Reduto Gomes Freire / Reduto Duque de Bragança / Reduto da Medrosa

IPA.00036378
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias
 
Reduto construído entre 1887 e 1905, no âmbito do reforço defensivo da Barra do Tejo, com projeto do engenheiro Firmino da Costa e sob a direção do Capitão Sarmento da Fonseca, ajudado pelo Tenente Hermano José de Oliveira, e, posteriormente, pelo Capitão António Augusto Nogueira de Campos. O forte foi implantado sobre uma elevação que constituía um padastro à Fortaleza de São Julião da Barra, e onde se havia construído, para fazer face à aguardada terceira invasão francesa, uma grande fortificação de caráter provisório, a Obra n.º 98, integrada na linha de defesa envolvendo Oeiras, estabelecida para garantir o embarque seguro das forças inglesas, caso o exército anglo-luso não conseguisse deter o inimigo nas duas linhas de defesa ao norte de Lisboa, fortificação essa reconstruída em 1849. Apresenta planta pentagonal irregular, com fosso circundante e esplanada, tendo a frente principal virada ao rio Tejo e a sudeste, e a gola na face imediata a nordeste, com acesso, inicialmente precedido por ponte levadiça. Atualmente, o forte encontra-se bastante alterado, devido aos edifícios e estruturas aí construídas para instalação do Comando da NATO. No entanto, ainda conserva na frente principal, uma bateria, de perfil ondulado, orientada sobre a entrada da barra, acedida a partir da escarpa interior que, em 1935, mantinha três peças; estruturas dos dois observatórios no terrapleno da gola, colocados por volta de 1900, com projeto do Capitão de Engenharia António Augusto Nogueira de Campos; e traveses acasamatados cobertos por reparo na face norte.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Reduto    

Descrição

Acessos

Oeiras e São Julião da Barra, Estrada da Medrosa. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,680010, long.: -9,322147

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. Implanta-se numa pequena elevação, com cerca de 34 m, o Alto do Argueirão (CALLIXTO: 1988, p. 54), a norte da Fortaleza de São Julião (v. IPA.00002343) que, desde sempre, constituiu um padrasto para a mesma. Nas imediações e integrada na esplanada do forte foram construídos vários edifícios para instalação do Comando da NATO (v. IPA.00036377), e existe monumento, erigido em 1853, em homenagem do tenente-general Gomes Freire de Andrade, ali executado em 1817.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: reduto

Utilização Actual

Militar: instalação de órgão de comando

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIROS MILITARES: Firmino José da Costa (1887); António Augusto Nogueira de Campos (1893-1909); Augusto Vieira da Silva (1905-1910); Hermano José de Oliveira (1887); Sarmento da Fonseca (1887).

