Ponte sobre o Rio Lima
| IPA.00000424 |
Portugal, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Arca e Ponte de Lima |
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Ponte de tipo arco, construída provavelmente no séc. 01, e reformada na época medieval, em gótico, passando a ser fortificada com duas torres, e a integrar o sistema defensivo da vila *1. A ponte é composta por dois troços distintos: um romano, mais simples e mais largo, como era comum nas pontes romanas, com o tabuleiro assente em arcos de volta perfeita, de aduelas rusticadas e com visíveis vincos fórfex, apesar do último já ser apontado, possivelmente devido a reforma posterior. O troço medieval, em cantaria siglada, assenta em arcos apontados, dois deles soterrados, devido a arranjos urbanísticos, com talha-mares prismáticos a montante e quadrangulares do lado oposto, encimados por olhais, também de arco apontado. Das torres que a fortificavam, subsiste apenas a base da Torre Velha, a norte, já nada restando da Torre dos Grilos, que ficava no extremo oposto, no alinhamento das muralhas da vila, onde hoje é a R. Amoroso Lima. O tabuleiro com guarda plena tem sensivelmente a meio marco de delimitação territorial, em forma de cruzeiro, com as armas da vila, já referenciado em 1758. O troço medieval representa em Portugal um novo protótipo de ponte, imitando outras espanholas existentes no caminho para Santiago, como Puente la Reina (Navarra) ou a de Zamora, que depois se reproduziu no norte do país, em Ponte da Barca e em Vilar de Mouros. |
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Número IPA Antigo: PT011607350002 |
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Registo visualizado 7523 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Estrutura Transportes Ponte / Viaduto Ponte pedonal / rodoviária com torre-portagem Tipo arco
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Descrição
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Ponte composta por dois troços distintos, um romano e outro medieval. O troço medieval possui tabuleiro rampante muito suave, assente sobre quinze arcos apontados, visíveis, um deles ainda com soleira, com talha-mares de forma prismática a montante e quadrangulares do lado oposto, encimados por olhais, também de arco apontado. O tabuleiro tem pavimento lajeado, lateralmente com ralos de escoamento direcionado para as gárgulas, de canhão, que se dispõem irregularmente. É protegido por guarda plena de cantaria, com alvéolos marcados, sendo encimado, sensivelmente a meio, do lado montante, por cruzeiro, de coluna facetada, cruz latina de braços rematados em flor-de-lis e escudo no capitel, com as armas da vila. A norte a do troço medieval subsiste base de uma das torres que a fortificava, avançando para jusante, de planta quadrangular e corpo terminado ao nível da guarda do tabuleiro. A partir da torre, desenvolve-se o troço romano da ponte, muito simples, de tabuleiro rampeado e mais largo que o troço medieval, assente sobre sete arcos de volta perfeita e apontados, dispostos irregularmente e com diferente amplitude de vão. Os arcos têm aparelho rústico e denotam ainda os fórfex para içar as pedras. O sétimo arco, a norte, e do aldo montante, está entaipado pelo maciço onde assenta a Igreja de Santo António da Torre Velha e o seguinte, mas do lado jusante, está também entaipado, restando apenas cinco arcos visíveis. Possui igualmente guarda plena de cantaria, marcado por alvéolos. |
Acessos
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Ponte de Lima, Largo Luís de Camões; Rua Conde da Barca. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,768960; long.: -8,585221 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DR, 1.ª série, n.º 269 de 21 novembro 1977 |
Enquadramento
