Convento de Santo António de Ferreirim / Igreja Paroquial de Ferreirim / Igreja de Santo António

IPA.00004283
Portugal, Viseu, Lamego, Ferreirim
 
Convento masculino franciscano observante, com igreja de nave única, coro-alto, capela-mor e capela lateral. Semelhança da torre com a de Cárquere ( Resende) e do Castelo de Lamego (v. PT011805010003).
Número IPA Antigo: PT011805070010
 
Registo visualizado 802 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província de Portugal)

Descrição

Planta composta, irregular com volumes articulados e disposição horizontalista das massas. Coberturas diferenciadas de telhados de duas, quatro e cinco águas. Fachada principal com corpo central destacado, ladeado por dois outros de menor altura e em plano ligeiramente mais recuado. Três vãos de acesso a galilé, encimados por três fenestrações rectangulares, sendo a do meio inscrita por frisos e encimada por óculo. Corpo central rematado por frontão triangular armoriado coroado por cruz sobre pedestal. Pilastras encimadas por pináculos enquadram a fachada. Galilé, portante do coro-alto, composta por porta lateral de acesso ao corpo do lado esquerdo e pelo portal da igreja. Este é formado por duas arquivoltas de vergas rebaixadas, com o pé direito interior adornado com florões alternados com troncos de árvores com botões. O exterior decorado com folhagem. Sobre o fecho da abóbada um arco de querena centralmente armoriado. Alçado do lado esquerdo composto por corpo com duas fenestrações dispostas irregularmente, que se adossa ao muro da nave. Neste, quatro fenestrações de arco abatido e uma de pequenas dimensões em plano superior. Capela de planta octogonal de menor pé direito. Fachada tardoz com embasamento e duas fenestrações assimétricas. Face da torre que se junta à capela-mor pelo muro de altar lateral. Fachada do lado direito com duas portas. INTERIOR da igreja com nave única; coro-alto e capela-mor. Do lado do Evangelho, uma capela de arco a pleno centro policromado, planta octogonal e, assente sobre mísula, púlpito policromado. Do lado da Epístola, uma porta comunicante com o exterior; altar e púlpito. Tecto de caixotões de madeira. Arco triunfal policromado. Capela-mor com retábulo de talha dourada e, lateralmente, arcossólio armoriado, policromado, de D. Francisco Coutinho, composto por pilastras com capitéis que ladeiam um arco a pleno centro, que, no seu interior, recebe a arca tumular. Entablamento, frontão triangular, pináculos, medalhões e cogulhos completam o conjunto. Tecto de caixotões de madeira policromada com imagens de santos. Torre de planta quadrada com acesso em nível superior; balcões com cachorrada, gárgulas ameias e merlões. Interior iluminado por vão; frestas e janelas geminadas. Tecto de madeira piramidal.

Acessos

EN 226 Km 144,8, para Ferreirim a 2,2 Km

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 33 587, DG, 1.ª série, n.º 63 de 27 março 1944

Enquadramento

Rural em vale, isolado, separado por adro em zona de interesse paisagístico. Adossa-se à igreja uma torre.

Descrição Complementar

De destacar alguns painéis de pintura quinhentista atribuídos aos denominados mestres de Ferreirim: Cristóvão de Figueiredo, Garcia Fernandes e Gregório Lopes.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Devoluto

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lamego)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADOR: Bento José (1773). CANTEIRO: Manuel Rodrigues (1714). CARPINTEIROS: Manuel Esteves (1573), António Ferreira e Sebastião de Sousa (1702), João Monteiro e Manuel Pereira (1702-14), Francisco Gonçalves (1721), Pascoal Homem (1747); Timóteo Correia Monteiro (1770-75), José Pires (1773), Manuel da Fonseca e Manuel Monteiro (1775-77), Francisco José (1775-81), Manuel da Rocha Leitão (1777), Manuel de Oliveira Seabra (1777), Francisco Vieira Braga (1779); ENSAMBLADOR: Francisco Ferreira (1775-77); Manuel de Sousa e Gonçalo Viegas (1717); ENTALHADOR: Manuel de Carvalho (1711), António Mendes Coutinho, Luís de Sampaio e Manuel Monteiro (1746), João Correia Monteiro (1749). FUNDIDOR: José Sorrilha de Campos (1775); ORGANEIROS: Padre Francisco Esteves da Costa (1717); Luís Sousa (1777). OURIVES: António de Oliveira Andrade (1683); PEDREIROS: António de Bastos, Manuel Pais e Manuel Rodrigues (1702), António Ferreira da Silva e Simão Gonçalves (1710-14), Jerónimo Soares e João Soares Lírio (1717); António de Eirim e Jacob Fernades (1740), Tomás de Vila Verde (1775); Manuel Francisco de Oliveira (1775-77), Manuel Domingos (1778); Bento Canula; Manuel Ferreira (1797), Manuel da Costa Vale (1797). PINTORES: Mestres de Ferreirim: Cristóvão de Figueiredo (1533), Garcia Fernandes e Gregório Lopes (1534); Francesco Faschini (1775-77). PINTOR - DOURADOR: Luís António Ferreira, Manuel Teixeira da Fonseca e Manuel José de Morais (1747-78), José Pedro (1775). RELOJOEIRO: Veríssimo da Veiga Fragoso (1775); TORNEIRO: Diogo José (1747). VIDRACEIRO: José Cabral de Aguiar (1775-77).

