Piscina de D. Afonso Henriques das Caldas de Lafões / Termas Romanas
| IPA.00004294 |
Portugal, Viseu, São Pedro do Sul, União das freguesias de São Pedro do Sul, Várzea e Baiões |
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Complexo termal romano composto por Tepidarium, Caldarium, Sudatorium e Laconicum (estufa seca), num conjunto de 5 piscinas constituídas por tanques de dimensões diversas, com degraus nos topos, servidas por sistemas de canalizações escavados em blocos de pedra cobertos com lajes e pavimentadas de opus signium sobre seixos do rio, sendo uma ao ar livre (P1) provida de pórtico de dupla colunata de capitéis jónicos, e a Piscina de D. Afonso Henriques (P2) interior, em sala abobadada com 3 ábsides. Um dos conjuntos termais romanos mais antigos, mais completos e melhor conservados, com utilização contínua até ao séc. 19. |
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Número IPA Antigo: PT021816180004 |
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Registo visualizado 3806 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Saúde Termas
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Descrição
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Tanque de forma rectangular, que integra um complexo termal composto por um total de 5 piscinas com as respectivas infraestruturas e várias dependências anexas. A Piscina de D. Afonso Henriques, designada por P2, tem o fundo forrado de lajes graníticas cujo acesso se efectua por 3 degraus nos 4 lados do tanque. A O. 2 condutas de água (fria e quente), sendo a boca de uma delas esculpida em forma de focinho de animal. Na parede O. um cano ladrão para escoamento do excesso de água e limpeza de sujidades à superfície da mesma. No canto SO. o esgoto que conduzia as águas para o rio Vouga, escavado em blocos de granito, com o fundo revestido de "opus signium" e tampa de lajes de granito. A Piscina 4 encontra-se no interior de uma sala pavimentada de lajes de granito assentes sobre uma camada de argamassa e pequenos seixos do rio, que seria coberta por abóbada de berço apoiada em paredes feitas de "opus quadratum", com algumas fiadas de tijoleira. Na parede O., ainda visíveis, pequenas pilastras dispostas a intervalos regulares sobre as quais corre uma fiada de tijoleiras dispostas na vertical, a suportar o arranque dos arcos torais da abóbada. Ao centro de cada parede havia uma ábside que apenas se mantém a S., sendo que a N. e O. foram transformadas em arcossólios de arcos rebaixados, e a E. foi aberta uma porta, embora se mantenham os vestígios da anterior estrutura. O acesso à sala é feito por 2 portas na parede N., a ladear a ábside, de que existe o pé-direito e o limite do arco original de volta perfeita, posteriormente transformado em arco rebaixado. Adossada a N. uma dependência (originalmente a piscina P3) que foi entulhada e serviu de "apodyterium", com 5 portas: 2 a S., de acesso à P2, e 1 em cada parede E., O. e N., esta para o exterior, voltada para o rio, que ainda mantém a estrutura original completa em arco de volta perfeita de 7 aduelas, talhadas em forma de cunha. |
Acessos
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No centro da estância termal, na margem S. do rio Vouga |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 28 536, DG, 1.ª série, n.º 66 de 22 março 1938 *1 |
Enquadramento
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Urbano. Marginando o rio Vouga, em ampla plataforma arborizada, plana, desnivelada de arruamento paralelo a N., no interior de um edifício do antigo balneário termal, de 2 pisos, flanqueado a E. por tanque de piscina romana com pórtico de dupla colunata (P1) e por capela. O conjunto é circundado por casas de habitação e infraestruturas hoteleiras e termais. |
Descrição Complementar
