Casa do Major / Casa dos Leões

IPA.00036394
Portugal, Porto, Matosinhos, União das freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões
 
Casa rural abastada construída no séc. 18, integrada em ampla propriedade de exploração agrícola, sobre preexistências mais antigas, visto haver notícias dela desde o séc. 17, seguindo as características das casas rurais das Terras da Maia. A casa tem planta em L irregular e coberturas em quatro águas, terminadas em beirada simples, integrando claraboia. As fachadas evoluem em dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, rematando em friso e cornija, sendo rasgadas por vãos de verga reta com molduras simples. A fachada principal, virada a poente, é precedida de escada, em cantaria, de acesso ao segundo piso, desenvolvida junto ao muro do pátio frontal, em três lanços e terminando em balcão, com guarda em cantaria, fechado por uma marquise, em ferro forjado, com vidros policromos de motivos geométricos. Lateralmente, abrem-se janelas de peitoril com caixilharia de guilhotina. Na fachada lateral esquerda abrem-se igualmente janelas de peitoril e, ao centro, janela de sacada, com balcão contracurvo e guarda em ferro forjado, interligada por frisos verticais à janela inferior, gradeada; no topo esquerdo tem janela jacente. A fachada virada a sul é mais rica e compõe-se de dois corpos de cronologia e linguagem distinta. O corpo esquerdo, de maior interesse e mais antigo, é rasgado no piso térreo por três janelas de peitoril e, no segundo, por cinco, alternando as janelas de peitoril com três de sacada, com guarda em ferro forjado, tendo inferiormente avental, a central de arco abatido rematado em cornija com chave relevada, guarda contracurva e avental ladeado por florões. O corpo da direita remata em platibanda plena integrando ameias decorativas e é rasgado, ao nível do segundo piso, por janelas de varandim em arco apontado. A fachada norte da ala maior possui uma outra escada exterior e integra, em ambos os pisos, alpendre de traçado elegante. No interior, a casa possuía três cozinhas, correspondentes aos três núcleos familiares que a habitavam: pais, filho e sua família e o caseiro e sua família, cuja habitação era separada das restantes. A propriedade possui ainda os edifícios típicos de uma casa de lavoura, nomeadamente, o quinteiro, os aidos dos animais, a barra da palha, a eira, a casa da eira, a adega, o celeiro e a cortinha, bastante extensa. A denominada Casa da Enchida, também de planta em L, é composta por corpo de um piso e por um outro de dois pisos, onde se localizavam os aidos do gado, a barra da palha, que ocupava o piso superior. A casa da eira, celeiro e adega apresenta grandes dimensões, o que é pouco comum, e tem dois pisos.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Acessos

Custóias, Rua Cândido dos Reis, n.º 1499; Viela de Cândido dos Reis

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Periurbano, isolado. Implanta-se no interior de uma propriedade, inicialmente de grande dimensão, mas atualmente mais reduzida, devido a expropriação de terreno para construção de novas infraestruturas rodoviárias. É delimitada por muro, em frente da fachada principal bastante alto, com pilastras nos cunhais e rematado em friso e cornija, sobreposto por vasos e dois leões, em cerâmica policroma, a ladear o portão, de ferro, que tem a inscrição "MOR / 1873".

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Manuel Correia Fernandes (2017-2022).

