Igreja Paroquial de Chaves / Igreja de Santa Maria Maior

IPA.00004153
Portugal, Vila Real, Chaves, Santa Maria Maior
 
Igreja paroquial de raiz medieval, mas com vestígios testemunhando fases importantes da sua estrutura cronológica. Da construção medieval conservou a imponente torre, rasgada por duas sineiras por face, com molduras e frisos de interligação decorados com boleados, motivos vegetalista e em ziguezague, apresentando frontalmente portal românico, precedido por nártex, com arquivoltas e molduras decoradas, assentes em colunelos com capitéis esculpidos, e nas paredes frestas, siglas, mísulas antropomórficos, bem como fragmento de friso com enxaquetado integrado na parede sobre a porta travessa S.. As transformações ocorridas no séc. 16 são particularmente visíveis nos portais, o da fachada lateral esquerda mais rico do que o principal, e na abóbada estrelada da capela-mor. A estrutura da capela-mor e a colocação da imagem da padroeira na sua fachada posterior obedece a uma tipologia que toma como modelo a capela-mor da Sé Catedral de Braga e que se estende até à Galiza, com um notável exemplar na Igreja de Santa Maria de Pontevedra. É de planta poligonal composta por três naves e cinco tramos, separados por arcos de volta perfeita assentes em colunas, cobertas por tectos de madeira, e capela-mor mais baixa, coberta por abóbada estrelada com combados ao centro, ladeada por capela lateral e sacristia. Fachada principal com naves escalonadas, a central terminada em empena e rasgada por portal maneirista, em arco de volta perfeita ladeada por pilastras suportando frontão triangular, encimado por óculo, e integrando torre sineira na lateral esquerda. Fachadas laterais terminadas em cornija, rasgadas por portal em arco de volta perfeita, o da lateral esquerda com decoração maneirista, e janelas rectangulares, e a posterior da capela-mor com contrafortes, terminada em cornija recta, rasgada por nicho com decoração boleada. Interior com coro-alto revestido a talha pintada a marmoreados fingidos, com seis capelas laterais e duas colaterais em arco de volta perfeita albergando retábulos tardo-barrocos, os primeiros de estrutura semelhante, de planta recta e um eixo, e o colateral do Evangelho de planta convexa e três eixos. O órgão é igualmente tardo-barroco, de influência alemã, de disposição simétrica, com castelos intercalados por nichos, e assente em duas mísulas, típico da organaria nortenha. A capela-mor é ainda percorrida interiormente por friso com inscrição e exteriormente na fachada posterior. No interior, destaca-se a Capela do Santíssimo, adossada à capela-mor pelo lado do Evangelho, e comunicando com a mesma, coberta por cúpula de pendentes com lanternim, e com teia em pau-preto com inscrição em metal. Os painéis de azulejos que ladeiam o vão desta capela, com alegorias às Virtudes, e o que encima o arco triunfal, com a Assunção da Virgem, são já rococós. O retábulo-mor é recente e reaproveita elementos de talha. Retábulo colateral da Epístola de um eixo, mas com mísulas a ladear o nicho central, dando a ideia a três e possuindo no ático aletas suportando fragmentos de cornija ornadas de enrolamentos, tudo dinamizando a sua estrutura. De referir ainda a pia baptismal, com taça monolítica decorada com motivos vegetalistas, o lavabo da sacristia, maneirista, com espaldar de duas penas, e o pequeno retábulo que encimava o arcaz da sacristia, em talha dourada, de transição, conciliando ainda elementos maneiristas com a estrutura de barroco nacional.
Número IPA Antigo: PT011703500021
