Castelo de Segura / Fortaleza de Segura

IPA.00003988
Portugal, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, União das freguesias de Zebreira e Segura
 
Castelo construído na transição do séc. 13 / 14, pela Ordem do Templo ou pelo Concelho, após D. Dinis dar autorização, em 1299, a este e aos alcaides para a sua construção, no prazo de dois anos, para defesa da fronteira com Leão, tendo sido reformado no séc. 16 e acrescentado, durante os conflitos com Espanha, no séc. 17 e 18, por uma cortina desenvolvida para leste, a partir do castelo, de modo a envolver grande a vila. Do castelo medieval subsiste apenas parte da marcação do seu recinto, de planta ovalada, adaptado à morfologia do terreno, hoje convertido em miradouro e no meio do qual se construiu recentemente uma torre do relógio descaraterizante. No início do séc. 16, foi reformado e adaptado às novas necessidades de defesa, sendo composto por castelo e barbacã completa, de planta ovalada, circundada por fosso quase completo, só interrompido na zona da porta principal. Os paramentos, em cantaria (castelo) ou pedra e barro (barbacã), eram aprumados e terminados em parapeitos ameados, rasgados por seteiras ou troneiras. A barbacã era reforçada por três cubelos, um circular e dois retangulares, um destes com alambor, e tinha duas portas, uma nas imediações da porta do castelo, e a porta falsa, do lado oposto e virada à vila, com ponte levadiça sobre o fosso; a liça era seccionada por muro oblíquo na zona da torre que defendia a cisterna. O castelo era composto por muralha e três torres, a de menagem e a dos Gatos, quinhentista, dispostas nos extremos, e a da Farinha, mais pequena, com alambor e telhada, a meio da muralha, que no pano confrontante era saliente. Tinha acesso por uma só porta, em arco, encimada por balcão com matacães, quinhentista. A torre de menagem, reformada do meio para cima no início do séc. 16, tinha portal sobrelevado, encimado por balcão com matacães, feito de novo, interiormente com três pisos, o térreo adaptado a aljube, e os outros sobradados, o último, coberto por abóbada, sobreposta por terraço. No interior do recinto, encostado à muralha, desenvolviam-se os aposentos do comendador, com dependências térreas e sobradadas, tendo sobre o portal da casa de armaria, as armas reais. Duarte de Armas desenha duas cisternas, uma antiga e desativada, junto à torre de menagem, e a outra junto à torre dos Gatos. A cortina construída a envolver a vila, no séc. 17, de planta irregular, vagamente trapezoidal, era em alvenaria aparente e tinha três baluartes a partir da barbacã, com guaritas, que a toponímica manteve na Rua do Baluarte, e duas portas, conservando-se hoje apenas a porta de Baixo, em cantaria, com arco abatido e estrutura muito simples, datada de 1739. Posteriormente demolida, devido aos conflitos militares, ou sobretudo à reutilização da pedra nas construções da vila, subsistem apenas alguns trechos da cortina, integrados nas habitações ou nos quintais. O castelo medieval mantinha contacto visual com outras fortificações, nomeadamente Salvaterra, e tinha a sua defesa reforçada por meio de atalaias *4.
Número IPA Antigo: PT020505150012
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo / Fortaleza    

Descrição

Recinto do castelo de planta ovalada irregular, atualmente transformado em miradouro, conservando apenas em alguns troços as fiadas inferiores dos paramentos, aprumados, em alvenaria de granito, adaptadas à morfologia do terreno, sobrepostas por muro de pedra ou simplesmente guarda tubular em ferro. Sensivelmente a meio do antigo recinto, ergue-se torre do relógio, de planta quadrada e cobertura piramidal, rebocada e pintada de branco, coroada por cata-vento em ferro. Apresenta faces em alvenaria de granito e juntas em cimento, com cunhais ciclópicos tendo, em ritmo alternado, silhares mais salientes, terminadas em cornija com pináculos piramidais nos cunhais. Superiormente, é rasgada, em cada uma das faces, por ventana, em arco de volta perfeita, sobre impostas salientes e chave relevada, com guarda em ferro; em duas das faces opostas tem, num plano inferior, vão sobrelevado retilíneo, bastante estreito e com porta de madeira. Na face principal possui, sobre a cornija do remate, relógio circular. Das antigas muralhas seiscentistas que cercavam a vila, de traçado irregular, conserva algumas cortinas, em alvenaria de granito, sem remate, integradas, adossadas ou flanqueadas por habitações ou nos muros dos quintais das mesmas. Destaca-se a da Porta de Baixo, que tem arco abatido sobre os pés direitos, conservando no intradorso silhar com data inscrita.

