Convento de São Francisco de Montemor-o-Novo

IPA.00004359
Portugal, Évora, Montemor-o-Novo, União das freguesias de Nossa Senhora da Vila, Nossa Senhora do Bispo e Silveiras
 
Arquitectura religiosa, manuelina, renascentista, barroca. Convento franciscano masculino com Igreja de planta rectangular, de nave única com 5 tramos, com coberturas internas diferenciadas, com tectos estucados, ogivados, em abóboda de artesões, iluminada uniformemente por janelas rasgadas na fachada sul; capela-mor com tecto estucado, em abóboda de berço. Claustro e igreja singelos, de acordo com as exigências iniciais da Ordem, posteriormente enriquecidos com elementos decorativos barrocos. Portada da sala do Capítulo, arco polilobado da sua capela edicular, nave da igreja, capelas laterais, claustro e casa do capítulo, portal de passagem da igreja para o claustro de estilo manuelino-joanino; portal da igreja, refeitório, tecto da Capela de Jesus, Maria e José, renascentistas; azulejos, tabelas, tecto da Capela do Santo Cristo e do refeitório, barrocos; altar da Capela-mor de ordem compósita, neoclássicos. O nartex, apesar de mais tardio, articula-se com bastante coerência com o edifício existente funcionando simultaneamente como coro-alto da igreja. Destaque para a variedade dos revestimentos azulejares ainda existentes. O retábulo-mor apresenta semelhanças com o altar lateral, de invocação do Santíssimo Sacramento, da Igreja de São Pedro da Aldeia do Mato em Reguengos de Monsaraz (v. PT040711020030).
Número IPA Antigo: PT040706040025
 
Registo visualizado 972 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província dos Algarves)

