Residência da Companhia de Jesus / Santuário de Nossa Senhora da Lapa

IPA.00003799
Portugal, Viseu, Sernancelhe, Quintela
 
Antiga residência jesuíta, atualmente transformada nos edifícios de apoio aos romeiros do santuário, maneirista e barroca. Residência jesuíta, composta por igreja de planta retangular irregular, com nave, capela-mor e sacristia adossada à fachada lateral direita, e pela zona colegial, também no lado direito, de planta quadrangular, desenvolvida em volta de pátio central, sendo a igreja e casa ligadas por passadiço. Igreja com com coberturas interiores de madeira em masseira e iluminada uniformemente por janelas retilíneas rasgadas nas fachadas laterais. A fachada principal remata em frontão triangular, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal em arco de volta perfeita e por janelão retilíneo, que interrompe o frontão inferiormente. O portal principal está enquadrado por estrutura arquitetónica, de colunas coríntias, assentes em plintos com faces almofadadas, encimada por friso liso e cornija, sendo os seguintes decorados por rosetões. Fachadas com cunhais simples e rematadas em cornija e beiral, as laterais rasgadas por portas travessas. Interior revestido a azulejo de padrão polícromo, com coro-alto, púlpito quadrangular no lado da Epístola e retábulos de talha tardo-barroca, policroma. Cabeceira de planimetria irregular, integrando a primitiva lapa, onde, segundo a tradição, teria sido colocada a imagem da Virgem. Nesta, surge um oratório da Senhora das Dores e conserva-se um presépio, peça interessante, com algumas influências compositivas da obra de António Ferreira, particularmente visível na justaposição de diversos personagens inclinados para o Menino. Na junção da capela-mor e da sacristia, surge sineira de dupla ventana em arco de volta perfeita. Ao contrário das restantes casas da Companhia de Jesus, a residência liga-se à igreja por passadiço. Evolui em dois pisos, com pátio central, tendo as fachadas rasgadas regularmente por vãos retilíneos. No interior, o espaço desenvolve-se a partir de largos corredores com coberturas em falsas abóbadas de berço, assentes em cornija, para onde abriam as dependências conventuais e as salas de aula.
Número IPA Antigo: PT011818140008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal irregular, composta por dois corpos articulados por passadiço, correspondentes à igreja e ao corpo do colégio. IGREJA de planta poligonal composta por nave, capela-mor, com capela adossada à fachada lateral esquerda e sacristia e anexos ao lado oposto, integrando, ao centro, grande penedo, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três (anexos) e quatro (capela adossada) águas. Fachadas em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, rematadas em cornija e beiral. Fachada principal, voltada a O., rematada em frontão triangular com cruz latina sobre plinto paralelepipédico com tabuleiro no vértice, interrompido inferiormente por janelão retangular, de moldura saliente, e encimado por pináculos piramidais com bola. É rasgada por portal em arco de volta perfeita, com molduras múltiplas boleadas e pedra de fecho ornada por elemento volutado, encimado por friso e dupla cornija, que se apoiam em duas colunas de inspiração coríntia e ornadas por querubins, sobre plintos paralelepipédicos ornados por elementos geométricos; os seguintes apresentam rosetões. Fachada lateral esquerda marcada pelos anexos e capela adossada, de volumes escalonados; a nave é rasgada por duas janelas em arco abatido e molduras simples e por porta travessa de verga reta, encimada por friso e cornija, surgindo uma janela simples na capela-mor; a capela lateral possui janela com o mesmo perfil das anteriores e uma segunda, retilínea e com moldura simples, na face O.; a face oposta possui vestígios de degraus adossados. Fachada lateral direita virada a S., tendo o corpo da nave semelhante ao oposto, surgindo, no corpo da sacristia, duas janelas retangulares, uma delas flanqueada por dois óculos elípticos; no