Mosteiro de Lufrei / Igreja Paroquial de Lufrei / Igreja do Divino Salvador

IPA.00003902
Portugal, Porto, Amarante, Lufrei
 
Arquitectura religiosa, românica. Mosteiro feminino da ordem beneditina, transformado em igreja paroquial de estrutura românica, com algumas transformações, visível no entaipamento de vãos. De planta rectangular composta por nave única, capela-mor e sacristia adossada. Apresenta a fachada principal marcada por sineira de dupla ventana, terminada em empena; e portal em arco quebrado, com duas arquivoltas assente em impostas. Outro vestígio medieval são os cachorros, que se apresentam sem qualquer decoração. Interiormente, apresenta retábulos de talha dourada, maneiristas, de planta recta, de um só eixo, e o retábulo-mor de três eixos, que apresenta transformações ao longo dos tempos, como a introdução do trono expositivo. Igreja de grande simplicidade, possui um arco triunfal muito baixo, o que provoca um corte visual na divisão espacial entre a nave e a capela-mor. De salientar as três arcas tumulares medievais integradas no muro que define o adro, possivelmente procedentes do antigo mosteiro.
Número IPA Antigo: PT011301210010
 
Registo visualizado 519 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Bento - Beneditinas

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor mais baixa e estreita, a que se adossa lateralmente a S., sacristia de planta quadrangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave e capela-mor, e de três na sacristia. Fachadas em aparelho isódomo de granito, com embasamento parcialmente oculto. Remates diferenciados, na fachada principal em empena alteada relativamente à cornija e truncada por sineira de dupla ventana, em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes e terminada em empena de cornija saliente; na posterior em empena, sendo encimada por cruz na capela-mor; em cornija suportada por cachorrada com modilhões simples sob beiral nas fachadas laterais da nave e capela-mor e em cornija sob beiral na sacristia. Fachada principal orientada, com portal enquadrado por duas arquivoltas, em arco quebrado, moldurado por aduelas assentes em impostas salientes, sendo encimado por fresta em arco de volta perfeita. Fachada lateral N. da nave rasgada por porta em arco ligeiramente quebrado e uma fresta em arco de volta plena. A fachada oposta virada a S. apresenta uma fresta e as marcas de um vão em arco de volta perfeita entaipado; na capela-mor abre-se uma janela rectangular gradeada em capialço, com moldura granítica; a fachada posterior é cega. O corpo da sacristia possui uma pequena janela rectangular disposta na horizontal virada a N. e a O. uma porta de verga recta, precedida por dois degraus de cantaria. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento e coberturas em madeira. Junto à parede fundeira, no lado do Evangelho, abre-se vão em arco quebrado, de moldura granítica, onde esteve pia baptismal pelas marcas ainda visíveis no pavimento. Na parede do lado da Epístola, surge nicho de arco de volta perfeita, com dois degraus dispostos lateralmente e adossados ao lado direito, deveria albergar o púlpito. Arco triunfal de arco ligeiramente quebrado, encimado por fresta em arco de volta perfeita, em capialço, ladeado por dois retábulos colaterais de talha dourada. A capela-mor, com pavimento nivelado pela nave, possui do lado da Epístola, porta de verga recta de acesso à sacristia. Sobre supedâneo com dois degraus laterais, surge o retábulo-mor de talha dourada e policroma, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas aspiraladas, de fuste inferior decorado com acantos e querubins, e de capitéis coríntios. No eixo central abre-se tribuna em vão rectilíneo, com moldura decorada com motivos vegetalistas que enquadram nicho de verga curva com o fundo pintado com o firmamento e albergando trono expositivo de três degraus pintado de branco com friso dourado e peanha. Os eixos laterais apresentam painéis pintados, figurando do lado do Evangelho São Pedro e do lado da Epístola São Paulo. Banco com fragmentos de painéis de decoração idêntica à temática do retábulo e integrando sacrário em forma de templete, encimado por cornija contracurvada com acanto central. O sotobanco é rasgado por duas portas pintadas de vermelho de acesso à tribuna. Remate formado por friso e cornija recta, encimado por motivos fitomórficos adaptados à cobertura. Coro-alto, assente em estrutura de madeira, com guarda em balaústres de madeira, acedido por escada de madeira, do lado da Epístola. SACRISTIA com paredes pintadas e rebocadas de branco, pavimento em lajeado granítico, e cobertura em masseira revestida de madeira. Possui na parede S. lavabo em cantaria, com espaldar rectangular vertical, com bica enquadrada por florão e encimada por cornija e concheado; na parede N. numa posição elevada, um pequeno armário de madeira embutido; e na parede O. abre-se a porta de acesso ao exterior.