Descrição

IGREJA: Planta de planta longitudinal, nartex e nave rectangulares, capela-mor quadrangular, capelas laterais e pelos vestígios das dependências conventuais. Volumes articulados, massas dispostas na vertical, com coberturas diferenciadas em telhados de 1, 2, 3 e 4 águas e terraço. Fachadas rebocadas e caiadas. Fachada principal, orientada a O. antecedida por nartex com acesso por escadaria de 8 degraus em pedra; rasgado por largo arco abatido, a que se sobrepõe uma janela; remate com cornija e frontão contracurvado, ladeado por pináculos, com medalhão central representando as armas dos Patriarcas São Francisco e Santa Clara de Assis; portal de acesso à igreja com 2 pilastras truncadas em granito com ornamentos em forma de voluptas palmares com nascentes em capitéis coríntios tendo sobre a verga pequeno nicho vazio com moldura de ornatos de estuque, envolvido por composição com vestígios de dourado, ladeado por cruzes de cerâmica azul e branca duma via sacra, por cruz da Ordem de Malta de secção circular em pedra e por lápide com inscrição. Fachadas laterais de panos definidos por contrafortes rematados por pináculos piramidais em alvenaria. Gárgulas em granito. Campanário ornamentado por voluptas e molduras, com três sineiras só com um sino em bronze na central, com cunhais rematados por fogaréus elaborados e com cruz de ferro no topo ao centro *1. CONVENTO: Subsiste o corpo do lado N. e esparsos vestígios dos outros corpos. Corpo anexo à fachada da igreja (presumível antiga portaria e hospedaria de peregrinos) com 2 botaréus em alvenaria, 2 registos, o primeiro com 2 janelas simples com moldura em alvenaria de tijolo estando uma entaipada e o segundo com outras 2 janelas simples com moldura de granito e com mísulas exteriores para vasos abaixo do parapeito. A E. e a S. o cemitério. Em espaço delimitado por muro, a S. da Igreja e a O. da Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco, existem várias construções formando 2 pátios, de 1 piso, com telhados de 1 água e pavimentos em betonilha. Adjacente à parede do nartex do lado S. espaço com vigotas pré-esforçadas, telhado de lusalite e pavimento cerâmico. Os alçados laterais da Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco e espaços anexos apresentam de cada lado 2 contrafortes e 2 janelões gradeados, ao alto, encimados por 2 pequenas aberturas gradeadas, ao baixo, de iluminação. Entre os dois contrafortes do lado direito pequena construção para WC com telhado de 1 água. O alçado apresenta no módulo seguinte correspondente ao pátio sul e à zona da sacristia, uma janela e uma porta em registo inferior para uma sala. Num último módulo correspondente à zona do salão de reunião da antiga Irmandade, janela e porta em registo inferior para acesso a salas. O alçado S. dos espaços anexos à Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco possui 2 registos delimitados lateralmente por cunhais em pedra com cornija saliente; no primeiro registo uma janela gradeada com moldura em pedra, de iluminação a um espaço sob o salão de reunião da antiga Irmandade; no segundo um janelão de sacada gradeado exteriormente para iluminação do referido salão; o alçado E. é cego e é delimitado por um cunhal em pedra e contraforte da Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco. O acesso a todas as instalações da Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco faz-se por portão aberto no muro na zona do referido pátio S.. No INTERIOR, Claustro de planta quadrangular, muito arruinado *2, assente sobre arcada redonda de 5 tramos atarracados em cada ala e protegido por contrafortes, com nervuras cruzadas, sem arcos formeiros, com poço de pedra ao centro; na ala E. a antiga Sala do Capítulo com portada em granito e alvenaria de tijolo, de arco abatido e lobulado com 3 ribetes de meias canas lisas excepto o axial que é parcialmente torso, com bases encordoadas e tipo flor-de-lis, capitéis formando cordas entrançadas, bolas e outros do mesmo estilo, de planta rectangular com abóbada muito abatida, polinervada, guarnecida por bocetes redondos esculpidos com florões naturalistas, com chave central de escudete liso (ou picado), nervos em alvenaria e mísulas em granito, conservando parte do revestimento, em altos silhares, de azulejos com padrão enxaquetado e cor azul e branca; ao fundo e a eixo uma capela em nicho vazado na parede em pedra e com arco polilobado de lóbulos inversos com molduras, colunelos e capitéis