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Os restantes elementos que integram o complexo termal original são a P1, uma "natatio" de água fria ao ar livre, constituída por um tanque rectangular de 20,50m por 9m por 1,50m, com 6 degraus em cada topo N. e S. e fundo revestido a "opus signium" de meia-cana assente em seixos, circundado por um pórtico de dupla colunata, de que existem alguns fustes e capitéis jónicos, em módulo decrescente das mais afastadas para as mais próximas da Piscina. O conjunto era fechado por parede exterior à segunda linha de colunas e a entrada fazia-se a meio da parede E., flanqueada por um par de colunas. A S. vestígios de canalização escavada em blocos graníticos. A NO. restos de 1 comporta de guilhotina para escoamento de águas por meio de esgoto. A denominada P3 localiza-se dentro da sala que alberga a P2, é rectangular, de 7,40m por 5,40 por 1,20m, com acesso de 4 degraus em cada topo N. e S., completamente revestida de "opus signium" e com escoamento a NO.; a S. e N. 2 espaços de apoio com paredes de pedras almofadadas. A P4, a O., tem dimensões indefinidas e constitui uma pequena dependência com várias banheiras, com revestimento idêntico ao da P3. A P5, adossada a N. da anterior, é uma pequena piscina quadrangular de características ainda não conhecidas. |
Utilização Inicial
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Saúde: termas |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Câmara Municipal de São Pedro do Sul |
Época Construção
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Época romana / Séc. 12 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 1 a.C. (conjectural) - sob o domínio romano construiu-se o Balneário de Lafões possibilitando a utilização e exploração comercial das águas termais e concorrendo para a fixação da população; no balneário romano podem-se individualizar 2 fases de obras, sendo que da primeira fase construtiva até ao séc. 1 faziam parte uma piscina interior P3, a grande natatio ao ar livre (P1) e um pequeno tanque (P4); Séc. 1, final - grandes obras no conjunto termal, dando lugar à Segunda fase, sendo desactivada a P3 e substituída pela P2, posteriormente conhecida como Piscina de D. Afonso Henriques; a P4 foi remodelada e aumentada, originando a P5, utilizada como piscina de mulheres; 1169 - D. Afonso Henriques, tendo recebido ferimentos numa perna em consequência da batalha de Badajoz, foi aconselhado pelo físico D. Fafes Luz a fazer uso das águas do Banho de Lafões. Aí teria utilizado a Piscina P2, conhecida como Piscina Afonsina, sendo, por este facto, a construção da mesma tradicionalmente atribuída a este rei. D. Afonso Henriques mandou construir uma Gafaria, um Hospital para doentes pobres, uns Estaos para fidalgos e uns Paços Reais. No local do "balneum" romano reconstruiu-se mais tarde a P2, que passou a incluir um camarote real e um oratório, passando a mesma a denominar-se com o nome do rei; 1175 - 2º documento que atesta a estada de D. Afonso Henriques e dos seus filhos D. Sancho, D. Urraca e D. Teresa, fazendo várias doações e concedendo forais: o Banho ascendeu à categoria de Vila e passou a encabeçar o concelho de Lafões; Séc. 14 - D. João I deu ao infante D. Henrique o senhorio do concelho de Lafões com as suas Caldas; Séc. 16 - D. Manuel, também utente das termas, entregou o senhorio das mesmas a Fernão Lopes Almeida, senhor da Casa da Cavalaria de Vouzela, tendo em 1514 passado à posse do seu filho Duarte de Almeida, monteiro-mor de D. Luis, senhor de Lafões, mantendo-se na família Almeida até ao séc. 17. O rei fez obras de remodelação na P2 e mandou construir aposentos na varanda do pátio para pobres, mandando colocar as suas armas sobre a porta e dotou o Hospital de um Reguengo cujos rendimentos permitiram reparos e construção de novas casas; Séc. 17 / 18 - modificações e destruição da primitiva estrutura romana e alterações no edifício do banho: a varanda que corria sobre a porta principal, onde os doentes enxugavam as roupas, foi convertida em 3 quartos; o oratório foi transferido para a capela de Nossa senhora da Saúde; construiu-se um Hospício para soldados, desapareceram os tanques das mulheres e dos particulares, dando lugar a 11 aposentos com 16 banheiras (4 forradas de azulejo e 12 de granito), os espaços correspondentes aos antigos camarotes reais e oratório passaram a formar uma sala única; 1726 - no Aquilégio Medicinal, as termas vêm referidas como sendo águas ricas em enxofre e salitre, muito quentes, que servem para curar problemas de nervos, estômago, cabeça, útero, obstruções intestinais e