Mosteiro de Alpendurada / Mosteiro de São João Baptista de Alpendurada / Igreja Paroquial de Alpendurada / Igreja de São João Baptista / Hotel Mosteiro de Alpendurada

IPA.00003968
Portugal, Porto, Marco de Canaveses, Alpendorada, Várzea e Torrão
 
Mosteiro beneditino fundado no séc. 11, de que não restam estruturas, salvo alguns silhares com inscrições ou elementos decorativos, totalmente reconstruído ao longo dos séc. 17 e séc. 18 e alvo de obras mais recentes, no séc. 20, de adaptação a unidade hoteleira, usufruindo da implantação privilegiada, na margem do rio Douro. É composto por vários corpos desenvolvidos de forma irregular, com igreja retangular e zona regral, em torno de pequeno claustro, dispostos no enfiamento do lado esquerdo da igreja, surgindo o corpo da hospedaria perpendicular à fachada principal, mantendo ampla cerca, que se estende até e ao longo do rio Douro. Igreja de estrutura simples, tendo em consideração outros conjuntos monásticos desta Ordem, composta por nave e capela-mor, transepto inscrito e apenas percetível no interior, e capela-mor, com sacristia adossada ao lado esquerdo, antecedida por ante-sacristia e uma torre sineira saliente, com coberturas interiores em abóbadas de berço, iluminada unilateralmente por amplos janelões protegidos interiormente por sanefas de talha, a que correspondem janelas falsas na face virada a norte, denotando uma forte tendência para a simetria. Fachada principal com estrutura maneirista, rematada em frontão e com três eixos de vãos e nichos com os santos da Ordem e o orago do templo. Interior com coro-alto amplo, assente em arco abatido, contendo cadeiral em U, de talha ostentando decoração tardo-barroca, prolongando-se em duas tribunas, uma delas com um órgão (Evangelho) e outra com estrutura retabular. Confrontantes, as capelas laterais com retábulos de talha tardo-barroca e dois púlpitos, tendo o presbitério e capelas protegidas por teia de madeira. Capela-mor muito profunda, tendo, sobre supedâneo de degraus centrais, o retábulo-mor de talha rococó. Sacristia com arcaz de madeira acharoada, de "chinoiserie" e simples lavabo. A zona regral é bastante irregular, vivendo de uma sucessão de corpos articulados, num eixo que se desenvolve para oriente, tendo a zona mais regular em torno de claustro de dois pisos, tendo arcadas abertas no inferior e janelas de varandim no superior; ao centro, chafariz do tipo centralizado. As escadas regrais acedem ao segundo piso com alas e corredores com tetos de madeira. A hospedaria desenvolve-se de forma simétrica, apresentando uma estrutura de final do séc. 18 e reformada pelo proprietário após a extinção, colocando-lhe a sua pedra de armas. A cerca possui várias casas de apoio rural, moinhos, latadas e uma fonte de aparato junto à hospedaria.
Número IPA Antigo: PT011307010025
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Planta poligonal irregular, desenvolvendo-se em eixo de oriente para ocidente, composta por igreja, hospedaria e dependências monacais. IGREJA de planta retangular composta por nave, transepto inscrito, apenas visível no interior, e capela-mor, tendo adossados torre sineira e sacristia no lado direito e batistério no lado oposto, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas, sendo em coruchéu piramidal na sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos, e rematadas em frisos e cornijas; as empenas, alteadas relativamente às coberturas e capeadas, ostentam cruzes latinas. Fachada principal virada a ocidente rematada em frontão triangular, com cruz latina no topo, com tímpano marcado por falso óculo circular, ladeado por apainelados de cantaria em losango. É rasgada por portal de verga reta e moldura recortada, rematado por frontão de lanços, ladeado por dois postigos retilíneos e com molduras recortados; sobre um friso que secciona a fachada, surgem três nichos em abóbada de concha, tendo aventais sob o friso, contendo imaginária e encimados por janelas retilíneas em capialço. No lado direito, a torre sineira de três registos definidos por frisos e cornijas, o inferior com janela na face ocidental e porta e janela na norte. O segundo registo possui janela e, no topo, quatro sineiras de volta perfeita e assentes em impostas salientes. A estrutura remata em frisos, cornijas e pináculos de bola nos ângulos. Fachada lateral esquerda rasgada por janela a marcar o topo do transepto. Fachada lateral direita com duas janelas no corpo da nave e dois no da capela-mor, surgindo, ainda, uma pequena luneta a marcar o coro-alto e uma segunda a marcar o transepto. Fachada posterior rematada em empena cega. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, rematadas por frisos e cornijas de cantaria, onde assentam as abóbadas de berço, rebocadas e pintadas de branco, a da capela-mor com vestígios de pinturas murais, e, sobre o coro, uma abóbada de lunetas. As janelas do lado do Evangelho são falsas e todas possuem molduras e sanefas de talha pintada e dourada. Pavimento em tijoleira, com réguas em cantaria de granito. Coro-alto em cantaria de granito sobre três arcos em asa de cesto, formando dois tramos; prolonga-se lateralmente em duas tribunas de cantaria, assentes em modilhões, com guardas de madeira balaustrada; tem acesso por porta de verga reta no lado da Epístola, a partir da zona regral, tendo uma falsa no lado oposto. Possui cadeiral em U, de 24 cadeiras e, ao centro, a do abade, de madeira, encimadas por espaldar de talha pintada e dourada. Confrontantes, nas tribunas, órgão no lado do Evangelho e capela retabular no lado da Epístola. O portal axial está protegido por guarda-vento de talha pintada e dourada. Confrontantes, enormes pias de água benta embutidas no