corpo anexo, surgem três frestas jacentes e porta de verga reta. Fachada posterior com dupla empena, correspondentes aos anexos, rasgados por três frestas jacentes, uma de maiores dimensões, e um pequeno nicho sobrepujado por frontão triangular, sendo visível, em plano mais elevado, a empena da capela-mor. Sobre as coberturas, na junção da capela-mor e da sacristia, surge sineira de dupla ventana em arco de volta perfeita, assentes em impostas salientes, rematada por cornija, pináculos e pequena sineira, flanqueada por aletas e rematada por cornija, pináculo boleado e catavento. INTERIOR com a as paredes da nave revestidas a azulejo de padrão policromo azul e amarelo, com cobertura de madeira em masseira, dividida em caixotões e reforçada por tirantes metálicos, assente em frisos, cornijas e mísulas equidistantes, e pavimento em lajeado de granito, com estrados de madeira nas zonas laterais. Portal axial protegido por guarda-vento, ladeado por duas pias de água benta em cantaria. Coro-alto de madeira, assente em arco em asa de cesto, com guarda de madeira balaustrada e acesso por escadas do mesmo material, no lado do Evangelho. Confrontantes, capelas retabulares laterais dedicadas à "Morte de São José" (Evangelho) e à Senhora da Soledade (Epístola). No lado da Epístola, púlpito quadrangular assente em mísula marmoreada e com guarda plena de madeira pintada de branco, com acesso por escadas no lado esquerdo. O presbitério encontra-se elevado por quatro degraus centrais, que levam ao arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas almofadadas, encimado por cartela com as inciais "AM" e as insígnias da Companhia de Jesus, ladeado por capelas retabulares colaterais dispostas em ângulo, dedicados à Crucificação (Evangelho) e "Santo António a receber o Menino da Virgem" (Epístola). Capela-mor elevada por três degraus, integrando um enorme penedo, duas pequenas estruturas retabulares, dedicadas ao Menino Jesus (Evangelho) e Senhora da Boa Morte (Epístola), protegidas por grades de ferro, um oratório e um presépio inserido em maquineta. Sobre a Lapa, um oratório dedicado a Nossa Senhora das Dores. Sob a rocha, com as paredes ornadas por dois apainelados de embutidos de pedra, formando as siglas "IHS", envolvidas por acantos, surgindo o altar da Senhora da Lapa. No lado do Evangelho, surge porta de acesso à Capela do Santíssimo Sacramento, encimada por pedra de armas no fecho, tendo arcosólio com a sepultura de Pedro Soveral, flanqueada por pilastras e assente em dois leões; no lado oposto, porta de acesso à sacristia, através de pequena dependência, de onde evoluem as escadas para as sineiras. Possui um presépio, inserido no afloramento rochoso e protegido por portadas de vidro. COLÉGIO de planta retangular simples, desenvolvida em torno de pátio central, com coberturas de quatro águas, com ligação à igreja por passadiço em forma de arco de volta perfeita, cujo corredor é iluminado por janelas retilíneas rasgadas uma em cada face. Possui de dois a três pisos, adaptando-se ao declive do terreno, sendo, na face N., rasgado, inferiormente, por uma sucessão de treze portas de verga reta, surgindo, no segundo, três janelas de guilhotina. Fachada virada a E. protegida por muro de alvenaria de granito, apresentando três pisos, o inferior com portas de verga reta, o intermédio com janelas de peitoril, de tamanhos distintos, e, no superior, oito janelas de peitoril, retilíneas, seis delas encimadas por cornija e tendo mísulas na base. Face virada a O., de dois e três pisos, no lado direito, rasgada por portas de verga reta e molduras simples e por cinco janelas de guilhotina, no nível superior. Pátio com dois pisos, o inferior tendo portas de verga reta ou em arco abatido e janelas de guilhotina no superior, sendo uma das alas marcada por amplo arco de volta perfeita. INTERIOR com corredores cobertos por falsas abóbadas de berço, assentes em cornija, iluminados por janelas retilíneas, que possuem conversadeiras, e portas de verga reta de acesso às várias dependências.

