Igreja do Salvador / Colégio de Santiago de Elvas / Igreja Paroquial do Salvador / Biblioteca Municipal de Elvas

IPA.00003819
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso
 
Arquitectura educativa, maneirista e barroca. Colégio da Companhia de Jesus, de planta rectangular regular, composta por igreja no lado direito, com zona colegial adossada. A igreja é de planta longitudinal, com nave única, para onde abrem quatro capelas retabulares à face, uma das soluções jesuítas, transepto inscrito, capela-mor pouco profunda, mais baixa e estreita, com sacristia adossada ao lado esquerdo. O interior tem coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, sendo amplamente iluminada pelas janelas rectilíneas da fachada principal e indirectamente através das tribunas laterais, existentes sobre as capelas. Fachada principal harmónica, com o corpo tripartido pelos vãos que a rasgam, flanqueada por torres sineiras, numa solução que a Companhia divulgou nos imóveis construídos no séc. 17, estando presente nas fachadas dos Colégios de Santarém (v. PT041416210009), Angra do Heroísmo (v. PT071901160008), Ponta Delgada (v. PT072103120002), Horta (v. PT072002080003) e Funchal (v. PT062203080006), bem como na Casa Professa de Vila Viçosa (v. PT040714050008). Fachadas circunscritas por cunhais apilastrados e rematadas em friso e cornija. Possui coro-alto assente em duas colunas toscanas, para onde abrem porta de acesso à zona conventual, com duas capelas à face, decoradas com pintura e retábulos de talha dourada, existindo exemplares maneiristas e do barroco nacional. Na nave, dois púlpitos confrontantes, rectangulares e com guardas plenas, com acesso pelos corredores laterais. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por capelas colaterais pouco profundas. Capela-mor tem, sobre supedâneo, retábulo-mor de talha dourada, de estilo nacional, de planta côncava e três eixos, exemplo de retábulo multifuncional, contendo trono expositivo e sacrário em forma de templete, expondo-se o Santíssimo Sacramento, relicários e imaginária. Nas paredes laterais, tribunas e arcosólios de volta perfeita, um deles com o túmulo do fundador. No lado esquerdo, as dependências colegiais, com acesso por portaria antecedida por alpendre, num esquema semelhante ao dos Colégios de Évora (v. PT040705210023) e do Funchal (v. PT062203080006), organizada em torno de pátio de dois pisos, com janelas de peitoril no inferior e de varandim ou sacada no superior, tendo as zonas dos corredores marcadas exteriormente por remates em frontão triangular. Convento da Companhia de Jesus, muito alterado, do qual resta apenas o pátio colegial, actual repositório do espólio lapidar e azulejar do concelho, com a zona inferior aberta por portas e janelas, mas possuindo vestígios, nos corredores internos, dos pilares que suportavam as arcadas primitivas. Nesta zona colegial, destaca-se a introdução da Sala José Torres de Carvalho, composta por biblioteca de dois andares de estantes, em madeira e ferro forjado decorados, possuindo chaminé em cantaria, datável de 1934. A igreja possui decoração interior unitária, com capelas laterais com retábulos de talha do estilo nacional praticamente idênticos entre si, destacando-se, no conjunto, os púlpitos em cantaria lavrada, com as guardas ornadas pela insígnia da Companhia rodeada por querubins, e a Árvore da Companhia, pintada sobre o arco triunfal. A igreja perdeu parte da sua luminosidade, pelo facto das tribunas da nave terem sido entaipadas no séc. 19 e transformadas em celas pelos frades carmelitas, que ocuparam o imóvel. Mantém os arcosólios da capela-mor, um deles com o túmulo do fundador, envolvido por pintura decorativa, que se repete no fronteiro, embora de produção menos cuidada e, certamente, mais tardia. Este espaço encontra-se totalmente revestido a talha dourada, na cobertura, com a sigla "IHS", envolvida pelos quatro Evangelistas, surgindo, nas ilhargas, vários bustos relevados a representar os santos da Ordem. O retábulo-mor é de planta côncava, constituindo uma estrutura de transição do estilo nacional para o joanino, apresentando as típicas colunas torsas que se prolongam em arquivoltas, formando o ático, mas com profusa decoração de acantos, quarteirões e volutas, prenunciando o estilo que se seguiu. Retábulo da sacristia integralmente decorado por pintura mural fingindo mármores embrechados.
Número IPA Antigo: PT041207010024
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso    

