Palácio Andrade / Palácio Lumiares / Palácio Cunha e Meneses

IPA.00004039
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Arquitectura residencial, do séc. 18. Palácio inserido no modelo de "Arquitectura Chã". Interior de gosto Joanino. De carácter do séc. 17 / 18 no exterior, e gosto joanino na escadaria interior e respectivos vãos de patamar. Escadaria interior de gosto barroco com três portas e duas janelas de grandes proporções, de efeito monumental e cenográfico. Fachada de capela no piso O. (r/c) ,hoje integrada no interior de um restaurante (nº 7 da Travessa da Boa Hora). O imóvel descaracterizou-se em 1779 quando foi transformado para inquilinato.
Número IPA Antigo: PT031106150313
 
Registo visualizado 1235 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em U

Descrição

De volumetria paralelepipédica e maciça e planta longitudinal com quatro pisos, ocupa a totalidade do quarteirão onde se insere, apresentando na sua composição e planta referências a modelos maneiristas. A cobertura é efectuada por 5 telhados de 4 águas e 1 de 2 águas, articulados ortogonalmente entre si. Edifício com soco, cunhais e aros de vãos revestidos a pedra e também neste material a cornija de transição entre o 2º e 3º piso e do remate da cobertura. A fachada principal encontra-se orientada a E. Ao nível do r/c encontramos três vãos de entrada iguais entre si. A partir do 1º andar contam-se 7 vãos de janela em cada piso, que no 2º andar correspondem a janelas de sacada e no 1º e 3º a janelas simples com moldura em cantaria. Ambas as fachadas laterais, orientadas respectivamente a N. e a S., contam com 13 vãos de janela em cada piso com leitura idêntica à da fachada principal. A fachada posterior, orientada a O., tem também 7 vãos de janela (tendo ruído o pano central que corresponde a três vãos). INTERIOR: o acesso principal é feito através do vão central do r/c que comunica com uma escadaria através de um átrio (parte da antiga entrada ampla que hoje se encontra subdividida). Escadaria em pedra e desdobra-se em dois lances simétricos à maneira dos palácios barrocos. A caixa de escadas de modelo maneirista a altura correspondente a três pisos é iluminada por três vãos a E. e a S.. Os restantes vãos detêm apenas um valor plástico de simetria. No patamar, três portas e duas janelas de grandes proporções e cantarias elaboradas contribuem para um efeito monumental e cenográfico. A meio do primeiro lance da escadaria encontram-se em posição lateral simétrica os acessos aos diversos pisos do imóvel. O tecto é plano, de estrutura em madeira *1.

Acessos

Rua de São Pedro de Alcântara, n.º 27 a 37; Travessa da Boa-Hora n.º 1 a 11; Travessa da Água da Flor, n.º 16; Rua Diário de Notícias, n.º 142

Protecção

Em estudo / Incluído na classificação do Bairro Alto (v. IPA.00005019), na Zona de Proteção do Ascensor da Glória (IPA.00003986), na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) e na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente

Enquadramento

Situado no lado O. da Rua de São Pedro de Alcântara. Integrado na malha do Bairro Alto (v. PT031106150275), inclui-se no conjunto de palácios que caracterizam a Rua de S. Pedro de Alcântara. Isolado, ocupa a totalidade de um quarteirão que é confrontado a E. pela Rua de São Pedro de Alcântara, a S. pela Travessa Água da Flor, a N. pela Travessa da Boa-Hora e a O. pela Rua do Diário de Notícias. Na proximidade, salientam-se o Jardim Miradouro de São Pedro de Alcântara ( v. PT031106150433 ), o Edifício dos Calafates (v. PT031106150323), a frente dos palácios da Rua de São Pedro Alcântara, nomeadamente os nºs 71-77 (v. PT031106150305), o Palácio Ludvice (v. PT031106150051), Convento de São Pedro de Alcântara (v. PT031106150407) e a Igreja de São Roque (v. PT031106150012).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUTOR: Manuel da Silva

