Ponte sobre o Tua / Ponte Velha de Mirandela

IPA.00000382
Portugal, Bragança, Mirandela, Mirandela
 
Arquitectura de transportes e comunicações, setecentista e revivalista. Ponte de arco, com tabuleiro plano, suportado por vinte arcos, possuindo quebra-mares, a montante, e talha-mares, a jusante, de forma prismática, com oratórios revivalistas em estrutura metálica de planta hexagonal e cobertura piramidal. Ponte de construção bastante antiga, designada vulgarmente por Ponte Românica ou Ponte Velha, reconstruída no séc. 18 e sucessivamente reformada ao longo dos tempos, justificando-se assim a diferente modinatura e perfil dos arcos em que assenta o tabuleiro, sendo de volta perfeita, abatida ou quebrados, de diâmetro e pé-direito diversos, e a existência de quebra-mares ou talha-mares apenas em parte da ponte e todos de forma prismática. Destaque para conservação de dois oratórios oitocentistas em revivalismo neogótico.
Número IPA Antigo: PT010407210001
 
Registo visualizado 1732 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Transportes  Ponte / Viaduto  Ponte pedonal / rodoviária  Tipo arco

Descrição

Ponte em cantaria de granito, com tabuleiro horizontal, com cerca de 232 m de comprimento, sustentado por vinte arcos, de arco quebrado, de volta perfeita ou abatido, dispostos em ritmo irregular, de diâmetro e pé-direito desiguais, de aduelas estreitas ou mais largas e curtas, conforme os arcos, e possuindo no intradorso de alguns baldoeiros de armação do cimbre. Os paramentos laterais são constituídos por fiadas de aparelho irregular; a jusante, apresenta seis talha-mares, de forma prismática, e a montante dez quebra-mares, também prismáticos. O tabuleiro apresenta pavimento alcatroado com bermas e parapeito baixo avançado para o exterior em cantaria, sobre o qual se dispõem vaseiras, e guarda em ferro, formando quadrícula. A ponte possui um sistema de iluminação composto por lanternas suportadas por altas estruturas de ferro, pintadas de verde, colocadas de ambos os lados sobre os arcos. Na margem esquerda da ponte, conserva dois oratórios, confrontantes, assentes em altos plintos de cantaria, e com estrutura em chapa de ferro, pintada de verde, de planta hexagonal e cobertura em coruchéu piramidal, coroado por crucifixo de ferro com resplendor. O corpo tem faces definidas por colunelos canelados e capitéis fitomórficos, possuindo três registos decorativos, seccionados por frisos com motivos geométricos: o primeiro com falsos balaústres achatados e vazados, o segundo de arcos trilobados com elementos rendilhados nos seguintes e o terceiro com motivos lanceolados interligados; remate em friso, tipo cabo com pequenas gárgulas zoomórficas nos ângulos, e cornija rendilhada e boleada nos ângulos, os quais são coroados por pináculos piramidais pintados de branco. O oratório do lado jusante tem uma cartela com inscrição, datada de 1887. Lateralmente, possuem lanternas, de ferro, apoiadas em estrutura metálica rendilhada, pintadas de branco. Os oratórios são envolvidos por alas de planta semicircular, em cantaria de granito, integrando-se ao centro e sendo percorridas lateralmente na face interior por bancos de pedra. Frontalmente são protegidos por grade de ferro entre dois pilaretes de cantaria.

Acessos

Rua D. Manuel I, Avenida de Nossa Senhora do Amparo

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-6-1910, DG, n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano, lançada sobre o Rio Tua, ligando a R. D. Manuel I, na margem direita, onde se implanta o centro histórico da cidade, à Av. de Nossa Senhora do Amparo, na margem esquerda, onde existe portagem. Na margem de acesso ao centro histórico, a montante da ponte, desenvolve-se o Jardim entre Pontes e a Ponte Engenheiro José Machado Vaz, e, a jusante, o Parque do Império, delimitado por guarda vazada em ferro, ritmada por plintos de cantaria, e pontuado por diversas estátuas representando Sereias e a Princesa do Tua e, a Ponte Europa. A jusante, entre as duas pontes, existe no rio um repuxo ou geiser artificial. Na proximidade, erguem-se, na margem direita, o Paço dos Távora (v. PT010407210013), a Igreja da Misericórdia (v. PT010407210017) e a Estátua de D. João Paulo II, e, na margem esquerda, o Santuário de Nossa Senhora do Amparo (v. PT010407210048).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Transportes: ponte

Utilização Actual

Transportes: ponte

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 18 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Lopes de Amorim (1634). EMPREITEIRO: Oliveira, Pereira & Valente (1981). FUNDIÇÃO: Fundição do Ouro (1887). PEDREIRO: Pero da Fonseca (1624).