Descrição

Planta rectangular composta por igreja e corpo colegial adossado a NE., corredor adossado envolvendo as fachadas NE., SE. e SO. e corredor de separação entre o corpo da igreja e o corpo colegial. Igreja de planta longitudinal, com nave única para a qual abrem duas capelas laterais à face por banda, coro-alto, transepto inscrito, capela-mor mais estreita, sacristia adossada à fachada lateral esquerda no topo do transepto, comunicando com o corpo colegial; este é de planta rectangular composto por 4 alas desenvolvidas em torno de pátio. Volumes articulados, massas dispostas na vertical para a igreja e na horizontal para o corpo colegial. Cobertura diferenciada em telhados de três águas na ala NO. do corpo colegial; de duas águas na igreja (com corta fogo de acesso às sineiras), nas alas SO., NE. e SE. do corpo colegial e nos corredores NE. e SE. (sendo na ala e corredor SE. diferenciado em dois telhados); de uma só água no corredor SO.; em terraço no corredor adossado à cabeceira; em coruchéu nas sineiras. Fachadas rebocadas e pintadas de branco; molduras de vãos, pilastras, cornijas e sineiras de cantaria. IGREJA: fachada principal a NO., reflectindo o interior, com três registos definidos por friso e cornija saliente, que se prolongam pelo alçado NO. do corredor adossado à direita; embasamento em pedra; três panos, definidos por pilastras sobre plintos, correspondentes, o central à nave, os extremos às torres sineiras rematados pelos corpos das sineiras mais elevados; panos das torres cegos, sineiras em arco de volta perfeita, pináculos nos eirados e catavento de ferro forjado coroando os coruchéus; pano central rasgado inferiormente por três portais em mármore, os laterais encimados por frontão curvo coroado de pináculo, o central, mais elevado, encimado por frontão interrompido; sobre este cartela inscrita, pétrea, de concheados e enrolamentos envolta por festão pendente; no registo intermédio rasgam-se três janelões, axiais aos portais, com vergas dupla encimadas por cornija saliente junto à linha da cornija divisória do alçado; no terceiro registo três janelões idênticos; remate em empena e cornija, coroada no vértice por cruz de pedra e com óculo moldurado rasgado no tímpano. O corpo do corredor SO., recuado, apresenta dois registos, o inferior rasgado por fresta, o superior por janela entaipada; sobre o telhado, à face da fachada, corpo rectangular. Fachada lateral SO. de pano único delimitado por cunhais de cantaria sobre bases; embasamento pintado a cor cinza; vário vãos definindo quatro linhas de rasgamento: inferiormente, no extremo S. uma porta e um portal; na segunda linha 3 janelas rectangulares; na terceira, axial ao portal, uma janela; na quarta três janelas quadradas e uma outra, maior, junto à cornija de remate. Fachada posterior adossada a corredor de acesso a várias salas e às galerias das tribunas; sobre o terraço de cobertura deste corredor, ergue-se acima do telhado da nave, corpo rectangular, com alçado SE. ritmado por 4 arcadas de volta perfeita sobre pilares com bases pétreas, rasgadas por janelões rectangulares. COLÉGIO: fachada principal na continuidade da da igreja, ligeiramente recuada, acompanhando o desnível do terreno. De pano único com cunhal de cantaria a N.; embasamento pintado de amarelo e remate recto, pintado a amarelo, que nos extremos desenha pequena empena elevada acima da linha de telhados, rasgada por óculo no tímpano, assinalando o topo das alas NE. e SO.; três linhas de rasgamento de vãos, a inferior, correspondente ao piso térreo, com 12 vãos gradeados seguindo o esquema, da esquerda para a direita: a (janela quadrada) - b (janela de varandim) - a - b -a - b -a - c (porta) -a - c - a - c; a nível intermédio, duas janelas quadradas sobre 10º e 11º vãos; superiormente rasgam-se 12 janelas rectangulares sendo a 3ª, a contar da esquerda de varandim parcialmente entaipada. Dando acesso à porta travessa, correspondente ao 8º vão a contar da esquerda, e assinalando a entrada principal do corpo colegial, alpendre de mármore, de planta quadrada sobre patamar de 6 degraus: quatro colunas toscanas, duas delas embebidas na fachada, suportam entablamento coroado nos ângulos por pináculos e por frontões curvos formados por cartela amparada por aletas volutadas; na cartela central o símbolo da Companhia de Jesus e nas laterais o de Santiago; guarda de ferro na face principal, sendo o acesso feito pelos lados; cobertura em cupulim de 4 panos, revestido a azulejo azul e branco em xadrez, com falso lanternim amparado por volutas. Fachada lateral NE. de três registos, definidos, inferiormente, por cornija saliente que se prolonga pela fachada SE, e superiormente por duas linhas de fenestração; o registo inferior é em talude com embasamento pintado a amarelo; pano único delimitado por cunhal, de cantaria aparelhada, a N. e como canto E. arredondado; remate idêntico ao da fachada NO.; inferiormente rasgam-se ao centro duas portas, de acesso ao piso -1, com molduras de cantaria acompanhando a inclinação do talude, e munidas de bandeira pétrea gradeada; entre as duas portas rasga-se fresta jacente gradeada, e ao lado das portas duas frestas idênticas com molduras pétreas; no 2º registo, ao centro, 3 janelas de varandim, axiais aos vãos inferiores, as extremas munidas de bandeiras pétreas gradeadas; de cada lado duas janelas idênticas à central; superiormente abaixo da cornija, rasgam-se 5 janelas as axiais às portas munidas de