Acessos

EM 584, no fim da Avenida Padre Ferreira

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 38 147, DG, 1.ª série, n.º 4 de 05 janeiro 1951 / ZEP, Portaria, DG, n.º 171 de 24 julho 1972 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, situado na serra com o mesmo nome, em planalto rochoso e em plano desnivelado, nas imediações do ponto em que desagua a Ribeira de Gradiz. Possui quatro cruzeiros alpendrados, denominados "Miradouros" virados aos quatro pontos cardiais, o do N. denominado da Forca, datado de 1672 e dedicado a São Tiago, consistindo em alpendre com cobertura em coruchéu piramidal, assente em quatro pilares de bases e remates quadrados e fustes facetados, contendo uma cruz assente em plataforma oitavada, encimada por plinto paralelepipédico e coluna toscanas; o virado a S., de Aguiar da Beira, situa-se a cerca de 2 Km. e é dedicado a São Domingos; a E., o de Trancoso com a data de 1626; a O., o de Lamego, dedicado a Nossa Senhora da Piedade, situado a 500 m., constituindo um pilar encimado por nicho cupulado, contendo a imagem do orago. No perímetro, situa-se uma fonte, denominada Fonte dos Clérigos, datada de 1734, bem como uma capela setecentista, transferida de Quintela, em 1988. O edifício implanta-se em zona com ligeiro declive, sobre grande afloramento granítico, tendo, adossado à fachada principal, um cruzeiro assente em plataforma quadrangular de um degrau e duas ordens de plintos paralelepipédicos, o superior de menores dimensões e com moldura superior, onde se implanta a cruz latina.

Descrição Complementar

Os RETÁBULOS laterais são semelhantes, de talha pintada de bege, cinza e dourado, de planta côncava e um eixo definido por duas colunas marmoreadas e com o terço inferior marcado, com capitéis de inspiração coríntia e assentes em duas ordens de plintos galbados. Ao centro, nicho amplo, de perfil contracurvo e moldura saliente e fitomórfica, com os fundos pintados e contendo grupos escultóricos. A estrutura remata em fragmentos de frontão e espaldar curvo, rematado por cornija e acantos. O de Nossa Senhora da Soldedade possui anjos tenentes sobre as colunas e o espaldar vazado pela figura de Deus Pai, ostentando maior exuberância decorativa no remate. Altares em forma de urna, com cartelas centrais e decoração de festões, o da Soledade encimado por maquineta com a figura de Cristo morto. Os RETÁBULOS colaterais são semelhantes, de talha pintada de falsos marmoreados brancos, azuis e dourado, de planta reta e um eixo definido por duas colunas de fustes lisos, percorridas por elementos de "ferronerie", com capitéis coríntios e assentes em consolas e plintos galbados. Ao centro, nicho de perfil contracurvado, com moldura fitomórfica, tendo os fundos pintados com conjuntos escultóricos. A estrutura remata em espaldar recortado, de perfil contracurvado e com decoração vegetalista vazada. Altares em forma de urna, com apainelados recortados e cartela central. O retábulo do Menino Jesus é de talha dourada, de planta côncava e três eixos definidos por quarteirões e molduras de acantos, enrolamentos e rocalhas. Ao centro, maquineta envidraçada com a imagem do Menino, ladeada por nichos de perfil recortado laterais. A CAPELA DO SANTÍSSIMO possui retábulo de talha dourada, com corpo de planta côncava e um eixo definido por quatro colunas torsas, ornadas por pâmpanos e assentes em plintos paralelepipédicos decorados por acantos, que centram nichos de ângulo com mísulas e falsos baldaquinos, os quais se prolongam em três arquivoltas, as exteriores torsas, unidas por aduelas