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Urbano, fluvial e destacado. Implanta-se diretamente sobre terreno de aluvião, sobre o rio Lima, ligando a vila de Ponte de Lima, na margem esquerda do rio, à margem direita, conhecida como Além do Rio. Entre os dois troços que a compõem, ergue-se a Igreja de Santo António da Torre Velha (v. IPA.00002217) e, sobre a base da antiga torre intermédia, a guarda integra Alminhas, de planta retangular e face frontal revestido a azulejos, ladeada por aletas e rematada em frontão curvo coroado por pináculos e cruz (v. IPA.00003482) Nas imediações, Junto ao leito do rio, ergue-se a Capela do Anjo da Guarda (v. IPA.00002239). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Transportes: ponte |
Utilização Actual
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Transportes: ponte |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 01 (conjetural) / 14 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Baltazar de Castro (1929). |
Cronologia
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Séc. 01 - provável construção da ponte, conservando ainda um troço romano, integrada na via militar do antigo "Conventus Bracaraugustanus" que, de Braga ia para Tuy, mandada abrir pelo Imperador Augusto; 1370 - segundo inscrição, concluem-se as obras de fortificação da vila, mandadas fazer por D. Pedro I, e onde se integrava a ponte; 1504 - D. Manuel manda fazer novo calcetamento da ponte e colocar merlões na guarda da mesma; 1746, dezembro - corregedor pede à Câmara que mande tapar a pedra e cal a porta do torreão do meio da ponte; 1758 - segundo o abade Manuel de Abreu, nas Memórias Paroquiais da freguesia de Arcozelo, a ponte que estabelecia a ligação entre a vila de Ponte de Lima e Arcozelo, é composta por "trinta e oito arcos", a que lhe dá "formuzura" "huma torre de cantaria antiga em correspondencia de outra que fica da parte da villa. No meio da ponte está huma cruz de pedra que serve de separar o destricto desta freguesia e devidir a comarca eclesiástica de Valença da de Braga" (Capela, p. 321); 1780 - representação da ponte em desenho de Justino Valente, conservando ainda os merlões coroando a guarda; 1812 - segundo gravura inglesa, a ponte já não tem os merlões; 1858 - fotografia documenta a existência da Torre Velha, na margem direita; pouco depois, a vereação da Câmara, alegando necessidades de tráfego, arrasa as torres que fortificavam a ponte; depois da demolição da Torre Velha, uma lápide alusiva a essa demolição da torre é colocada sobre o primeiro arco junto ao Largo Camões, ladeada por dois anjos com turíbulos; 1862, 05 junho - a Irmandade de Santo António, proprietária da Torre Velha desde tempos remotos, vende-a por 72$000 para ser demolida; 1887 - Miguel Roque dos Reis diz que a ponte mede 277 m de comprimento por 4 m de largura; 1929, novembro - nomeação do arquiteto Baltazar de Castro para integrar a Comissão "para dar o parecer sobre as obras na Praça de Camões, das quais resulta o entaipamento de dois arcos da majestosa Ponte de Lima" (Portaria de 13 novembro 1929, Diário do Governo n.º 262, 2.ª série); com a remodelação do Largo Camões a lápide alusiva à demolição da Torre Velha fica caída no chão, ao abandono, durante muito tempo, tendo depois sido recolhida no adro da Igreja da Misericórdia *2; 1939 - cheias provocam o derrubamento de cerca de 30 m das guardas da ponte. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante . |
Materiais
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Estrutura em granito com aparelho "quadratum" e "vittatum". |
Bibliografia