Cronologia

1525 - D. Francisco Coutinho, por escritura de 28 de Janeiro, doa o terreno para a construção do convento com a condição de não se demolir a torre; 1527 - nova escritura, ampliando a área anteriormente dada (já nesta data assistiam aqui religiosos); 1532 - levantamento dos dormitórios; 1533, 27 Novembro - contrato entre o guardião do Mosteiro com Cristóvão de Figueiredo para a pintura dos três retábulos, por 105.000 reais; 1534, 22 Abril - Cristóvão de Figueiredo passa a pintura dos retábulos aos seus parceiros Garcia Fernandes e Gregório Lopes; séc. 16 construção do pórtico e do túmulo (últimos vestígios da primitiva igreja); 1573 - feitura dos arcazes da sacristia por Manuel Esteves; 1683, 22 Março - o ourives da prata, António de Oliveira Andrade, morador na Rua de São Francisco, em Lamego, contratou a obra de um lampadário; séc. 18 - construção da galilé e modificações diversas na igreja; obras de pedraria por Manuel Pais, natural de Dalvares, Tarouca, bom como de António de Eirim e João Fernandes, pela quantia de 210$000; 1702, 26 Março - contrato com Manuel Pais para a obra da chaminé de 4 paredes e arco de ligação à cozinha; Maio - Manuel Pais e António Bastos contratam a obra de pedraria da cozinha "para diante"; 29 Maio - contrato para a obra de carpintaria do mesmo espaço com António Pereira e Sebastião de Sousa, de São Vicente, Guimarães, por 350$000; execução da chaminé por Manuel Rodrigues, de Cepões; 28 Maio - contrato com António de Bastos e Manuel Pais, de Dalvares, para executarem a obra da cozinha para diante, por 670$000 *3; 29 Maio - pavimento do claustro pelos carpinteiros António Ferreira, residente em Lamego, na R. do Campo; 4 Junho - contrato com os carpinteiros João Monteiro, morador na R. do Campo, em Lamego, e Manuel Pereira para o conserto dos dormitórios; 10 Setembro - contrato com o carpinteiro Manuel Pereira para o conserto do claustros, por 800$000; 17 Setembro - obras de pedraria por António de Basto e Manuel Pais, de Dalvares; 1703, 10 Janeiro - obrigação de Manuel Pais e António Bastos repararem a chaminé, cuja obra ficara imperfeita; 1710, 22 Abril - contrato com António Ferreira da Silva e Simão Gonçalves para a execução da fachada principal e portaria do convento, por 3:320$000; 1711, 12 Novembro - execução do forros do coro e portaria, bem como das respectivas portas, e soalho da torre pelo carpinteiro Manuel Pereira, por 650$000; 20 Novembro - contrato com Manuel de Carvalho, que habitava em Britiande, para a execução do cadeiral com 36 cadeiras, em uma única fiada, com assentos e espaldares de nogueira, tendo nos braços uns leões, e o demais em castanho; refere que o óculo será transformado em três frestas, a do meio encimada pelo nicho de Santo António; contrato com Manuel Pereira para a execução do coro e soalho da Casa da Torre, por 650$000 réis; 1714, 20 Março - contrato com João Monteiro e Manuel Pereira para o forro da igreja, a fazer 91 painéis, forro da escada nova, alcovas da Casa da Hospedaria, estante para a Casa Nova, por 515$000; contrato com o pedreiro de Lamego, morador em Santo Aleixo, António Ferreira da Silva, para obras nas paredes da igreja e colocação de ladrilho na Casa Velha do Capítulo, conforme apontamentos do mestre canteiro Manuel Rodrigues; 1717, 20 Janeiro - contrato com João Soares Lírio para a feitura do cruzeiro, adro com dois portais e escada, por 120$000; Março - execução da casa para o órgão; 5 Dezembro - contrato para o órgão com Francisco Esteves da Costa, de Melgaço, o qual receberia o órgão velho e 400$000, além da alimentação; teria 8 registos, cada com 42 canos, tendo o primeiro cano de fundamento 10 palmos; 20 Janeiro - contrato com o pedreiro João Soares Lírio, de Vila Meã, para as obras do cruzeiro; Março - contrato com Jerónimo Soares para as obras do cruzeiro; 22 Abril - contrato para a feitura das grades, oratório, estante do coro, pelos ensambladores Manuel Sousa e Gonçalo Viegas; 5 Dezembro - contrato com o Padre Francisco Esteves Costa, de Melgaço, para a execução do órgão; 31 Dezembro - contrato com João Soares Lírio para a construção da casa do órgão; 1721, 28 Fevereiro - contrato com Francisco Gonçalves para a obra na Casa dos Moços, que já havia sido arrematada por Francisco Vieira Braga, por 246$000; 1726 - no Aquilégio Medicinal, surge referida a Ermida de São Bernardino, com uma fonte próxima, com água muito fria; 1740, 2 Fevereiro - obras de pedraria pelo galego Jacob