salientes, a central com as iniciais "IHS", formando o ático. Ao centro, tribuna de volta perfeita e moldura rendilhada, contendo trono expositivo de três degraus, com o interior facetado e apainelado. Altar encimado por sacrário ornado por anjos e tendo a porta ornada por Cristo Redentor. A sepultura de Pedro Soveral está em arcosólio assente em duas ordens de pilastras de fustes almofadados e rematando em pináculos de pinha, sobre cornija. Possui arca tumular assente em cabeças de leão com frontal ostentando inscrição incisa e avivada a negro, com tampa curva. No fecho do arcosólio, amplo escudo com inscrição, rematado pelas armas e coroa aberta. No frontal, a inscrição: "JAZIGO E CAPELA DOS SUCESSORES DE PEDRO / DO SOVERAL FIDALGO DA CASA DEL REI CAVALEIRO DA / ORDEM DE CRISTO SENHOR DO MORGADO DE SERNANCELHE. ANO DE 1586. / INSTITUIDO POR FERNÃO PIRES DO SOVERAL / ALCAIDE MOR DE CELORICO POR MERCE DE EL / REI D. PEDRO I ANO DE 1366 QUE FES REFORMA SEU NETO TEOTÓNIO DO SOVERAL E VAZ. ANO DE 1732". No remate, a inscrição: "DEO OPTIMO MAXIMO / IOSEPH Q. VASCONCELLIO / ORDINIS. DIVI. IOANNIS. MELITENS / IS EQVITI. TORQUATO / CERNANCELIO COMMENDATARIO / ACONITANO. BAIVLIVO / LVSITANAE- CLASSIS LEGATO / NAVALIS. DISCIPLINAE. PERITISSIMO / TVRCARVM. MAV RORV MOVE / QUOS. SAEPE MARI / NNAE QUALIBVS. VIRIDVS. PROFLIGAVIT / VICTO RI / ANTIQVIS MORIBVS VIRO / QUI VIXIT ANNIS LXX / IOSEPHVS ALMEIDENSIS SOVERALIVS / CARVALIVS VASCONCELLIVS / AVVNCVLO CARISSIMO / ATQVE INCOMPARABILI / FACITLNDVM CVRAVIT". O presépio inserido no afloramento representa uma gruta com a "Sagrada Família" e, no primeiro plano, uma "Adoração dos Pastores"; sobre esta, dependurada uma Glória de Anjos e Deus Pai; no lado esquerdo, a "Fuga para o Egito", enquanto, no canto superior direito, surge o "Cortejo dos Reis Magos", em linha descendente.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lamego)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 (conjectural) / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: António Cordeiro (Padre) (1683). PEDREIRO: José da Costa (1923). PINTORES: Anónimo de Cujó (séc. 19); Manuel Henriques (1635); Carlos Massa (séc. 19).

Cronologia

Séc. 09 - as monjas que fugiram do Convento de Sismeiro, destruído nesta data (v. IPA.00007546), transportaram uma pequena imagem da Senhora da Lapa, que esconderam no local; 1498 - inicia-se o culto à Senhora da Lapa, com o aparecimento da imagem entre uns penedos, encontrada, segundo a tradição, por uma pastora muda, denominada Joana *2; construção de um altar na lapinha, por ação do Abade de São Paio, de Rua, o qual se tornara o principal guardião do culto, encarregando um sacerdote da recolha das esmolas dos romeiros que começavam a afluir; séc. 1548 - devido a disputas entre o bispo de Lamego e o rei pela posse desta região, o padroado do santuário e da paróquia de Rua passa a ser régio; o abade, contudo, já escolhera o seu sucessor e renunciou junto do Papa Júlio III; o sucessor, Fernão Pires, nomeou para a Lapa o Padre Bartolomeu Madureira, o que teve forte oposição popular; 1555 - 1559 - demanda em Roma, acabando a Coroa por ver confirmados os seus direitos; D. Sebastião doa Rua e as suas igrejas anexas à Companhia de Jesus do Colégio de Coimbra; 1576, 16 outubro - o papa Gregório XIII sanciona esta doação; dezembro - o Colégio de Coimbra nomeia o primeiro vigário de Rua, Padre Pedro Rodrigues; construção das primeiras casas para os padres, junto à lapa, a N. da ermida e estalagens de um único piso, a O.; 1586 - data da Capela do Santíssimo, fundada na antiga sacristia por um ascendente do 1.