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ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Alto Minho. Lisboa: Editorial Presença, 1987; ARAÚJO, José Rosa de - Caminhos Velhos e Pontes de Viana e Ponte de Lima. Viana do Castelo: 1962; AURORA, Conde d' - Roteiros da Ribeira Lima. Porto: 1959; GUIMARÃES, Feliciano - «Pontes e Calçadas». In Lusíada. vol. 4, n.º 13, outubro 1960, pp. 43-48; LEMOS, Miguel Roque dos Reis - Apontamentos para as Memórias das Antiguidades de Ponte de Lima. s.l.: 1873; MACHADO, A. de Sousa - A Ponte Romana de Ponte de Lima. Separata das Actas do I Colóquio Portuense de Arqueologia (STUDIUM GENERALE, vol. IX). Porto: 1962; PEREIRA, F. Alves - «Os Arcos Romanos em Ponte de Lima». In Limiana. N.º 2, agosto 1912, pp. 29-35; PINTO, Paulo Mendes (direção) - Pontes Romanas de Portugal. Lisboa: 1998; RIBEIRO, Aníbal soares - Pontes Antigas Classificadas. S.l.: Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território; Junta Autónoma das Estradas, 1988. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1929 - obras de alargamento do Lg. Luís de Camões entaipando 2 arcos da ponte; 1936 - conclusão das obras no lg. de Camões; restituição do cruzeiro existente a meio da ponte com a substituição do braço horizontal da cruz; colocação da lápide de D. Pedro I e chanframento da entrada da ponte; 1937 - construção de um aqueduto pela câmara junto a um dos arcos da ponte; 1938 - comparticipação de 2.500$00 para obra de recuo de prédios para retificação da EN 12 na R. António Feijó; 1946 - reconstrução parcial dos talha-mares, alguns parcialmente demolidos; 1949 - Refechamento de juntas dos paramentos verticais da ponte; 1954 - colocação de uma coluna, armada em ferro, a montante da ponte e junto à entrada da vila destinada à montagem de linhas de alta tensão, pela Empresa Hidro-Eléctrica; 1959 - Consolidação urgente do troço mais antigo: demolição dos tímpanos, reforço das abóbadas com sobre - arcos de betão armado e reconstrução dos tímpanos pela Junta Autónoma de Estradas - Direção dos Serviços de Pontes; Obras de conservação no trecho romano com 2 fases: a de super estruturas e a infra estrutura de proteção das fundações e pavimento; 1960 / 1961 - concretização das obras supracitadas; 1962 - estudo do sistema de iluminação para a ponte romana; 1974 - colocação coaxial interurbano Braga - Viana, passando pela ponte sobre o Lima; 1988 - trabalhos de construção civil e eletricidade; trabalhos de recuperação e consolidação - reforço de cantarias das abóbadas; 1989 - iluminação pública; remoção do lajedo existente, fornecimento e assentamento de um novo, consolidação e limpeza geral; 1990 - continuação da pavimentação; 1991 - encontrados cinco merlões da ponte no rio; continuação da pavimentação: remoção do lajedo existente, fornecimento, e assentamento do novo, consolidação das abóbadas e limpeza geral; 1993 - iluminação dos arcos com projetores estanques para lâmpadas tubulares; CMPL: 1997 - revalorização da ponte (1ª fase), com recolocação parcial de merlões sobre o parapeito. |
Observações
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*1 - A estereometria do aparelho permite detetar várias reconstruções que, segundo A. de Sousa Machado, se alinham da seguinte forma: 1) inicialmente tinha o seu tabuleiro horizontal; 2) reconstrução com pavimento formado pelo extradorso dos arcos ligados entre si por pedra e entulhados, notando-se ainda as relheiras; 3) recobre-se os arcos, ficando com pavimento de cavalete, mas desprezando-se parte da largura dos arcos primitivos (cerca de 50 a 70 cm de cada lado), os quais já não foram totalmente aproveitados para o leito da ponte; 4) a ponte medieval foi emendada na romana, da Igreja de Santo António para poente, no maciço que separa os seus cinco arcos romanos (quatro de volta perfeita e o quinto apontado) dos outros dois, já de reconstrução medieval, como denota o seu aparelho e as siglas. *2 - A lápide proveniente da demolida Torre Velha, com as armas de Portugal, volta a estar no local da antiga estrutura defensiva da ponte, junto à Igreja de Santo António da Torre Velha, entre os troços medieval e romano, assente sobre quatro cilindros em aço inox, e dispondo de placa explicativa. |
Autor e Data
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Paula Noé 1992 / 1995 |
Actualização
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João Almeida (Contribuinte externo) 2019 |
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