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por três naves, divididas por oito arcos de volta perfeita apoiados em quatro colunas cilíndricas, e capela-mor, quadrangular, ladeada por sacristia, rectangular e capela, trapezoidal, em eixo, com torre sineira e sacristia, também rectangulares, adossadas, respectivamente, à nave central, a N. e à nave lateral, a S.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, na nave central, de uma, nas laterais e sacristias, de três, na capela-mor e de quatro, na capela lateral, esta coroada por lanternim, e torre sineira. Fachadas em cantaria de granito, em fiadas de aparelho irregular, percorridas por embasamento saliente e terminadas em cornija simples sobreposta por beiral. Fachada principal orientada, de naves escalonadas, a central terminada em empena de cornija rematada por cruz vazada, com três panos, e rasgada por portal em arco de volta perfeita, enquadrado por pilastras toscanas que suportam frontão triangular, sobrepujado por óculo circular; a nave esquerda integra a torre sineira e a direita, terminada em meia empena, é rasgada por janela, rectangular, gradeada. Torre sineira com três registos, o primeiro rasgado por arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, sobrepostas, tendo num plano recuado portal em arco de volta perfeita de tímpano liso, com quatro arquivoltas, decoradas por motivos geométricos ou vegetalistas, assentes em quatro colunelos com capitéis esculpidos de estilização vegetal, encimado por mísula central; o segundo registo é rasgado por frestas nas fachadas O. e N. e o terceiro é definido por cinco modilhões, antropomórficos, com duas sineiras por face, em arco de volta perfeita, decoradas por friso de decoração boleada, tendo na fachada O. imagem esculpida representando Cristo em magestade. Remate em cornija, assente em modilhões colocados nos cunhais e cobertura em coruchéu com telha de beiral saliente. Fachadas laterais rasgadas por porta travessa, em arco de volta perfeita, ladeada por três janelas rectangulares e uma fresta, com capialço, e, na nave central, quatro janelas, rectangulares, jacentes; a lateral N., onde melhor se observa o escalonamento dos corpos, é reforçada por contraforte na junção da capela lateral com a nave, e o portal, moldurado e sobrepujado por dois medalhões com as imagens de São Pedro e São Paulo, é enquadrada por pilastras, assentes em plintos de faces almofadadas, com fuste decorado com brutescos, suportando frontão triangular com pináculos, assente em friso com decoração vegetalista enrolada e zoomórfica. A fachada lateral S., parcialmente encoberta pela sacristia, de dois pisos, tem a porta travessa sobrelevada e mais um janela, gradeada, sobre o embasamento, iluminando o baptistério. Fachada posterior marcada pela capela-mor terminada em friso, com inscrição, e cornija com duas gárgulas, reforçada por contrafortes nos cunhais, coroados por pináculos, com dois registos definidos por friso simples, tendo no superior nicho em arco de volta perfeita, com decoração boleada, albergando a imagem de pedra de Santa Maria Maior, sobrepujado por janela, rectangular, jacente, gradeada. INTERIOR com paredes em cantaria de granito aparente, iluminado por oito vãos confrontantes, com vitrais representando cenas da vida de Nossa Senhora, e janelas jacentes rasgadas sobre as coberturas das naves laterais. Coro-alto prolongado pelas três naves, sobre trave de betão, revestido de madeira, assente em quatro pilares adossados, com guarda em balaustrada de madeira pintada a marmoreados fingidos, acedido por escada com guarda de plena de cantaria, disposta no lado da Epístola. Sub-coro