varandim. Fachada SE. com partido semelhante à NE., mas com molduras de vãos de alvenaria pintadas a amarelo; no registo inferior, do lado direito três frestas jacentes; no superior 11 janelas sendo as primeiras quatro, a contar da esquerda, com molduras pétreas e a 1º destas mais alta; no registo intermédio as janelas dispõem-se segundo o esquema, da esquerda para a direita: a (janela) - b (fresta) - c (janela) - d (janela de varandim) - c - d - c - d - c. INTERIOR: IGREJA - nave e coro-alto com cobertura única de abóbada de berço sobre sanca envolvente; pavimento em mosaico recente e em pedra mármore; alçados de alvenaria caiada, de dois registos definidos por cornija moldurada e com embasamento revestido a azulejo de padrão azul e branco, ambos envolvendo todos os alçados e topos do transepto; coro-alto assente sobre tripla arcaria de volta perfeita, que se eleva à altura da cornija, sobre pilares munidos de bases e capitéis; sub-coro com cobertura em abóbada de aresta disposta em três tramos; no alçado NO. rasga-se o pórtico pétreo em arco abatido, ladeado por porta reentrante; guarda-vento de madeira, de planta rectangular, encimado por frontão de talha dourada; nos alçados laterais porta de acesso às torres, a do lado do Evangelho aproveitada como pequeno santuário e tendo à esquerda pia baptismal em concha; no coro-alto, no alçado NO., óculo reentrante e duas linhas de fenestração, divididas pela sanca da cobertura, cada com 3 janelas reentrantes; nos alçados laterais porta de molduras pétreas de acesso às sineiras; balaustrada torneada, em madeira de nogueira e pedra mármore; do lado do Evangelho, órgão positivo. Na nave alçados idênticos, cada com duas capelas laterais à face, em arco de volta perfeita, revestidas a talha dourada, elevando-se até à cornija e ligadas entre si por cornija que une as impostas dos seus arcos; sobre as capelas molduras rectangulares de cantaria caiada*2; púlpitos idênticos de cada lado, fronteiros, junto ao transepto, em mármore. Do lado do Evangelho a capela de São Francisco Xavier e a de Santa Bárbara; do lado da Epístola a capela de Santo António e a do Sagrado Coração de Jesus *3; as três últimas capelas têm revestimentos e retábulos de talha do estilo nacional, quase idênticos, com ligeiras variantes ao nível do banco e sotobanco: apresentam planta recta, nicho, alçados laterais e intradorso arco revestidos a apainelados de talha dourada, colunas torsas, decoradas por pâmpanos e anjinhos, assentes em consolas; a capela de São Francisco Xavier apresenta revestimento idêntico, mas com tela pintada ao nível dos alçados laterais, com cenas da vida do santo, no lugar dos apainelados e estrutura retabular plana, pequeno nicho ladeado por duas estípides relevadas e apainelados de acantos entre elas, ático em frontão semicircular revestido por apainelado com enrolamento de acantos e brasão central; todas as capelas apresentam as paredes laterais ao nível do sotobanco, com revestimento imitando mármore, excepto a do Sagrado Coração de Jesus onde se inscrevem lápides epigrafadas encimadas por pedra de armas e a de Santa Barbara com pequeno nicho rectangular; as pilastras dos arcos assentam em bases pintadas imitando mármores coloridos. Dois arcos de volta perfeita, sobre pilares semelhantes aos do coro-alto rasgados a partir da cornija abrem para os topos do transepto; estes apresentam dois registos definidos pela cornija, tendo superiormente moldura vão cego *4, idêntico ao dos alçados da nave, e inferiormente duas portas, de molduras pétreas, uma correspondendo a confessionário a outra de acesso, respectivamente, a do lado da Epístola ao corredor adossado a SO., a do lado do Evangelho à ala colegial e Sacristia. Duas teias fecham a zona do transepto, a 1ª de balaústres em pedra, a outra em madeira de nogueira e pedra mármore. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras idênticas às do coro-alto mas pintadas imitando mármores. Capelas colaterais em arco de volta perfeita, pétreo, com alçados, cobertura e retábulos de talha dourada, do estilo nacional, na do Evangelho, sob invocação de Nossa Senhora de Fátima *5, telas nos alçados laterais; na da Epístola, de invocação do Calvário, nicho emoldurado por cariátides e putti. Sobre cada capela tela emoldurada no local onde ficaria a primitiva tribuna. Superiormente acima da sanca todo o alçado é decorado por pintura mural figurando árvore genealógica de membros da Companhia de Jesus enquadrando nicho central, emoldurado por pintura mural fingindo pórtico com frontão interrompido por ostensório. Capela-mor elevada por plataforma com acesso por 4 degraus ao centro, com pavimento xadrezado de mármore; talha dourada reveste integralmente a cobertura em abóbada de berço sobre sanca e os alçados; na cobertura 4 medalhões circulares com os 4 Evangelistas e ao centro medalhão oval com o emblema da Companhia de Jesus e a cruz de Santiago sustido por dois putti; nos alçados laterais arcossólio central, em arco de volta perfeita sobre pilastras semelhante reproduzindo em menor escala o arco triunfal, o do Evangelho albergando o ossário, em mármore preto e branco, dos fundadores, assente sobre três leões, encimado por urna com pedra de armas; ambos os arcossólios têm os alçados decorados por pintura mural figurando cortinado e sanefa enquadrando cartela com símbolo eucarístico emoldurada por enrolamentos de acantos, volutões e grinaldas, a do lado do Evangelho parcialmente coberta pelo