Quinta de Ramalde

IPA.00003964
Portugal, Porto, Porto, Ramalde
 
Espaço verde de produção / Espaço verde de recreio. Quinta de recreio setecentista onde se destinguem as componentes estruturais desta tipologia, embora em termos de ocupação do solo não se encontrem evidentes essas funções.
Número IPA Antigo: PT011312110185
 
Registo visualizado 702 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Conjunto de espaços verdes        

Descrição

A quinta está delimitada por cerca murada. O eixo de simetria alarga-se a toda a quinta, desde o jardim aos campos de cultura e mato. Distinguem-se 5 zonas: TERREIRO em frente da casa (recentemente plantado), murado e com janelas para a rua; Pequeno JARDIM junto à Capela, actualmente com desenho simétrico de dois eixos ortogonais, do lado opsto à casa, o muro é acompanhado por uma álea de ciprestes; JARDIM DE BUXO com um desenho bem definido, de simetria sobre um eixo (de plantação recente) e completamente murado; HORTA e PRADO. Da porta do JARDIM DE BUXO sai um eixo em direcção à nora, pensa-se ser este o eixo principal da HORTA. Da porta das traseiras da casa, sai outro eixo, paralelo ao anterior, até ao limite da quinta, este fazia a divisão entre a horta e o prado. A seguir ao prado, e junto à linha de água, pensa-se ter existido uma zona de mata, ocupada actualmente com prado e sub-arbustos. O muro de limite E. da quinta é acompanhado por uma álea de choupos.

Acessos

Rua da Igreja de Ramalde

Protecção

Incluído na Zona de Protecção da Casa de Ramalde

Enquadramento

Urbano. O acesso à Casa de Ramalde ( v. IPA.00001090), a curta distância da igreja paroquial, faz-se através de rampa empedrada que, arrancando da Rua da Igreja de Ramalde, conduz a imponente portão rasgado em alto muro de pedra, rebocado. Rodeiam-na, a N., as instalações fabris da zona industrial da cidade, a S., a zona habitacional que constitui o núcleo antigo da freguesia de Ramalde, a E., o nó rodoviário de Ramalde da Via de Cintura Interna do Porto e O. o bairro social de Ramalde. A quinta localiza-se num vale atravessado pela Ribeira da Granja.

Descrição Complementar

"...colocou-se de um lado da casa um portão quinhentista que já existia na quinta e do lado oposto construiu-se outro igual, criando-se à frente da casa um grande terreiro quase quadrado cercado de muros, sendo o da frente, em que se rasga um soberbo portão, especialmente trabalhado com grandes janelas abertas para o exterior. Sobe-se do caminho que passa ao lado para o portão por uma rampa empedrada. Como entre o muro da quinta e o muro do terreiro ficou uma estreita faixa de terreno, esta foi transformada em jardim isolando-se a capela pelo prolongamento do muro do terreiro, em um pequeno pátio que mantem com aquelas as mais agradáveis proporções, servindo-lhe de acesso um dos dois portões situados à ilharga da casa. O outro dá comunicação para a retaguarda da casa e para o interior da quinta. É provável que o arranjo desta quinta não tenha chegado a ser completado. Um caminho situado à retaguarda da casa e perpendicular a ela, no enfiamento da torre, caminho que atravessa um tanto extemporaneamente terras de semeadura, parece revelar a intensão de uma composição simétrica nos moldes das da quinta da Prelada ou do Chantre, que não terá sido levado a cabo." (Ilídio de ARAÚJO, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal).

Utilização Inicial

Produtiva: quinta / Recreativa: jardim

Utilização Actual

Produtiva: quinta / Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Nicolau Nasoni (algumas obras)

Cronologia

1258 - O local já aparecia mencionado nas inquirições de Afonso III; 1542 - antes desta data, João Dias Leite Pereira intituiu esta quinta como cabeça de morgadio; 1746 - a família Leite Pereira convidou Nicolau Nasoni a realizar obras no edifício, nomeadamente a ampliação da casa quinhentista; Séc. 18, primeira metade - realizaram-se obras atribuídas a Nasoni, nomeadamente a ampliação e a remodelação da moradia existente, na altura era Jerónimo Leite Pereira Pinto Guedes um fidalgo da casa real; 1977 - a casa foi comprada à família Távora pelo Ministério da Cultura; 1982 - foi criado por decreto o museu; 1988 - aquisição da quinta pela Secretaria de Estado da Cultura.