ornados com motivos florais, cordas e bolas; sem altar mas ainda com alguns azulejos policromos nos silhares das paredes laterais do tipo tapete, mais tardios; frontal do antigo altar com azulejos decorados com aves, flores exóticas e outra fauna indígena (patos, gafanhotos, gazelas, etc.) emoldurado por barra já quase desaparecida com serafins, arabescos, vasos e moldura de renda *3; na ala O. o antigo refeitório monástico de planta rectangular, com 2 naves e 4 tramos, com abóbadas artesoadas de nervos entrecruzados, em aresta viva, de tijolo, sem chaves, nascendo de mísulas cilíndricas em pedra *4, suportadas por 3 colunas em granito, cilíndricas excepto a central quadrangular, com capitéis lisos e ábacos volumosos, vestígios de pinturas geométricas e florais sob a camada de tinta branca. INTERIOR DA IGREJA: Nartex apresentando tecto com nervuras de aresta viva em alvenaria que saem de mísulas graníticas simples e paredes rebocadas com argamassa de cal; alçado norte com vestígios de arco redondo que daria entrada à antiga Capela da Venerável Estação da Via-sacra. Esta é hoje uma sala que apresenta uma pequena capela anichada contra a parede do sub-coro da igreja, tem 2 tramos, cobertura nervurada com vestígios de esgrafitados e medalhões dos Passos da Paixão de Cristo. Nave de cinco tramos e coro-alto, com tecto em abóbada de artesões, com cruzaria de ogivas muito abatidas, nervuras de alvenaria de aresta boleada ornadas de chaves-mestras circulares em granito com esferas armilares e escudos de armas da Casa Real portuguesa e as intermédias com elementos naturalistas, assentes em mísulas de pedra de secção prismática com decoração manuelina *5; quatro altares laterais *6; alçados com rodapés revestidos de azulejos; púlpito em mármore branco/rosado, quadrangular, com faixa de lóbulos e peanha de andares e com balaústres torneados *7; uma portada de granito na parede lateral da Capela-mor, com arco redondo e 2 colunelos emparelhados, capitéis encordoados manuelinos e bases tipo flor-de-lis de corda cilíndrica - actualmente obstruída - dava acesso ao claustro; arco triunfal pleno antecede a Capela-mor, ornado de estuques escaiolados (vestígios) e armoriado com as insígnias franciscanas, em estuque pintado, no topo. Capela-mor quadrangular, com marmoreados policromáticos, acessível por 3 degraus em pedra, com tecto em abóbada de berço revestida de pinturas murais a seco e molduras em estuque; possui altar e uma coluna de cada lado em mármore e piso em ladrilho preto e branco tendo, ao centro, uma vasta campa de mármore branco de Estremoz cobrindo a cripta dos Condes de Santa Cruz (padroeiros do convento) com um escudo de armas e inscrição *8; sobre o altar um tabernáculo esculpido em mármore com representação do Cordeiro Místico; um volumoso frontão com enrolamento completa o nicho axial guarnecido com uma imagem de Jesus Cristo em madeira vulgar; 2 apainelados geométricos laterais com pinturas a tinta-de-água, centrados por cruzes da Ordem de Malta, medalhões parietais na cobertura elípticos figurando a Caridade (o central) e a Fé e a Esperança (os laterais) a tinta de água; por detrás do Altar-mor e com acesso por porta à esquerda, um espaço com abóboda de berço escaiolada; uma porta à direita do Altar-mor dá acesso a espaço enterrado com abóboda de berço rebocada e caiada. No lado S. do corpo da igreja existem cinco capelas laterais, a de Santo Cristo, a de Jesus, Maria, José, a da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco, a Capela tumular de Paulo de Vilalobos e Vasconcelos e a Capela da Aparição. A Capela do Santo Cristo tem pavimento em mosaico e tecto em caixotões de estuque com motivos geométricos, com vestígios de pinturas florais fechadas por bocetes com folhagens e capulhos; a eixo e ao centro tem o emblema dos atributos sagrados, de inspiração franciscana, envolvido por cartela e elementos florais; no pátio em frente existe uma cisterna *9. A Capela de Jesus, Maria e José tem cobertura em abóbada de nervuras (que saem de mísulas de 2 andares em pedra), com chaves de pedra redondas naturalistas; apresenta um pequeno altar moderno com imagem de santo que apresenta folha de palma na mão esquerda, cruz na mão direita e senhora a seus pés, por detrás do qual foi construída parede que tapa o primitivo altar; no chão encontra-se um círculo com arcos inscritos trabalhados na pedra; na parede exterior por cima da porta existe num nicho, uma cruz em mármore *10. A Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco possui, na entrada pela nave da igreja, uma grade em ferro forjado com cancelas torneadas e emblema da ordem no topo; portal de acesso formado por 2 meias canas uma lisa e uma torsa de cada lado em pedra, guarnecidas pelo exterior por conjunto apilastrado de ornatos estucados, sobrepujado por tabela pintada com fresco e os símbolos da Irmandade, envolvida por anjos e serafins; coro-alto com estrutura de madeira recente, utilizado para arrumos; sub-coro de planta quadrangular, com 2 portas laterais, a esquerda de acesso à antiga Capela tumular de Paulo de Vilalobos e Vasconcelos e a direita à Capela de Jesus, Maria e José, abóboda nervurada em alvenaria, de aresta viva, de forma concêntrica, fechada por chaves encordoadas e ornamentos florais em granito, paredes com painéis historiados de azulejos azuis e brancos, emoldurados com frutos, flores e querubins, nas chanfraduras do arco (em redondo) estão 2 figuras em azulejo *11; nave de planta rectangular com 2 tramos, pavimento em tabuado de madeira e tectos de barrete de clérigo revestidos de estuques escaiolados coloridos com 3 painéis emoldurados pintados a óleo *12, forro alto de azulejos azuis e brancos com figuração da vida de S. Francisco de Assis, de eremitas reformados e de beatos da penitência sobrepujando friso de anjos carnudos; junto às paredes laterais está cadeiral da antiga Irmandade em madeira, delimitado por balaustrada em ferro forjado; do lado esquerdo encontra-se um púlpito em madeira com pé trabalhado, fechado em forma de balcão com as faces emolduradas; pendurado do arco junto à Capela-mor encontra-se um lustre; Capela-mor com acesso por 4 degraus em pedra; retábulo da Capela-mor em talha, com 4 colunas salomónicas em tons azul e ouro, frontão de baldaquino, lambrequins, vieiras, palmetas e armoriado, altar inserido em nicho com arco pleno; cadeiras dos mesários do Altar-mor em madeira; em mísulas com baldaquino existiram imagens e nos lados pinturas *13; sob as pinturas 2 portas de acesso à Sacristia localizada nas traseiras do Altar-mor. Sacristia com pavimento em tabuado de madeira, tecto em abóboda de aresta estucada e pintada a 2 cores (ocre e vinho) e com pequeno lavatório lateral em pedra trabalhada; uma imagem duma santa encontra-se sobre um móvel de madeira trabalhada; uma porta dá acesso ao espaço por detrás do Altar-mor e outra dá acesso ao salão de reuniões da antiga Irmandade. O salão apresenta pavimento em tabuado de madeira e uma abóboda tipo caixotão estucada, tecto em quadratura com ornamentos nos 4 cantos e com pintura de armas ao centro encimada por cruz envolta por coroa de espinhos, uma corda e 2 braços cruzados (insígnias franciscanas); paredes com 12 altares com molduras em pedra, vergas curvas (arcos plenos), protegidos por janela de vidro encimada por bandeira curva, enquadrados nos intervalos por apliques para uma vela nas paredes laterais as quais têm 4 nichos simétricos de cada lado com imagens e telas, as paredes de topo têm 2 nichos simétricos de cada lado com imagens e telas; uma mesa grande ao centro da sala em madeira; no topo e em simetria com a porta de entrada existe uma janela de sacada iluminante do espaço; a sanca é marcada por faixa pintada a azul; por cima da porta de entrada existe um painel tapado por reposteiro. A Capela tumular de Paulo de Vilalobos e Vasconcelos (mulher e outros) *14, serve de vestíbulo do coro-alto e de acesso ao púlpito da Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco e ao Coro-alto, tem planta quadrangular, abóboda polinervada de artesões toreados presos por cordas entrançadas compostas com chaves de granito, sendo a axial brasonada com o escudo dos Vilalobos, as mísulas são poligonais, encordoadas e de andares, o chão apresenta zona com desenhos esculpidos. A Capela da Aparição tem portal de mármore, planta rectangular e cobertura em abóbada de artesões miúdos, de tijolos entrecruzados, bocetes de granito redondos naturalistas estando o axial decorado com cruz de Cristo inserida em medalhão de corda; está forrada com silhar de azulejos policromos do tipo tapete; mantém numa parede a lápide das donatárias e no pavimento duas sepulturas em mármore com palmas esculpidas em relevo *15. Nas traseiras da Capela-mor da igreja situa-se o necrotério do cemitério *16. A sala por baixo da Sacristia da Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco possui tecto de aresta pintado de branco.