Acessos

Segura, Rua do Castelo, Rua da Encosta do Castelo; Rua das Portas de Baixo. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,826560; long.: -6,980008

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 42 255, DG n.º 105 de 08 maio 1959

Enquadramento

Urbano, isolado, adossado ou flanqueado, na povoação, situada junto à fronteira com o antigo reino de Leão, na margem direita do Rio Erges. O recinto do castelo implanta-se no limite poente da povoação, num cabeço sobranceiro à mesma e sobre afloramentos rochosos, a cerca de 250 m. de altitude. Encontra-se transformado em miradouro, com pavimento nivelado a paralelepípedos, delimitado por guarda, possuindo vários bancos de madeira e candeeiros em ferro, e sendo acedido por duas rampas, cada uma delas, disposta no extremo do recinto. Deste tem-se panorama sobre a envolvente e a ponte sobre o rio Erges, integrada na estrada imperial romana, que ligava Mérida à Guarda, passando por Egitânia. Da ponte vislumbra-se a campina leonesa, o Castelo de Monsanto (v. IPA.00003930) e o de Castelo Branco (v. IPA.00002495). O troço das muralhas que integra a porta de Baixo encontra-se flanqueado por casas de habitação.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal / estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1114 - 1118 - D. Teresa doa Idanha-a-Velha aos irmãos Gozendo, para a deixarem, por sua morte, à Ordem do Templo; 1165, 30 novembro - D. Afonso Henriques doa ao mestre D. Gualdim Pais e à Ordem do Templo a terra de Idanha[-a-Velha] e Monsanto, limitada pelos rios Elga ou Erge, Tejo e Zêzere, com a condição da milícia servir ao monarca e ao seu filho; talvez devido à instabilidade do território, onde se inclui Segura, os Templários não povoam Egitânia, pelo que volta à Coroa; 1169, 30 novembro - D. Afonso Henriques doa Idanha-a-Velha e Monsanto à Ordem do Templo com a condição da mesma servir a si e ao seu filho; 1197, 23 janeiro - escambo entre D. Sancho I e a Ordem do Templo, sendo mestre D. Lopo Fernandes, confirmando a doação, feita por seu pai, de Idanha-a-Velha, com os seus termos, em atenção aos seus bons serviços prestados e à cedência, durante a sua vida, dos castelos de Mogadouro e de Penas Róis; 1206, 23 janeiro - D. Sancho I confirma a doação de Idanha-a-Velha à Ordem do Templo, feita por seu pai e, simultaneamente, doa também à mesma Ordem a vila de Egitânia Nova, ou seja, Idanha-a-Nova, sendo seu mestre D. Fernando Dias; 1214 - 1223 - referência documental ao povoamento de Segura; 1218 - Afonso II confirma ao mestre e a todos os irmãos da Ordem do Templo, em honra a Deus e para remissão dos meus pecados, das vilas de Egitânia, a saber a Velha e a Nova, com seus termos novos e velhos, conforme seu pai lhes havia doado "(...) Ego (...) Portugaliae Rx (...) concedo et confirmo vobis (...) illas supradictas villas que vocantur Egitanies Vetus et Nova (...)";1229, abril - D. Sancho II dá foral a Idanha-a-Velha fixando-lhes novos limites, cujo termo passa a ser mais pequeno, confinando a leste com Salvaterra do Extremo, fixado também por foral dado, a 2 maio 1229, por D. Sancho II, e que engloba a região de Segura; vendo que Idanha-a-Velha continua deserta, D. Sancho II doa-a ao seu chanceler mestre Vicente, bispo eleito da Guarda, saindo assim o território da posse dos Templários; 1240 - D. Sancho II determina aos proprietários de Idanha-a-Velha que a povoem, sob pena de perderem tudo quanto lá tem; 1244, 16 dezembro - D. Sancho II cede à Ordem do Templo, na pessoa do seu mestre, D. Martim Martins, todos os direitos reais que tinha sobre Idanha-a-Velha e Salvaterra, exceto da anúduva, exército, coleta (colheita e jantar) e moeda, regressando assim a posse dos Templários; 1258 - segundo as Inquirição de D. Afonso III, recebe-se do concelho de Idanha-a-Velha, Salvaterra, Segura, Rosmaninhal, Idanha-a-Nova e Proença "IX libras e VJ soldos"; 1296, 02 julho - escritura de composição celebrada entre o bispo da Guarda e a Ordem do Templo, indicando-se os territórios de Egitânia Velha, de Salvaterra, de Segura, de Idanha-a-Nova, etc; 1299 - em resposta aos alcaides e Concelho de Segura que, por morarem na fronteira de Leão tinham grandes perdas e danos com a guerra, D. Dinis estando em Portalegre, isenta os moradores de Segura da jurisdição de Salvaterra do Extremo e autoriza os moradores a construir um castelo no espaço de dois anos a contar do dia de São Miguel; 1307 - D. Vasco Martins de Alvelos, bispo de Idanha-a-Velha, intenta ação