muro, concheadas. Surgem, ainda, quatro vãos, dois retilíneos e dois de volta perfeita de acesso a dependências, ao batistério e a confessionários, bem como uma porta de ligação à zona regral. O Batistério está protegido por teia de madeira com aplicações douradas, contendo pia batismal composta por pequena coluna e taça hemisférica, com decoração geométrica incisa. Confrontantes e sob as tribunas, dois vãos de volta perfeita, onde se integram as capelas de São Bento (Evangelho) e da Sagrada Família (Epístola), esta composta por simples altar paralelepipédico e peanha. As capelas laterais da nave estão protegidas por teia, que fecha junto ao cruzeiro, de balaústres em talha em branco e pequenos apontamentos dourados. As capelas estão à face, envolvidas por arcos de volta perfeita, sobrepujados por sanefas de talha pintada e dourada. As do Evangelho são dedicadas ao Imaculado Coração de Maria e ao Sagrado Coração de Jesus, sendo as opostas dedicadas ao Senhor da Cana Verde e ao Crucificado. Ainda confrontantes, dois púlpitos de talha pintada e dourada, gémeos, com bacias quadrangulares, assentes em mísulas ornadas por acantos e enrolamentos, com guardas galbadas, decoradas por apainelados, e acessos por portas retilínes encimadas por apainelados e sanefas compostas por cornijas, lambrequins e frontões de lanços, com decoração vazada. O transepto, inscrito, é marcado por amplos arcos de volta perfeita. Arco triunfal em cantaria de granito, de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e encimado por frontão de lanços, o central ostentando cartela com as insígnias da Ordem. Capela-mor protegida por teia de madeira semelhante à da nave, marcada por alto supedâneo de três degraus centrais, ficando junto aos maciços dois assentos de celebrantes de talha em branco. No topo, a mesa de altar sobre dois degraus de cantaria. Na parede testeira, o retábulo-mor, de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, de corpo côncavo e três eixos definidos por quatro colunas coríntias assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos. Ao centro, tribuna de perfil lobulado, de moldura simples e contendo trono expositivo, com baldaquino no topo, onde surgem vários anjos tocheiros. Sob a tribuna, nicho de volta perfeita assente em pilastras, contendo a imagem do orago. Os eixos laterais possuem nichos em volta perfeita e molduras salientes, rematados por acantos, contendo imaginária. A estrutura remata em frisos e cornijas, encimadas por anjos, fragmentos de frontão, enquadrados por duas arquivoltas decoradas com elementos geométricos, que centram espaldar recortado e decorado por enrolamentos e cartelas, contendo a representação do "Agnus Dei". Sob o nicho do orago, porta de acesso à tribuna. No lado da Epístola, porta de acesso à sacristia, com lavabo, arcaz e armário de cálices e amitos de madeira pintada em "chinoiserie". A HOSPEDARIA desenvolve-se paralelamente ao terreiro da igreja e liga à ala ocidental do claustro, de planta retangular simples e cobertura homogénea em telhado de três águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em cornijas, evoluindo em um e dois pisos, adaptando-se ao declive do terreno. Fachada principal virada a norte, com acesso pelo terreiro da igreja, rasgada por nove frestas, uma janela em arco abatido e o portal da Portaria, em arco abatido e moldura recortada, rematado por frontão interrompido pela pedra de armas do Visconde de Alpendurada e por urnas. Fachada lateral direita com uma janela. Fachada posterior dividida em quatro panos, o do lado esquerdo com dois níveis de janelas retilíneas, sucedendo-se um revestido a cantaria, com escadaria de acesso e alpendre de duas arcadas, de acesso à hospedaria propriamente dita. O imediato possui porta e janela no piso inferior e três janelas de peitoril no segundo. O pano do extremo direito é o maior, marcado por um eixo central, com ampla janela regral, ladeados por uma sucessão de 10 janelas em cada piso, alternando entre janelas de peitoril e de sacada. ZONA REGRAL desenvolve-se em torno de claustro retangular de dois pisos, o inferior formado por arcadas de volta perfeita, assentes em colunas toscanas e abertos diretamente para a quadra. O piso superior possui janelas de sacada retilíneas com bandeiras. A quadra, pavimentada a lajeado, possui quatro canteiros recortados, que centram chafariz em cantaria de granito, composto por tanque circular e obelisco central, ornados por animais marinhos. As alas inferiores possuem silhares de azulejo de padrão azul e branco e pavimentos em lajeado de granito. A área prolonga-se para oriente, com vários corpos, de fachadas rebocadas ou revestidas a cantaria de granito, alguns corpos com terraços, permitindo a visualização do rio, evoluindo em dois pisos, rasgados por janelas retilíneas, no dormitório com conversadeiras internas. INTERIOR marcado por amplas zonas de circulação com coberturas em madeira, de caixotões, pavimento em ladrilho e escadas de cantaria. As antigas celas foram transformadas em quartos com casas de banho privativas e duas suites, havendo um espaço de piscina coberta, aquecida. Mantém-se a cozinha dos frades, com ampla lareira, contendo forno embutido no muro, lavabo e amplas mesas, tudo em cantaria, e o lagar de varas. Junto aos muros das dependências, surgem áreas ajardinadas, lagos e, junto à hospedaria, um amplo Chafariz, na base de uma escadaria monumental, de três lanços, com tanque poligonal e pequeno espaldar revestido a azulejo azul e branco, com bica em forma de carranca. A propriedade desde até ao Douro, possuindo vários miradouros, piscina, praia fluvial, campo de ténis, pistas de manutenção e vinte casas independentes, dispersas na antiga cerca.

