Forte de São Teodósio / Forte da Cadaveira

IPA.00004007
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Arquitectura militar, seiscentista. Forte seguindo o esquema das fortificações da costa de Cascais construídas na época, tendo planta quadrada, segmentada em dois espaços rectangulares, contíguos e de dimensões aproximadas: a bateria virada ao mar, rasante e com parapeito à barla, e os alojamentos na retaguarda, compostos por três dependências abobadadas, os laterais ocupados pelo paiol e casa da palamenta (à esquerda) e os quartéis (à direita); a divisão central, onde se abria o portal, funcionava como pátio interior, a partir do qual se organizavam os diferentes acessos; uma escadaria acedia ao terraço sobre os alojamentos, que servia para fazer fogo de fuzil para o lado de terra. O forte era envolvido de todos os lados por uma cortina de trincheiras, que funcionava como primeira linha de defesa.
Número IPA Antigo: PT031105040015
 
Registo visualizado 621 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Planta quadrangular com bateria virada à praia e casa forte, abobadada e subdividida em 4 compartimentos, cobertos por terraços para defesa de tiro a fuzil, no lado virado a terra. Um dos panos da muralha virado à praia é mais baixo e não tem guarita, o que não acontece nos outros cunhais do forte, marcados com cantaria, onde elas são cilíndricas, com bases escalonadas e coberturas esféricas. O portal é ladeado por pilastras que suportam arco pleno encimado por lápide com inscrição referente à fundação do forte, e escudo com armas de Portugal, com coroa sobrepujada por timbre.

Acessos

Na margem esquerda da antiga ribeira da Cadaveira. Avenida Marginal - São João do Estoril

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Marítimo, isolado. Implanta-se sobranceiro à praia de São João do Estoril, na margem esquerda da Ribeira da Cavadeira, possuindo nas imediações construções e a estrada.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

G.N.R. - Brigada Fiscal

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1642, 5 Abril - início da construção do forte conforme inscrição sobre o portal; 1643 - conclusão da sua construção; 1693, antes - reforço do forte com a construção de uma cortina exterior, com parapeito a toda à volta (estrada coberta), que funcionava como primeira linha de defesa; 1693 - data de uma planta do forte; séc. 18, início - construção de três guaritas, em tijolo, na fachada virada a nascente; 1720 - estava em bom estado de conservação, precisando apenas de betume nos lajeados dos terraços e pequeno conserto de uma guarita, obras orçadas em 4$000; o forte possuía guarnição, mas a artilharia estava inoperacional, tendo uma das peças capaz de servir mas sem reparo e uma outra inutilizada; também não dispunha de pólvora nem de munições; 1747 - era guarnecido por três praças de Cascais, comandados por um cabo, e na bateria existiam três peças de ferro; 1751 - ruína de algumas estruturas do forte, necessitando de reparações numa guarita, nos parapeitos da bateria, lajeados sobre os aquartelamentos e nos muros da estrada coberta; estas obras não chegaram a realizar-se; 1796, 18 Agosto - relatório do Coronel Engenheiro José Matias de Oliveira Rego indica o forte arruinado, sem guarnição e artilharia; 1793 / 1794, entre - não é contemplado no plano de modernização das fortificações marítimas de Lisboa realizadas neste período; passa a servir apenas de abrigo esporádico às tropas que patrulhavam a costa; 1805 - servia de abrigo às tropas que tentavam impedir o desembarque de qualquer embarcação por causa da ameaça de cólera; 1831 - no reinado de D. Miguel o forte readquire importância estratégica fruto da necessidade de dotar Lisboa de um conjunto de defesas resistente aos exércitos liberais; 1832, Maio - equipado com duas peças de ferro, de calibre 12 e 18; tinha a guarnição de seis soldados de milícias, um cabo e dois veteranos, sob o comando de um governador; 1843, 16 Fevereiro - alvará régio determina a cedência do forte à Santa Casa da Misericórdia de Cascais, passando a edifício de apoio à exploração das águas termais existentes nas proximidades; 1850, 31 Outubro - elaboração de orçamento de obras com vista à recuperação do forte para a actividade militar, mas que não chegaram a ser executadas; 1860, 6 Dezembro - Portaria do Ministério da Guerra renova autorização concedida à Santa Casa da Misericórdia de Cascais para a utilização do forte como arrecadação de apoio à estância de banhos; 1889 - arrematação do forte em hasta pública por um prazo de nove anos, por um particular; o mesmo transformou-o em casa de abrigo de mendigos e trabalhadores que davam serventia em obras da região; 1897, 27 Dezembro - escritura notarial de cedência do forte à Santa Casa da Misericórdia de Cascais, autorizando a mesma a proceder ao seu trespasse, o que efectivamente veio a acontecer para a Empresa Banhos da Poça; 1936 / 1940, entre - vários projectos de adaptação a uma nova função (miradouro, casa de chá, clínica marítima, e outras); 1940 - devido à construção da Estrada Marginal (EN6), o forte foi desocupado e demolidos os parapeitos da cortina exterior que o envolviam; 1942, Junho - instalação de um posto da Guarda Fiscal; 1962 - funciona no local uma casa de chá; 2003 / 2004 - cedido à Câmara Municipal de Cascais; 2009 - devoluto.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria rebocada e cantaria. Calcário, outros

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; LOURENÇO, Manuel Acácio Pereira, As Fortalezas da Costa Marítima de Cascais, Cascais, 1964; GODINHO, Helena Campos, MACEDO, Silvana Costa, PEREIRA, Teresa Marçal, Levantamento do Património do Concelho de Cascais. 1975 - Herança do Património Arquitectónico Europeu in Arquivo de Cascais, nº 9, s.l., 1990, p. 87 - 235; ARROS, Maria de Fátima Rombouts, BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira, RAMALHO, Maria Margarida Magalhães, As fortificações marítimas da costa de Cascais, Lisboa, Quetzal, 2001.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1831, 3 Junho - início das obras de restauro, orçadas em 477$000 e realizadas num mês: reparação da ruína do parapeito da bateria, paredes e guaritas, paiol provisório, armazém da palamenta e alojamentos, reedificação do parapeito da estrada coberta, banqueta e esplanada, feitura da porta do forte e da cancela para a estrada coberta, assoalhar alojamentos, portas tarimbas e uma janela e restaurar as armas sobre o portal que se encontravam picadas; 1940 - obras de recuperação do forte; DGEMN: 1950 - obras na fachada lateral direita; 1958 - limpeza exterior e arranjo, reparação e caiação nas paredes exteriores, terraço e guaritas; vigotas de betão.

Observações

O forte recebeu o nome do regato de Cavadeira, como hoje é mais conhecido, tendo também sido designado durante o séc. XIX por Forte d'Assubida, devido à antiga rampa da Cavadeira na estrada velha de Cascais - Lisboa.

Autor e Data

Paula Noé 1991

Actualização

Curso Inventariação KIT01 (2.ª ed.) 2009
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login