contra a Ordem do Templo por causa da jurisdição das vilas e castelos de Idanha-a-Velha, Salvaterra do Extremo, Rosmaninhal, Segura e Proença, apresentando uma doação feita por D. Sancho II ao bispo D. Vicente, seu antecessor, afirmando que ela não poderia ter sido anulada pelo facto do referido monarca ter sido deposto pouco tempo depois; 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; pouco depois, pelas letras "Deus ultiorum dominus", dirigidas ao arcebispo de Braga e bispo do Porto, nomeia-os como administradores dos bens templários em Portugal; D. Dinis empreende uma série de medidas, internas e externas, para evitar que os bens dos Templários em Portugal integrassem o património da Ordem do Hospital; assim, ordena que seja tirada inquirição sobre o património da Ordem e exige a apresentação de documentos da posse de algumas terras, nomeadamente as de Idanha-a-Velha e Salvaterra do Extremo e respetivos termos; os Templários defendem-se dizendo que tal procedimento nunca fora necessário, mas o rei impõe um prazo de nove meses para cumprirem a determinação, acabando a Ordem por não conseguir demonstrar a posse das terras; 1310, 19 janeiro - sentença a favor do rei pela qual voltam para a coroa as vilas de Idanha-a-Velha e Salvaterra do Extremo e "porque achamos outrosi pera emquiriçom que o Rosmaninham e Segura e Proença eram termos das ditas vilas", fica determinado que também essas povoações pertencem ao rei; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 02 maio - bula "Ad Provirem" concede aos soberanos a posse interina dos bens da Ordem do Templo, até o conselho decidir o que fazer com eles; 1318 - D. Dinis faz doação ao 1.º Grão Mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins, "(...) na Beyra, Eydanha a Velha e Eydanha a Nova e Segura e Salvaterra e Porença e o Rosmarinha"; quanto a Idanha-a-Nova refere tê-la povoado "quam ego populavi (...)"; 1319, 14 março - bula "Ad ea ex quibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo: "outorgamos e doamos e ajuntamos e encorporamos e anexamos para todo o sempre, à dita Ordem de Jesus Cristo (...), Castelo Branco, Longroiva, Tomar, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e todos os outros bens, móveis e de raiz"; 24 junho - carta de D. Dinis refere que de direito, Idanha-a-Velha, Salvaterra, Segura, etc, pertenceram aos Templários, então já extintos, e que por não ter direito nos ditos lugares devem pertencer à nova Ordem de Cristo instituída em reformulação da Ordem do Templo; 20 novembro - documento do primeiro mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins confirma a D. Dinis os bens que este lhe entrega e nas quais se inclui, na região da Beira, Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova, Segura, Salvaterra, Proença e Rosmaninhal, "as quaes vilas e logares el avia vençudos per sentença da ordem que foy do Templo e que tragia a ssa mão e a saa posse"; 1321, 11 junho - divisão em 38 comendas da Ordem de Cristo dos antigos bens pertencentes aos Templários; Segura passa a ser comenda com residência de um comendador no castelo e sob a dependência do comendador de Castelo Branco; 1376, 18 maio - carta régia de D. Fernando manda entregar a vila e o castelo de Segura a Frei Nuno Martins, comendador de Idanha, que dele fez menagem; 1377 - o termo de Segura com seus limites administrativos é dado à vila de Castelo Branco; séc. 15 - época provável da construção da barbacã; 1421, 24 fevereiro - D. João I concede carta de couto de homiziados a Segura; 1434, 24 abril - D. Duarte confirma o privilégio de couto de homiziados; 1441, 09 agosto - confirmação do privilégio de couto de homiziado por D. Afonso V; 1505, 28 outubro - data da visitação e elaboração do Tombo dos bens da comenda de Segura, da Ordem de Cristo, onde se faz a descrição do castelo, composto por recinto, barbacã quase completa e fosso *1; nesta data - procede-se a grandes obras na fortificação, nomeadamente na muralha do castelo, que tinha parte por amear, "por estar a ser feito de novo", constrói-se o balcão sobre porta do castelo, a torre dos Gatos, refaz-se a torre de menagem do meio para cima, com o balcão sobre a porta de acesso ao mesmo e a abóbada do último piso, etc; 1509, cerca - desenhos do castelo de Segura elaborados por Duarte de Armas *2; 1510, 01 junho - D. Manuel concede foral novo a Segura; 1568 - 1615 - é comendador D. Garcia de Castro; 1615, 09 junho - provisão para D. João de Castro fazer tombar os bens da sua comenda