Dados Técnicos

Materiais

VEGETAIS: árvores - cameleira (Camelia japonica), cipreste ( Cupressus semprevirens; arbustos - buxo ( Buxus semprevirens)

Bibliografia

ALMEIDA, A. Pereira de, Portugal Monumental e Artístico, Lisboa, s/d, (pp. 883); ARAÚJO, Ilídio de, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal, Lisboa, 1962, (pp.195 - 197); BASTO, A. Magalhães, Nasono e a Igraja dos Clérigos, in «Boletim Cultural da C.M. do Porto», vol. 13, nº3 - 4, Porto, 1950, (p. 248); CARITA, Helder, CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta arte, Lisboa, 1990, (p. 251); GAIO, Felgueiras, Nobiliário das Famílias de Portugal, tom. 2 de costados, 143º, Braga, 1941; NEVES, Rui Pedro Valada das, Programa de Recuperação de Jardins Históricos - Estudo Prévio Casa de Ramalde, Lisboa IPPC, 1988; VITERBO, Sousa, Dicionário dos Arquitectos..., vol. 2, Lisboa, 1904, (p. 193); VITERBO, Sousa, A Jardinagem em Portugal, L.48, Coimbra, 1908; SILVA, A. L. Pereira da, Nobres Casas de Portugal, Porot, 1958, (pp. 16); Diz-se que vagueiam fantasmas em torno da Casa de Ramalde..., Primeiro de Janeiro, 1986;

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN: Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; UE

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; UE

Intervenção Realizada

Estado: 1977 / 1980 - Obras de consolidação e de restauro realizadas sob a direcção de arquitecto Octávio Lixa Joca Filgueiras, com o objectivo de adaptação do edifício a Museu Nacional da Literatura; na casa: reconstrução do telhado, substituição do vigamento de madeira de castanho por vigamento de betão armado, substituição dos pavimentos de madeira por pavimentos em lage de betão, remodelação total do interior com substituição das divisões existentes no rés-do-chão, andar nobre e torre por espaços amplos para exposições, mantendo apenas os compartimentos necessários à instalação de gabinentes de trabalho de técnicos do Museu; restauro das caixilharias das portas e janelas, reboco de paredes; na capela: reconstrução do telhado, reaproveitamento do vigamento de madeira de castanho, limpeza e restauro geral; nos muros: consolidação da estrutura e reboco; Sob a direcção do arquitecto Humberto Vieira: 1992 / 1993 - Obras de restauro e limpeza em todo o conjunto construído; substituição do reboco caiado por reboco pintado, em tom de amarelo ocre. (Nicolau Nasoni, para criar o cenário adequado às modificações operadas na casa, construiu um grande terreiro na entrada principal, rasgado por um portão ladeado por duas janelas, e esboçou um eixo de simetria definidor do traçado agrícola que vai desde a torre da casa à extremidade da propriedade.) Recuperação do terreiro, plantação do jardim de buxo e a limpeza dos jardins de buxo e da capela.

Observações

Predominava a exploração agrícola, correspondendo o jardim a uma pequena área junto à casa à qual correspondem os únicos eixos de simetria. Nazoni na sua reconstrução imprimiu-lhe um cunho neogótico, no entanto não esqueceu a arquitectura medieval primitiva, alargou os eixos de simetria a toda a quinta, contribuíndo para o ordenamento dos campos de cultura e de mato. Existem dois estudos de recuperação da quinta, o primeiro da responsabilidade do Arquitecto Paisagista Rui Valada, efectuado em 1992, o segundo da autoria do Gabinete de Arquitectura Paisagista APARTE (Arquitecto Paulo Marques) efectuado em 1997. *1 IIP, Dec. nº 129 / 77, DR 226 de 29 Setembro 1977, ZEP proposta em 13/8/91 (em aprovação).

Autor e Data

Sónia Francisco 1997

Actualização

 
 
 
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