Cronologia

1809, 20 outubro - perante a ameaça da invasão francesa, Lord Wellington dirige um memorando ao Tenente Coronel Richard Fletcher, ordenando o reconhecimento do terreno e a fortificação dos pontos mais convenientes e defensáveis, de modo a criar um sistema de defesa a norte de Lisboa; sequencialmente são construídas duas linhas de defesa de Lisboa, as denominadas Linhas de Torres Vedras, uma de São Pedro da Cadeira - Torres Vedras - Alhandra e outra de Ribamar - Cabeço de Montachique - Alverca, compostas por um conjunto de obras militares (CALLIXTO: 1988, p. 49); construiu-se ainda uma terceira linha, em volta de Oeiras, que protegia a Fortaleza de são Julião da Barra e a enseada a nascente da mesma, para garantir o embarque seguro das forças inglesas, em caso de revés nas linhas avançadas (1.ª e 2.ª); 1810 - construção de obra de fortificação, com caráter provisório, denominada Obra n.º 98, no antigo outeiro da Medrosa ou do Argueirão, por ordem do coronel Fletcher (FUZETA: 2015, p. 13); 1815 - representação da fortificação na "Carta topográfica das fortificaçoens provisionaes que se construirão no destricto da villa de Oeiras em 1809 e 1810, e as permanetnes que já existião", levantada pelo Major do Real Corpo de Engenheiro Manoel Joaquim de Sousa Brandão; 1834 - planta da Obra n.º 98, denominada Forte Duque de Bragança, formado por pequena elevação, com algumas bocas-de-fogo; 1849, 30 novembro - avaliação da reconstrução da fortificação em 5.834$000, no "Resumo das Praças e Fortalezas que têm sido inspecionadas de 1848 a 1849", assinado pelo marechal de campo Comandante-Geral do Real Corpo de Engenheiros, Pinheiro Furtado (CALLIXTO: 1988, p. 54); 1868, 30 novembro - segundo a Memória Descritiva do Capitão António Joaquim Pereira, do Estado-Maior de Engenharia da Direção das Obras Públicas da Praça de São Julião da Barra, a fortificação é um recinto irregular, cercado por um fosso de 5,5 m de largura, com a escarpa e contraescarpa revestida a alvenaria e acesso por ponte, que então estava podre, e já não tendo porta; tinha parapeito de 7,5 m de espessura com algumas canhoneiras com espaldas revestidas de alvenaria, e possuía apenas um paiol, arruinado (CALLIXTO: 1988, p. 54); 1887 - no âmbito de grandes trabalhos defensivos realizados na Barra do Tejo, o Major de Engenharia Firmino José da Costa, apresenta o projeto de uma nova fortificação, o Reduto Duque de Bragança, a ser construído no local das ruínas do Reduto n.º 98 (CALLIXTO: 1988, p. 54); 01 março - início da construção do Reduto Duque de Bragança, sob a direção do Capitão Sarmento da Fonseca ajudado pelo Tenente Hermano José de Oliveira (CALLIXTO: 1988, p. 54); 1892, 01 fevereiro - o Reduto Duque de Bragança era "destinado por um lado a constituir um elemento da defesa terrestre, que vem terminar na Foz do Tejo, e por outro a colaborar na defesa do porto quer com tiros de perfuração das suas Peças de grosso calibre quer com tiros de bombardeamento das suas Peças de calibre médio" (CALLIXTO: 1988, p. 54); 1893, abril - substituição do Capitão Sarmento da Fonseca na direção das obras pelo Capitão António Augusto Nogueira de Campos (CALLIXTO: 1988, p. 54); 30 junho - Capitão Campos refere em relatório estarem concluídas todas as alvenarias nas três faces viradas a Oeiras e estar ainda em escavação a bateria marítima; até à data havia-se despendido 103.650$636 nas obras, estando previsto gastar-se mais 70.365$183 (CALLIXTO: 1988, p. 54); 1895 - descrição do reduto, ainda em construção, no Relatório dos Trabalhos Executados pela Comissão das Fortificações do Reino, constituindo uma transformação completa do antigo *1; 1898 - projeto de ponte e vedação da entrada, da distribuição das vigas e colunas para reforço das "abóbadas chatas", dos tipos de colunas e das latrinas funcionando com terra, por António Augusto Nogueira de Campos (Direção de Infraestruturas do Exército, Cotas 7390-5-75-75, 7392-5-75-75, 7391-5-75-75 e 7388-5-75-75); 1900, cerca - projeto para instalação de dois observatórios no terrapleno da gola, assinados pelo Capitão de Engenharia António Augusto Nogueira de Campos (Direção de Infraestruturas do Exército, Cota 7382-5-75-75); projeto dos observatórios, projetos, motor, acumuladores e estação telegráfica no reduto, por António Augusto Nogueira de Campos (Direção de Infraestruturas do Exército, Cota 7383-5-75-75); 1902 - 1909 - projeto do poço para elevador de munições e local para o guincho por António Augusto Nogueira de Campos (Direção de Infraestruturas do Exército, Cota 9400-3-45-59); 1904 - projeto de passadiços para comunicação das plataformas da bateria marítima e do terrapleno alto da gola, de Augusto Vieira da Silva (Direção de Infraestruturas do Exército, Cota 7381-5-75-75); 1905, 27 janeiro - após a conclusão das obras, procede-se ao auto de "entrega dos trabalhos ultimamente efetuados no Forte Duque de Bragança" pelo Capitão de Engenharia Augusto Vieira da Silva ao governo do Campo Entrincheirado de Lisboa (CALLIXTO: 1988, p. 54); projeto de instalação de um observatório no "coffre-mar" do forte para observação do tiro dos obuses da Bateria de São Gonçalo, pelo Capitão de Engenharia Augusto Vieira da Silva (Direção de Infraestruturas do Exército, Cota 7398-5-75-75); 1908 - projetos de instalação de 2 e de 3 peças de 15 centímetros na face testa do reduto, assinados por Augusto Vieira da Silva; 1910, 01 agosto - auto de entrega da nova bateria (bateria de 3 peças, de 15 centímetros, situada na face testa da fortificação), pelo Capitão de Engenharia Augusto Vieira da Silva, como representante da Inspeção das Fortificações de Lisboa, ao governo do Campo Entrincheirado de Lisboa (CALLIXTO: 1988, p. 55); as três peças destinavam-se a bater a extensão marítima entre o Farol da Guia (v. IPA.00012723) e São Julião da Barra; 17 agosto - auto de entrega do sistema telefónico de comunicação interna (CALLIXTO: 1988, p. 55); 19 outubro - Decreto do Ministro da Guerra do Governo Provisório, General António Xavier Correia Barreto, determina o cancelamento das anteriores designações das fortificações do Campo Entrincheirado de Lisboa, as quais deviam passar a ser conhecidas pelo nome das localidades mais próximas (Ordem do Exército n.º 2, 1.ª série, de 24 de outubro de 1910), (CALLIXTO: 1988, p. 55); na sequência, o Reduto Duque de Bragança é renomeado como Reduto da Medrosa, por ser o nome de uma quinta existente na sua proximidade (CALLIXTO: 1988, p. 55); 1912, 19 outubro - o Ministro da Guerra do Governo Provisório, General António Xavier Correia Barreto, decide mudar a designação para Reduto Gomes Freire, em homenagem ao tenente-general Gomes Freire de Andrade (CALLIXTO: 1988, p. 55); 1918 - abandono da fortificação, que se havia tornado obsoleta durante a 1.ª Guerra Mundial, passando a funcionar como residência de trabalhadores das Obras Militares (FUZETA: 2015, p. 17); 1935, 16 setembro - data de fotografia retratando a bateria principal, em muito bom estado, devidamente artilhada e, ao que parece, guarnecida (https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=1018860); 1959, 17 agosto - aqui viviam as famílias dos trabalhadores das Obras Militares, Armando Rodrigues da Costa e Fernando Pinguinhas (CALLIXTO: 1988, p. 55); estuda-se a possibilidade da fortificação funcionar como paiol (CALLIXTO: 1988, p. 55); 1960, 27 janeiro - auto de cedência do Reduto Gomes Freire ao Ministério da Marinha para ser usado pelo Comando da Defesa Marítima do Porto de Lisboa (FUZETA: 2015, p. 17); em data posterior, a Marinha promove a construção de um bunker no local (FUZETA: 2015, p. 17); 1968, setembro - o Comando da Área Ibero-Atlântica da NATO (COMIBERLANT) solicita a transferência das suas instalações para o Reduto Gomes Freire, o que teve parecer desfavorável da Direção de Serviços de Fortificação e Obras Militares, que alega aí se pretender instalar o Museu da Fortificação (FUZETA: 2015, p. 17); 1969, 04 junho - perante a garantia dada pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, General Venâncio Augusto Deslandes, de que os trabalhos de adaptação a Quartel General do Iberlant "em nada afectarão as características particulares do Reduto Gomes Freire, como obra de fortificação pois em nada interferem com as muralhas e a configuração exterior não será alterada", o Secretário de Estado do Tesouro autoriza a instalação do Quartel-General do Comando da Área Ibero-Atlântica, conjuntamente com o Comando da Defesa Marítima do Porto de Lisboa no Reduto Gomes Freire (CALLIXTO: 1988, p. 56); 1970, início da década - transferência do Comando da Área Ibero-Atlântica para o reduto, após obras de adaptação, orçadas em 6,5 milhões de dólares, que incluíram a construção de um bunker de comando subterrâneo ("Underground Headquarters - UHQ"), no interior do recinto, e a construção de um edifício acima do solo ("Topside Administration Facility - TAF") (FUZETA: 2015, p. 18); 1971, 29 outubro - inauguração oficial do edifício "Topside Administration Facility - TAF", pelo Presidente da República Almirante Américo Tomás (FUZETA: 2015, p. 18); 1986 - construção de um segundo piso no TAF e extensão do UHQ, no qual passou a funcionar o Centro de Comunicações (COMCEN) (FUZETA: 2015, p. 22); 1998, 17 abril - inauguração do edifício do Comando Naval da Marinha Portuguesa, no Reduto Gomes Freire (FUZETA: 2015, p. 25).