de Segura; 1640 - 1656 - D. João IV manda construir uma muralha que envolvesse a fortificação e grande parte do casario para proteger a população contra incursões inimigas *3; 1693, 26 fevereiro - alvará de D. Pedro aos moradores de Salvaterra, Penha Garcia, Segura e Rosmaninhal diminuindo-lhes o imposto cabeça das eiras, devido a serem vilas da "raias de Castela e terem sofrido tanta esterilidade que sendo de antes populosas vilas ficaram reduzidas as mais limitadas aldeias, com tal pobreza que se lhes faz intolerável o mais aliviado tributo e se vão despovoando as ditas vilas na conservação das quais consiste muita parte da defesa do reino"; 1704, maio - no contexto da Guerra de Sucessão de Espanha, a praça é tomado pelas tropas franco-espanholas comandadas pelo marechal de França, James Fitz-James, 1.º duque de Berwich; 1705, maio - o conde de Minas, governador das Armas da Beira, recupera os territórios de Salvaterra, Segura, Monsanto, Idanha, Castelo Branco e Ródão; 1706 - Manuel Fernandes Laranjo é mestre de campo da guarnição da praça; 04 setembro - Manuel Jacques de Magalhães, visconde de Fonte Arcada, a cujo cargo estava o governo das Armas da Província da Beira e do partido de Ciudad Rodrigo, manda o capitão major da vila de Proença Filipe da Cunha Robalo levantar gente na comarca de Castelo Branco para se forçar o terço para a guarnição das praças de Salvaterra e Segura; 1707, 07 maio - durante a crise sucessória espanhola, as tropas comandadas pelo Duque de Berwick, marechal de França, invadem Portugal e apoderam-se de Salvaterra do Extremo, Segura, Monsanto, Idanha e Castelo Branco; 1708 - 1726 - é comendador o Marquês de Cascais, D. Manuel José de Castro Noronha Ataíde e Sousa; 1739 - data inscrita no intradorso das portas de Baixo; 1758, outubro - segundo o frei Manuel Gonçalves Pretto, nas Memórias Paroquiais, o castelo, sem qualquer ruína, tem barbacã com três baluartes, a ponte levadiça, em madeira, a torre de menagem, onde vive o governador militar; o baluarte junto da ponte levadiça tem um canhão virado às portas do castelo e cada um dos dois restantes uma pela; 1762 - segundo as memórias do conde de Lippe, durante a Guerra dos Sete Anos, o comandante de Segura entregou fortaleza à primeira intimidação do exército espanhol, mas ele não tinha meios de se defender; a conquista desta praça e da de Salvaterra tornava o inimigo senhor do Erge, porque lhe assegurava a comunicação direta com Alcântara e as vizinhanças de Castelo Branco, onde todo o exército franco-espanhol se reuniria a meados de setembro; a praça de armas é desenhada por militar espanhol anónimo; 1764 - conde de Lippe visita as várias fortificações do país, passando por Salvaterra e Segura; 1807, novembro - entrada das tropas francesas comandadas por Junot, deixando a fortificação de Segura muito danificada, especialmente a torre de menagem; 1811 - é donatária a Coroa; 1824, 03 novembro - alvará ao barão de Castelo Novo, José Caldeira Ordaz, de uma vida na comenda de Segura e alcaidaria-mor para seu filho José Caldeira de Ordaz de Valadares; 1836 - extinção do concelho de Segura, passando a constituir freguesia do concelho de Salvaterra; 1837 - extinção das comendas e integração dos bens nos Próprios Nacionais; 1846 - extinção do governo militar da fortificação de Segura, ficando a mesma abandonada; progressivo desmantelamento das muralhas, cuja pedra é reaproveitada pela população nas construções; 1855, 24 outubro - Decreto extingue o concelho de Salvaterra, transitando Segura para o de Idanha-a-Nova; 1902, 11 maio - existem forças militares destacadas em Segura aquarteladas na casa da Câmara; 1945, 15 agosto - a Junta de Freguesia de Segura, presidida por Januário Grilo de Andrade, manda construir uma casa no sítio do castelo, para as reuniões da Junta; 1949 - segundo Mário Marques de Andrade, com a reconstrução da Igreja Paroquial e da torre anexa, a população fica privada do seu relógio, visto que, o que tinha, além de muito deteriorado, não se pode adaptar à nova terra, sendo, por isso, muito necessário a torre relógio; o mesmo autor considera imperioso a construção de um miradouro no sítio do castelo, com a destruição "de todas as pocilgas ali existentes"; nesta data ainda surge referida a cisterna do castelo; séc. 20, meados - construção da atual torre do relógio no local do antigo castelo, pela Junta de Freguesia de Segura.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria ou cantaria de granito; cimento nas juntas.