com tecto em caixotões, guarda-vento central de madeira, pintada a marmoreados fingidos; no lado da Epístola tem baptistério protegido por grade de ferro forjado, com pia de pedra de base prismática, octogonal e taça monolítica, circular, com decoração vegetalista, rasgando-se na parede nicho de alfaias, de arco quebrado, e no do Evangelho acesso à torre sineira. Nas naves laterais abrem-se confrontantes, duas portas travessas ladeadas por pia de água benta, com guarda-vento de madeira, terminado em frontão interrompido e pináculos laterais, pintado a marmoreados fingidos, e dois confessionários embutidos na parede, de verga recta encimada por cornija recta. Ao longo da nave rasgam-se ainda seis capelas laterais, em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando retábulos de talha policroma a cinza, azul e dourado, de planta recta e um eixo. No primeiro vão da nave central, surge do lado da Epístola, assente em arco de volta perfeita sobre pilares de faces almofadadas, e duas mísulas, grande órgão de talha policroma, a verde, vermelho e dourado, com decoração antropomórfica e vegetalista e coreto de barriga curva. Pavimento soalhado e tecto de madeira, com a estrutura da cobertura à vista. Arco triunfal quebrado encimado por painel de azulejos historiados, monócromos azuis sobre fundo branco, com representação da Assunção de Nossa Senhora. Capela-mor cerrada por grade de comunhão, em pau-preto; é percorrida a meia altura por friso com inscrição, moldurado por dupla cornija, abrindo-se confrontantes, duas portas em arco abatido, de aduelas largas, de acesso à sacristia e à capela do Santíssimo, e duas frestas, de capialço, que interrompe o friso. Sobre supedâneo de três degraus de perfil curvo ao centro, dispõem-se o retábulo-mor de talha em marmoreados fingidos e dourado, de planta recta e três eixos, definidos por pilastras, que intercalam três nichos em arco contracurvado, encimados por decoração marmoreada e terminado em entablamento de cornija recta e com estrias no friso, coroado por Calvário com as figuras de vulto; banco decorado com apainelados, tendo três almofadas contendo losango. Mesa de altar paralelepipédica, de granito, com frontal formando três almofadas, esculturadas com motivos "flamenguizantes", pintados em tons de rosa e verde. Ladeando o retábulo-mor, rasga-se do lado do Evangelho na parede testeira, nicho em arco canopial, ladeado por pilastras toscanas, de fuste almofadado, assente em parapeito decorado de acantos, suportando frontão triangular coroado por urnas laterais e cruz central; no interior, possui o fundo relevado com estrelas e o sol e, no tecto, um querubim. Pavimento em lajes de granito e cobertura em abóbada estrelada com combados ao centro, apoiada em mísulas dispostas nos cantos. No topo da nave lateral da Epístola, rasga-se à face capela com arco de volta perfeita, albergando retábulo de talha dourada e policroma, de planta recta e um eixo. No topo da nave do Evangelho, abre-se a Capela do Santíssimo, com arco de volta perfeita ladeado por painéis de azulejos monocromos azuis sobre fundo branco, figurando a Justiça (Epístola) e a Fé (Evangelho), albergando no interior retábulo de talha policroma de planta convexa e três eixos. A sacristia rebocada e pintada de branco, tem pavimento soalhado e tecto de madeira, pequeno retábulo de talha dourada e lavabo de espaldar rectangular, decorado com duas almofadas decoradas com carrancas, tendo bica central de cobre, encimadas por depósito em arco de volta perfeita, terminado em duplo friso e cornija recta; taça rectangular de perfil exterior curvo.