Fernandes, da Rua d'Além e de António de Eirim *4; 1740, 27 Dezembro - ampla obra de carpintaria por Manuel Leitão, por 285$000 *5; 1744, 27 Junho - contrato com João Correia Monteiro para o retábulo-mor, por 1:000$000; 1746, 20 Agosto - contrato da obra de pedraria da casa da hospedaria com o mestre entalhador António Mendes Coutinho, Luís de Sampaio, da Rua do Castelo, e Manuel Monteiro, da Rua da Seara, tudo de pedra e cal, bem ligado à parede da enfermaria e da torre, por 52$500; 1747, 10 Março - contrato com o torneiro Diogo José, para a feitura das grades da igreja, forro da Casa da Hospedaria e cachorrada à volta do claustro, por 98$000; 11 Outubro - contrato para a obra de douramento e pintura da tribuna e tecto da capela-mor da igreja por Luís António Ferreria, Manuel Teixeira da Fonseca e Manuel José de Morais, por 690$000, vindo o segundo a terminar a obra; 23 Agosto - contrato com o carpinteiro Pascoal Homem para a feitura da aula da Casa da Torre, por 94$000; 1749 - obras de talha, por João Correia Monteiro; 1770, 18 Dezembro - contrato com Timóteo Correia Monteiro para obra de carpintaria, pedraria e pintura por 645$000; 1773 - obra de carpintaria por José Pires; 10 Maio - contrato com Timóteo Correia Monteiro para obra de pedraria e talha por 540$000; 1775 - José Pedro arrematou obra de pintura e dourado no convento; contrato com o mestre sineiro, José Sorrilha de Campos, do lugar de Granja Nova, Ucanha, para fundir 3 sinos para a torre, a 2$400 réis a arroba; Agosto - contrato com o pedreiro Tomás de Vila Verde para a obra do campanário; 3 Agosto - contrato com Timóteo Correia Monteiro para a fonte e casa da enfermaria, por 940$000; 10 Agosto - execução da caixa do relógio por Manuel Monteiro, por 19$000; o relojoeiro Veríssimo da Veiga Fragoso fez o relógio de pêndulos, com 4 palmos de comprido, por 20 moedas de ouro; o carpinteiro Francisco José trespassou uma obra de carpintaria a Timóteo Correia Monteiro; 1775 - 1777 - o vidraceiro José Cabral de Aguiar, morador na Praça de Cima, em Lamego, arrematou a obra das vidraças, por 100$000; Francesco Fachini, pintor romano, pintou uma "Anunciação"; 1777, 2 Julho - contrato com o organeiro Luís Sousa para compor o instrumento, por 90$000; 15 Julho - contrato com Manuel Francisco de Oliveira para o tanque e parede do jardim, por 97$000; 16 Julho - contrato com o ourives João António de Oliveira para a feitura de 2 lâmpadas, como as da Capela do Senhor dos Passos do Convento da Graça, 3 cálices, semelhantes aos da sacristia da Sé, 1 custódia, do mesmo tamanho da de São Francisco, 1 caldeirinha e hissope, 1 prato e galhetas, 1 naveta, semelhante à de Valdigem, 1 turíbulo, semelhante ao do Convento de Santa Teresa, e 1 lavatório e um cálice mais rico, para as festas; 17 Julho - contrato com Manuel Monteiro para a obra do forro da hospedaria e enfermaria, por 90$000; 18 Agosto - o pedreiro Manuel Francisco arrematou a obra da Capela do Santíssimo, por 450$000; 25 Agosto - contrato com Manuel da Fonseca para o forro da sacristia e soalho da igreja, por 85$000; contrato com Timóteo Correia Monteiro para as tribunas do convento por 295$000; 26 Agosto - contrato com o mesmo para a feitura das sanefas por 44$800; contrato para a execução do arcaz da sacristia com o ensamblador Francisco Ferreira e o carpinteiro Manuel de Oliveira Seabra; 27 Agosto - contrato com Manuel da Rocha Leitão para a obra de carpintaria e estuque na Capela do Santíssimo, por 93$000; 1778, 9 Junho - contrato com João Correia Monteiro para executar os retábulos do Santíssimo e outra capela, que o filho não terminara por ter falecido, por 295$000; 14 Dezembro - obra no mesmo espaço pelo pedreiro Manuel Domingos; contrato com Manuel José de Morais para dourar e pintar o retábulo do Sacramento e o da capela em frente, por 220$000; 1779, 1 Janeiro - Francisco Vieira Braga, mestre de carpintaria, morador na Campo das Freiras, na cidade de Lamego, por 225$000, que não chegaria a executar; 1797, 5 Fevereiro - contrato com o pintor Manuel da Costa Vale para a pintura do convento por 580$000; 6 Fevereiro - o pedreiro Manuel Ferreira arrematou um valado por detrás da igreja e em toda a volta dela, para escoar as águas, pelo valor de 3$800 réis a braça; 1954, 27 Dezembro - incêndio arruinou parte do imóvel e destruíu o órgão; 2001 - o mau tempo provocou a queda parcial da zona conventual.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma e paredes autoportantes.