ossário; a restante superfície do alçado é toda revestida por painéis rectangulares de talha dourada com figuras de bustos em relevo de jesuítas, entre eles Santo Inácio de Loiola, São Francisco Xavier, São Francisco de Borja e São Luís Gonzaga relevadas ao centro de cartelas emolduradas por enrolamentos de acantos e putti. Retábulo-mor de invocação de Nossa Senhora do Carmo, de planta concâva, híbrido, tripartido, com par de colunas torsas, revestidas de pâmpanos e putti sobre consolas, enquadrado nicho lateral, tribuna central com trono, ático de dupla arquivolta no prolongamento das colunas, sacrário integrado no banco. SACRISTIA: acesso pelo transepto, do lado do Evangelho; de planta rectangular, disposta no sentido NO. - SE., com cobertura em abóbada de berço sobre sanca e pavimento de mosaico de padrão; alçados caiados com silhar de azulejos azuis e brancos de padrão; a NO. altar do Calvário, em arco de volta perfeita sobre meias colunas, sobrepujado por entablamento e frontão triangular interrompido, tudo de alvenaria e integralmente decorado com pintura mural fingindo mármores embrechados, predominando as cores vermelho, preto e branco; a SE. o alçado tem dois registos e três panos definidos por cornija e molduras de alvenaria; inferiormente no pano central, lavabo de mármore; superiormente composição de pintura mural figurando quadro semicircular, representando "Papa Paulo III entrega a Regra aos jesuítas", sobre balaustrada fingida; no alçado NE. rasgam-se 4 janelas axiais, abertas para o Corpo Colegial, as inferiores com vãos reentrantes rasgados até ao pavimento, as superiores, também reentrantes, rasgadas a partir da sanca interrompendo-a; entre estas óculo; no alçado oposto rasga-se a porta de entrada, junto ao alçado SE.. Envolvendo a cabeceira e os braços do transepto corredor de acesso a várias salas e ao segundo piso do corpo da igreja, correspondente às galerias de acesso às tribunas e ao coro-alto; daqui acede-se aos pisos superiores, com várias salas, algumas com acesso pelo corpo do colégio. CORPO COLEGIAL: organiza-se em dois pisos ao redor de pátio rectangular: o piso térreo tem acesso principal pelo alpendre, situado na fachada principal, comunicando directamente com a antiga Portaria do colégio, que por sua vez dá acesso a sala adjacente, a NE., e à ala que contorna o pátio, a SE., através de vãos de molduras pétreas; na Portaria guarda-vento de madeira e vidro, cobertura em abóbada de berço arrancando de sanca; nos alçados silhar de azulejos azuis e brancos, que se repete nas outras salas deste piso; pavimento lajeado e de mosaico; alçados preenchidos com lápides de pedra e outros elementos pétreos assinalando a ocupação do espaço pelo museu; destaca-se no alçado SO. arcossólio que ultrapassa a cornija, ladeado por dois pequenos nichos e com um óculo pintado com decoração vegetalista no centro. O corredor, de pavimento com tijoleira, abóbada de berço, e cunhais de pedra nos cantos interiores, dá acesso a todas as salas do piso e ao pátio; é segmentado por paredes divisórias de madeira com portas encimadas por bandeira com vidro; em toda a sua extensão, armários altos de madeira com vidro nas portadas, pertencentes à biblioteca, entre as várias salas destaca-se a que ocupa quase toda a ala NE., designada de "Sala Publia Hortensia", com pavimento em madeira e tecto de caixotões do qual suspendem dois lustres; em torno desta sala dois andares de armários, excepto no alçado SE., com varanda de circulação para o segundo, com soalho e guarda em ferro, desenhando volutas, com corrimão e pilaretes em madeira, sendo estes últimos encimados por um candeeiro com quebra-luz em bola de vidro, assente sobre um pé delgado em madeira; ao centro de vários panos da guarda, pedra de mármore com inscrição gravada a dourado, lendo-se em cada uma os nomes dos que contribuíram para a formação do espólio da biblioteca *6; a encimar os armários do segundo andar, assentam vários bustos; ao centro do alçado SE., deixando a descoberto parte do silhar de azulejos, lareira em mármore branco, meramente decorativa, com boca em arco abatido e fecho em mármore cinzento; sobre esta entablamento com inscrição a dourado no friso e outra inscrição na chaminé, intercalada por gravação de uma garça; a lareira é ladeada pelas escadas de acesso à varanda, de um só lanço curvo de madeira com guarda, como a da varanda. PÁTIO*6: com acesso pelos corredores a NO. e a SE., com pavimento de calçada, alçados rebocados e pintadas de branco, de dois registos, com três janelas de cantaria no segundo registo; a janela central do alçado SO. rasga-se até ao nível do pavimento, sendo dotada com uma varanda com guarda de ferro; vária vegetação, incluindo árvores; ao centro busto em bronze de António José Torres de Carvalho, assente sobre pedestal de pedra; um nicho de mármore epigrafado sobre bancos de alvenaria revestidos de azulejo e uma lápide comemorativa da remodelação da biblioteca. O segundo piso tem acesso pela porta que ladeia o alpendre, antiga entrada para o museu; logo à entrada pequeno compartimento; escadas em pedra, de seis lanços rectos com patamares nos intervalos, com cobertura de abóbadas de aresta; pavimento de betonilha, em madeira em algumas salas; nestas rodapé pintado a cinzento, cobertura em abóbada de berço arrancando de cornija, exceptuando uma das salas da ala SE. com tecto falso; nos vãos das janelas de várias salas e dos extremos dos corredores, conversadeiras.

