Marco Miliário em Valença / Pelourinho de Valença

IPA.00000413
Portugal, Viana do Castelo, Valença, União das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão
 
Marco miliário de construção romana, adaptado a pelourinho durante o séc. 17. O marco, monolítico e dedicado ao imperador Cláudio, erguia-se no lugar de Arinhos, junto à IV via, ou 19 do Itinerário Antonino, que saía de Bracara Augusta, a vila mais importante do "Conventus Bracaraugustanus", para Astorga, por Tuy. Indicava ao viajante que estava a 42 milhas de Braga, número esse que concorda precisamente com a distância de Braga a Tuy. A sua inscrição permite verificar que o Imperador Claúdio mandou proceder a beneficiações nesta via militar, entre 21 janeiro de 43 e 24 janeiro do ano 44, visto referir a sua III "Tribunicia Potestate". É o único marco miliário dedicado ao Imperador Cláudio conhecido no distrito de Viana do Castelo e, segundo Martins Capela, o título empregue por Cláudio nos marcos que levam o seu nome, não surge normalmente nos seus monumentos. Dentro do distrito, é o 2º marco miliário de que se tem conhecimento ser readaptado a pelourinho. Visto não ter remate, o pelourinho não pode ser alvo de classificação tipológica.
Número IPA Antigo: PT011608150001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Transportes  Marco  Marco miliário  

Descrição

Monólito cilíndrico com cerca 2.15 m de altura e 54 cm de diâmetro e com a seguinte inscrição no topo: "TI(berius) CLAUDIVS, CAESAR / AUG(ustus) GERMANICUS / PONTIFEX, MAX(imus), IMP(erator) V,/ CO(n)S(ul) III, TRIB(unicia) POTEST(ate), / III, P(ater) P(atriae) BRACA(ra) / XLII". Possui pequeno orifício com ferro cravado no interior.

Acessos

Valença, Rua José Rodrigues. WGS84 (graus decimais) lat.: 42,031545; long.: -8,644613

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (marcos miliários série Capela) / IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 23 122, DG, 1.ª série, n.º 231 de 11 outubro 1933 (pelourinho)

Enquadramento

Urbano, isolado, sendo o único marco que se conhece até ao presente neste concelho, ergue-se dentro da fortaleza, num pequeno recanto, junto a cruzeiro, sobre passeio, a pouco metros para nordeste da antiga Cadeia Civil de Valença (v. IPA.00009010) e a sudeste do adro da Igreja do Santo Estêvão (v. IPA.0006230).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Transportes: marco miliário

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Autarquia Local, Artº 3º, Dec. 23 122 de 11 Outubro 1933

Época Construção

Séc. 01

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

43, 21 janeiro / 44, 24 janeiro - construção do marco miliário junto à via romana, quando o imperador Cláudio ordenou o seu restauro; 1217, 11 agosto - concessão de foral por D. Afonso Henriques; 1262, 11 agosto - confirmação do foral por D. Afonso III; 1512, 01 junho - concessão de foral novo por D. Manuel I; 1680 - segundo Contador de Argote, o marco miliário foi descoberto na margem esquerda do Rio Minho, no sítio de Arinhos, frente a Tuy, e levado para a Praça de Valença, onde diz ter servido de pelourinho da vila durante alguns anos; posteriormente foi colocado à porta do hospital; 1758 - segundo as Memórias Paroquiais, a freguesia tinha como donatário a Casa do Infantado, no época o Infante D. Pedro, e era da comarca de Valença; tinha juiz de fora, câmara composta de três vereadores escolhidos entre os principais e nobres da terra, e mais um procurador homem peão; reuniam-se às quartas e sábados; tinha ouvidor, cuja jurisdição compreendia também Valadares, Caminha e seus termos; tinha juiz dos órfãos com todas as justiças que lhe pertenciam de escrivães, meirinhos e alcaide para ter conta na cadeia, tudo colocado pelo Infante; 1895 - Pe. Martins Capela localiza-o na Praça do Pelourinho; 2006 - desenvolvimento do Projecto transfronteiriço designado "Vias Atlânticas", coordenado pelo professor António Rodríguez Colmenero, consistindo na localização, limpeza e sinalização dos troços da XIX via do Itinerário Antonino, de Braga a Astorga, com passagem por Lugo, bem como a identificação de marcos miliários; o projecto tem o apoio financeiro de fundos comunitários, através do programa INTERREG.

Dados Técnicos

Sistema estrutural autónomo.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Brochado de - A Rede Viária do Conventus Bracaraugustanus. Via Bracara Asturican Quarta in Mínia, 2ª série, 2 (3). Braga: 1973, pp. 61-163; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Alto Minho. Lisboa: 1987; ALMEIDA, José António Ferreira de - Tesouros Artísticos de Portugal. Porto: 1988; CAPELA, José Viriato - As freguesias do distrito de Viana do Castelo nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: Casa Museu de Monção; Universidade do Minho, 2005; CAPELLA, M. - Miliários do Conventus Bracaraugustanus em Portugal. Porto: 1895; Caminhos Romanos em Valença. Recuperar e Promover o património Galaico-Português. Falcão do Minho - Correio da Ribeira Minho, 4 maio 2006, p. 6; MALAFAIA, E. B. de Ataíde - Pelourinhos Portugueses. Tentâmen de Inventário Geral. S.l.: 1997; MELO, Maria de Fátima da Silva - Arqueologia do Concelho de Ponte de Lima. Dissertação de licenciatura em História apresentada na Faculdade de Letras de Lisboa. Lisboa: texto policopiado, 1967; NEVES, Manuel, Augusto Pinto - Valença. Das origens aos nossos dias. Valença: 1997; SANTOS, Luciano A. dos - Miliários inéditos da Via Romana de Braga a Tuy. In Sep. da Revista Arquivo do Alto Minho, vol. 24, nº 4, III série. Viana do Castelo: 1979; SOUSA, Júlio Rocha e - Pelourinhos do Distrito de Viana do Castelo. Viseu: 2001; VIEIRA, José Augusto - O Minho Pittoresco. Lisboa: 1886.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Em linhas muito gerais a IV Via tinha o seguinte trajeto: saía de Braga dirigindo-se diretamente para Prado, onde passava a ponte, seguia para Ponte de Lima, atravessava a ponte, subia a serra da Labruja, passava a Romarigães, Ponte dos Caniços, Fontoura e, já dentro da vila de Valença, flectia para a zona conhecida de Arinhos, onde atravessava o rio Minho para Tuy.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

João Almeida (Contribuinte externo) 2018
 
 
 
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