Cronologia

1514 - Início da construção da ponte; 1536 - a ponte já estava concluída; 1548 - João de Barros refere a excelência da construção da ponte; 1608 - um dos talha-mares estava em perigo eminente de ruína; 1624 - expropriação de uma azenha por suspeita de causar danos à estabilidade da ponte; 1634 - as obras da ponte estavam por concluir devido à morte do mestre Pero da Fonseca; 1640 - D. João o IV mandou fundar sobre o rio uma ponte de pedra lavrada com 20 arcos; 1726 - a ponte possuía ao centro dois nichos, um dedicado a Nossa Senhora e o outro ao Senhor dos Aflitos; elaboração de um projecto de reparação da ponte, que terá sido levado a bom termo; 1758 - referida nas Memórias Paroquiais como tendo 1215 palmos e estando em mau estado; 1792 - durante as obras de reparação da ponte e de acordo com a Câmara, manda-se embutir na parte inferior dos nichos, uma caixa de esmolas; 1807 - provisão concedendo os sobejos das sisas pagas pelos concelhos de Mirandela, Frechas, Vila Flor, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Vilas Boas, Alfândega da Fé, Pinho Velo, Sezulfe, Cortiços, Valdasnes, Chacim, Lamas de Orelhão, Águas Revés, Torre de Dona Chama, Murça e Chaves, para a reparação da ponte, nomeadamente o abaulamento do pavimento, "dezagoadouros", conserto do 4º arco e de alguns corta-mares danificados; 1811 - no cruzeiro da ponte venerava-se a imagem de Nossa Senhora do Amparo; 1847 - segundo Pinho Leal a ponte teria 22 arcos, tendo os das extremidades cobertos de areia, e possuía guardas em "grades" de pedra, com pilares colocados de metro a metro; 1863 - publicação de gravura da ponte; 1866 - destruição do primeiro arco do lado de Mirandela, ficando só com 19; 1875 - a ponte ostentava guarda vasada, em cantaria; 1876 - a largura da ponte antes das obras variava entre 4,8 e 5,3 metros; tinha guardas de cantaria durante os primeiros 106 metros, sendo aberta nos restantes 122 metros; 1877 - obras de alargamento da ponte de Mirandela, pelo Ministério das Obras Públicas, durante as quais se apeiam os nicho de Nossa Senhora do Amparo e do Cruzeiro do Senhor dos Aflitos ; 1887, 24 abril - sob a iniciativa da Irmandade do Santíssimo, sendo juiz Albino Luíz Mendo, procede-se à inauguração de dois novos nichos, em ferro fundido, à beira da estrada real, na margem direita do rio Tua, perto da entrada da ponte, executados pela fundição do Ouro, do Porto, e dedicados a Nossa Senhora do Amparo (do lado N.) e ao Senhor dos Aflitos (do lado S.); 24 abril - benção dos novos nichos e imagens pelo bispo de Bragança, D. José Alves Mariz; 1888, 3 julho - Breve de Leão XIII privilegia o altar-mor da capela; séc. 20, inícios - a meio da ponte existiam varandins com dois nichos; 1909, final - subida do Rio Tua provoca a derrocada dos dois arcos centrais; 1949 - a ponte não possuía guardas nem iluminação; na margem direita do rio já existia um conjunto edificado ostentando pavimento em terra e areia, onde actualmente foram criados diversos parques e jardins; 1951, 3 Outubro - início da construção de um posto de abastecimento de combustível junto à entrada da ponte, com aprovação da Câmara Municipal, mas sem o conhecimento da DGEMN; 1952, 21 Março - a Câmara Municipal solicitou o parecer da DGEMN sobre o projecto da estação rodoviária, de Miguel Luís Vaz, a construir num terreno junto à ponte, designado Quinta da Rocha, situado na margem direita, concluindo-se não se tratar de uma construção prejudicial para a ponte, embora advertisse para o facto de ser importante procurar um traçado de fachada mais adequado; 1954, 25 Novembro - a DGEMN considerou viável o projecto de terraplanagem para a construção de um Parque e, inviável o projecto para alargamento do tabuleiro da ponte, que iria causar danos estruturais e estéticos; observou ainda que a ponte não se encontrava em bom estado de conservação apresentando cantarias fendidas no apoio dos arcos e outras com fendas no intradorso dos mesmos, sendo necessário proceder a obras de consolidação, cujo orçamento rondaria os 50.000$00; 1963 - integrada no traçado da Estrada Nacional 15, com intenso tráfego automóvel; a ponte possuía dezassete arcos, três dos quais desaprumados e em risco de derrocada; o Ministro das Obras Públicas considerou que esse problema devia ser resolvido pela Junta Autónoma das Estradas; o caudal do rio apresentava uma redução considerável; 1965 - a ponte encontrava-se arruinada, destacando-se, entre outras, a brecha do arco nº 2 e a deslocação de um quebra-mar; necessitando de obras de consolidação; 1970, década - o mau estado de conservação da ponte colocava em risco a sua segurança, necessitando urgentemente de uma intervenção de restauro e consolidação, o que foi atribuído à Junta Autónoma das Estradas; a nova ponte já se encontrava construída; 1972 - aprovação do projecto de reparação da Junta Autónoma das Estradas, pela Secretaria de Estado da Cultura; na margem esquerda já existiam algumas construções e junto ao rio apresentava vegetação descontrolada; 1979 - a ponte já possuía guardas metálicas e um sistema de iluminação; as margens continuavam em areia e terra; 1981 - estava concluído um edifício de grandes dimensões, para habitação particular, na margem esquerda; 19 Outubro - a Direcção de Serviços Regional de Monumentos do Norte recomenda a proibição da circulação automóvel; 1983 - o trânsito rodoviário procedia-se apenas no sentido Mirandela - Porto; 1989, 12 Abril - segundo a DGEMN, apresentava problemas nas fundações dos arcos centrais e seus quebra-mares; 1990, década - construção do repuxo no leito do rio próximo da ponte; 1993 - ponte passou a ter tráfego exclusivamente pedonal.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma.