º Barão de Mossâmedes, Senhor do Morgado de Sernancelhe e tronco dos Condes da Lapa, Pedro de Soveral, fidalgo da Casa de El-Rei, da Ordem de Cristo; 1610 - o visitador, Padre João Álvares, recomenda a construção do atual santuário, iniciado em data incerta *3, ordenando que se cercasse a lapa com grades de ferro, se construísse um altar portátil no lado N., a reforma da estalagem e construção de uma casa para o tesoureiro; ordena a ampliação das casas dos religiosos e a cerca do terreno, bem como a compra das estalagens, entretanto construídas por particulares; ordena, ainda, que se cubra o altar com estrutura de madeira, para evitar a ação das intempéries; é executado o altar do Menino Jesus, em talha dourada, flanqueado pelas imagens de Santo Inácio e São Francisco Xavier; construção do arco triunfal e corpo da igreja, em plano inferior, com as respetivas portas axial e travessa, esta a S., surgindo uma terceira porta, de acesso à sacristia e habitação dos religiosos; a N. da gruta, é construída a Casa dos Pesos, retábulos colaterais e colocação do púlpito em frente à Capela do Santo Cristo; 1626 - construção do cruzeiro de Trancoso; 1635 - conclusão das obras da igreja, que tem, em anexo, as Casas de Novenas, para apoio aos romeiros que pretendessem pernoitar no local e a Estalagem das Varandas, de dois pisos, destinada aos peregrinos com mais posses; no lado S., criam-se tendas para realização de feira, depois substituídas por 9 lojas abobadadas; em volta do terreiro, surgem 30 habitações, que albergam 100 almas; pintura das paredes da igreja por Manuel Henriques, religioso da Companhia, composta por 24 painéis alusivos à vida da pastorinha Joana e aos milagres da Virgem *4; provável pintura pelo mesmo dos quadros da sacristia; 1639 - existência de duas lâmpadas de prata; 1654, 13 julho - a Câmara doa aos jesuítas um terreno baldio para construção dum colégio; construção dos muros da capela-mor, a rodear a lapa; 1671 - Manuel Rodrigues Ramos, de Arneirós, e mulher dão uma cadeia de ouro, de fuzis miúdos, de 5 voltas e 5 palmos por volta; 1672 - data no cruzeiro de São Tiago; 1676, setembro - o bispo D. João de Melo entrega uma coroa de prata dourada com remate em cruz, rodeada de 20 pedras preciosas; 1677, junho - D. Pedro II doa uma coroa cravejada de diamantes e um filete de 20 brilhantes, em prata; 1678 - um clérigo doa uma coroa de prata lisa; 1679, 03 setembro - doação de um dossel de tela encarnada guarnecida a palhetas de prata, oferta do morgado de Soutelo; 1682 - o Padre António Cordeiro, jesuíta de Coimbra, solicita ao Provincial da Ordem autorização para a construção de uma residência; agosto - Isabel Proença, de Penamacor, doa uma pera âmbar coberta a filigrana de ouro e esmaltada a verde e branco para o Menino; uma devota doa um dos 17 relicários do santuário; 1683 - planta do colégio feita pelo padre António Cordeiro, a qual foi enviada para Roma para aprovação *5; 22 setembro - António Fernandes Matos envia de Pernambuco 50$000; 1684, 09 setembro - o Geral autoriza a construção para 3 ou 4 moradores, com 8 a 10 cubículos, para albergar os padres que passavam para Bragança e mais dois para aposentos do bispo, que ia, anualmente, à Lapa; 1685, 28 julho - lançamento da primeira pedra da residência da Lapa, contígua ao Santuário, para os Jesuítas que costumavam assistir às festividades da Quaresma, ligada à igreja por passadiço; séc. 17, final - D. Pedro II oferece uma coroa feita com prata da Casa de Bragança; 1700, 12 outubro - a viúva de Domingos Fernandes