqueado por reaproveitamentos de painéis de azulejo monocromo, azul sobre fundo branco, representando cenas de caçadas. No lado do Evangelho, nicho de verga recta com moldura de cantaria. Capela de Nossa Senhora das Dores com cobertura semelhante à que lhe fica em frente, dedicada a Santa Ana, com o fundo pintado por frisos fitomórficos, possuindo nicho rasgado na parede, em arco de volta perfeita e envolvido por marmoreados e cornija em estuque, rematada por medalhão pintado, em forma de cartela enrolada, contendo uma coroa e a abreviatura do nome "MARIA"; altar paralelepipédico. No lado do Evangelho, confessionário de madeira pintada de verde e, nas paredes, dois medalhões de estuque sem qualquer ornamentação. Capela dedicada a Nossa Senhora de Fátima com cobertura pintada e decorada de forma semelhante à da Capela de Santa Quitéria, tendo, ao centro, uma coroa e a abreviatura do nome "MARIA" envolvidas por resplendor. Possui retábulo de mármore, inserido em pequeno arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas, rematado por cornija e dois anjos que envolvem uma inscrição latina.; o retábulo tem planta convexa e um eixo definido por duas estípides e orelhas recortadas; ao centro, nicho de perfil contracurvado com moldura recortada, rematando em frontão interrompido que enquadra espaldar curvo, ornado pelas insígnias do orago (coroa e a abreviatura de "MARIA"); lateralmente, duas falsas pilastras pintadas, contendo mísulas, e friso de falsos embrechados de mármore, também pintado; altar paralelepipédico. CAPELAS da EPÍSTOLA: Capela de Santa Quitéria possui a cobertura com pinturas murais, dividindo a abóbada em falsos caixotões, os exteriores ornados por cartelas enroladas com motivos fitomórficos e as interiores com anjos que sustentam reserva florida, surgindo, ao centro, medalhão circular contendo os símbolos da mártir envolvidos por resplendor. Retábulo de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por dois quarteirões com anjos encarnados, e frisos de painéis de acantos, com nicho central em arco abatido, protegido por tela com cena do "Martírio de Santa Quitéria" e com fecho de acantos; nas zonas superior e inferior vários "putti" encarnados, os últimos flanqueando a representação do Sol; remate em cornija e tabela rectangular horizontal, flanqueada por pilastras de acantos e por painéis com palmas em relevo, e tendo, na base, dois anjos a ladear cartela com os atributos da Santa; altar paralelepipédico. Capela de Santa Ana com cobertura apresentando pinturas murais, com o fundo de azul e friso rosa percorrido por elementos fitomórficos, com medalhão central contendo um cálice sobre um livro. Possui retábulo de talha dourada e policroma de rosa, verde e azul, constituindo marmoreados fingidos, de planta convexa e um eixo definido por duas pilastras e duas estípides, estas sobre pequenos plintos galbados, com nicho central pouco profundo de volta perfeita, contendo mísula com a imagem do orago, protegido por sanefa com lambrequins e rematado por cornija; sobre esta, frontão lobulado ornado por concheados e querubim. As ilhargas encontram-se revestidas a azulejo monocromo, azul sobre fundo branco, com molduras de acantos, concheados e "putti"; na zona inferior, surge, no lado do Evangelho, painel com uma oliveira e filacteras com as inscrições: "QVASU OLIVA SPECIOSA IN CAMPI" e "STERILI CAMPO NASCITVR"; no oposto, uma videira, com as inscrições em filacteras: "QUASI UITIS FRUCTEICAVI SVAUITAT" e "ANNOSA GERMINAT". A Capela do Sagrado Coração de Jesus possui cobertura com pintura semelhante à da Capela de Santa Quitéria, tendo retábulo de talha dourada de planta recta e um eixo definido por duas colunas ornadas por grotesco e querubim, com capitéis de inspiração coríntia e assentes em plintos paralelepipédicos com apainelado central pintado de vermelho, apresentando querubins nos ângulos superiores e pomba do Espírito Santo ao centro, contendo a imagem do orago; remate em friso e cornija e tímpano semicircular com medalhão circular, onde se representam uvas, parras e folhas de trigo, como símbolos eucarísticos, e a inscrição: "TANTUM ERGO SACRAMENTUM VENEREMUR"; altar paralelepipédico revestido a azulejo de padrão monocromo, azul sobre fundo branco. A entrada da Capela é encimada por sanefa disposta em ângulo, com lambrequins, surgindo, no lado esquerdo, caixa de esmolas de madeira pintada. As CAPELAS COLATERAIS são semelhantes, pouco profundas, com acesso por arcos de volta perfeita, revestidos a talha dourada, ornada por acantos, formando pilastras, friso e remate recortado, a do lado do Evangelho com pedra de armas e uma inscrição, no centro da qual surge uma meia-lua, alusão ao orago. No interior, possuem retábulos de talha dourada e planta côncava, de um eixo definido por duas pilastras e seis colunas torsas, ornadas por pâmpanos, assentes em consolas, que se prolongam em quatro arquivoltas unidas no sentido do raio, as três exteriores torsas; ao centro, nicho de volta perfeita com mísulas dos oragos, tendo, na base, sacrário embutido. Possuem altar paralelepipédico revestido a azulejo, o do Evangelho constituindo reaproveitamento. INSCRIÇÕES: EXTERIOR: 1. Inscrição comemorativa da colocação do relógio, oferecido pela Câmara Municipal, na frontaria da igreja. Leitura modernizada: CÂMARA MUNICIPAL 1922. INTERIOR: 1. Inscrição comemorativa de uma obra gravada no púlpito do lado do Evangelho. Mármore. Sulcos preenchidos com betume negro. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: JESUS 1661. 2. Inscrição comemorativa de uma obra gravada no púlpito do lado da Epístola. Mármore. Sulcos preenchidos com betume negro. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: JESUS 1734. 3. Inscrição indicativa de orago de capela gravada numa cartela. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: CAPELA DA SOBERANA IMPERATRIZ DO CÉU E DA TERRA MARIA SANTÍSSIMA NO SEU SUBLIME TITÚLO DA FATIMA. 4.Inscrição de posse de capela. Tipo de letra: capital quadrada. Tipo de letras: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA CAPELA É DE DOM LUÍS DE NORONHA DE DONA VIOLANTE DA CUNHA SUA MULHER E DE DOM ANTÓNIO DE MELO TEM DUAS MISSAS QVOTIDIANAS.

