Cinema Condes

IPA.00003985
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António
 
Arquitectura cultural e recreativa, modernista. Cinema.
Número IPA Antigo: PT031106450416
 
Registo visualizado 1192 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Cinema  

Descrição

De planta rectangular, volumetria escalonada e cobertura efectuada por terraço. Implantado de modo a acompanhar o declive do terreno, desenvolve-se em duas frentes, com fachadas orientadas a O. e S.: em reboco pintado, com piso térreo revestido a cantaria, tem o ângulo de articulação boleado, acentuado superiormente por remate em corpo circular de menor secção, vazado por 5 janelas e protegido por pala. A entrada, no piso térreo, é rasgada no ângulo por porta principal de verga recta, ladeada do lado O. por 3 portas de verga recta encimadas por janelas e do lado S. por 5 janelas rectangulares e outra porta no extremo oposto, também de verga recta. Acede-se ao interior através da porta localizada no ângulo, mas também pelas portas laterais, conducentes ao antigo vestíbulo.

Acessos

Avenida da Liberdade, n.º 2 - 10; Rua dos Condes, n.º 22 - 34

Protecção

Incluído na classificação da Avenida da Liberdade (v. IPA.00005972) e na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente

Enquadramento

Urbano, destacado, flanqueado, fazendo gaveto.

Descrição Complementar

"nos terrenos que eram pertença dos Condes da Ericeira, se ter edificado há mais de duzentos anos, entre 1756 e 1765 - pois não há precisão quanto à data exacta da sua inauguração - um primitivo teatro com traça do arquiteto italiano Petronio Manzoni, passou esta casa de espetáculos a denominar-se Teatro da rua dos Condes. Por ali passaram muitas e variadas companhias, nacionais e estrangeiras, apresentando os mais diversos géneros de espectáculos (...) A 13 de Outubro de 1882 começou a ser demolido o então Teatro da Rua dos Condes (...) Sucedeu-lhe o "Teatro Chalet, para, depois da construção de novo edifício dar lugar a um novo Teatro da Rua dos Condes, este inaugurado em 23 de Dezembro de 1888, sob projeto de Dias da Silva e executado pelo construtor João Calar. Era agora propriedade do importante e abastado comerciante que foi Francisco de Almeida Grandella (...) Durante vinte e sete anos consecutivos o Condes manter-se-ia como teatro. Porém, em 1915, e em consequência dos precários resultados financeiros obtidos com a exploração teatral, o Teatro da Rua dos Condes fecharia as suas portas após a atuação da última companhia (...) em Janeiro desse ano. (...) Leopoldo O `Donnell, empresário do Olympia, Júlio Petra Viana, já seu sócio na empresa deste cinema e Carlos Sodré, funcionário superior da Companhia dos Tabacos, decidiram tomar o teatro de arrendamento para nele dar início a uma exploração cinematográfica. (...) [1916] Lisboa passava a ter, assim, cinco importantes e vastos salões de estreia - o Chiado Terrasse, o Salão da Trindade, o Salão Central, o Olympia e agora, o Condes (...) Daí em diante, até à abertura do Tivoli, em 1924, o Cinema Condes passou a ser, é de justiça anotá-lo, a mais bem frequentada sala de Lisboa." (RIBEIRO)

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: cinema

Utilização Actual

Comercial: estabelecimento de restauração

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Raul Tojal (1952). ENGENHEIRO: Alfredo Fernandes. ESCULTOR: Arístides Vaz; DECORADOR: José Espinho; PINTOR: Fernando Santos; DECORADOR: José Espinho; PINTOR: Fernando Santos.

Cronologia

Cronologia Prévia 1756 a 1765 - construção de um teatro chamado Teatro da Rua dos Condes; 1784 - D. Maria I manda fechar as salas dos teatros da Rua dos Condes e do Salitre por aí se terem passado ""escandalosas transgressões das leis divinas e humanas". Os atores estiveram presos meio ano até que a monarca permitisse a sua libertação e a reabertura dos teatros; 1787, outubro - William Beckford deixa registado nas suas memórias sobre Portugal uma ida ao teatro na Rua dos Condes para assistir a uma tragédia de Voltaire, Mérope, onde se diz impressionado com a qualidade dos cenários e figurinos; 1882, 13 de outubro - início da demolição do teatro; 1888, 23 de dezembro - inauguração do Teatro Chalet em novo edifício; 1915 - encerramento das atividades do teatro; empresa cinematográfica arrenda o edifício, agora pertença de Francisco Grandela; 2 de abril - inaugurada a temporada de cinema no Teatro da Rua dos Condes; José Martins Castello Lopes, funcionário da Companhia Cinematográfica de Portugal toma conhecimento de que a empresa arrendatária pretende trespassar o negócio, cria uma empresa com José Sequeira, Carlos Gotschalk e Carlos Stella e adquirem o negócio por 10 contos de réis. Em virtude da entrada de Portugal na 1.ª Grande Guerra, Carlos Stella e Carlos Gotschalk, austríaco e alemão, saem do país; 1916, 5 de fevereiro - abertura do cinema sob a exploração exclusiva de Castello Lopes, o edifício mantém o letreiro no frontão o nome de Teatro da Rua dos Condes mas passar a adotar a designação de Cinema Condes; 1919, verão - grandes obras no interior do edifício; 29 de novembro - reabertura após as obras. CRONOLOGIA: 1951- início da demolição do teatro e construção do cinema Condes na propriedade de Luis de Almeida Grandela, pela empresa teatral Variedades, construído com projecto de Raul Tojal e executado pelo construtor António Costa: o auditório, de planta rectangular e orientada longitudinalmente, dispunha de plateia, 1.º e 2.º balcão, com uma lotação total de 1000 lugares, contava com espaços de apoio ao público, como as bilheteiras, a tabacaria e o bengaleiro; 30 de Outubro - inauguração; 2003 - depois de profundas obras de transformação para adaptação do cinema a um restaurante, é inaugurado o Hard Rock Cafe.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira.

Bibliografia

RIBEIRO, M. Félix, Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa, Lisboa, 1978; ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa - Um fenómeno urbano do século XX, 2.ª edição, Bizâncio, 2013, p. 207; OLIVEIRA, Maria João, Teatros em Lisboa no século XVIII: proibida a entrada a mulheres, em nome da “ordem”, A Mensagem, 9 de setembro de 25.

Documentação Gráfica

CML: Arquivo de Obras, Proc. n.º 29.876

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Proc. n.º 29.876 (*1).

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO *1 - o Processo continha apenas informações relativas ao edifício anteriormente existente no mesmo local, apresentando tão-só peças desenhadas relativas ao projecto e construção do edifício que na actualidade existe.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998

Actualização

Filomena Bandeira 2004 Josina Almeida 2025
 
 
 
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