Acessos

Alpendorada, Lugar do Mosteiro, Adro da Igreja

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 402/2013, DR, 2.ª série, n.º 117 de 20 junho 2013

Enquadramento

Peri-urbano, a sudeste do Lugar da Granja, isolado, implantado a meia-encosta, na margem norte do rio Douro, de forma harmónica e adaptado ao forte declive do terreno. Encontra-se rodeado por casas residenciais unifamiliares e quintas com cultura de vinho em socalcos. Da antiga cerca, subsistem 83 ha, que se desenvolvem a sul, onde se forma uma floresta de pinheiro e eucalipto, e habitam javalis, patos, perdizes, raposas, gatos-bravos, milhafres, coelhos e águias. Ao cenóbio, acedem dois caminhos pavimentados a calçada de granito, o primeiro paralelo à fachada lateral esquerda da igreja, e que desce até ao terreiro. O segundo caminho é fronteiro ao conjunto monacal, a partir de uma larga rotunda e alameda com cerca de 80m, bordejada por árvores, algumas plantadas no arranjo levado a cabo em 2007. A alameda bifurca em acesso pedonal à igreja e num acesso, por amplo portão e estrada pavimentada a calçada ao mosteiro. Junto a esta derivação, surge placa com a inscrição: "REQUALIFICAÇÃO URBANA DA AVENIDA / DE S(ão) BENTO E ADRO DA IGREJA / E DO CONVENTO DE ALPENDORADA / Inaugurada pelo Ex(celentissi)mo Senhor Presidente da / Câmara Municipal do Marco de Canaveses / D(outo)r Manuel Moreira / 29 de Julho de 2007"