Cronologia

1438 - Abraão Guedelha, tio de Afonso V, recebe os terrenos como recompensa da aclamação deste Rei nas Cortes de Tomar; 1513 - iniciou-se sob incentivo de D. Manuel a urbanização das terras de Bartolomeu de Andrade, compreendendo a zona das Chagas à ermida de São Roque; conjunto urbano de carácter uniforme pela malha octogonal e regras de construção uniformes apresenta tipologias de habitação diversas. De ocupação e predomínio popular na sua 1ª fase de expansão até à travessa da Queimada; séc. 17 e 18 - vai expandir-se para N. com os novos palácios da aristocracia. O centro de vida urbana de ambiência aristocrata, do adro de São Roque ao sítio das Portas de Santa Catarina, integrava o Palácio Lumiares; do Palácio do séc. 16 de João Altero de Andrade (solar dos Andrades) não são perceptíveis vestígios; séc. 18 - reedificado segundo uma concepção maneirista; 1703 - teve como mestre de Obras Manuel da Silva, mestre da Igreja de Santa Engrácia, com quem D. Leonor Tomásia de Távora elaborou contrato. A ele se devem a estrutura da caixa de escadas com as suas paredes altas e fortes, e o perfil maciço e severo do imóvel; séc. 18, 1ª. metade - o Palácio recebeu obras de beneficiação. O seu interior foi adaptado ao novo gosto Joanino; 1754 - foi hipotecado à Santa Casa da Misericórdia. O Bairro Alto passara de Moda e a família Cunha Meneses então Condes de Lumiares arruinara-se. Possuia lojas, andar nobre, águas furtadas e capela de orago de Nossa Senhora da Glória. 1755 - O terramoto não lhe provocou grandes estragos; 1779 - o Palácio foi subdividido para inquilinato e descaracterizou-se. Surgiu um 3º piso a ocupar parte dos tectos em caixotão dos salões do andar nobre e retiraram-lhe os portões de acesso junto à calçada da Glória; a planta em U foi alterada no séc. 19 ao ser ocupado o pátio das traseiras que o ligava às cozinhas; 1865 - foi destruído parcialmente por um incêndio. Ao ser reconstruido, o 3º piso passou a ser corrido; o carácter urbano do imóvel persistiu apesar das alterações sofridas; 1875 - o palácio é vendido a pessoas estranhas à família; 1893 - deu entrada na Câmara Municipal de Lisboa um projecto de recuperação do imóvel do Arquitecto António José de Almeida Campos que propõe, a nível funcional, a reocupação com as actividades hoje existentes e habitações, mantendo em parte a estrutura; 1930 - o imóvel vem a ser adquirido pelo Dr. Amândio Pinto, que o transforma em imóvel para habitação; 2002 - o imóvel encontrava-se totalmente devoluto e grande parte do seu interior já tinha ruído; 2003 - derrocada da parte posterior do imóvel ficando destruída toda a zona do pátio central, escadaria e corpos laterais; 2007 - projecto de reconstrução do imóvel para hotel, mantendo as fachadas exteriores.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes altas e espessas em alvenaria de pedra e tijolo rebocadas; paredes interiores em tabique de madeira com argamassa; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha.

Materiais

Cunhais em pedra, alvenarias em pedra e tijolo; arcos abatidos em pedra; vãos exteriores e interiores em madeira; cobertura em telha.

Bibliografia

PINHO LEAL, Augusto, Portugal Antigo e Moderno, Dicionário, vol. VII, Lisboa, 1874; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações de Lisboa, vol. V, Lisboa, 1939.; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Memória Histórica do Bairro Alto, Lisboa, 1948, pág. 49; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga, O Bairro Alto, vol. I e II, Lisboa, 1954; CALADO, Maria e MATIAS FERREIRA, Victor, Lisboa freguesia da Encarnação (Bairro Alto), Lisboa, 1992; DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, vol. I, Lisboa, s.d.; CARITA, Helder, Bairro Alto - Tipologias e Modos Arqitectónicos, Lisboa, 1994; FRANÇA, José - Augusto (coord), A Sétima Colina, Roteiro Histórico Artístico, Lisboa, 1994; www.lisboa-abandonada.net/, 20 Novembro 2002.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - na proximidade surgiu por volta de 1840 uma zona verde ajardinada que se desenvolvia em dois planos.

Autor e Data

Teresa Furtado 1994

Actualização

Cláudia Morgado 2002
 
 
 
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