Acessos

Santa Maria Maior, Praça de Camões, Praça da República

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997

Enquadramento

Urbano, isolado, integrado na malha urbana, intra-muros, em terreno plano. Fachada principal voltada para a Pç. de Camões, à frente da qual se ergue a Câmara Municipal (v. PT011703500121), à esquerda a Igreja da Misericórdia (v. PT011703500088) e o Museu Flaviense, antigo Paço dos Duques de Bragança (v. PT011703500068) e à direita um interessante conjunto de casas de habitação setecentistas e oitocentistas e a Capela de Nossa Senhora do Loreto ou da Santa Cabeça (v. PT011703500055). A fachada N. abre-se à Pç. da República onde se ergue o Pelourinho de Chaves, manuelino, coroado pela esfera armilar (v. PT011703500002).

Descrição Complementar

Grande órgão com caixa de planta trapezoidal, composto por três castelos em meia cana, o central mais elevado, intercalados por quatro nichos sobrepostos, surgindo ainda mais quatro nas ilhargas; estes elementos são separados por pilastras e rematados em cornija, apresentando a gelosia em harpa nos nichos e em cortina nos castelos. Nestes, surgem as trompas de palheta em leque. Coreto sobre o arco e assente em duas mísulas, com atlantes e cartela com mascarão ao centro, tudo unido por festões, e com guarda de barriga central. Retábulos laterais de estrutura semelhante, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso e capitel coríntio, assentes em duas ordens de plintos, os inferiores mais altos e almofadados com decoração fitomórfica; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com moldura sobreposta no topo por acantos recortados, enquadrado por seguintes, ornados de elementos vegetalistas, e o interior pintado de azul e flores, albergando imagem sobre mísula; ático em frontão semicircular interrompido por espaldar, com o tímpano decorado com motivos vegetalistas e querubim, encimado por espaldar de perfil curvo, rematado em cornija e ornado de motivos fitomórficos. Mesa de altar em urna, com apontamentos vegetalistas, dourados, enquadrando cartela recortada central. O retábulo da capela colateral da Epístola tem planta recta e um eixo definido por colunas de fuste liso e capitel coríntio, assentes em duas ordens de plintos, os inferiores mais altos e almofadados com decoração fitomórfica; ao centro, abre-se nicho em arco contracurvado, com moldura, interiormente pintado de azul e flores, albergando a imagem da padroeira, sendo ladeado por apainelado com mísula sustentando imaginária encimada por baldaquino e elementos fitomórficos; ático com aletas sustentando fragmentos de cornija, ornados de enrolamentos, enquadrando espaldar, com cartela central contendo as insígnias da Ordem de São Francisco, e terminado em cornija com motivos fitomórficos. Mesa de altar paralelepipédica com maquineta albergando imagem jazente. Capela lateral do Santíssimo acedida por vão em arco de volta perfeita, de cartela lisa na pedra de fecho, sobre pilastras toscanas, cerrado por grade de comunhão em pau-preto, com inscrição em metal. Interior com pavimento em lajes de granito, paredes em cantaria de granito aparente, definido por quatro arcos de volta perfeita sobre pilastras toscanas, molduradas, e cobertura em cúpula de pendentes, com lanternim, rasgado no tambor por oito vãos; no lado do Evangelho rasga-se janela com vitral e no lado oposto, vão de comunicação com a capela-mor. Sobre supedâneo com três degraus semicirculares, dispõe-se o retábulo em talha policroma a verde, rosa, bege e dourado, de planta convexa e três eixos, definidos por duas pilastras de fuste ornado com elementos fitomórficos e de capitel estilizado, e, ao centro, por dois pares de colunas de capitel coríntio, assentes em plintos galbados; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, alteado, interiormente pintado e albergando trono expositivo de três degraus, apontamentos de talha dourada reaproveitados e resplendor; nos eixos laterais, surgem apainelados sobrepostos por mísulas com imaginária; ático composto por fragmentos de frontão e enrolamentos adaptado ao perfil da capela e enquadrando o nicho central; banco possuindo ao centro sacrário, ladeado por anjos atlantes; sob os eixos laterais, existem portas almofadadas com losangos de acesso à tribuna. Mesa de altar, paralelepipédica, em granito, com frontal liso. O retábulo da sacristia tem planta recta e um eixo, definido por duas pilastras de fuste decorado por acantos enrolados, e de capitéis coríntios, com orelhas contendo motivos fitomórficos, mascarão e fénice; ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com fénices definindo os raios, sobre pilastras ornadas. INSCRIÇÕES: Na fachada posterior da capela-mor, inscrita entre duas figas, surge a inscrição: A LAS MALAS LENGOAS ESTAS FIGAS; percorrendo as paredes interiores da capela-mor, num friso: CAPELA (...) ZER A SVA / CVSTA O LICENCIADO / DOMINGOS G (onça) LVES PRI / OR DESTA IGREIA ACABO / VSE NA ERA / (1) 561 ANNOS; no interior da capela-mor, do lado do Evangelho, na lápide: FOI SAGRADO BISPO / NESTA IGREJA MATRIZ / DR. GILBERTO DELLO GONÇALVES / CANAVARRO REIS / PÁROCO DESTA FREGUESIA / DE SANTA MARIA MAIOR / EM 89.02.12; nas grades de comunhão da Capela do Santíssimo Sacramento, em metal: TANTUM ERGO SACRAMENTUM VENEREMUR CERNUI.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Época medieval / Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIROS: Albano dos Santos (1966 / 1968), Manuel Luís (1824). ENTALHADOR: Cornélio Guilhermo (1614), João Correia Ferreira (1756). PEDREIROS: Diogo da Silva (1780), Manuel da Silva (1780), Silvestre Garcia (1756).