Descrição Complementar

Na FACHADA PRINCIPAL, surge vestígio de friso que constitui o reaproveitamento dum silhar lavrado das antigas construções medievais. A esfera do frontão de lanços do PORTAL AXIAL, tem incisa a data "1727". O GUARDA-VENTO é de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, formada por pilares que sustentam cornija curva, sobrepujada por acantos rendilhados e urnas. Possui duas folhas axiais, com apainelados de madeira e vidro e duas portas laterais, almofadadas. O CADEIRAL DO CORO-ALTO desenvolve-se em U, com 24 cadeiras em madeira entalhada, com assentos móveis e misericórdias decoradas, tendo os braços volutados. Estes centram a cadeira do abade, de maiores dimensões, mas com o mesmo tipo de estrutura. Estão encimados por espaldar de talha policroma, de marmoreados fingidos, vermelhos, rosa, verdes e azuis, tendo apontamentos dourados. Sobre cada duas cadeiras, o espaldar forma apainelados retilíneos, sobrepujados por espaldar recortado, ornado por acantos e concheados, que se intercalam com pequeno apainelado quadrangular, encimado por enrolamentos vazados e acantos. O espaldar do abade é sobrepujado por espaldar de maiores dimensões, recortado e com profusa decoração de acantos. O ÓRGÃO de TUBOS, bastante amputado, tem caixa de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, formado por três castelos e dois nichos separados por pilares almofadados, decorados por elementos vegetalistas e com pináculos nos ângulos. O castelo central, mais elevado, tem os tubos de montra em meia-cana, sendo os laterais em ângulos, todos com gelosias vazadas por acantos, em cortina; rematam em enrolamentos e acantos, que encimam os frisos e cornijas que percorrem toda a estrutura. Na base dos castelos e nichos, os tubos de palheta, nos primeiros inscritos em mísulas decoradas por acantos. Consola em janela, ladeada pelos botões dos registos. O RETÁBULO DA TRIBUNA DA EPÍSTOLA está inserido em arco de volta perfeita e é de talha pintada de marmoreados azuis e dourada, de corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica, assentes em consolas. Cada eixo possui fundos pintados de motivos fitomórficos, que se adossam mísulas bolbosas, encimadas por baldaquinos, o do central de maiores dimensões e constituindo-o remate da estrutura, este ladeado por anjos de vulto esvoaçantes. Altar paralelepipédico, com frontal ostentando decoração fitomórfica e com sebastos e sanefas marcados, encimado por sacrário embutido na estrutura. A CAPELA DE SÃO BENTO tem estrutura retabular de feitura mais recente, pintada de marmoeados fingidos azuis e rosa, de corpo reto e um eixo, formado por duas pilastras com fustes de falsos almofadados, que centram nicho de volta perfeita, contendo um enorme dossel de drapeados fingidos. A estrutura remata em arquivolta com acanto no fecho. Altar paralelepipédico, decorado por apainelados e reserva circular central. Os RETÁBULOS LATERAIS são semelhantes, cada um deles de talha pintada de azul, cinza e branco e marmoreados fingidos, tendo apontamentos dourados. O corpo é convexo, composto por três eixos, definidos por duas colunas e duas pilastras de capitéis coríntios, assentes em plintos galbados e almofadados. Ao centro, nicho de volta perfeita com moldura saliente, com seguintes almofadados e friso pintado, exceto no do Crucificado, em arco abatido e recortado. Cada eixo lateral possui nicho de boca rendilhada por acantos. Todos os nichos possuem os fundos pintados de azul. A estrutura remata em entablamento sobre os eixos laterais, que sustentam frontão triangular tendo o tímpano decorado por querubim, sobrepujado por espaldar recortado, com acantos e enrolamentos, cingido por arquivolta de aduelas fitomórficas. Altar paralelepipédico, do do Sagrado Coração de Jesus, encimado por sacrário embutido na estrutura com porta ornada por ostensório, envolvido por molduras recortadas e volutadas, sobrepujado por cornija contracurva de inspiração borromínica, que enquadra coração inflamado. Os RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes aos anteriores, o do Evangelho de talha dourada, tendo sacrário em forma de templete, flanqueado por pilastras e a porta ornada por motivos eucarísticos, surgindo sacrário semelhante no lado oposto, com a porta decorada por sol. Na ANTE-SACRISTIA, a inscrição: "ERA DE MIL E CCCC E XX / ANOS DON AFONSO / MARTIS ABADE D / ESTE MOSTEIRO / MANDOU FAZER A / OBRA DESTA CRA / ASTA POR AS ALM / AA E FOI FEITA PER / MAAO DE IHON GARC / CIA DE TOLEDO MEST / RE E VEEDOR DAS OB / RAS DELREY DON FE / RNANDP PATER NOS / AVE MA TER". O LAVABO DA SACRISTIA é em cantaria de granito, formado por alto espaldar retilíneo, flanqueado por pilastras, encimado por friso e frontão de lanços, ornado por pinha. Ao centro, três bicas em forma de carranca, que vertem para taça ovalada com decoração gomada. A PEDRA DE ARMAS da Portaria é da família Vieira Magalhães, com escudo esquartelado, o primeiro "De prata, com três faixas xadrezadas de vermelho e de prata, de três tiras" (Armorial, p. 331) e o segundo "De vermelho, com seis vieiras de ouro, postas 2, 2 e 2", encimadas por coroa aberta.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Comercial e turística: hotel

