Estação Ferroviária de Évora

IPA.00036242
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Malagueira e Horta das Figueiras
 
Estação ferroviária da Linha de Évora, construída no séc. 19 e conservando ainda o edifício de passageiros, que foi reconstruído na década de 40 do séc. 20, as plataformas de embarque com abrigos e passagem superior pedonal recentes, casas de habitação, e outros elementos da paisagem ferroviária. O edifício de passageiros, com implantação lateral, paralela às linhas férreas, apesar de conservar a antiga tipologia da planta retangular, composta por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos e os laterais de apenas um, com marquise na fachada posterior, foi valorizada com o acréscimo de alguns elementos na fachada principal. De facto, o corpo central foi precedido por alpendre com arcada avançada, mais estreita e formando amplo balcão superior, com guarda plena, de alvenaria, vazada por motivos geométricos, de sabor regional, e com gárgulas. Ao nível do segundo piso, definiu-se um pano central, em cantaria, onde se abre a porta para o balcão, rematado em falso frontão triangular, entre pilastras com pináculos e aletas, contendo as armas nacionais e a data da construção. Na fachada posterior, a marquise foi substituída pelo alpendre sobre colunata de cantaria. As fachadas, que terminam em cornija de massa e são regularmente rasgadas por vãos retilíneos, foram valorizadas pelas molduras abocinadas, por alto soco de cantaria na frontaria, e, nas restantes, por silhar de azulejos, com painéis figurativos, azuis e brancos, de pendor historicista, com temas de caráter patriótico e tipo "bilhetes postais" regionais, representando monumentos, paisagens e motivos etnográficos, e molduras policromas, pintados por Jorge Colaço e executados na Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia. A toponímia da estação surge em painéis de azulejos, brancos com letras e moldura a azul, nas fachadas laterais e ao centro da fachada virada à linha. No interior, o edifício possuía amplo vestíbulo central, ladeado por vários gabinetes de serviço, um restaurante e um bar, reservando para o piso superior, a habitação de funcionários, organizada de ambos os lados de corredor central, com instalações sanitárias num dos topos do mesmo.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

Conjunto composto por edifício de passageiros (EP), as plataformas de embarque, abrigos nas plataformas, passagem superior pedonal, casas de habitação, e outros elementos característicos da paisagem ferroviária, como candeeiros de plataforma e vedações metálicas e em cimento armado, a delimitar o recinto. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS, disposto paralelamente à linha férrea e do seu lado esquerdo (sentido ascendente da antiga linha), de planta retangular composta por três corpos, o central mais avançado e de dois pisos, e os laterais de apenas um. Volumes escalonados, com massas dispostas na horizontal e coberturas diferenciadas, em telhados de quatro águas, no corpo central e no alpendre sobre a plataforma, e de três, nos corpos laterais, com revestimento em telha cerâmica vermelha, e rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por vãos retilíneos, com molduras boleadas de cantaria, e terminadas em cornija. A fachada principal, virada a noroeste e percorrida por alto soco de cantaria, é formada por três corpos, o central com os cunhais de cantaria e precedido por alpendre avançado, mais estreito que o corpo, com arcos de volta perfeita, sobre pilares, formando balcão superior, com guarda plena, de alvenaria, vazada por motivos geométricos e tendo gárgulas laterais. No primeiro piso rasgam-se cinco portas e no segundo, possuindo ao centro pano de cantaria, com remate alteado, em falso frontão triangular, entre aletas, com cornijas coroadas por pináculos e tendo no tímpano as armas reais, abrem-se quatro janelas e porta central de acesso ao terraço. Nos corpos laterais, rasgam-se quatro janelas de peitoril. As fachadas laterais e na posterior, virada à linha, possuem soco de cantaria e silhar de azulejos de composição figurativa, abrindo-se nas laterais uma porta e uma janela, no piso térreo, e uma fresta, no superior, onde existe também toponímia da estação; na posterior abrem-se treze portas, no primeiro piso, a central ladeada por relógio, e cinco janelas de peitoril, no segundo piso, correndo ao longo de toda a fachada alpendre telhado avançado na plataforma assente em colunas toscanas de cantaria. CASAS DE HABITAÇÃO diversas, formando bairro ferroviário.

Acessos

Horta das Figueiras, Largo da Estação Ferroviária; Rua da Estação; Linha de Évora - Ponto quilométrico 116,570 (PK). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,560522; long.: -7,907287

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Implanta-se no exterior da cidade e a sul da mesma, existindo para nordeste uma área industrial, com os silos de cereais da EPAC. Junto à estação existe parque de estacionamento e a mesma é enquadrado, a nascente e a sudeste, por campos de cultivo.