lega $600 em testamento; séc. 18 - D. João V doa alfaias à capela; 1703 - o Padre Cordeiro regressa à Lapa, continuando a direção das obras de construção da residência e nova sacristia; decoração dos retábulos; 1706 - ex-voto de Manuel Gonçalves Carvalho de Ávila; 1707, 29 outubro - legado da família Soveral para a transformação da antiga sacristia em Capela do Santíssimo; 1714 - conclusão do Colégio, onde são ministradas aulas de latim e moral, estas resultantes de um legado do capelão João Marques Luseiro; 1720, 21 janeiro - o Padre Manuel Rodrigues, falecido em Castro Daire, deixa 6$000; 1720 - 1730 - execução das pinturas tipo ex-votos, integradas na predela do retábulo da sacristia; 1722 - morte do Padre António Cordeiro; 1732 - feitura da capela do Santíssimo e do túmulo por Nuno Teotónio de Soveral; 1734 - data na Fonte dos Clérigos no exterior; 1740, 18 julho - o rei D. João V eleva a povoação à categoria de vila; 1752, outubro - testamento de António da Fonseca Osório em que doa 8 moedas de 1$500 cada; 1759 - Jesuítas abandonam o Santuário e o monarca nomeia um tesoureiro para que organizasse a continuidade do culto; o padroado da região passa a ser régio; 1774, 04 julho - sequestro dos bens da Casa, pertencentes aos jesuítas, em paralelo com os do Colégio de Lamego e do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere (v. PT011813030001), ficando depositário dos bens João Pinheiro *6; abolição dos legados pios, como missas perpétuas, o que acentua a crise económica do santuário; 1793 - construção dos retábulos laterais; 20 dezembro - D. Maria I doa ao bispo de Lamego o santuário, a sua pequena cerca, lojas e casas vizinhas; o bispo ordena que Joaquim Santa Rosa de Viterbo, do Convento de Santo Cristo da Fraga, se encarregue de dar aulas no colégio; 1796 - por escassez de alunos, o Colégio fica reduzido ao ensino das primeiras letras; séc. 19, 1.ª metade - execução do presépio, provavelmente por oficina local; 1805 - tombo das terras da Confraria do Santíssimo; 05 fevereiro - nomeação do primeiro Visconde da Lapa, José de Almeida Vasconcelos Soveral; 1813, 25 fevereiro - renovação do título ao irmão do antecedente, Manuel de Almeida de Soveral Carvalho e Vasconcelos; 1822, 31 agosto - nomeação do primeiro conde da Lapa, Manuel de Almeida Vasconcelos de Soveral de Carvalho de Maia Soares de Albergaria; 1834 - o Governo entrega o santuário à administração do senado de Caria; 1844 - o Tribunal do Tesouro Público entrega os bens e o santuário ao bispado de Lamego; 1848 - inventário da paramentaria existente no santuário; 1852 - início de grande produção de ex-votos pelo pintor Carlos Augusto Massa e por pintor anónimo, cuja oficina se localizaria em Cujó; 1879 - douramento dos retábulos por 374$520; notícia de que os azulejos se encontram deteriorados; 1881 - compra de uma nova imagem de Santo António; 1884, 22 julho - João de Almeida de Araújo é nomeado pelo bispo D. António da Trindade, para professor primário; 1892, 23 outubro - inauguração do "Pequeno Seminário" no antigo Colégio, por ação do bispo D. António da Trindade; 1896, 14 agosto - o bispo D. António Tomás constitui uma comissão composta pelo arcipreste da Sé, Plácido Augusto de Moura Vasconcelos, cónego João Teixeira Fafe, cónego Manuel Joaquim Mesquita Pimenta e Agostinho Augusto de Oliveira, com o objetivo de estudar a reconstrução e redecoração da igreja; 1904, 14 setembro - está no local o arquiteto Adolphe Despony, a estudar a possibilidade de construção de uma nova igreja; 1905 - instalação da iluminação a gás no santuário; 1908 - 