Cronologia

Séc. 05 - É bispo em Chaves, Idácio de Limia; 742 - a cidade de Chaves é reconquistada aos Árabes por D. Afonso I; 872 - D. Adoário, capitão de D. Afonso III, reconstrói a cidade; séc. 12 - primeira referência à paróquia de Chaves; 1258 / 1259 - restauro da Igreja ao mesmo tempo que o castelo; 1259 - nas Inquirições de D. Afonso III, refere-se o rendimento de um casal pertencente à Igreja; 1259 / 1262 - instituição da Colegiada de Santa Maria de Chaves; devido ao grande número de habitantes e à crescente importância do novo centro populacional, um páraco tornara-se insuficiente para atender às necessidades espirituais dos moradores da vila; o reitor da Igreja, Domingos Peres, concedeu então aos presbíteros Rodrigo Peres e João Peres a terça parte de todos os dízimos, mortuários e demais proventos da igreja, bem como a metade das suas oblações, excepto os terços dos dízimos que cabiam ao concelho e ao arcebispado de Braga; em troca, os dois clérigos deviam servir permanentemente na Igreja de Chaves, cantando as horas e contribuindo para dar maior brilho à celebração eucarística; 1307 - composição entre D. Dinis e a vila de Chaves em que se determina que pertencem à coroa as rendas que até aí pertenciam ao concelho entre as quais "a terça da igreja de Santa Maria"; 1320 - os rendimentos da igreja eram de 400 libras, sendo 200 da igreja e seus beneficiados e as outras 200 de rendas auferidas por pessoas leigas; 1386 - D. João I e D. Nuno Álvares Pereira, ouviram missa na Igreja depois da rendição da praça; 1415 - por intercessão de D. João I, foi criada a Colegiada de Santa Maria de Chaves, sendo Arcebispo em Braga D. Fernando da Guerra; tinha prior, prioste, quatro beneficiados, dois curas, dois sacristães e um obrigado; 1434 - a partir desta data, a Colegiada passa a ser constituída por um prior e quatro cónegos, contando-se entre as colegiadas mais importantes do arcebispado de Braga; 1462 - falecimento de D. Afonso, Duque de Bragança, que foi enterrado numa campa rasa na Igreja; 1489 - compôs-se na vila de Chaves um "Tratado de Confisson", o primeiro livro impresso em língua portuguesa; 1506 - celebra-se a procissão do Anjo Custódio no terceiro domingo de Agosto, instituída por D. Manuel; 1514 - D. Manuel I concede foral à vila de Chaves onde se volta a referir a "composição" de D. Dinis; 1561 - o licenciado Domingos Gonçalves, prior da Igreja mandou ampliar e beneficiar o edifício e procedeu à construção da capela-mor à sua custa; séc. 16 - construção da fachada renascença com uma larga porta sob rosácea que iluminava a nave central; reconstrução da fachada lateral N. com um portal maneirista encimado por dois medalhões com as efígies de São Pedro e São Paulo; desenho do castelo de Duarte d'Armas, em que se vê o edifício e a torre do relógio; séc. 17 - D. Filipe III, criou um imposto sobre o azeite e o peixe vendidos no concelho, para cobrir as despesas com a pintura de um retábulo da igreja; colocação do órgão; 1614, 19 outubro - tendo ganho uma empreitada de obra, o mestre escultor Afonso Martinez, encomenda um retábulo colateral da igreja ao entalhador e escultor Cornélio Guilhermo, por setenta ducados; 1640 - depois desta data foi substituído o retábulo intervencionado durante o reinado de D. Filipe III pelo de Nossa Senhora da Conceição, ladeada por São Sebastião e Santa Luzia; 1675, 20 Abril - Livro dos Estatutos e Acordãos e Sessões da Confraria das Almas então instituída; 1688 - era organista da igreja, Pedro Magalhães; 1709, 7 Janeiro - aprovação pelo Arcebispo de Braga D. Rodrigo de Moura Teles dos Estatutos da Confraria do Senhor, que existia desde o séc. 16; 1721 - Tomé de Távora e Abreu e o padre Pedro da Fontoura Carneiro descrevem as sepulturas com inscrição e brasonadas na igreja *1; 1755, 14 fevereiro - emissão da licença episcopal para a obra da reconstrução da Capela do Santíssimo, incluindo o retábulo; 1756 - reconstrução "a fundamentis" da capela do Santíssimo, sendo a obra de pedraria atribuída ao mestre pedreiro Silvestre Garcia, morador no arrabalde do Anjo, que arrematou a obra por 540 mil reis; cobrou mais 4$800 reis por fazer um arco no fundo da capela destinado a colocar um armário; arrematação da obra de talha pelo mestre entalhador João Correia Ferreira por 144$000; colocação de dois anjos grandes; 1757, 30 maio - o Arcebispo através do seu governador Frei Aleixo de Miranda Henriques, expediu autorização para se colocar o Santíssimo e celebrar os ofícios divinos; 1758 - a Igreja era colegiada e tinha três naves, separadas