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - Arciprestado de Marco de Canaveses) (Igreja) / Privada: pessoa coletiva (Mosteiro)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Frei José de Santo António Ferreira Vilaça (1780-1783); João Garcia (séc. 14); Miguel Fernandes (1725). ENTALHADORES: Domingos José Ferreira (1782); Francisco de Freitas Rego (1780-1783); João Bernardo da Silva (1780-1783);Manuel José Correia (1780-1783). PINTO: Frei José da Apresentação (séc. 18 - 19)

Cronologia

1054 - 1059 - fundação do Mosteiro pelo Abade Velinus, em torno de um oratório dedicado a São João Baptista; 1059, 01 novembro - D. Sisnando Viegas (1049-1085?) consagra a igreja; 1065, 30 maio - Velino oferece o pequeno ermitério a Exemeno, entrando na esfera do monaquismo visigótico; 1072 - o padroado do mosteiro pertence a Mónio Viegas, que introduz melhoramentos, amplia a igreja e manda fazer uma imagem de São João Baptista em prata; 1073 - falecimento de Gavino Froilaz, que terá deixado bens ao mosteiro; 1085 - o mosteiro adota a regra de São Bento; 1092 - D. Crescónio (1092-1098), bispo de Coimbra e beneditino do Mosteiro de São Bartolomeu de Tui sagra a nova igreja; 1094, 10 agosto - Crescónio deixa, em testamento, uma propriedade ao mosteiro, em Alvarenga; 1099 - o mosteiro ganha o padroado da igreja de Anreade; referência à observância da regra de São Bento; 1108 - o mosteiro ganha o padroado da igreja de Espiunca; 1123 - Mendo Viegas doa terras e escravos, com a condição de que alguns fossem alforrados; 1128, 08 janeiro - recebe carta de couto de D. Teresa; 1132, 13 julho - D. Afonso Henriques confirma o couto concedido anteriormente e anexa-lhe o couto de Escamarão ou Vila Meã; 1266, 02 agosto - Teresa Nunes deixa todos os seus bens ao mosteiro, professando como beneditina; 1320 - no Catálogo de Todas as Igrejas, o mosteiro é taxado em 2 mil libras; séc. 14 - construção do claustro, conforme risco de João Garcia de Toledo, vedor das obras de D. Fernando; 1379 - D. Fernando concede isenção da venda de produtos do mosteiro na cidade do Porto; 1385 - D. João I recompensa o abade pelo apoio que lhe deu na sua sucessão ao trono, dando licença para aquisição de herdades que rendessem 60 libras e nomeando os abades de Alpendurada como seus capelães; 1386 - o mosteiro recebe vários privilégios e é colocado sob a proteção régia; 26 dezembro - são coutados a favor do mosteiro quatro poços no rio Paiva; 1410, 09 julho - é primeiro abade comendatário D. Lourenço Afonso; 1420, 20 maio - é concedida pelo Papa Martinho V a revogação da comenda, mas ficou sem efeito pois D. Lourenço protestou; 1428 - o comendador André Dias consegue uma indulgência de cinco anos para obter os réditos das visitas à igreja para a reparação do edifício; séc. 16 - no reinado de D. Manuel I é recolhida a prata dos mosteiros, tendo saído uma imagem em prata de São João Baptista, dada por Mónio Viegas; 1564 - 1565 - numa visitação ao mosteiro, verifica-se que este está arruinado e apenas tem três monges; 1569, 20 outubro - a Congregação dos Monges Negros de São Bento toma posse administrativa do mosteiro, promovendo a sua reforma; é primeiro abade Frei Pedro de Chaves; 1575 - no Capítulo Geral determinou-se que funcionasse no local um Colégio de Artes para a formação de doze monges; 1589 - na visitação de Álvaro de Salazar, é referido que o mosteiro tem oito monges; 1599 - construção da fonte de Seta; decide-se a transferência do recheio (retábulos, sinos, órgão) para o Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto; deixa de haver abade e permanecem no local apenas três monges; 1608 - Alpendurada volta a ter abade, mas apenas com o máximo de 13 monges, na qualidade de casa pequena; 1611 - 1614 - início de obras de renovação do edifício, começando pela construção de um novo dormitório, o que origina o desaparecimento do claustro primitivo; 1623 - 1626 - reforma do mosteiro