Bibliografia

ARMAS, Duarte de - Livro das Fortalezas. Fac-simile do MS. 159 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa: Patrocínio da Academia Portuguesa de História; edições Inapa, 1997; ALMEIDA, João de - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: 1948; ANDRADE, Mário Marques - Subsídios para a Monografia de Segura: aldeia raiana das mais pitorescas. Lisboa: edição do autor, 1949; «Fortaleza de Segura». In Direção-Geral do do Património Cultural (http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73367/), [consultado em 20 agosto 2016]; «Fortaleza de Segura» In Fortalezas.org (http://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=1889), [consultado em 20 agosto 2016]; GONÇALVES, Iria (organização) - Tombos da Ordem de Cristo. Comendas Sul do Tejo. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2009, vol. 5; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues - Os castelos da Beira Interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI). Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa. Lisboa: texto policopiado, 1995; GOMES, Rita Costa - Castelos da Raia. Beira. Lisboa: IPPAR, 1997, vol. 1; MARCELO, M. Lopes - Beira Baixa. A memória e o olhar. Lisboa: 1993.

Documentação Gráfica

BNP: Planta da Fortaleza de Segura (c. 1730) (http://purl.pt/25487)

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID (PT DGEMN:DSID-001/005-005-0460/5)

Intervenção Realizada

CMINova: 1994 - depois desta data procede-se ao arranjo urbanístico da zona do antigo recinto do castelo e à limpeza da cantaria da porta de Baixo.