gota; refere que, segundo a tradição, o rei D. Afonso Henriques a dotu com um reguengo, de cujo rendimento se pagava ao médico e demais funcionários; 1885 / 1886 - a Câmara Municipal de São Pedro do Sul construiu um novo Balneário e reedificou a Casa do Banho Seco, sobre a nascente termal, arruinada desde 1808, tendo o antigo edifício termal sido praticamente desactivado; 1889 - Restauro da sala dos Camarotes reais pela Câmara Municipal; 1894 / 1896 - A Rainha D. Amélia, os infantes e, no 1ºano, o Rei D. Carlos, frequentaram as Termas, tendo as mesmas tomado o nome de Caldas da Rainha D. Amélia (Dec. 15 de Maio de 1895), que se manteve até 1910. Foram efectuados diversos melhoramentos nas instalações hidroterápicas; 1910 - obras de ampliação; 1930 - o primitivo edifício das termas, de raíz romana, foi transformado em Escola Primária; 1947 - quando se procedia à construção de uma escada junto do estabelecimento velho achou-se parte do fuste duma coluna romana, desencadeando a 1ª campanha de escavações arqueológicas do antigo balneário romano; 1950 / 1960 - escavações arqueológicas das termas romanas, sob orientação do Dr. Bairrão Oleiro, que puseram a descoberto a grande natatio ou piscina de água fria (P1), colunas jónicas, tégulas, ímbrices, tijolos, coluna votiva e 3 inscrições epigráficas dedicadas a Mercúrio, Júpiter e Plautus; 1970 / 1980 - utilização do antigo edifício termal como Café e como arrecadação de barcos; 2004, 8 Novembro - assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de São Pedro do Sul e o IPPAR para recuperar as ruínas das termas, criação de um centro interpretativo e uma loja do IPPAR; 2007, 14 dezembro - proposta da DRCCentro de fixação da Zona Especial de Proteção; 2008, 11 junho - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR; 2019, 07 agosto - abertura das termas, após obras de requalificação. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes e estruturas autónomas |
Materiais
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Caixas murárias de aparelho de pedra granítica irregular com superfície externa afeiçoada (1ª fase) e opus quadratum (2ª fase) com fiadas de tijoleira; cunhais e contrafortes de pedras almofadadas; revestimentos de opus signium avermalhado (1ª fase) e lajes de granito (2ª fase); colunas e capitéis de granito; alicerces de seixos de rio e terra argamassados. |
Bibliografia
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Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; FIGUEIREDO, Moreira de, Arqueologia Lafonense, Beira Alta, vol. 17, Viseu, 1958, pp. 354-389; BRANDÃO, D. de Pinho, Inscrições Romanas do Balneum de Lafões, Beira Alta, vol. 18, Viseu, 1959, pp. 229 - 264; SANTOS, Eduardo dos, As Termas de São Pedro do Sul, Beira Alta, vol. 26, Viseu, 1967, pp. 477 - 502; FRADE, Helena, MOREIRA, José Beleza, A Arquitectura das Termas Romanas de São Pedro do Sul, São Pedro do Sul, 1993; HENRIQUES, Francisco da Fonseca, Aquilégio Medicinal, Lisboa, 1998 [1.ª ed. de 1726]; IPPAR assina protocolos de colaboração com várias entidades, in O Comércio do Porto, 8 Novembro 2004; Termas de São Pedro do Sul e o futuro, in Jornal da Beira, 24 Agosto 2006; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/69845 [consultado em 28 dezembro 2016]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1950 / 1960 - intervenção sob orientação do Dr. Bairrão Oleiro, tendo em vista a consolidação de elementos estruturais e piquetagem de rebocos nas construções adajacentes para facilitar a leitura arqueológica; 1988 / 1990 - Campanhas arqueológicas sistemáticas anuais, com duração de 1 mês, dirigidas por Helena Frade e José Beleza Moreira, pondo a descoberto as 5 piscinas, pavimentos, alicerces, sistemas de canalizações e esgotos e estruturas murárias *2. |
Observações
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*1 - DOF: Construção conhecida por Piscina de D. Afonso Henriques. *2 - Quase ausência de espólio nas camadas estatigráficas relativas às fundações das estruturas romanas. |
Autor e Data
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Madeira Portugal 1992 / Lina Marques 1998 |
Actualização
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