Acessos

Largo do Colégio e Rua dos Chilões (igreja), Rua dos Apóstolos (colégio). Acesso para deficientes apenas para a igreja através do portal principal. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,879021; long.: -7,162146

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 *1

Enquadramento

Urbano, integrado no Núcleo intramuros da cidade e praça de Elvas (v. PT041207010029), em declive que pende para S., flanqueado por edifícios de habitação de 2 e 3 pisos com comércio nos pisos térreos; adossado parcialmente a SE. por edifício de três pisos. Fachada principal abrindo para adro inserido em pequeno largo empedrado, utilizado para estacionamento. Fachada posterior voltada para pequeno largo (Largo Luís de Camões) onde se situa o Museu Municipal de Fotografia. As duas entradas para o piso -1, situadas na fachada NE., encontram-se posicionadas no topo de duas ruas estreitas com acentuado declive (Rua do Bôtafogo e Rua da Pedra). A E., numa plataforma inferior à do colégio, a igreja de São Domingos (v. PT041207010003); na Rua das Parreiras ao Colégio, que parte do Largo Luís de Camões, duas casas com portais góticos.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: IGREJA: EXTERIOR: 1. Inscrição comemorativa de doação gravada na cartela que encima o portal central da igreja. Sulcos das letras preenchidas com betume preto. Mármore. A altura a que se encontra impossibilita a obtenção de medidas.Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: EL REI DOM AFONSO VI COMO GRÃO MESTRE E GOVERNADOR DA ORDEM DE AVIS FEZ MERCÊ COM LICENCA DO SUMO PONTÍFICE AOS RELIGIOSOS DA COMPANHIA DE JESUS DA ERMIDA DE SANTIAGO PARA NELA SE FUNDAR ESTA IGREJA - ANO DE MDCLIX. INTERIOR: CAPELA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS: EPISTOLA: 1. Inscrição de posse e capela gravada numa lápide, de mármore branco, em campo epigráfico rebaixado e emoldurado por moldura dupla, de mármore cinzento escuro, encimada por pedra de armas, embutida na talha da parede. Dimensões: totais: 105x143; campo epigráfico: 39,5x92; moldura de mármore cinzento: 19/20,5x15,5. moldura de mármore branco: 7,5. Sulcos das letras com betume negro; Nexos e inclusão. Tipo de letra: capital quadrada excepto "q" que é minúsculo. Leitura modernizada: ESTA CAPELA É DO ABADE CRISTÓVÃO RODRIGUES, O MARQUES, E NELA SE NÃO PODE ENTERRAR OUTRÉM TEM FÁBRICA E MISSA QUOTIDIANA. Descrição heráldica: escudo de ponta com monograma gravado ao centro, em letra capital quadrada, à excepção do "q" que é minúsculo: MARqVES. Elmo, paquife, correia e chapéu de abade composto por 12 borlas. Uma mossa no topo superior da moldura de mármore branco. Sulcos das letras preenchidos com betume negro. Dimensões: totais: 49x52,5; escudo: 22x17; letras do monograma: 8,5. EVANGELHO: 2. Inscrição funerária gravada numa lápide, de mármore branco, em campo epigráfico rebaixado e emoldurado por moldura dupla, de mármore cinzento escuro, encimada por pedra de armas, embutida na talha da parede. Dimensões: totais: 136,5x95; campo epigráfico: 40x90; moldura de mármore cinzento: 19/20,5x15,5. moldura de mármore branco: 7,5. Sulcos das letras com betume negro; Nexos e inclusão. Tipo de letra: capital quadrada excepto "q" que é minúsculo. Leitura modernizada: SEPULTURA DO ABADE CRISTÓVÃO RODRIGUES O MARQUES FIDALGO DA CASA DE SUA MAGESTADE PROTONOTÁRIO APOSTÓLICO ABADE EM A IGREJA DE SANTA MARIA DE SÁ(?) E BENEFICIADO EM AS DE SANTIAGO DE BEJA E SÃO JOÃO BAPTISTA DE CORUCHE. Dimensões da pedra de armas: totais: 52x52,5; escudo: 24x167; letras do monograma:9. 3. Inscrição em latim gravada na cartela que encima o púlpito do lado da Epístola. Sulcos das letras preenchidas com betume negro. Mármore. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura: VOS ESTIS SAL TERRA. 4. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura inserida no pavimento, defronte da Capela do Calvário, encimada por pedra de armas. Descrição heráldica: escudo de ponta com duas chaves e chapéu cardinalício de 8 pontas(?). Sulcos das letras pouco profundos e preenchidos com betume negro, algum já a sair. Mossas no topo inferior. Mármore. Dimensões: 182,5x103; brasão:80x75. Nexos e inclusões. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DO REVERENDO PADRE ANTÓNIO RODRIGUES RIO MORREU A XI DE OUTUBRO(8BRO) DE 1681 DEIXOU A ESTE COLÉGIO POR SEU HERDEIRO COM MISSA QUOTIDIANA NESTA CAPELA. 5.Inscrição funerária gravada no frontal de um ossário num campo epigráfico relevado e emoldurado. Sulcos das letras com betume negro. Dimensões: totais do ossário: 43x104,5; campo epigráfico: 40x101,5. Nexos, inclusões e sinal de fim de texto fitomorfico. Tipo de letra: capital quadrada de má qualidade gráfica. A palavra "FIDALGO" foi gravada inicialmente com um "E" depois transformado em "F" por o último traço horizontal da letra ter sido preenchido com betume da côr do suporte. Leitura modernizada: SEPULTURA DOS SENHORES DIOGO DE BRITO DO RIO FIDALGO DA CASA DE SUA MAGESTADE E DONA ALDONÇA DA MOTA SUA MULHER NATURAIS DE ELVAS FUNDADORES DESTE COLÉGIO. ANO DE MDCCII. 6. Inscrição de posse de capela gravada na moldura inferior de uma lápide armoriada, composta por brasão, elmo e paquife, esculpidos em relevo. Descrição heráldica: escudo partido no I: um castelo trespassado por uma lança sobre um curso de água onde se encontra deitada uma figura feminina: Rio (invulgar); no II: nove lisonjas apontadas e firmadas nos bordos do escudo, sendo cada lisonja carregada de um leão: Brito; timbre de Brito. Sulcos das letras preenchidas com betume negro. Mármore. Dimensões: totais: 72x72; campo heráldico: 63: campo epigráfico: 6; moldura: 2,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: LUÍS DE BRITO DO RIO PADROEIRO DESTA CAPELA. 7. Inscrição em latim gravada na cartela que encima o púlpito do lado do Evangelho. Sulcos das letras preenchidas com betume negro. Mármore. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura: : VOS ESTIS LUX MUNDI. COLÉGIO: 8. Inscrição de homenagem gravada numa lápide rectangular, colocada na parede testeira da portaria, sobre a porta de acesso ao corredor. Mármore. Tipo de letra: capital do século XX. Leitura modernizada: EM 18 DE MARÇO DE 1989 NA PRESENÇA DO SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA SENHOR MÁRIO ALBERTO NOBRE LOPES SOARES SENDO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ELVAS O DOUTOR JOÃO MANUEL VALENTE PEREIRA CARPINTEIRO SE DESCERROU ESTA LÁPIDE EM LEMBRANÇA DE QUANTOS FUNDARAM E ENRIQUECERAM A NOSSA ERUDITA BIBLIOTECA PATRIMÓNIO DE TODO O POVO PORTUGUÊS E LEGÍTIMO ORGULHO DA CIDADE DE ELVAS.PÁTIO: 9. Inscrição comemorativa de construção de uma obra gravada numa lápide colocada sobre um nicho rectangular enquadrado por volutas, duas das quais sustentando urnas e as superiores formando frontão, onde assenta uma pedra de armas invertida, rematado por cruz latina. A data encontra-se enquadrada por uma seta, à esquerda, e um coração, à direita. Mármore branco e cinzento. Dimensões: campo epigráfico: 81,5x15x3. Tipo de letra: capital quadrada. A palavra "MANDOU" encontra-se grafada da seguinte forma: "MAONDOU". Leitura modernizada: SOROR ANTÓNIA DE NAZARÉ A MANDOU FAZER SENDO RODEIRA NA ERA DE 1660. 10. Inscrição de homenagem a António José Torres de Carvalho gravada no pilar que compõe a estátua. Sulcos das letras pintadas a tinta doirada. Mármore. Dimensões: campo epigráfico: 105x50. Tipo de letra: capital do século XX. Leitura: A ANTÓNIO JOSÉ TORRES DE CARVALHO A CÂMARA MUNICIPAL DE ELVAS AGRADECIDA 20 DE SETEMBRO DE 1941. 11. Inscrição comemorativa de remodelação de bibliioteca gravada numa lápide de mármore cinzenta. Sulcos das letras pintados de tinta doirada. Dimensões: 59,5x80x3. Tipo de letra: capital do século XXI. Leitura modernizada: REMODELAÇÃO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA PRESIDIDO PELA SENHORA MINISTRA DA CULTURA PROFESSORA DOURORA MARIA ISABEL DA SILVA PIRES DE LIMA E REALIZADO EM 5 DE JULHO DE 2005 NA PRESENÇA DO SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ELVAS JOSÉ ANTÓNIO RONDÃO ALMEIDA. Lavabo da Sacristia, em mármore cinza e branco com veios rosa, de duas penas encimado por pequeno nicho ladeado por volutas e com remate em frontão triangular interrompido por cruz.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja / Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: biblioteca