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

CALLIXTO, Carlos Pereira - Fortificações Marítimas do Concelho de Oeiras. S.l.: s.n., 1988; FUZETA, António Joaquim Oliveira - História do Reduto Gomes Freire. Contributos para a História das Forças Armadas Portuguesas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte no reduto. Ministério da Defesa Nacional; Estado-Maior-General das Forças Armadas, 2015; LOBO, Francisco Sousa - «O fim de uma era». In História das Fortificações Portuguesas no Mundo. Lisboa: Publicações Alfa, 1989, pp. 273-324.

Documentação Gráfica

Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta

Documentação Fotográfica

DGARQ/TT: (https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=1018860), [consultado em 21 novembro 2022]

Documentação Administrativa

Arquivo Histórico Militar: 3.ª Divisão, 1.ª Secção, Caixa 9

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - No Relatório dos Trabalhos Executados pela Comissão das Fortificações do Reino, datado de 1895, o reduto é descrito como tendo cinco "faces, duas das quais são propriamente marítimas, uma pode ter acção de bombardeamento para o mar e acção terrestre e as outras duas são ambas terrestres sendo uma delas a gola da obra. Das faces marítimas a que é paralela à linha média da barra do Sul é destinada a montar 3 Bocas de fogo, de grande calibre para perfuração dos couraçados; a face contígua, para a direita, deve receber 3 Bocas de fogo, de calibre médio, para bombardeamento do sector compreendido entre as coroas de Santa Catarina e a linha da costa que se dirige a Cascais, e a face imediata deve receber Bocas de fogo, de 15 centímetros, de Praça, que poderão ainda concorrer para o bombardeamento do dito sector e bater o terreno na sua frente. Este reduto acha-se em estado muito adiantado de construção. O seu projecto e orçamento, foi aprovado pela Comissão juntamente com os das Baterias de Alpena e de São Gonçalo em sessão de 3 de agosto de 1894" (CALLIXTO: 1988, p. 54).

Autor e Data

Paula Noé 2022-11-21

Actualização

 
 
 
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