Acessos

Lufrei, Lugar da Igreja. WGS84 (graus decimais): lat. 41,273652, long. -8,054338

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 516/71, DG, 1ª série, n.º 274 de 22 novembro 1971

Enquadramento

Rural, isolado. Implantado junto a caminho municipal, distando três quilómetros da cidade de Amarante. Possui adro envolvente, em terra batida, delimitado por muro em pedra, interrompido por duas aberturas, na fachada principal e na fachada lateral N.; integrando na fachada S.. três arcas tumulares de granito e na sua proximidade posicionam-se uma pia baptismal de taça circular e uma mesa hexagonal, ambas em granito. Enquadrado por campos agrícolas a N. e E. e por casas de habitação actualmente desabitadas, a S..

Descrição Complementar

TALHA: Retábulos colaterais em talha dourada de planta recta e um só eixo, o do lado do Evangelho, definido por duas colunas de fuste espiralado, com o terço inferior decorado com acantos e querubins, e de capitéis coríntios; assentes em plintos paralelepipédicos decorados com motivos vegetalistas. Sustentam entablamento com friso decorado com acantos e querubins e cornija recta. Ático com tabela rectangular, com painel relevado e policromado com a representação da Anunciação, circunscrita por quarteirões e aletas, rematada por espaldar recortado, desenvolvido sobre entablamento, e rematado por duas volutas e acanto. Ao centro, abre-se nicho em arco de volta perfeita envolvido por moldura e filete dourados, apresentando o fundo pintado e albergando imaginária. Banco com predela possuindo painel decorado com motivos vegetalistas; ao sotobanco adossa-se altar paralelepipédico. O retábulo do lado da Epístola, é definido por duas colunas de fuste espiralado, com o terço inferior decorado com acantos e querubins, e de capitéis coríntios; assentes em plintos paralelepipédicos decorados com motivos vegetalistas. Sustentam entablamento com friso decorado com acantos e querubins e cornija recta, encimada por tabela rectangular, com painel pintado, circunscrita por quarteirões e aletas, e rematada por frontão interrompido com querubim. Ao centro, painel rectangular pintado, figurando o Baptismo de Cristo, envolvido por moldura dourada. Banco com predela possuindo painel decorado com elementos vegetalistas e integrando centralmente uma mísula ornado com querubim. Ao sotobanco adossa-se altar paralelepipédico.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 12 / 15

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 12 - data provável da fundação do Mosteiro do Salvador de Lufrei, de freiras beneditinas; séc. 14 - o Mosteiro foi taxado em quarenta libras, quantia reduzida, o que traduz os fracos rendimentos que o mosteiro possuía nessa época; 1455, 10 Novembro - passou a igreja, através de D. Fernando da Guerra; séc. 16 - extinção do Mosteiro, tendo as freiras passado para o convento de São Bento de Avé Maria, no Porto; 1758, 17 Março - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco José Ferreira da Silva, é referido que a Igreja tem por orago o Salvador, com três altares, o mor e os de Nossa Senhora do Rosário, com Confraria, e o de São Sebastião; tem as Confrarias do Nome de Deus e dos Fiéis de Deus; o pároco é vigário apresentado pelos reitor de Gondar, tendo de renda 100$000; 1967, 27 Outubro / 1972 - correspondência trocada entre o pároco, a DGEMN e a Câmara Municipal de Amarante, solicitando apoio técnico em obras de ampliação (construção de dois corpos laterais ligados à actual capela-mor, recuando esta para além da parede testeira) e em obras de conservação interior; 1968 - a DGEMN envia ofício a solicitar a classificação da igreja à Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, para que não sejam realizadas as obras de ampliação propostas pelo pároco, que destruiriam não só as proporções do seu traçado original, como as suas características arquitectónicas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em granito aparente, molduras de vãos, cornijas, arcos, cruz, pia baptismal, torre sineira e outros elementos em cantaria de granito; pavimento, portas, escada de acesso ao coro-alto e tectos em madeira; caixilhos e escada da sineira em ferro; vidro "martelado" amarelo e azul, cobertura em telha.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno. Diccionário Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal, vol. 4, Lisboa, 1882; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. II, Distrito do Porto; SOUSA, Bernardo Vasconcelos e Sousa (Dir.), Ordens Religiosas em Portugal: das origens a Trento - Guia Histórico, Lisboa 2005.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1939 - obras de restauro.

Observações

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994 / Sónia Basto 2006

Actualização

 
 
 
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