desde a sacristia até à portaria; 1647 - 1650 - é fechado o dormitório e concluídas as celas; 1653 - ampliação de parte do dormitório; 1656 - feitura da escada de pedra, de ligação à sacristia; 1659 - 1662 - construção da sala de entrada da portaria; 1665 - aquisição de duas cubas para a adega; início das obras do dormitório novo; 1668 - abertura de uma porta nas escadas para acesso à adega; feitura de uma imagem do Crucificado e um Menino Jesus para o Natal; 1671 - construção da casa do hortelão, em Bonjardim; 1698 - feitura da capela-mor e cruzeiro da nova igreja, estando a antiga no local do atual claustro; no local da capela-mor antiga, implanta-se o refeitório e o corpo da igreja de hospedaria; feitura da nova pesqueira; séc. 18 - D. João V doa uma custódia ao mosteiro; 1719 - construção de portas para a adega, para o claustro e para a portada que sai para a fonte; feitura de uma casa para o gado em Bonjardim e de uma casa por cima da fonte para audiência e cadeia; execução dos canos de água para a cozinha; abertura de duas portas nos baixos do dormitório para serventia dos mesmos; 1725 - aprovação, em Capítulo, da planta da nova igreja da autoria de Miguel Fernandes; 1726, 04 agosto - lançamento da pedra da nova igreja; 1727 - data no remate do portal axial; 1728 - construção de uma parede entre a hospedaria e a barbearia; construção de uma casa para recreio no meio da vinha; 1731 - preparação do terreno para a construção da capela-mor, cortando-se o penhasco; construção da fachada da sacristia e ante-sacristia e das oficinas, que foram emadeiradas; colocação de grade de ferro na janela de sacada dos prelados; 1740 - 1742 - pintura da cobertura da capela-mor com a história da origem do mosteiro e término das quatro pinturas para as paredes; colocação de duas pias de água-benta nas paredes laterais da igreja; feitura de metade da abóbada do coro, bastante arruinada e execução das 18 cadeiras para o coro da capela-mor; feitura das portas da igreja; feitura dos retábulos colaterais, dos púlpitos e dos quatro altares da igreja em pintura perspetivada; feitura do lanço do claustro de serventia à igreja; construção da Casa do Capítulo, livraria e sacristia; execução da estante do coro e ladrilhamento da livraria nova em tijolo; feitura do lavabo lavabo, colocação de portas e púlpito no refeitório; feitura de novo da cozinha e colocação de armários e louceiros; construção de duas pias na cozinha, de duas chaminés e forno; construção do lagar novo e execução de quatro abóbadas na adega; 1743 - 1745 - colocação de soalho na capela-mor e feitura dos tocheiros de talha para o altar-mor; feitura de uma coelheira sob a janela da sala dos prelados; 1746 - 1748 - construção de armários para a despensa e cozinha; 1748 - forro da despensa; 1752 - 1754 - colocação do altar debaixo do coro e respetivo douramento, feitura de 12 castiçais, um banco, as imagens de São João Baptista e de São Bento para o altar-mor, duas imagens de Nossa Senhora do Rosário, uma imagem de São Bento para o altar sob o coro, pintura da estante do coro, do candelabro de Trevas e da coluna do círio pascal; feitura das capelas de Santo Amaro e de São Lourenço; 1758 - 1761 - colocação de grades na igreja, proveniente de Tibães; 1761 - 1764 - feitura de um passadiço de madeira do claustro novo para a torre dos sinos; 1767 - conclusão da construção da fachada principal; 1777 - feitura dos sinos grande (São João Baptista) e pequeno (Santa Bárbara); 1780 - 1783 - risco para os retábulos, cadeirais, púlpitos, grades e sanefas por Frei José de Santo António Ferreira Vilaça; feitura do retábulo-mor por João Bernardo da Silva de Braga por 649$000; execução dos dois púlpitos por Francisco de Freitas Rego, de Braga, por 100$000; execução dos cadeirais do coro e da capela-mor por Manuel José Correia, de Braga, por 185$000; 1782 - João Bernardo da Silva trespassa parte da obra do remate, trono e camarim a