Materiais

Granito, rebocos e madeiras.

Bibliografia

CORREIA, Vergílio, Artistas de Lamego, Subsídios para a História de Arte Portuguesa, XI, Coimbra, 1923; IDEM, Vasco Fernandes, Mestre do Retábulo da Sé de Lamego, Coimbra, 1924; IDEM, Pintores Portugueses dos Séculos XV e XVI, Coimbra, 1928; SOLEDADE, Frei Fernando da, História Seraphica, parte IV; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; AZEVEDO, Correia de, Património Artístico da Região Duriense, Porto, 1972; COSTA, M. Gonçalves da, História do Bispado e Cidade de Lamego, Lamego, 1979; Guia de Portugal, vol V, nº. II, Lisboa, 1988; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. I, Braga, 1990; GUIA, A. Bento da, Apontamentos para uma História de Santa Maria de Mós e Ferreirim, Ferreirim, 1997; HENRIQUES, Francisco da Fonseca, Aquilégio Medicinal, Lisboa, 1998 [1.ª ed. de 1726]; SERRÃO, Vítor, André de Padilha e a Pintura Quinhentista entre o Minho e a Galiza, Lisboa, 1998; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, 3 vols., Viseu, 2001; SERRÃO, Vítor, A Arte da Pintura na Diocese de Lamego (séculos XVI-XVIII), in O Compassao da Terra - a arte enquanto caminho para Deus, vol. I, Lamego, Diocese de Lamego, 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1702, 4 Junho - conserto do pavimento e forro do dormitório velho, por 750$000; 1773, 2 Maio - contrato com Bento José para caiar o convento e restaurar os telhados, por 110$000; DGEMN:1955 - Continuação das obras de consolidação e restauro, pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; 1956 - obras de pequena envergadura, pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; 1977 - recuperação da capela-mor; IPPAR: 2001 - recuperação da zona conventual arruinada (em curso).