Utilização Inicial

Educativa: noviciado

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Militar: posto da Guarda Nacional Republicana (GNR)

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIRO: António Cordeiro (1698). CARPINTEIRO: Bartolomeu Dias (1690). ENTALHADORES: Bartolomeu Gomes (1723-26); Francisco Machado (1690). ESCULTOR: Joaquim José de Barros (séc. 18). PINTORES - DOURADORES: João de Touro Freitas Alfarge (1690-92); Domingos Gonçalves e Bento Charrua (1735). SINEIRO: António Marques da Silva (1742).

Cronologia

1569, c. de - fixação dos Jesuítas na vila, embora em situação precária, instalados em casas arrendadas; 1600 - pintura de um "Baptismo de Cristo"; 1601 - D. Teodósio II, Duque de Bragança, facilitou a compra do solar de João Gomes Vieira, situado na R. dos Fidalgos, por 1500 cruzados, onde se fundou a Casa Professa; 1602, 1 Janeiro - inauguração do oratório privado, com a presença do Duque, da mãe e os irmãos; a sua fundação deveu-se ao Padre Pêro de Novais e Diogo Valente; 1604, 28 Janeiro - a Casa foi incluída no padroado da Casa de Bragança; 1611 - compra de um ferragial a António Nobre para ampliação da cerca; 1636 - aprovação do projecto e abertura dos alicerces; o duque D. João dava 60$000 anuais para as obras; 1640 - compra de parte da Rua de Frei Manuel para a execução da ala E. do claustro; 1661 - feitura do púlpito do Evangelho; 1664, 28 Julho - mudança para a nova casa, no topo da Praça Nova, sendo a Casa Velha vendida a António Francisco de Araújo, por 100$000; 1690 - montagem do retábulo de São Francisco Xavier, pago pela Casa de Bragança, executado por Francisco Machado e pelo carpinteiro local, Bartolomeu Dias, por 150$000; concluída a montagem do retábulo de Nossa Senhora da Conceição, capela pertencente à família Noronha, executado pelos mesmos mestres e dourado por João de Touro Freitas Alfarge, de Évora, por 260$000, que dourou a Capela do Rosário e do Espírito Santo; 1692 - douramento do retábulo de São Francisco Xavier por João de Touro Freitas Alfarge, por 250$000, para o qual contribuíu o almoxarife Manuel Lopes, que já dera 150$000 para a talha do retábulo; 1698 - execução da parte superior da frontaria, que só tinha a primeira galeria, da responsabilidade do mestre canteiro de Borba, António Cordeiro, patrocinado pelo ouvidor da Casa de Bragança, João Valente Mendes; a cargo da Casa de Bragança, decorreram outras obras nas dependências da casa; séc. 18 - execução do presépio; o capitão Francisco Garcia deixou bens para a novena e festa de São Francisco Xavier; 1709 - a Irmandade de São Francisco Xavier possuía bens na Tv. de Valdemar; 1713 - feitura das portas de madeira; 1723 - contrato com Bartolomeu Gomes para a execução do retábulo de Santa Quitéria, por 160$000, pagos pela confraria; 1726 - contrato com Bartolomeu Gomes para a execução do retábulo-mor por 720$000; 1734 - execução do púlpito da Epístola; 1735 - contrato de douramento do retábulo-mor, pelos mestres Domingos Gonçalves e Bento Charrua; 1742 - feitura dos sinos da torre por António Marques da Silva, por 20 moedas de 4$800 rs; séc. 18, 2.