Acessos

Rua de São Francisco

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 63/2010, DR, 2ª série, n.º 12 de 19 janeiro 2010

Enquadramento

Urbano, isolado, em pequena elevação do terreno, inserido no que é hoje uma das zonas de expansão da vila (v. PT040706030033), perto da Estrada Nacional para Évora, com cemitério anexo cuja cerca em alvenaria protege o convento. Nas proximidades o Paço da Quinta de D. Francisco (v. PT040706040019), a Igreja Paroquial do Senhor Jesus do Calvário (v. PT040706040027) e a Igreja e Cripta de São João de Deus (v. PT040706030010).

Descrição Complementar

AZULEJARIA: Azulejos de padrão enxaquetado de cor azul e branca (fim do séc. 16) na Sala do Capítulo, policromos tipo tapete nas paredes laterais e policromos com motivos naturalistas no frontal do altar da capela edicular daquela sala (séc. 16-17); Azulejos no rodapé da igreja, azuis e brancos, historiados (representando cenas da vida de São Francisco) ou com figura avulsa e moldura geométrica, ao centro com quadros de albarradas e golfinhos divididos por faixas barrocas, com remate ornamentado por urnas e tabelas florais com cabeças de anjos engalanados de vieiras (Barrocos-rococó); azulejos policromos tipo tapete em silhar na Capela da Aparição. INSCRIÇÕES: Lápide colocada ao lado da porta de entrada da igreja (encontrava-se inicialmente no interior da igreja do lado da Epístola), em mármore branco, referindo "J.H.S. / A.M. / O Altar Mor deste Conv. to / he previligiado todas as / segundas fr. as do ano e o / tavario do SS. to S. dia de S. Mathias / se ganha indulg.ª pl.ª rezan / do H. P.er hvmave M.ª na + 7 / anos e 7 quarentenas de / indulgencias"; no portal da Capela da Aparição está inscrita a data "9 .bro / 1755". A lápide das donatárias da Capela da Aparição tem inscrito: " Esta capela he de Ilena / Rõiz de Varges e de svas / irmãs An.ta Nvnes de / Varges Inês Velha / de Varges Izabel Men / des de Varges e m. q dei / xão obrigaçois / perpetvas na f / orma de sev testa / m.to 1655 / " e a pedra de armas em mármore na parede é dos Vasconcelos Cogominhos Salemas Barretos. Existem outras pedras de sepulturas na igreja em mármore branco, no cemitério e lajeando a actual entrada. PINTURA MURAL: Na Capela-mor (medalhões feitos em 1818 e retocados depois) e seu arco mestre, no refeitório, na Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco e na Capela do Santo Cristo (séc. 18-19). TALHA: Retábulo da Capela-mor da antiga Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco em talha dourada e marmoreada.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Armazenamento e logística: armazéns / Devoluto

Propriedade

Pública: municipal (convento) / Privada: Igreja Católica (igreja)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CERAMISTA: Policarpo de Oliveira de Bernardes (Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco, 1740-50); CONSTRUTOR: Domingos António de Paiva, (atr. - Dependências anexas); PEDREIRO: João Lourenço (atr. - Portada da Sala do Capítulo, Séc. 16); PINTOR: Francisco João (decoração pictórica de capela interior, Séc.16).

Cronologia

1532 - Alvará de Dom João III (documento mais antigo conhecido). O convento teve origem remota na Ermida de N. Sra. da Graça, em 1495; 1546 - Provável sagração do templo, conforme inscrição no lintel do portal da igreja; 1577 - Concessão duma relíquia por parte dum fidalgo local; 1578, c. de - Francisco João executa pinturas para uma das capelas; Séc.17 - Acrescento do nartex e de várias capelas laterais na igreja; Séc. 18 - Enriquecimento da igreja com silhares de azulejos azuis e brancos e com outros elementos decorativos; 1815 - Reforma da capela-mor; 1834 - Extinção das Ordens Religiosas e consequente abandono do convento; Séc. 19, meados - Ocupação pelo Quartel de Cavalaria e pela Estação Telegráfica; 1846 - Abertura do Cemitério Público, conforme data no portão exterior em ferro e após se ter construído o muro que o cerca; 1871 - Cedência à Câmara Municipal; Séc. 20, anos 50 - Reconstrução do segundo piso, no lado E., para adaptação a zona de arrecadações de material diverso proveniente da Câmara Municipal; 1974, após - Instalação de serralharia, oficinas municipais e zona de lavagem de viaturas no primeiro piso; 1980, meados da década - Volta a funcionar como arrecadação e como sede de um atelier de artes plásticas; 1986, 18 novembro - Proposta de classificação pela Secretária de Estado da Cultura; 1999, 16 Setembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2011, 02 outubro - Proposta de classificação pela CM de Montemor-o-Novo; 2001, 22 novembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2003, 30 julho - Proposta do IPPAR/DRÉvora para a classificação como IIP - Imóvel de interesse Público; 2004, 30 março - proposta de ZEP pela DGEMN; 2004, 15 abril - Parecer favorável à classificação e à ZEP pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 2004, 21, junho - Despacho de homologação de classificação e de ZEP pelo Ministro da Cultura; 2006, Agosto - elaboração de nova Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura mista (nave da igreja, capelas e claustro), estrutura autoportante (restantes).

