Hospital de Nossa Senhora dos Prazeres / Hospital da Luz / Colégio Militar

IPA.00004049
Portugal, Lisboa, Lisboa, Carnide
 
Arquitectura de saúde. Hospital de peregrinos.
Número IPA Antigo: PT031106110131
 
Registo visualizado 1437 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Saúde  Hospital    

Descrição

De planta em cruz latina organizada em torno de claustro quadrangular, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 3 e 4 águas, e em cúpula hemisférica. Em reboco pintado, o edifício compõe-se de 2 pisos separados por friso de cantaria, rasgados por vãos. O alçado principal do edifício, a N., organiza-se em 5 corpos, separados por pilastras em cantaria rematadas superiormente em plinto com bola. O corpo central que se destaca em alçado pela elevação de um 3º nível, apresenta no piso térreo, 3 arcos de volta perfeita, a inscrever janela nos arcos colaterais, sendo o central vazado por porta de verga recta com bandeira radial. A eixo, sobre a porta principal, reconhecem-se pedra de armas (*1), no 2º andar e nicho em cantaria albergando escultura no 3º, sendo ambos ladeados por janelas. Acima da cornija, no enfiamento do corpo central, eleva-se frontão triangular, com o símbolo da Ordem de Cristo, e plintos com bola nos acrotérios. Os corpos laterais, em simetria, apresentam pano de muro ritmado por janelas nos 2 níveis: destacam-se os 2 corpos extremos pela presença no piso térreo de janela idêntica às existentes na base do corpo central, sendo sobrepujadas por janela de verga recta destacada, guarnecida de balaústres. O alçado lateral a O., é ritmado por janelas, independentes ao nível do solo e agrupadas no piso superior. No enfiamento do corpo central, ressalta no conjunto uma cúpula. Acede-se ao interior por um pequeno pátio, intercomunicante com o claustro, que se caracteriza por alas em arcadas de volta perfeita em cantaria, no piso térreo, e por pilastras de cantaria intercaladas com varandim em ferro forjado com anel a meia altura, no andar superior. Corresponde à cúpula, a capela de planta longitudinal, localizada no andar superior apresentando entrada encimada por frontão curvo, e cobertura em cúpula e em abóbada de berço. A compartimentação interna organiza-se segundo eixos de circulação e distribuição (corredores).

Acessos

Largo da Luz; Azinhaga da Fonte

Protecção

Incluído na Zona Antiga de Carnide-Luz (v. IPA.00006114)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado por recinto gradeado e murado. Integrado na área do Colégio Militar (v. PT031106110389) é designado como edifício principal; a fachada principal é voltada a N. para o Largo da Luz, ficando-lhe próximo, a O., a Igreja de Nossa Senhora da Luz (v. PT031106110019) e, do lado E., no seguimento do muro do Colégio que acompanha a Estrada da Luz, o Palácio dos Condes de Mesquitela (v. PT031106111081).

Descrição Complementar

O nicho existente no pano de muro localizado no corpo a eixo do alçado principal, apresenta-se inteiramente trabalhado com nuvens, querubins e resplendor raiado, envolvendo representação escultórica de Nossa Senhora dos Prazeres sobre peanha. O interior da capela, é ornamentado com grotescos e ferroneries, exibindo no retábulo-mor pintura em tela representando a Infanta. Verifica-se a existência de azulejos polícromos, dispostos em lambris, no claustro e corredores, de padronagem e de maçaroca (séc. 18).

Utilização Inicial

Saúde: hospital

Utilização Actual

Educativa: academia / escola militar e paramilitar

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

APONTADORES: Luís Machado da Costa (1611); Luís Veloso (1611-16). ARQUITECTO: Baltazar Álvares (1611-13). CALCETEIROS: António Esteves (1616); Cristóvão Rodrigues (1616) e Francisco Afonso (1616). LADRILHADORES: Francisco Luís (1611); Gaspar Vicente (1611). MARCENEIROS: Domingos Luís e filho (1616). MESTRE-DE-OBRAS: António Inácio Branco (1842). PEDREIROS: Luís Gonçalves (1611-16); Pero Luís (1611-16).