Propriedade

Pública: municipal / Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ALVANEIRO: Francisco Alves (1741). ARQUITECTOS: Padre Bartolomeu Duarte (1679); Maria Teresa Almeida (2005-2007); Paulo Nunes (2005-2007). BIBLIOTECONOMISTA: António Carvalho (2005-2007); CANTEIROS: António Cordeiro (1701-1702); Manuel Cordeiro (1701-1702); Gregório das Neves (1753). CARPINTEIRO: José Martins Algaravanha (1752). ENGENHEIROS: PRETAGO - Gabinete de Projectos de Arquitectura e Engenharia de Construção Civil, Lda (2005-2007). ENTALHADORES: Manuel Francisco (1702); Inácio Carreira (1705). INSTALAÇÕES ESPECIAIS: José Manuel Marques do Patrocínio Nobre(2005-2007); Rúben Manuel Correia Sobral (2005-2007).

Cronologia

1599, 21 Novembro - disposição testamentária de D. Aldonça da Mota, deixando os seus bens ao esposo, com a finalidade deste mandar construir um colégio da Companhia de Jesus; 1604, 20 Agosto - disposição testamentária de Diogo de Brito, marido de D. Aldonça da Mota e fidalgo da Casa Real, em favor da fundação do colégio; falecimento de Diogo de Brito e a sua segunda mulher, Joana Coutinho, escreve ao Provincial da Companhia a solicitar a fundação de um colégio; 1610 - o Geral da Companhia, Cláudia Aquaviva responde favoravelmente, ficando comio fundadores D. Aldonça e D. Diogo; a fundação era apoiada pela Câmara de Elvas, mas a ideia não foi bem recebida pelo bispo, que reclamava os bens de D. Aldonça; 1611 - a Câmara de Elvas solicita ao rei autorização para a fundação, pois existia renda suficiente e seria muito vantajoso para a cidade; 31 Maio - Filipe II de Portugal manda suspender a fábrica do colégio até que se munissem de licença; 1621 - D. Filipe II não autoriza a fundação; 1625 - D. Filipe III não autoriza a fundação; 1643, 4 Fevereiro - a fundação do colégio foi aprovada por D. João IV; 1645, 11 Fevereiro - chegam os primeiros padres, instalando-se nas casas da fundadora, junto à Porta de Évora; Maio - os padres mudam para casas situadas junto à Ermida de Santiago; 1647 - a Câmara de Elvas emite a sua autorização para a respectiva fundação; 1648, 14 Novembro - o Colégio estava instalado em casas no Bairro de São Martinho; 1649, 9 Fevereiro - a Câmara de Elvas acha que o Colégio deveria estar num local mais central, par ao que cedia os terrenos públicos necessários, água e a ermida de Santiago; nesta altura, suspendem-se as obras que se vinham a desenvolver em São Martinho; 1651 - no local funcionava uma Aula de Fortificação, criada pelo príncipe D. Teodósio, e de Matemática, onde este estudava; 1653 - os padres já estão em Santiago e o bispo D. Manuel da Cunha cede a ermida; 1656 - D. João IV ordena a construção de casas para as aulas; 1659 - doação da Capela de Santiago por D. João VI, na qualidade de grão-mestre da Ordem de Avis, a quem pertencia o templo; 1678 - os padres estavam na posse da área necessária à construção do colégio; 23 Novembro - a Câmara define os perímetros da propriedade; 1679 - é enviado o Padre Bartolomeu Duarte para riscar a igreja e novo colégio; 4 Julho - o bispo Jerónimo Soares lança a primeira pedra do edifício; 1681 - data do falecimento do Padre António Rodrigues Rijo que instituiu uma capela na igreja do colégio com missa quotidiana; termina a construção da sacristia; 1682, 09 Junho - o procurador da cidade obriga os padres jesuítas a abrir a rua travessa que ligava a Rua dos Chilões e as costas da igreja, que havia sido tapada por um muro a seu mandado; os oficiais da Câmara mandam o escrivão intimidar o padre reitor para que, até três dias, manda-se derrubar o dito muro; 1686 - a pedido da Câmara Municipal foi criada uma escola de primeira letras no Colégio; 1692, 17 Agosto - inaugurada a igreja do colégio com solene procissão; 18 Agosto - rezada a primeira missa no templo, pelo bispo D. Jerónimo Soares; séc. 18, inícios - execução da pintura situada no tímpano do arco toral do alçado da capela-mor; 1701-1702 - execução da arca tumular dos fundadores do Colégio, Dona Aldonça da Mota e Diogo de Brito do Rio, em mármore, pelos canteiros de Borba, António e Manuel Cordeiro; 1702, 11 Julho - carta que obriga o mestre entalhador Manuel Francisco, e a sua equipa de oficiais, a retomar a feitura do retábulo-mor, que teria deixado incompleto para se dedicar à execução do retábulo da capela de São Gonçalo na igreja do convento de São Domingos (v. PT041207010003); 1705, 20 Dezembro - contrato com Inácio Carreira para a execução do retábulo da Capela de Santa Bárbara; 1716, 6 Outubro - a