Materiais

Paredes, tectos, lajes, chaminés e platibandas em alvenaria mista de tijolo, pedra e cal, rebocada e caiada em alguns casos; portal de entrada, escadas e gárgulas em granito, molduras de vãos, arcos, contrafortes, cunhais, pilares e pavimentos em pedra, sepulturas, lápides e altar-mor em mármore; pavimento em betonilha simples; laje de cobertura em cerâmica (tijoleira), gárgulas em cerâmica, cobertura exterior com telha cerâmica, molduras de vãos em tijolo argamassado; piso do altar-mor com mosaicos cerâmicos; pavimento da nave da igreja em soalho de madeira, estrutura de cobertura, mobiliário, cadeiral, balaustrada do coro, portas, janelas e caixilharias em madeira, retábulo de altar em talha dourada; vãos com vidro simples; paredes em pladur; tectos de estuque pintado em gesso; paredes com silhares de azulejos; pinturas murais, a seco; painéis com telas pintadas; cobertura com tela asfáltica e lusalite, revestimento em linóleo; algerozes e cobertura em zinco, ferragens, escada, corrimão, balaustrada, tirantes e grades em ferro, canalizações em chumbo.

Bibliografia

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, vol.1 e 2, tomo 8, Lisboa, ed. Academia Nacional de Belas Artes, 1975; ANDRADE, António Alberto Banha de, Breve história das ruínas do antigo burgo e concelho de Montemor-o-Novo, Cadernos de História de Montemor-o-Novo, n.º 3, Évora, Grupo de Amigos de Montemor-o-Novo, 1977; ANDRADE, António Alberto Banha de, A Monografia de Montemor-o-Novo do Padre Lamego da Maia, Brito Correia e Doutor J. Manuel Álvares, Cadernos de História de Montemor-o-Novo, n.º 6, Lisboa, Grupo de Amigos de Montemor-o-Novo e Academia Portuguesa de História, 1978; QUEIRÓS, J. Francisco Ferreira, PORTELA, Ana Margarida, Contributos para a História da Arquitectura e do Urbanismo em Montemor-o-Novo, do séc. 16 ao séc. 19, in Almansor - Revista Cultural da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, Montemor-o-Novo, 2002.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CMMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CMMN; IPPAR: DRE; B.N.L.: Cod. 9840 - Capelas instituidas nas Igrejas de S. Manços do Bispado e Convento de São Francisco de Montemor-o-novo (1777 - 1783).

Intervenção Realizada

Séc.17 - Acrescento do nartex e de várias capelas laterais na igreja; 1815 - Intervenção na Capela-mor. Refez-se a abóboda, gradearam-se janelas e fez-se reboco externo e interno; 1816 - Colocado retábulo de mármore de Montes-Claros, incluindo bases, pilares, capitéis, arquitrave e frisos da cimalha; 1817 - Colocados trono, sacrário, rodapés, portais e peanhas destinadas aos Patriarcas S. Domingos e S. Francisco de Assis. Os trabalhos realizados nos anos de 1816 a 1818 custaram 2.165.355 réis; CMMN: 1950 - Obras de recuperação do antigo refeitório monástico; Séc. 20, anos 50 - Reconstrução do segundo piso, no lado E.; 2003 - Novos telhados na Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco e espaços anexos; CMMN: 2006 - Em obras no piso 2 e sótão do convento, ala Este.