Cronologia

1577 - falecimento da infanta D. Maria, estabelecendo o seu testamento a doação de todos os seus bens ao santuário da Luz e a construção de um novo hospital com capacidade para 63 doentes; 1601 - início da construção do hospital; 1611, 13 Agosto - pagamento aos apontadores da obra do hospital, Luís Veloso e Luís Machado da Costa, mantendo-se o primeiro até 1616; pagamento a Gaspar Vicente e Francisco Luís pela obra de ladrilhador, no hospital (4$470); 1611 - 1613 - pagamentos a Baltazar Álvares pela obra do hospital; pagamentos a António de Lima pela obra de carpintaria, 962$022; 1611 - 1616 - pagamentos aos pedreiros Pero Luís e Luís Gonçalves pela obra do hospital (1:308$622); 1613 - a construção do hospital encontrava-se muito adiantada; 1616, 11 julho - pagamento aos marceneiros Domingos Luís e filho, pelo retábulo da capela do hospital (80$400); entrega de 240$000 ao prior do mosteiro para adquirir um terreno para o adro do hospital; pagamento a António Esteves, Cristóvão Rodrigues e Francisco Afonso, calceteiros da obra do hospital (138$900); 1618 - inauguração do novo hospital; 1755, 01 novembro - grandes danos provocados pelo terramoto, especialmente na capela, nas enfermarias, nas casas do Provedor, Almoxarife, Médico, Cirurgião e Boticário; as varandas e telhados ficaram arruinados; o hospital sobrevive com três mil cruzados deixados por Lourenço Beaumont, sepultado no cemitério do hospital; sucede-se a reconstrução da torre e reforma de uma das enfermarias; 1758, 21 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo cura Manuel José Nunes Tavares, é referido que o hospital é administrado pela Ordem de Cristo, que presta contas anuais à Mesa da Consciência e Ordens; as rendas são menores do que as deixadas por D. Maria, uma vez que dependiam de bens existentes em Castela, que deve 77:000$000; 1814 - instalação do Real Colégio Militar no que fora o antigo hospital da Luz; 1830 / 1838 - instalação da Escola de Medicina Veterinária em parte das dependências do antigo hospital; 1835 - o Colégio Militar abandona o local; 1842, 12 novembro - António Inácio Branco foi encarregado de proceder, com o Dr. Bernardino António Gomes, ao projecto de adaptação do edifício a hospital de alienados; 1859 - o Colégio Militar regressa ao edifício, após ter estado um longo período de 11 anos em Mafra; 1870 - a instituição abandona o edifício, sendo instalada no Convento de Mafra; 1873 - instalação definitiva do Colégio Militar nas dependências do antigo hospital; 1995, 30 janeiro - proposta de classificação do edifício pelo Gabinete da Direção do Colégio Militar; 17 março - por despacho, foi determinada a abertura do processo de classificação do Núcleo histórico do Colégio Militar que inclui o antigo Hospital da Luz e o Palácio dos Condes de Mesquitela; 2009, 23 outubro - o processo de classificação caduca nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, publicado nesta data; 2010, 23 outubro - proposta de revogação do despacho de abertura do processo de classificação pela DRCLVTejo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, cantaria de calcário, mármore, reboco pintado, ferro forjado, azulejo, betão

Bibliografia

ALMEIDA, Jayme Duarte de, O Colégio Militar, Lisboa, 1953; ALMEIDA, Mónica da Anunciata Duarte de, O Porgrama Artístico da Capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Luz de Carnide, 2 vols., Lisboa, dissertação de mestrado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1997; Archivo Pittoresco, Vol. VI, Lisboa, 1863; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa. Freguesia de Carnide, Lisboa, 1993; CARVALHO, José da Silva, Carnide e o seu Património Edificado. Um Percurso de Sete Rios à Pontinha, Lisboa, 1987; CONSIGLIERI, Carlos e OUTROS, Pelas Freguesias de Lisboa. O Termo de Lisboa, Lisboa, 1993; FRIAS, Hilda Moreira de, A Arquitectura Régia em Carnide / Luz, Lisboa, 1994; LEITE, Ana Cristina, O Jardim em Portugal nos Séculos XVII e XVIII - Arquitecturas, Programas, Iconografias, Lisboa, 1988 (Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; texto policopiado); MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949, Lisboa, 1950; PEREIRA, Gabriel, O Lindo Sítio de Carnide, Lisboa, 1898; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DIE/DRC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - cuja leitura heráldica é a seguinte: em lisonja, partida, o 1º vazio, o 2º de Portugal, Timbre: a coroa real

Autor e Data

Teresa Vale, Carlos Gomes e Maria Ferreira 1996

Actualização

João Machado 2005
 
 
 
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