Observações

*1 - No Tombo dos bens da comenda de Segura, de 1505, faz-se a seguinte descrição do castelo: "junto da dicta Villa de segura contra ho ponente tem ha hordem huu castello em huu monte alto e tem huua caua que ho çerca quaisi todo arredor e aalem da dita caua tem logo huua barbacãa com dous cubellos pequenos todo de pedra e barro com suas seeteiras e bombardeiras bem corrigida e ameada. e tem mais huu muro forte de cantaria bem ameado parte delle. e ho que estaa por amear se faz ora de nouo. tem huu portal de pedraria bem feito com suas portas fortes e bem fechadas. e sobre ho dicto portal. huua guarita de cantaria nouamente feita. Estam no dito muro duas torres. huua noua rasa com ho muro que se chama a torre dos gatos. toda de cantaria bem obrada com suas ameas e juntas feitas de cal. moçiça atee ho andar do dito muro. e ha outra torre mais pequena que se chama ha torre da farinha. ha meatade della he de cantaria e ha outra meatade de pedra e cal tem huua janella ao norte e estaa igualmente madeirada e cuberta de telha vãa. dentro na dicta çerca tem huua torre de menagem toda de canteria. do meyo pera cima. feita de nouo e tem huu portal pequeno com suas portas mujto forte pera ho qual sobem per huua escaada de pedra de xij degraaos. sobre ho dicto portal tem outra guarita de cantaria nouamente feita. tem ha dita torre logo na primeira entrada huu sobrado e debaixo delle huu aljube. e tem mais açima outro sobrado pera que sobem per huua escaada de madeira com seu mainel todo bem obrado. e quais nouo. e tem em cada sobrado sua freesta ao norte. e do dito sobrado de çima sobem per huua escaada de madeira e des i per outra escaada de pedra que uay pello moçiço da parede da dita torre teer açima aa aboueda e tem no topo da escaada. huua porta d alcapõoe forte. e tem ha dita aboueda fecto ho terreiro de cima de cal muito chãao com seu peitoril ameyado e fecto de nouo e bem obrado com suas seeteiras dobradas. dentro na dicta çerca estaa ho aposentamento do comendador ho qual he alcaide moor do dicto castello. e tem logo aa entrada da çerca huua salla terrea com huua chaminee de sebe e barro. e he bem madeirada. barrada e cuberta de telha. e leua viij uaras e meya de longo e quatro e meya de largo. aa maao seestra da dita sala tem huua camera sobradada. barrada da dita manejra e cuberta de telha pera que sobem per huua escaada de madeira mal corregida e tem huua janela d asentos da parte de dentro contra ho sul com suas portas bõoas com huua chamjnee noua de cal e tijollo leua de longo per baixo seis uaras e quatro de largo e outras tantas leua pello sobrado. E aalem desta camara tem outra asi sobradada e madeirada da dita maneira e asi telhada. e leua de longo per baixo quatro uaras e meya e duas e meya de largo. e outro tanto pello sobrado. aalem destas casas tem huua casa que serue de estrebaria com seu palheiro em çima. e tem hum sobrado que nom chega ao muro e he mal coberto de telha. Todas estas casas estam pegadas no muro da parte do norte. tem has paredes de pedra e barro e adobes bem corregidas. fechadas com suas portas: defronte das dictas casas e dentro na dita çerca estamos duas casas. huua .a saber. de mantijmentos e outra d armaria. bem oliuelladas sobre has asnas. cubertas de telha. e solhadas de tauoado sobre ho chãao com bõoas portas e bem fechadas. ha primeira leua quatro uaras de longo e quatro de largo. e ha outra casa outro tanto. sobre ho portal estam has quinas rreaes