1909 - último curso do "Pequeno Seminário"; 1910, 15 outubro - os edifícios são selados e tornam-se propriedade do Governo da República; 1916, 22 junho - por ação do Padre Francisco Pinto Ferreira, é criada a Congregação das Filhas de Maria, para a difusão do culto mariano; 1923, 20 fevereiro - colocação de candeeiros fixos no terreiro, feitos por um serralheiro de Moimeta e assentes pelo pedreiro José da Costa; 1929, 14 julho - por Portaria do Ministério da Justiça, o santuário é entregue à Diocese de Lamego; 1945, 29 maio - criada a confraria da Pia União de Nossa Senhora da Lapa; 1963 - a Confraria tem 6729 irmãos; 1972, 09 junho - publicação da Zona Especial de Proteção da Capela da Lapa e Pelourinho, pela Portaria publicada no DG, II Série, n.º 135, revogada pela de julho do mesmo ano; 1975 - o Padre Manuel Vieira dos Santos cria uma pequena comunidade das "Irmãs Religiosas da Lapa", com casa-mãe junto ao miradouro de Nossa Senhora da Piedade; 1988 - transferência de uma capela particular, dedicada a São Francisco, para junto desta construção; 1991 - colocação de uma lápide a homenagear o Padre António Cordeiro; 1994 - por ação do padre José Alves Amorim, a Casa das Novenas foi reaproveitada para venda de produtos típicos da região e a Casa da Cadeia torna-se a sede do Museu Monográfico dos Ex-Votos da Lapa; 2012, 16 agosto - incêndio na capela, destrói a estrutura que sustenta o telhado.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, colunas, modinaturas, cruzeiros, cruzes, pináculos e pavimento em cantaria de granito; coberturas, retábulos e caixilharias de madeira; guardas das janelas da residência em ferro; coberturas exteriores com telha; janelas com vidro simples.

Bibliografia

ALVES, Alexandre - «O sequestro dos bens da Companhia de Jesus na Comarca de Lamego» Beira Alta. Viseu: 3.º e 4.º trimestres de 1997, vol. LVII, fasc. 3 e 4, pp. 459-465; ALVES, Alexandre - Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu. Viseu: 2001, vols. I e II; CARDOSO, Arnaldo Pinto - Santuário da Lapa - História e Tradição. Lisboa: Alètheia Editores, 2007; Guia de Portugal. 2ª. ed., Lisboa: s.d., vols. II e III; LEITE, Padre António - História da Aparição e Milagres. Coimbra: 1639; MARIA, Frei Agostinho de Santa - Santuário Mariano... Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1711, tomo 3; MOREIRA, Vasco - Terras da Beira - Cernancelhe e o seu Alfoz. Porto: 1929; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva - Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota. Lisboa: s.n., 1998. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade Nova de Lisboa; SILVA, Brasilina Almeida P. - «A Lapa: a terra, o homem, a cultura». Beira Alta. Viseu: 2001, vol. LXI, fasc. 1 a 4, pp. 231-266 e pp. 455-479; SOUSA, Júlio Rocha e - Senhora da Lapa - memorial de recordações. Viseu: 1999; VALE, A. de Lucena - Beira Alta. 1963, vol. XXII.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1994 - restauro do Colégio e das Casas das Novenas, com renovação das coberturas; 1998 - restauro dos altares de talha, utilizando-se purpurina.