Cronologia

1643 - o meio casal de Custóias era propriedade da Baliagem, sendo titular do prazo onde se inseria a casa André António Costoyas; 1672 - 1680 - André António Costoyas foi alferes de ordenanças da vila de Custóias; 1694 - escritura de dote de casamento nomeando sua filha Simoa da Conceição como herdeira do prazo; solicita-se a renovação do contrato de emprazamento; 1711, fevereiro - Simoa da Conceição e o seu marido alferes Manuel de Oliveira fazem escritura de renovação do contrato de emprazamento do meio casal de Custóias, o qual contemplava uma casa de lavoura de grandes dimensões, eiras, celeiros, palheiros, cortinha e aidos, incluindo ainda outros terrenos espalhados pela aldeia; o meio casal passa a pertencer ao casal pelo prazo de três vidas; 1711, meses depois - morre na casa André António Costoyas; séc. 18 - Simoa da Conceição e o alferes Manuel de Oliveira delegam no seu filho António de Oliveira, a terceira vida dos prazos e demais bens que possuíam; António de Oliveira casa com Antónia Maria, que beneficia do prazo do casal que lhe foi doado pelos seus pais Sebastião Domingues e Maria Antónia, lavradores de Custóias; 1743 - data da morte do alferes Manuel de Oliveira, sucedendo-lhe seu filho, António de Oliveira, como alferes da aldeia de Custóias; 1782 - data da morte de António de Oliveira, o qual havia ampliado em vida a propriedades e a casa de habitação, com a herança recebida dos seus pais, sogros e da própria mulher; herda os seus bens o filho, também com o nome de António de Oliveira, então com 53 anos e solteiro; 1783 - carta de prazo renovando os prazos na pessoa de António de Oliveira, descrevendo o "meio Casal de Custóias" como "uma corrente de casas sobradadas e uma casa torre com suas escadas de pedra com alpendre e portal, ladeada com suas casetas, lajes, escadas, eiras, lojas, palheiros, aidos para gado e animais, ramadas e vinhas, cortinha, água de rega e pastos"; 1783 - António de Oliveira casa com Maria Rosa do Vale, de quem tem quatro filhos; 1804 - data da morte de António de Oliveira, ficando como cabeça de casal dos prazos Maria Rosa Vale até os filhos atingirem a maioridade; 1811 - o filho e herdeiro do prazo, António de Oliveira, então com 24 anos, era capitão de ordenanças; 1811, depois - com o dinheiro e pedra deixados em testamento por seu pai, para esse fim, António de Oliveira procede a importantes reformas na casa da eira, aidos, enchidas e demais anexos agrícolas; 1818, 28 janeiro - data do casamento de António de Oliveira com Ana Rosa de Jesus, de Goimil (Leça do Balio); 1825 - António de Oliveira ascende a major de ordenanças; 1830 - o major António Oliveira herda por testamento da mãe todos os bens, realizando depois obras na casa, dependências agrícolas e nos terrenos; 1834, depois - após a extinção das Ordens Religiosas, o prazo, que integrava o couto de Leça do Balio, da Ordem de Malta, é incorporado na Fazenda Nacional, da qual passam a ser foreiros; posteriormente, o major António Oliveira, deixa a casa ao filho António Oliveira que, por não ter casado nem ter descendência, deixa em testamento os bens ao seu sobrinho António de Oliveira Ramalho; 1873 - data do portão principal da quinta; 1889 - António de Oliveira Ramalho casa com Angelina André Marques de Assunção, natural de Folgosa, passando o casal a viver na casa do tio; 1913, 17 julho - data do casamento da filha mais velha, Emília Marques de Oliveira, com Manuel da Silva Reina Júnior, os quais herdariam por testamento de António de Oliveira Ramalho, a casa de família; 1949 - data da morte de Emília Marques de Oliveira Reina; 1975 - data da morte de Manuel da Silva Reina Júnior, herdando a casa o filho Manuel Oliveira Reina, casado com Arnaldina Vieira da Cruz; 2005 - a quinta compunha-se de uma parte rústica com 34 080 m2 e uma parte urbana com 2 308 m2, totalizando 36 388 m2; 2005, 25 janeiro - expropriação de 32 488 m2 da parte rústica da propriedade, para construção da A4 e do seu nó de ligação à Via Regional Interior e arranque desta, bem como para os demais ramais e restabelecimentos construídos no local; 2007 - data da morte de Manuel Oliveira Reina herdando a casa os três filhos Emília Maria Silva Reina, Maria Manuela Silva Reina e Manuel António Reina; 2017 - início das obras de reabilitação da casa e espaços exteriores contíguos, com projeto do atelier do arquiteto Manuel Correia Fernandes; 2021 - início da segunda fase das obras de reabilitação na denominada Casa da Enchida e em grande parte das áreas exteriores; 2022 - preparação da terceira fase das obras que incidirão no corpo da casa da eira, celeiro, adega e áreas exteriores próximas, incluindo a eira; 2023, 15 fevereiro - publicação da abertura do procedimento de classificação da Casa do Major ou Casa dos Leões, em Custóias, como monumento de interesse municipal, em Anúncio n.º 27/2023, DR, 2.ª série, n.º 33.

Dados Técnicos

Sistema estruturald e paredes portantes.

Materiais

Bibliografia

MAIA, António - «Casa do Major ou Casa dos Leões, em Custódias. Classificação de Interesse Municipal» (https://www.cm-matosinhos.pt/cmmatosinhos2020/uploads/document/file/8939/_1__texto_expositivo_e_fundamentacao_da_proposta_da_cpah.pdf), [consultado em 10-03-2023].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Paula Noé 10-03-2023

Actualização

 
 
 
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