Observações

*1 - a igreja de Ferreirim fazia parte do desaparecido convento de Ferreirim. *2 - o remate do pórtico foi cortado pelo coro-alto; marcação no exterior de um arco a pleno centro. *3 - "desde o cunhal do dormitório até ao cunhal da livraria se há-de fazer o pano de cantaria para dizer com o dormitório, e entablamento da mesma sorte que tem o dormitório, ao nível um com o outro; nesta parede se hão-de pôr dois balaústres, um no meio outro na quina, a parede será de grossura da do dormitório e rebocadas as janelas de cal; na casa da cozinha se há-de fazer, para a parte da Cerca, duas janelas de batente, de seis palmos de alto e três e meio de comprido, com suas grades de ferro, de sorte que por elas não possa entrar uma pessoa. Na casa em que fica a cozinha se hão-de fazer duas celas com duas janelas de batente para a parte da copa, de assento e peitoril que condigam com as do dormitório, e na casa última se hão-de fazer duas janelas da mesma sorte e para a mesma parte; a chaminé se há-de acomodar entre dezasseis palmos de comprido e catorze de largo, e nela se há-de abrir uma janela de dois palmos e meio de largo e cinco de alto, com grades de ferro. As paredes terão até ao sobrado quatro palmos e meio, e para cima até ao telhado três e meio, e no telhado, em redondo da chaminé, um caleiro de pedra assentado em cal, com duas gárgulas para a parte da Cerca, e do telhaod até buscar o olivel há-de ser de perpianho com seus buracos; há-de ter a chaminé um arco abatido de pedra lavrada e outro mais por cima, de pico grosso, assentos de cantaria pelas duas bandas, ladrilhada toda de pedra e uma pedra furada ao alto da parede, para andar o pau do caldeirão, e há-de ser toda a chaminé rebocada de cal pela parte de dentro e por quanto, diz à cozinha, como também a mesma cozinha. Há-de fazer-se, na parede da parte do Eirado, duas frestas de batente com grades de ferro que hão-de ter dois palmos e meio de largo e cinco de comprido, para darem luz à despensa, na qual se há-de fazer pela parte de dentro uma parede atravessada. Na parede de fora se hão-de fazer duas janelas no corredor que vai para a casa última, de assento e peitoril, de quatro palmos de largo e cinco de alto, e na casa da cozinha, o cano da água, para a parte direita que despeje para a Cerca, com as pias de pedra, e fazer-se o cano de chumbo com o repuxo que for necessário. Na área das secretas se há-de fazer um cano de pedra de seis palmos de largo, lajeado pelas partes, descoberto por cima (...)" (ALVES, pp. 132-133). *4 - a porta da casa da tulha será mudada para a casa "Deprofundis" e a que está na entrada desta, metida no meio da parede antes da última casa; serão ladrilhados a casa "Deprofundis", com "assentos de bocel e filete e colarinho e sua meia-cana com seus cachorros em modo de quartelas, bem feitos e escodados e ladrilho de pico miúdo e junta de cinzel"; o refeitório será acrescentado, passando a ter 65 palmos de comprido com 6 mesas de cada banda e mais uma, todas com 16 palmos de comprido, "com seus encaixes dos cachorros para se meterem as gavetas de pau, e com, seus assentos em redor", um púlpito de pedra e escada do mesmo material; as 3 frestas do refeitório ficarão todas ao mesmo nível e com molduras de pedra; a casa adiante da tulha será ladrilhada, com 3 talhas de pedra e um "bueiro que deite a água para fora"; a estrebaria e alpendre onde se mata a vaca, feito de novo, em madeira e telha, surgindo, na estrebaria, duas manjedouras de pedra lavrada; desentulhar a casa por baixo da livraria e endireitar as pias da cozinha; conserto da coelheira e arranjo dos telhados onde for necessário (ALVES, pp. 275-276). *5 - a obra consistia em fazer o forro do refeitório, com florões e rompantes lisos, formando 65 painéis, tendo, no central, uma tarja com as armas dos fundadores, forro semelhante na Casa de Profundis, porta almofadada no refeitório, outra do claustro para a Casa de Profundis, outra desta para a cozinha e outra do refeitório para a casa que lhe fica anexa, assentos da Casa de Profundis e refeitório e respectivos pavimentos em soalho, 22 gavetas paras as mesas do refeitório e outras no armário embutido, fechar 3 tulhas, forrada com o forro antigo do refeitório e rótula na fresta, porta para a fresta da loja, porta da cozinha para a cerca, banca na cozinha, reparo dos respectivos armários e mesa e feitura de rótulas para as 3 janelas, porta do claustro para a Casa dos Moços, onde se farão duas portas e uma terceira na estrebaria; sobrado da Casa dos Moços e celas, porta na cerca de cima, 3 janelas no dormitório novo, 3 bancos de espaldas, adufas para as janelas sobre a portaria, rótula para a janela da livraria, reparo dos sobrados da torre e respectivas escadas, porta do jardim para a cerca, estante para o púlpito, para o refeitório e "dois mancebos para os candeeiros" (ALVES, vol. II, pp. 80-83).

Autor e Data

João Carvalho 1997

Actualização

 
 
 
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