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção conjunta do Pelourinho (v. IPA.00003794) e da Capela de Nossa Senhora da Lapa (v. IPA.00003799). *2 - a imagem terá aparecido à pequena pastora que lhe fabricava roupas e a enfeitava, tendo a mãe da menina, agastada pelo tempo que esta perdia com a atividade, tentou lançar ao fogo a imagem, tendo Joana recuperado a fala e pedido que não o fizesse, ficando a mãe com os braços tolhidos, como castigo; a imagem era de roca, encarnada na perfeição, medindo cerca de dois palmos. *3 - daqui, espalhou-se a devoção da Senhora da Lapa em Portugal, Índia e Brasil, através da ação dos padres missionários. *4 - consistia em 24 painéis, representando: "Fuga das religiosas", "Descoberta da imagem", "Senhora na gruta", 9 painéis com milagres, "Libertação de dois cativos", 5 milagres, 2 painéis com a representação do salvamento de náufragos, "Praga de gafanhotos", "Procissão na Lapa", "Cura de 2 paralíticos", "Amortalhados oferecem-se à Virgem". *5 - conforme os escritos do autor da planta, o imóvel tinha 126 palmos de comprido por 40 de largo, tendo as paredes mestras 5 palmos, com outra ao meio de 3; no lado N., 4 celas com janelas para o claustro com 18 palmos de quadrado, contendo cama, banca de estudo, oratório e armário, com paredes divisórias de 3 palmos; no lado S., também celas que abriam para a cerca; a O., os cubículos das salas de aula, armários para as capas dos alunos e dos ouvintes, latrinas e, no extremo, a livraria; no lado oposto, escada para o andar de baixo, onde se situava a capela, casa da cerca, casa do despejo, lavatórios, refeitório, cozinha e retrete; o primeiro piso, em abóbada, levou sobrado de castanho; no lado N., ficavam 12 tendas de mercadores, alugadas por 10$000 cada; nos fundos, celeiros de pão, legumes, azeite, vinho, etc., servidos pelo caminho do carro; aproveitando o declive, foi construída uma cave, para a estrebaria, palheiro, casa do forno, casa para a lenha, galinheiro e casa do despejo, sobre as quais ficavam as casas dos lavradores, caseiros, criados, que comunicavam com o claustro, onde estavam implantadas macieiras, ameixeiras, rosas e cravos. *6 - do inventário das peças de prata constava o seguinte: uma coroa de ouro lavrada com pedras falsas, 6 jóias de ouro, cravada com aljôfares, uma cruz de ouro com diamantes, 8 pares de arrecadas de ouro e 4 anéis, 4 cruzes de ouro à romana, 2 com esmeraldas e um anel de rubi e diamantes e as restantes 2 com pedras falsas, 2 jóias de ouro cravadas de esmeraldas e rubis, 20 jóias com esmaltes de várias cores, 4 de filigrana, 9 relicários, 24 crucifixos, 7 deles em ouro, 23 corações de ouro, 6 cruzes de ouro cravadas de granadas, 5 cadeias de ouro e 2 cordões, 15 fios de contas e 1 gargantilha de ouro, 20 anéis de ouro, 23 pares de botões de filigrana, 4 coroas de prata lavrada e com pedras falsas, 1 Menino de prata, 2 resplendores de prata dourada, 8 relicários de prata, 3 espadas de prata, um fio de contas e 3 cruzes, 7 botões de prata, um fio de corais, 2 cordões de ouro, um deles grosso, 11 fios de contas de ouro, 2 cruzes com esmeraldas verdes, 1 cruz de filigrana de ouro, 3 cruzes pequenas de ouro com o Crucificado, 1 par de arrecadas de ouro e esmaltadas, 7 pares de botões de ouro filigranado, 4 cruzes filigranadas, 5 arrecadas de ouro, 5 pares de botões e 1 anel, 1 coração pequeno em ouro, 1 fio de contas de ouro, 3 cruzes, 2 pares de botões, 1 par de ciganas e 1 lacinho, 1 anel de prata com pedra vermelha, 3 fios de contas de ouro, 2 cruzes lisas e 3 pares de botões, 4 anéis de ouro, 1 cruz de ouro filigranado, 2 com o Crucificado, 1 lacinho e 1 par de botões, 1 cordão de ouro e cruz esmaltada, 2 laços de diamantes, 1 corrente de ouro, 4 pares de ciganas, 4 pares de botões, 2 cruzes, 1 laço e 1 cruz, tudo em ouro, 1 anel de ouro e 2 relicários, 1 anel de prata, avaliadas num total de 1:184$255 réis (adaptado de ALVES, 1997, pp. 460-464).

Autor e Data

João Carvalho 1996 / Paula Figueiredo 2005

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