por cinco arcos; tinha 7 altares: o altar-mor, o do Santíssimo Sacramento, o das Almas, o de Santa Justa e Rufina, o de São Sebastião, o do Santo Cristo e o de São Pedro; o primeiro altar tinha uma cruz de prata, a relíquia do Santo Lenho que se que manifestava ao povo, no dia da Exaltação; os santos dos altares tinham confraria ou Irmandades, excepto o de São Sebastião; o pároco é prior encomendado apresentado pelo Arcebispo de Braga e tinha 8$000 de rendimento por mês; 1780 - abertura das janelas e arcos dos três altares laterais da parede da nave direita, obras arrematadas pelos mestres de pedraria Manuel da Silva e Diogo da Silva, então assistentes na vila, por 331$000; execução das mesmas obras na parede da outra nave, por iniciativa da Ordem Terceira; séc. 19, 1º quartel - reposição da cobertura do coro após ter ruído; 1819 / 1824 - a Confraria do Senhor mandou reconstruir a cobertura sobre o primeiro arco, a Confraria das Almas mandou reconstruir a cobertura do segundo arco e a população de Chaves manda reconstruir o terceiro e quarto arcos; 1824 - a Santa Igreja Patriarcal mandou decorar a capela-mor e as Confrarias do Senhor e das Almas mandaram o mestre carpinteiro de Loivos, Manuel Luís, concluir o forro do tecto da nave; faltavam ainda dois arcos, devendo ficar uma clarabóia no último arco para dar luz à capela-mor; o tecto dos últimos dois arcos orçou em 400$000; 1830, 29 Setembro - celebrou-se pela última vez com grande solenidade na Igreja de Santa Maria Maior a procissão do Anjo, facto que foi comunicado por escrito ao rei; 1839 - provável reparação, conforme data pintada nas traseiras do retábulo da capela-mor; 1865 - na sequência da demolição da torre dos Paços do Concelho, colocou-se o relógio e outros elementos na torre da igreja; 1874 - rectificação das paredes laterais da nave para execução de um telhado de duas águas; 1880 - obras de nivelamento do largo fronteiro à fachada principal da igreja; 1893, janeiro - provável reparação, de acordo com inscrição pintada nas traseiras do retábulo da capela-mor; mudança do arco triunfal de quebrado para volta perfeita; 1906 - provável intervenção conforme data pintada nas traseiras do retábulo da capela-mor; 1950 - artigo no jornal "Ecos de Chaves", da autoria de Francisco Gonçalves Carneiro, chama a atenção para o estado lastimável da frontaria da Igreja Matriz; duas semanas mais tarde, publica-se um segundo artigo do mesmo autor; 1965, 17 março - visita de técnicos da DREMN a Chaves para apreciação do projecto de recuperação da Igreja Matriz; 1966 / 1968 - realização de grandes obras na Igreja Matriz, onde participou o mestre carpinteiro Albano dos Santos; 1989, agosto - Despacho do Secretário de Estado da Cultura determinando a sua classificação como Imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, escadas para coro-alto e para a torre, pavimento e cobertura interior da capela-mor e da capela do Santíssimo, pia baptismal, pias de água benta e lavabo da sacristia em cantaria de granito; placa de sustentação do coro-alto em betão; painéis de azulejos; pavimento e tecto das naves e sacristias, portas e janelas de madeira; guarda-vento, retábulos e órgão de talha policroma e dourada; grades de comunhão em pau-santo; vitrais; grades de ferro nas janelas; grades do baptistério e de protecção do portal românico em ferro forjado; cobertura exterior de telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vol. 4, p. 112; ALMEIDA, José António Ferreira de (Coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, pp. 198 - 199; CARNEIRO, Francisco Gonçalves, A Igreja de Santa Maria Maior de Chaves, Chaves, 1968; DIAS, Nuno José Pizarro, Chaves Medieval (Séculos XIII e XIV), Rev. Aquae Flaviae, vol. 3, Chaves, 1990, pp. 35 - 94; GIL, Júlio, As Mais Belas Igrejas de Portugal, vol. 1, Lisboa, 1988, pp. 170 - 171; Guia de Portugal, vol. 5, Coimbra, 1988; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Distrito de Vila Real, Lisboa, 1993, pp. 10 - 15; MACHADO, Júlio M., Crónica da Vila Velha de Chaves, Chaves, 2000, pp. 153 - 156; MACHADO, Júlio Montalvão, Notícias Geographicas e Historicas da Provincia de Tras dos Montes por Tomé de Tavora e Abreu e Padre Pedro da Fontoura Carneiro (1721), Rev. Aquae Flaviae, vol. 2, Chaves, 1989, pp. 9 - 76; SERRÃO, Vítor, André de Padilha e a pintura quinhentista entre o Minho e a Galiza, Lisboa, 1998.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; IPPAR: pº 86 / 3 (15)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; IPPAR: pº 86 / 3 (15)