Materiais

Estrutura da ponte, plinto e ala dos oratórios em cantaria de granito; guardas e estrutura de suporte dos candeeiros em ferro; oratórios em chapa de ferro.

Bibliografia

LEAL, Augusto S. D'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Diccionario Geographico, Estatistico, Chorografico, Heraldico, Archeologico, Biographico e Etymologico, de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal, vol. 5, Lisboa, 1875; SALES, Padre Ernesto Augusto Pereira de, Mirandela. Apontamentos Históricos, Mirandela, 1983; FERNANDES, João Luís Teixeira, Mirandela entre duas datas, Mirandela, 1986; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol.1, Lisboa, 1993; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70533 [consultado em 11 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Intervenção Realizada

1608 - alvará de D. Filipe II para se por a lances a reforma de um talhar-mar da fonte; 1624 - obras de reparação a cargo do mestre Pero da Fonseca, interrompidas por falta de verbas; 1634 - obras de consolidação efectuadas pelo arquitecto João Lopes de Amorim, por 12.500 cruzados; 1690 - obras ligeiras de reparação; 1771 - obras de reparação porque, sendo o seu "masame de areia e pedras soltas", coberto com calçada de cantaria, de perfil convexo abaulado, em pouco tempo se tornou côncavo, formando vários lagos sobre o pavimento durante o Inverno; 1792 - obras de reparação da ponte, sob a direção de D. Alexandre de Macedo Soto Maior Muito Nobre; 1876 / 1878 - reparação de alguns talha-mares, alteamento do pavimento e colocação das guardas de ferro; séc. 20, inícios - pavimentação com grandes lajes de granito; 1910 - reedificação dos dois arcos centrais, alargamento do tabuleiro e remoção dos nichos; DGEMN: 1981 - obras de beneficiação (590.000$00); limpeza geral de vegetação (extracção e aplicação de herbicidas), reparação e consolidação do tímpano entre o 2º e o 3º arco, a montante (300 000$00), pela empresa Oliveira, Pereira & Valente; 1986, Março - início da execução do projecto de iluminação, o qual devia ser executado em cabo armado tipo VAV e fixado no paredão da ponte; Junta Autónoma das Estradas / Belbetões: 1989 / 1990 - obras de consolidação estrutural, consistindo na colocação de tirantes metálicos, na tomação das juntas das alvenarias de granito à fiada constituindo os parâmetros e arcos da ponte, na injecção de betão, nos espaços vazios entre cada dois arcos e no seu extradorso.

Observações

Autor e Data

Ernesto Jana 1993 / Marta Ferreira 2007

Actualização

 
 
 
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