com sua coroa em pedra. antre has ditas casas e aposentamento do comendador estaa a cisterna bõoa e alta. e estaa no dito terreno. huua moreira. no dicto castello se acharom estas armas .a saber. huu passauolante e huua serpentina. e seis beestas de garruche e sete spingardas. e eram a correger duas bombardas pequenas. ho alcaide do dito castello faz delle menagem". *2 - Os desenhos de Duarte de Armas permitem perceber melhor a estrutura do castelo de Segura, retratando-o com planta ovalada, composta por barbacã, com muralha ameada, de 4 varas de altura, reforçada por três cubelos, um circular e dois retangulares, um deles com alambor, rasgadas por troneiras e duas portas, uma nas imediações da porta do castelo, e a porta falsa, do lado oposto e virada à vila, com ponte levadiça sobre o fosso, que circundava quase por completo a barbaça. Na liça, a barbacã era seccionada por muro oblíquo entre a muralha e a torre mais pequena de um dos topos. O castelo, igualmente de planta ovalada, possuía muralhas ameadas com 7 varas e 4 passos de altura, e em cada um dos extremos uma torre, desenvolvidas para o exterior: de um lado, a torre de menagem, quadrangular, com 7 varas e dois passos, por face, e 13 varas e meia de altura, ameada, com 4 vãos e um balcão, existindo junto à mesma uma antiga cisterna, à qual se seguiam escadas para o adarve; no lado oposto, existia uma outra torre, com 4 varas e meia por 3 varas e 1 passo, e com 10 varas e 1 passo de altura; em frente desta ficava uma cisterna com muita água. Sensivelmente a meio das faces compridas existia, de um lado, uma torre, de 3 varas, e, do outro, um pano de muralha saliente, com 7 varas. Nas suas imediações abria-se a porta do castelo, em arco, encimado por balcão com matacães. No interior do recinto, desenvolviam-se, adossadas à face interna da muralha, as várias dependências da casa do comendador e de apoio, entre o pano de muralha avançado, e a torre telhada do lado oposto. Extramuros, desenvolvia-se a nascente a povoação com a igreja de planta composta por nave e capela-mor, alpendre frontal e campanário disposto lateralmente. Duarte de Armas representa ainda a ponte sobre o rio Erges, então em mau estado, que integrada a estrada imperial romana, que ligava Mérida à Guarda, passando por Egitânia. *3 - Segundo Mário Marques de Andrade, a cerca urbana construída no séc. 17, teria o seguinte traçado: principiava pela encosta voltada para o ribeiro da Fontainha, seguia pelo castelo, Rua da Guarita, Rua das Portas de Cima, Rua do Outeiro, Terreiro; daqui iria ao muro das paredes do palheiro de José Dias (em 1949), muro do chão do Galo, Arco da porta de Baixo, Rua da Calçadinha e Rua da Encosta do Castelo, até encontrar a muralha da fortaleza. Ao que parece as muralhas tinham seis guaritas. As Portas de Cima e de Baixo permitiam o acesso ao interior da vila. *4 - Segundo João de Almeida, em 1945, ainda existiam ruínas de duas atalaias que reforçavam a defesa do castelo de Segura, uma a 500 m a sudoeste da Ponte de Segura, sobre o outeiro da cota 254, onde uma torre vigiava a passagem do Erges, e a outra no cabeço Canchal, a 1,5 km a nordeste de Segura, a cavaleiro da confluência do ribeiro de Santa Marinha com o rio Erges, onde uma grande torre interligava Segura e Salvaterra e, simultaneamente, vigiava a passagem do rio Erges.

Autor e Data

Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
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