Câmara de Elvas autoriza a construção do alpendre que dá acesso à antiga portaria do colégio; feitura do azulejo enxaquetado para a cobertura do alpendre; 1718 - início da construção da portaria; 1726 - feitura e douramento do retábulo do altar de Santa Bárbara; 1749 - feitura e douramento do retábulo da capela-mor por 14 oficiais carpinteiros, um mestre escultor, um mestre marceneiro, e um mestre dourador; pintura do arco de pedra do Altar-mor; 1741 - pensa-se terminar a segunda torre da igreja; contrato com o alvaneiro Francisco Alves para a construção do colégio e da segunda torre; séc. 18, meados - feitura dos azulejos; 1752 - feitura do anteparo pelo Mestre José Martins Algaravanha, sendo pintado por um mestre; pintura dos painéis; 1753 - execução dos púlpitos de mármore pelo mestre Gregório das Neves; execução do lajeado do pavimento; 1755, 1 Novembro - com o terramoto o ângulo NE. terá ruído; após o sismo o pátio central foi refeito; 1759 - expulsão da Companhia de Jesus de Portugal leva ao abandono do edifício; no mesmo ano é confirmado como bispo de Elvas D. Lourenço de Lencastre, apropriando-se do antigo colégio e instalando aí o seminário episcopal; 1759, 05 Abril - chegam os jesuítas presos a Elvas; 1759, 01 Setembro - Saem de Elvas 38 jesuítas escoltados para Lisboa; Séc. 19, inícios - o edifício é utilizado como armazém militar; 1815 - o antigo colégio volta a ser entregue ao bispo de Elvas; 1816, 07 Janeiro - abertura solene das aulas do Seminário; 1822 - a paróquia do Salvador passa para a antiga igreja de Santiago do colégio jesuíta *4; 1880 - instalação do Museu Arqueológico e Etnológico no piso inferior, surgindo escolas no superior; 1880, 10 Junho - instalação da biblioteca municipal na parte correspondente ao colégio, sendo proferido um discurso inaugural por Menezes Feyo; 1937, 21 Janeiro - a biblioteca Publia Hortensia é doada à Câmara Municipal de Elvas por José Torres de Carvalho, e instalada em sala própria mandada fazer pela Comissão administrativa da CME, auxiliada com dinheiro do Fundo de Desemprego; séc. 20, década de 70 - o Magistério Primário ocupa o primeiro piso do antigo colégio; 1989, 18 Março - visita à biblioteca pelo Presidente da República Dr. Mário Soares, sendo descerrado lápide em lembrança dos fundadores e contribuintes da biblioteca; 1989, Julho - Despacho de classificação; 2005 - aprovação do projecto de adaptação do edifício da biblioteca para integração na rede nacional de bibliotecas públicas; a biblioteca ocupava o piso inferior do edifício, onde estavam instalados a Biblioteca Fixa número 169, da Fundação Calouste Gulbenkian, o Fundo Antigo da Biblioteca Municipal e o espólio de Públia Hortênsia de Castro; no piso superior encontra-se instalado o Museu de Arqueologia e Etnologia António Tomás Pires; 2005 - o pátio encontra-se atulhado de espólio proveniente do antigo museu: painéis de azulejos, lápides epigrafadas, nichos, pedras de armas, etc.; 2007- o espólio do antigo museu, que se encontrava no pátio, é transportado para o depósito da Câmara (Manutenção Militar); 2005-2007 - adaptação do imóvel a biblioteca municipal, conforme projecto dos arquitectos Maria Teresa Almeida e Paulo Nunes, com fundações a cargo da PRETAGO - Gabinete de Projectos de Arquitectura e Engenharia de Construção Civil, Lda; instalações especiais a cargo de Rúben Manuel Correia Sobral e José Manuel Marques do Patrocínio Nobre; a área da biblioteca este a cargo de António Carvalho.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria rebocada e caiada nos alçados; betonilha nos corredores do segundo piso da parte do colégio; pedra calcária em cantarias, cunhais, pilastras, torres sineiras; pedra mármore no alpendre, púlpitos, tumulo do fundador, placas votivas, cartela do portal principal, pavimento da nave da igreja e capela-mor, balaustradas do coro alto e da cancela da área do transepto; azulejos na cobertura do alpendre e nas paredes interiores do imóvel e de algumas capelas, tijoleira no piso térreo, telhas cerâmica na cobertura, ladrilho no pavimento das galerias de acesso à tribuna e do coro-alto; madeira em portas, janelas, caixilhos (pintados de verde ou castanho), pavimentos de algumas salas e corredores da parte do colégio, retábulos (talha dourada), mobiliário; ferro nas guardas, grades, candeeiros, e na porta do antigo museu, ferragens e ferrolhos, sinos; alumínio em janelas e caixilhos do alçado NE.; vidro colorido nas janelas da fachada principal da igreja e simples nas restantes.