ª metade - feitura do retábulo da Capela de Santa Ana; 1759 - expulsão dos Jesuítas e ocupação pela Casa de Bragança; o templo ficou a cargo das irmandades de Nossa Senhora do Socorro e Santa Quitéria *2; 1793 - por intercedência das irmandades de Santa Quitéria e Nossa Senhora do Socorro, a igreja é salva da destruição; a residência foi cedida às beatas do Recolhimento de Nossa Senhora do Carmo, por mercê de D. João VI *3; 1806 - remoção da teia para colocação do cadeiral do Cabido da Capela Real; 1806 - 1862 - na igreja funcionam os actos litúrgicos da Capela Real, então em obras; 1822, 10 Dezembro - colocação, pela Câmara Municipal, do relógio no frontão da fachada principal; 1865 - obras no adro; pintura ou repinte da abóbada da nave; 19 Fevereiro - transferência da Paróquia de São Bartolomeu da Igreja do Espírito Santo para esta; 1960 - colocação de azulejos no frontal do altar do Sagrado Coração de Jesus.

Dados Técnicos

Estrutura mista de paredes portantes, travada por abóbadas, que descarregam nos arcos do cruzeiro e capelas laterais.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada; fachada principal, pilastras, modinaturas, arcos de suporte, guardas do coro e dos púlpitos, lavabos, caixilharias e pavimentos de mármore; grades, retábulos, arcaz, travejamento das coberturas de madeira; na capela-mor e capelas laterais, silhares de azulejo tradicional; pavimentos da zona conventual em ladrilho; grades das janelas em ferro; sinos em bronze; janelas com vidro simples; coberturas exteriores em telha de canudo; tijolo burro.

Bibliografia

ESPANCA, Padre Joaquim da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, vol. 4. ESPANCA, Pe. Joaquim José da Rocha, Compendio de Noticias de Villa Viçosa, Redondo, 1892; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Lisboa, 1975; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [ dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; LAMEIRA, Francico, O Retábulo da Companhia de Jesus em Portugal: 1619 - 1759, Faro, Departamento de História, Arquelogia e Património do Algarve, 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMVV

Intervenção Realizada

Proprietário: 1865 - restauro da imagem de Santo André; 1960, década de - restauros de marcenaria e douramento dos altares.

Observações

*1 - a cozinha corresponde à primitiva, de onde se retiraram, recentemente, segundo informação oral, as antigas pias, sendo a garagem o antigo refeitório; o claustro só possui duas alas, por ter ficado inacabado, mas onde são visíveis os pilares e colunas primitivas, actualmente entaipadas. *2 - tinha, ainda, as Irmandades do Santíssimo Sacramento, São Francisco Xavier, Santa Ana e Anacoretas, a qual tinha $800 deixadas por D. Luísa Clara de Meneses, sendo o presidente, em 1745, o Padre Francisco Gil Barregão. *3 - o primitivo Recolhimento era junto à Ermida de São José do Carrascal, padroado da Câmara desde 1716.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1998 / Paula Figueiredo 2005

Actualização

 
 
 
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