Antigo Palácio dos Sepúlvedas / Colégio de São Manços / Colégio das Donzelas / Fábrica da Melka

IPA.00003844
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Casa senhorial, edificada na 1.ª metade do Séc. 16, na qual se instalou posteriormente, nos lavores do sec. 17 um colégio religioso, barroco que alterou profundamento o primitivo edifício, sendo difícil estabelecer o que da vasta mole corresponde à estrutura arquitectónica da antiga residência. De traça manuelina e maneirista, o edifício é característico da arquitetura nobre eborense de Quinhentos, cujo caráter é mais acentuado na fachada poente, refeita na centúria de Oitocentos *2. Igreja salão com cobertura em abóbada de berço mantendo sacristia com abóbada estrelada.
Número IPA Antigo: PT040705070045
 
Registo visualizado 711 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular

Descrição

Planta em L, térrea, composta por dois corpos retangulares com orientação axial nordeste - sudoeste e noroeste - sudeste e com piso térreo e sobrado, com orientação axial nordeste - sudoeste; a norte da articulação dos dois corpos a igreja. A nordeste um amplo vão murado dá acesso ao pátio e à vasta horta murada. Cobertura diferenciada em telhados de duas águas e terraço na capela-mor. Fachadas caídas de branco, de remate reto em beirado. Fachada poente de três corpos: 1.º corpo, de pano único e dois registos definidos pela fenestração: inferiormente cinco frestas retangulares, envidraçadas, de diferentes dimensões e disposição, com molduras pétreas; superiormente rasgam-se: janela retangular em capialço, disposta na horizontal; janela retangular; janela de verga de triplo arco requebrado rematada por lanceta, com decoração vegetalista, assente sobre ábacos que se unem às pilastras lisas das ombreiras no interior das quais existem dois colunelos calcários rematados por capitéis decorados com motivos vegetalistas assentes em bases adornadas por bocetes; janela geminada com verga de ajimezes de arco em ferradura e três capitéis calcários, de crochet vegetalista, sobre colunelos; janela de cujas molduras restam uma ombreira e cerca de metade da verga; todas as janelas são envidraçadas; pórtico com molduras de granito, de verga em arco de três pontos; 2.º corpo correspondendo á fachada principal da igreja, ligeiramente mais elevado, com remate em empena, de pano único definido por cunhais apilastrados; ao centro rasga-se o pórtico, de molduras de granito, de verga reta, alteada; janelão axial, retangular, envidraçado; 3.º corpo, de pano único e dois registos, com remate reto em cornija moldurada e platibanda; inferiormente rasgam-se duas portas, de molduras pétreas e vergas retas, a 1.ª munida de bandeira cega; superiormente, duas janelas de peito ladeando janela de varandim, todas elas de vergas em arco de volta perfeita, munidas de gradeamento simples e bandeiras envidraçadas. Fachada sul de dois corpos, o da esquerda de maior altura, de pano único e dois registos, com remate reto em cornija moldurada; inferiormente rasgam-se onze janelas retangulares e superiormente treze janelas, uma delas de sacada. INTERIOR: no piso térreo destacam-se as dependências acedidas por portas de arcos plenos, trilobados e com cobertura em abóbada de cruzaria. No piso superior sobressaem: sala com cobertura em abóbada de cruzaria, suportada por pilastras adossadas, sendo as centrais chanfradas; hall com cobertura e abóbada, em arco pleno, nervurada e estrelada, com chave de fecho, terceletes e liernes, apoiadas em mísulas graníticas, decoradas com motivos ondulantes e fitomórficos; várias salas com abóbada de cruzaria que descarregam sobre mísulas, sendo nalgumas visíveis restos de pinturas murais, com motivos vegetalistas. IGREJA: de nave única com cobertura em abóbada de berço e coro-alto sustentado por grande arco abatido; sacristia com cobertura em ogiva estrelada de doze nervuras, apoiadas nos ângulos por quatro mísulas decoradas com pinturas murais de motivos vegetalistas.

Acessos

Rua Cândido dos Reis, n.º 72 / Rua das Donzelas VWGS84 (graus decimais) lat. 38.575361, long. -7.913755

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8.252, DG, 1.ª série, n.º 138 de 10 julho 1922 (Janelas e frontaria) *1 / Incluído no Centro Histórico de Évora (v. IPA.00000064) e na Zona Especial de Proteção do Convento do Calvário (v. IPA.00002862)

Enquadramento

Urbano, intramuros, a noroeste do Centro Histórico (v. IPA.00000064), em planície, integrado em conjunto de habitação nobre, harmonizado com o envolvimento; fachada poente afrontando o Convento de Santa Helena do Monte Calvário (v. IPA.00002862) e fachada sul abrindo para a Rua das Donzelas. Localiza-se em zona relevante em termos arqueológicos na qual é provável a descoberta de enterramentos associados ao espaço religioso bem como estruturas relacionadas com o Aqueduto e com o sistema defensivo da cidade. Nas proximidades ficam as Muralhas e Fortificações de Évora (v. IPA.00003822), o Aqueduto da Prata (v. IPA.00002755), o Forte de Santo António (v. IPA.00006504), o Chafariz da Porta da Lagoa (v. IPA.00022966) e a Casa da Quinta Horta da Porta (v. IPA.00004362).