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; IPPAR: pº 86 / 3 (15); IAN/TT: Dicionário Geográfico de Portugal, vol. 11, nº 301, pp. 2065-2106

Intervenção Realizada

DREMN: 1966 / 1967 / 1968 - Recuperação da armação do telhado e assentamento de novo forro; construção de escada de betão armado até meio da torre sineira; pavimento do coro-alto em placa vigada de betão armado; colocação de arco de cantaria adossado à parede da nave colateral S. sobre o qual assenta nova escada para o coro-alto; colocação da pia baptismal sob este arco; colocação de grade de ferro forjado a resguardar a pia baptismal e na parte exterior do portal românico da torre; colocação de cruz de granito no vértice da empena do telhado principal; picagem dos rebocos interiores das naves e tomada das juntas de alvenaria; arranjo do cornijamento exterior da abertura de acesso à porta românica.

Observações

*1- Tomé de Tavora e Abreu e o Padre Pedro da Fontoura Carneiro, descreveram 12 sepulturas na igreja: 1) brasonada, com a inscrição de "AQUI JAZ GARCIA ANNES DE QUEIROGA CAVALEIRO DO DU/QUE D. JAMES FINOUCE NO ANNO DO SENHOR DE 1526 / CO: B: IMPAS PAJEFRE"; 2) de Simão Ribeiro com escudo do apelido e ano de 1510; 3) de Martinho Teixeira, com escudo e ano de 1543; 4) de António Alves Veloso com brasão; 5) de Leonardo Teixeira Cavaleiro Fidalgo da Casa Real com brasão; 6) de Francisco Carneiro Fontoura com escudo; 7) de Pº Borges fidalgo da Casa d'Rei; 8) de Manuel da Fontoura Carneiro e seus fidalgos da casa d'Rei com escudo; 9) de Pº da Fontoura Carneiro; 10) brasão dos apelidos Teixeira e Morais que pertence à Casa de Mateus Teixeira de Morais; 11) um conjunto de quatro sepulturas com escudos e inscrições delidas; 12) outro conjunto de mais seis sepulturas sem grande interesse. *2 - Segundo alguns autores a origem da Igreja Matriz de Chaves será anterior a Idácio, dado que no séc. 18 encontrou-se uma lápide em honra de Júpiter, Optimo, Máximo com uma inscrição. *3 - A igreja no séc. 19, tinha os tectos das três naves em abóbada de canhão, revestidas a reboco estucado, quando o telhado era único e de duas águas. Entre o tecto e o telhado ficaram encobertas as frestas superiores às arcadas das naves e o painel de azulejo sobre o arco triunfal.

Autor e Data

Isabel Sereno 1994 / António Dinis 2004

Actualização

 
 
 
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