Observações

*1 - O sino do campanário tem uma cruz relevada florente e a inscrição " Domine / ecce / crvcem / fvgite / partes / adversas / fact / anno / domine / 1764 / pres / r / p / f / iozeph ". *2 - O claustro possuía um 2.º piso, hoje inexistente mas de que os contrafortes do piso 1, ainda visíveis, serviam de apoio. Das arcadas da ala O. do claustro só se encontram vestígios. Envolvendo o poço central existiram tanques em alvenaria com bancos e floreiras esgrafitados hoje desaparecidos. *3 - A sala do Capítulo foi sepulcro da família Vila Lobos e Vasconcelos. *4 - As abóbodas do refeitório apresentam vestígios, sob a cal, dos antigos esgrafitados e pinturas a escaiola colorida e a fresco com temas geométricos, largas albarradas e lançarias florais barrocas, iguais às do Convento da Saudação. *5 - Na abóboda da igreja persistem hoje só os nervos torais, formeiros e primários, mas há vestígios de combados que dariam outro efeito ornamental. *6 - Nos dois primeiros altares colaterais existiram imagens de Santo Agostinho (da 2.ª metade do séc. 18) no lado do Evangelho e de S. Carlos Borromeu no lado da Epístola, em madeira estufada e policroma. *7 - O púlpito proveio da Igreja Paroquial de Santiago que foi profanada. *8 - O escudo de armas dos Mascarenhas foi picado em cumprimento dum decreto real. A inscrição dizia, no que se conseguiu apurar: "... e sva molher D. Margarida Covtinho, filha do Conde de Borba D. Vasco Covtinho, e da Condessa D. Catarina da Silva sva molher; e aqvi neste carneiro qve por sva devoção mandarão fazer : faleceo em Ovtvbro de 1555". *9 - Na Capela do Santo Cristo teve sepultura, conforme inscrição, Isabel Botelho de Carvalho e seus herdeiros. O tecto e paredes encontram-se pintados de branco notando-se vestígios de outra cor subjacente. *10 - Na Capela de Jesus, Maria e José teve sepultura D. Catarina da Fonseca e marido Lopo de Carvalho, André Mendes Rico e mulher Isabel Botelho Vogado. Encontra-se aí uma data no pavimento de 1910. *11 - Na Capela da Venerável Ordem Terceira de Penitência de S. Francisco os painéis de azulejo do lado esquerdo figuram A Virgem, rodeada de anjos, chicoteando uma besta feroz de cuja boca, aferrando as chaves de S. Pedro, salta uma filactera dizendo "Alexander Septimus". Superiormente está inscrito "Ordo seraphucus / D. Juannes Quartus Rex Portugalice". Do lado direito os painéis têm inscrito " Bispo a quem com a espada / de S. Paulo degolou São Francisco por a sua religião contraria". No arco as figuras representam, à esquerda, um monge franciscano orante (Penitência) e à direita, um monge algemado de olhos fechados e boca encadeada (Silêncio) e foram feitas em Lisboa nas oficinas de Policarpo Bernardes. *12 - Os painéis têm as legendas "Jubileu da Porciuncula" (sobre o arco de entrada na nave), "Impressão das Chagas" (no tecto a meio da nave) e "Triunfo da Imaculada Conceição" (no tecto junto ao Altar-mor). *13 - As imagens das mísulas eram de S. Francisco e de Santa Rosa de Viterbo. As pinturas laterais emolduradas são de S. Domingos e de S. Miguel Arcanjo (anónimas). *14 - Foi anteriormente Capela tumular do morgado que instituiu Ruy Lobo da Gama, fidalgo d´ el Rei D. Manuel, aí sepultado em 1573. *15 - A Capela da Aparição foi a antiga Capela das Ricas, jazigo da família Vargas no séc.17 e Capela tumular de D. Francisco de Sousa Barreto. *16 - O necrotério possuía portas e janelas de padieira graníticas seiscentistas mas vulgares, salas térreas com barrete de clérigo caiadas sobre pinturas a fresco ornadas de grinaldas e o 2.º piso tinha balcão de sacada. Toda a fachada deste corpo confinante com o cemitério foi muito alterada.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1998 / Paulo Ferreira 2006

Actualização

Lobo de Carvalho e Teresa Ferreira 1999
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login