Descrição Complementar

Janelas molduradas da fachada poente: na 1ª o triplo arco requebrado da verga, terminando em lanceta, apresenta decoração vegetalista enquadrando cartela central com carateres esculpidos; assenta sobre ábacos simples que se unem às pilastras lisas das ombreiras no interior das quais corre fino colunelo calcário sobrepujado de capitéis de crochet vegetalista e assentes em bases simples de bocetes anelares sobrepostos. Na 2ª janela a verga geminada é enquadrada pelos remates dos toros de guarda das duas ombreiras, o esquerdo intacto; os dois repousam sobre três capitéis calcários, de crochet vegetalista; em requebra, as curvaturas exteriores dos arcos dos ajimezes prosseguem para se reunir em lanceta rematadas por pomo; os toros de guarda às ombreiras constituem-se de dois colunelos sobrepostos, servindo o capitel do inferior de descanso ao superior, ao nível do repouso do ajimez da verga; o superior remata em agulha assente em bocel anelar, o inferior repousa em base sextavada, de três lanços separadas por finos bocéis. Da 3ª janela, restam uma ombreira e cerca de metade da verga, constituídas por varais toscos de azinho ou sobreiro com os nós afeiçoados, entrelaçados.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre / Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Comercial e Turística: Hotel

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc.16, inícios - construção a mando do fidalgo castelhano D. Diogo de Sepúlveda, refugiado em Portugal por apoiar a causa da Princesa D. Joana, casado com uma das filhas de Rui de Sousa, Meirinho Mor e Almotacé Mor de D. João II, cuja família se tinha radicado em Évora desde 1476; 1533 - o palácio já estava concluído; séc. 16, meados - habita no palácio D. Maria de Távora; quando, por viuvez, professou no Convento do Paraíso, passou a residência à posse da nora, D. Antónia de Meneses, que nele residia no ano de 1591, sendo o palácio de D. Fernando de Meneses; 1592 - Aquisição do paço pelo Arcebispo D. Teotónio de Bragança que nele funda o Colégio de São Manços de Donzellas Nobres; 1625 - o Arcebispo Dom José de Melo instala no imóvel o Colégio fundado pelo seu antecessor Dom Teotónio de Bragança; 1853 - o imóvel é utilizado como fábrica de moagem de cereais, lagar de azeite, fabrico de sabão e aguardente, propriedade de José Mathias Carreira; 1875 - aqui funciona uma fábrica de moagem de cereais, descasque de arroz, destilação de aguardente, fabrico de pão, azeite e lavagem de lãs, podendo ainda ampliar as suas operações na fabricação de lanifícios, propriedade de Companhia Industrial Eborense, S.A.R.L.; 1888 - funciona como fábrica de rolhas de cortiça, propriedade de Thomaz Reynolds; 1895 - mantém o ramo sendo o proprietário The Cork Company Limited, S.A.R.L.; séc. 20, inícios - o edifício encontra-se arruinado; 1901 - passa a fábrica de transformação de cortiça, propriedade de Sociedade Nacional de Cortiças, S.A.R.L.; 1903 - sede e provável exploração de uma adega, propriedade de Adega Regional do Alentejo, S.A.R.L.; 1916 - funciona como fábrica de pranchas, quadros, rolhas de cortiça e oficina carpintaria mecânica, propriedade de José Gomes Severino; 1955 - funciona como fábrica de pranchas e rolhas de cortiça, propriedade da família Torres Vaz Freire; 1959 - passa a ser utilizado como fábrica de roupas, propriedade da família Torres Vaz Freire, arrendada à PROTEXTIL - Promoção da Indústria Têxtil, S.A.R.L.; 1963 - obra de beneficiação e limpeza; 1970 - a Fábrica de roupas é arrendada à secção industrial da MELKA - Confecções, Lda; 1998 - projeto de instalação do Hotel Quinta Palácio, propriedade da família Caeiro Rolo (REBOLA, 2001); 2008 - Inauguração do Hotel Mar de Ar Aqueduto.

Dados Técnicos

Estruturas mistas

Materiais

Cantaria de granito, alvenaria, calcário nos pormenores ornamentais das ombreiras de janelas.

Bibliografia

ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora. Lisboa, 1966, vol. VII, pp. 276-277; FONSECA, Padre Francisco da - Évora Gloriosa, pág. 232; REBOLA, Maria da Conceição Rodrigues - «O Palácio dos Sepúlvedas - um património artístico e industrial a preservar e a valorizar». A Cidade de Évora, 2001, II Série, n.º 5, pp. 467-500.

Documentação Gráfica

CME: proc. Obra nº 3541

Documentação Fotográfica

SIPA; CME:DCP

Documentação Administrativa

SIPA: DGEMN/DREMS; BPE: Visitação dos Oratórios de Évora em 1591, fls. 44;

Intervenção Realizada

1963 - obra de beneficiação e limpeza, nomeadamente, reparação geral dos telhados, com substituição de madeiras apodrecidas, reparação de tectos de madeira e colocação de esferovite pavimentar, dois compartimentos a betonilha e o restante a soalho, caiação e pintura de caixilharias a branco.

Observações

EM ESTUDO. *1 - DOF...Janelas da frontaria do antigo Palácio dos Sepúlvedas, Rua da Lagoa, 78.

Autor e Data

Manuel Branco 1993 / João Santos e Rosário Gordalina 2016 (no âmbito da parceria IHRU/CMÉvora)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login