Bibliografia

ALMADA, Victorino de, Anniversarios de cada dia, por todos os do anno, particulares da cidade de Elvas, Elvas, 1915; ALMADA, Vitorino, Elementos para um dicionário de Geographia e História Portuguesa - concelho de Elvas, Elvas,1988; ALMEIDA, Maria Teresa, NUNES, Paulo, CARVALHO, António, A adaptação do Colégio de Santiago a Biblioteca Municipal de Elvas, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Setembro 2008, pp. 190-193; AZEVEDO, José Correia de, Portugal Monumental - Inventário Ilustrado, vol. VII, Lisboa, 1994; BAPTISTA, José Maria, Chrographia moderna do reino de Portugal, vol. V, Lisboa, 1876; CARVALHO, A. J. Tôrres, Notas para a História do Colégio de S. Tiago, Elvas, 1931; Catálogo da Biblioteca Publia Hortensia anexa à Biblioteca Municipal de Elvas, Elvas, 1937; CHICÓ, Mário Tavares e REIS, Humberto, A Arquitectura Religiosa do Alto Alentejo, Lisboa, 1983; DENTINHO, Maria do Céu Ponce, Monografia de Elvas, Elvas, 1989; FEYO, Menezes, Discurso pronunciado por ocasião da abertura da Bibliotheca Municipal de Elvas em 10 de Junho de 1880, Elvas, 1887; GAMA, Eurico, Catálogo dos Pergaminhos do Arquivo Municipal de Elvas, Coimbra, 1963; GAMA, Eurico, Catálogo dos Livros Paroquiais da Biblioteca Municipal de Elvas, Lisboa, 1980; GUERRA, Luiz de Bivar, org., Documentos para a História da Arte em Portugal, nº 12 - Arquivo do Tribunal de Contas - Colégios de Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora e Elvas (Companhia de Jesus), Lisboa, 1974; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, vol. I, Lisboa, 1943; LAMEIRA; Francisco, O Retábulo em Portugal, das origens ao declínio, Revista Promontório Monográfica História da Arte, Universidade do Algarve, nº1, Outubro, 2005; LAMEIRA, Francico, O Retábulo da Companhia de Jesus em Portugal: 1619 - 1759, Faro, Departamento de História, Arquelogia e Património do Algarve, 2006; LAVADINHO, Domingos, Manuscritos e outros documentos da Biblioteca Municipal de Elvas, 2 vols., Elvas, 1945 -1948; LAVADINHO, Domingos, Elvas - Estudos de Toponímia, Elvas, 1950; LOBO, Rui, O Colégio jesuíta em Santiago, em Elvas, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Setembro 2008, pp. 120-127; MECO, José, O Colégio jesuíta em Santiago, em Elvas, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Setembro 2008, pp. 128-137; SMITH, Robert C., A Talha em Portugal, Lisboa, 1962; PIRES, António Thomaz, Estudos e Notas Elvenses - Excerptos de um estudo sobre a toponymia elvense, vol. XII, Elvas, 1924; PIRES, António Thomaz, Estudos e Notas Elvenses - Excerptos de um estudo sobre a toponymia elvense, vol. XIII, Elvas, 1931; PIRES, António Thomaz, A Companhia de Jesus em Elvas- Notas para a História do Collégio de S. Thiago, Elvas, Tipographia Popular, 1931; PROENÇA, Raul, Elvas in Guia de Portugal, Lisboa, 1927; RODRIGUES, Jorge e CORREIA, Mário, Elvas, Lisboa, 1995; VALLA, Margarida, A praça-forte de Elvas: a cidade e o território, in Monumentos, n.º 28, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, pp. 34-43; VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel, Retablística Alto- Alentejana (Elvas, Villa Viciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII, Mérida, 1996.

Documentação Gráfica

CMElvas: Departamento de Obras Públicas

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMElvas; Fábrica da Igreja Paroquial do Salvador

Intervenção Realizada

CMElvas: 1984 - obras na Sala Publia Hortênsia subsidiadas pelo Fundo de Desemprego; Proprietário da igreja: inícios dos anos 90 - o piso da capela-mor é prolongado quase até ao transepto, implicando o avanço dos degraus de acesso a esta; CME: 2005, Setembro - obras de adaptação do antigo colégio a biblioteca: recuperação dos rebocos, caixilharias, cantarias, pavimentos, tectos, coberturas, mobília, azulejaria e elementos em ferro; nova ordem interna dos espaços com a eliminação de paredes e dos vãos a elas associados, e a criação de paredes divisórias interiores em placas de gesso cartonado; alteração das águas do telhado para uma solução simples de duas águas, mais próxima do original; remoção árvores, bancos e floreiras existentes no pátio interno; desmontagem da fonte, dando espaço à instalação da cafetaria da biblioteca em estrutura de ferro; melhoradas as várias infra-estruturas (água, sistemas de segurança, instalações eléctricas, de telecomunicações e de climatização).

Observações

*1 - DOF: Igreja do Salvador (integrando uma capela, antigo Passo da Via Sacra). *2 - funcionariam como tribunas, encontrando-se hoje entaipadas; *3 - de antiga devoção a Nossa Senhora do Socorro; *4 - primitivamente de Nossa Senhora da Anunciada; *5 - são estes: "Garcia d´Orta", "António Sardinha", "Pedro Margalho", "Silva Tavares" , "Aires Varela", "Tomas Pires", "Silva Picão", "D. Santa Clara", "Garcia de Resende", "Vitorino d´Almeida", e "Ivery Delgado"; *6 - a paróquia do Salvador foi instaurada por D. Sancho II no séc. 13, mas a partir do séc. 16 entra em decadência e, consequentemente, em ruína; com o terramoto de 1755 a paróquia é obrigada a abandonar o templo e a instalar-se provisoriamente na igreja das Almas de São Lourenço em 1769, e depois na Igreja de Santa Maria dos Casados (v. PT041207050100).

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Rosário Gordalina e Daniel Giebels 2005 / Filipa Avellar 2007

Actualização

 
 
 
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