Domingos José Ferreira, entalhador da mesma cidade de Braga, que receberia 400$000; 1783 - 1786 - Frei Joaquim de Santa Teresa doa dinheiro para a feitura de muitas imagens, entre as quais se destaca a Sagrada Família; douramento da talha da igreja; execução do cadeiral do coro-alto; feitura do órgão; 1789 - 1791 - colocação da imagem de Santa Escolástica na capela-mor; revestimento da cozinha a azulejo; colocação de azulejo no refeitório; abertura de uma água-furtada para evitar a humidade do refeitório; 1792 - colocação de soalho na varanda da casa de Bonjardim; 1795 - colocação de grades de ferro nas janelas do claustro; colocação de um relógio novo na torre; 1799 - extinção do couto de Alpendurada, comportando as freguesias de Alpendurada, São Martinho da Várzea do Douro, São Miguel de Matos e parte de São Salvador de Magrelos; séc. 18, final - séc. 19 - feitura de várias pinturas pelo monge Frei José da Apresentação (José Teixeira Barreto), entre as quais uma Ceia e, provavelmente, as pinturas dos fundadores do mosteiro, entretanto desaparecidas; 1798 - 1801 - douramento da talha e colocação de imagens nos altares e nichos; 1801 - colocação de soalho no dormitório do lado nascente e nos lanços das varandas do claustro; 1834 - extinção das Ordens Religiosas, sendo o último abade Frei José de Santa Escolástica; o edifício é adquirido por António Vieira Magalhães, que recebe, mais tarde, o título de Barão e de Visconde de Alpendurada; 1872, 25 maio - o genro recebe o título de Conde de Alpendurada; 1910 - aprovada a utilização do mosteiro como sanatório de tuberculosos; 1932, maio - instalação no imóvel do Noviciado da Companhia de Jesus; 1937, outubro - mudança do Noviciado para o Mosteiro de Santa Marinha da Costa (v. IPA.00005679); 1938 - construção da avenida de acesso ao Mosteiro; 1939, 08 novembro - o edifício do mosteiro está arrendado à Visitadoria Portuguesa dos Missionários do Coração de Maria, para instalar um seminário e noviciado; 1941 - o mosteiro é adquirido pela família Quintanilha; 1943 - o seminário transita para o Hotel da Várzea, nas Termas de São Vicente; 1945 - colocação de bancos e genuflexórios; 1946 - um incêndio destrói a capela dos padres da Congregação; 1947 - o noviciado abandona o local; 1967 - o edifício é adquirido por Carneiro Geraldes; 1976 - os herdeiros do proprietário vendem o edifício à Cooperativa Integração do Ultramarino; 1977, junho - autorização para transformar o edifício do mosteiro em pousada; 1979 - por falta de meios, o edifício torna-se propriedade do principal credor, o Banco Pinto & Sotto Maior; séc. 20, década 80 - obras na abóbada da igreja; remoção da talha do arco cruzeiro, armazenada no coro; descoberta da pintura da capela-mor, coberta por cal; 1980 - é vendido a José Fernandes de Carvalho e Armindo Soares Teixeira; 1980, dezembro - saiem várias pedras e espólio artístico do local, entre as quais uma fonte e a porta da cerca; 1982 - aquisição do edifício por José Manuel Vieira Antunes que inicia uma sociedade com o empresário Eduardo Taveira da Mota, transformando o local em complexo turístico; as celas são transformadas em 38 quartos equipados e com casas de banho, e duas suites, com adaptação de dependências a salas de restauração, cozinha medieval e salões para eventos de grandes grupos; feitura de uma sauna, centro de fitnesse, sala de jogos, banho turco e piscina interior; 2001, 28 fevereiro - despacho de abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação do imóvel; 2012, 19 setembro - publicação do projeto de decisão de classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção em Anúncio n.º 13436/2012, DR, 2.ª série, n.º 182; 2022, 24 novembro - na sequência do incumprimento de um empréstimo obrigacionista de 4 milhões de euros, o mosteiro é colocado em leilão eletrónico, tendo-se recebido apenas uma oferta de 8,35 milhões de euros, muito abaixo do valor base de 15 milhões.

Dados Técnicos

Estrutura de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito com alguns paramentos rebocados e pintados de branco; elementos estruturais, modinaturas, colunas, frisos, cornijas, pia batismal, lavabo, arcos, escadas, tanques, cruzes, mísulas, fontes em cantaria de granito; retábulos, cadeiral, órgão e guarda-vento em talha pintada; teias, cadeiral da capela-mor, mobiliário, pavimentos, tetos, portas, mísulas, caixilharias em madeira; silhares de azulejo; pavimentos com revestimento cerâmico; sinos em bronze; janelas com vidros simples; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

AGUIAR, Manuel Vieira de - Descrição histórica, corográfica e folclórica de Marco de Canaveses. Porto: Escola Tipográfica Oficina de São José, 1947; Armorial Lusitano. Lisboa: Editorial Enciclopédia, Lda., 1961; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, Porto, Diocese do Porto, 1986, vol. IV; COELHO, Maria Helena da Cruz - O Mosteiro de Arouca - do século X ao século XIII. Arouca: Câmara Municipal de Arouca / Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, 1988; COSTA, João Pinto Vieira - Alpendorada e Matos - Penísula de História. Alpendurada: Junta de Freguesia de Alpendurada e Matos, 2005; DIAS, Geraldo Amadeu Coelho - Quando os Monges eram uma civilização... beneditinos:; espírito, alma e corpo. Porto: CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória» / Edições Afrontamento, Lda., 2011; «Património Cultural Edificado Classificado». In: Marco de Canaveses a Caminho dos 140 anos. Colóquio. Marco de Canaveses: Câmara Municipal de Marco de Canaveses, 1991, pp. 107-115.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA, DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 28, n.º 113, fls. 735 - 746

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1653 - revisão dos telhados do dormitório e da igreja; reforma de uma cela e das escadas de acesso à igreja; 1659 - 1662 - conserto do dormitório que corre da portaria ao salão interior; 1668 - revisão dos telhados do dormitório e igreja; 1671 - arranjo do órgão, com acrescento de registos, novos foles e pintura da caixa; 1722 - conservação dos moinhos; 1728 - conservação da calçada junto à cadeia; conservação dos moinhos e do engenho de azeite; reedificação das presas de água; 1731 - reparação das janelas do dormitório e dos telhados; reforma das estrebarias; 1740 - 1742 - arranjo de uma linha de ferro do telhado da igreja; uma tempestade, obriga à reforma dos telhados dos dormitórios e igreja; reedificação de um dos moinhos; reforma do refeitório com abóbada e soalho; 1761 - conserto das traves e soalho da casa da audiência e cadeia; 1789 - 1791 -arranjo das vidraças do refeitório; 1795 - revisão da talha; 1801 - arranjo dos canos das pias da cozinha; arranjo da livraria; 1945 - arranjo do pavimento da igreja.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2017 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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