Descrição Complementar

As fachadas laterais e a posterior possuem silhar de azulejos, com 24 painéis figurativos, azuis e brancos, de molduras policromas e remate de ameias decorativas piramidais. Os painéis representam, na fachada lateral esquerda: Nuno Álvares na Batalha dos Atoleiros 1384, Torres da Sé de Évora, carro de feno puxado por parelha de bois e Ceifa; na lateral direita: Ermida de São Braz (Évora), Retirada da Cortiça, Templo de Diana e D. Afonso IV na Batalha do Salado 1340; na fachada posterior: Portal manuelino, Igreja de São Francisco - interior (Évora), Geraldo-Sem-Pavor 1166 - réplica, "Dom Manuel I investe Vasco da Gama no Comando da Expedição à Índia 1497, Pastor, Igreja da Graça (Évora), Homem com arado com auxílio de burro, Portal da Igreja de São Francisco (Évora), Burro, Torre da Sé, Claustro do Convento de Santa Clara (Évora), Mulher montada em burro, Auto Pastoril de Gil Vicente, Revolta Popular 1637, Pastor com rebanho e moinho de vento ao fundo e Galeria das Damas. Nas fachadas laterais, ao nível do segundo piso, e sobre a porta central da fachada posterior, existe painel de azulejos, brancos com moldura e letras a azul, com a toponímia da estação inscrita "ÉVORA".

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Infraestruturas de Portugal (conforme do artigo 6º, nº 2 e 5, e artigo 11º, n.º 1, ambos do DL 91/2015, e com a regras definidas pelo regime jurídico do Domínio Público Ferroviário que constam do DL 276/2003)

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FÁBRICA DE CERÂMICA: Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia (1940). PINTOR DE AZULEJOS: Jorge Colaço (1940). PROJETISTA: Divisão de Via e Obras da CP-Caminhos de Ferro Portugueses (séc. 20).

Cronologia

1863, 14 setembro - abertura à exploração do troço entre Vendas Novas, Casa Branca e Évora; 1928 - apresentação de projeto de remodelação da estação de Évora, dado já não responder às necessidades da exploração ferroviária, mas o projeto acaba por não se concretizar; 1939 - a CP apresenta novo projeto de ampliação e modernização da estação; 1939 - 1940 - remodelação do edifício de passageiros da estação de Évora, pela Divisão de Via e Obras da CP-Caminhos de Ferro Portugueses, com comparticipação financeira da Direção Geral de Caminhos de Ferro; colocação do silhar de azulejos de Jorge Colaço, executados na Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia; 1941, 24 setembro - planta dos vários edifícios da estação; 1947, dezembro - em consequência da introdução da tração diesel, constrói-se um posto de abastecimento de gasóleo na estação; 1950, 23 janeiro - publicação de diploma no DG, 2.ª série, n.º 19, a autorizar a expropriação de uma parcela de terreno com 3.008,59 m2, situada entre os quilómetros 116,305.00 e 116,424.92, para a construção de uma cocheira para automotoras na estação; 1957 - planta para habitação de pessoal tipo A; 1963 - construção de instalações sanitárias nas casas de tipo C, D, E; 1965 construção de duas casas para residência do encarregado e sub encarregado do armazém de víveres; 2009 - encerramento da exploração do troço entre Évora e Estremoz; 2014, dezembro - colocação da placa SOS Azulejo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; soco, cunhais, gárgulas, pano central da frontaria, pilares, colunas e molduras dos vãos em cantaria de granito; cornijas em massa; silhar de azulejos azuis e brancos e molduras policromas; portas de alumínio; vidros simples; cobertura de telha.

Bibliografia

A Arte Nova nos Azulejos em Portugal (http://cfcul.fc.ul.pt/premios/catalogo-artenova.pdf), [consultado em junho 2020]; «Arrematações». In Gazeta dos Caminhos de Ferro. Lisboa: 16 setembro 1916, n.º 690, p. 287; Boletim da C.P., 13.º Ano, n.º 146, agosto 1941; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de - Aspectos Azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa. [Lisboa]: Caminhos de Ferro Portugueses, EP, 2001; FINO, Gaspar Correia - Legislação e disposições regulamentares sobre caminhos de ferro. Lisboa: Imprensa Nacional, 1903; 1908; FRAILE, Eduardo Gonzalez - Las primeras estaciones de ferrocarril: su tipologia; GOMES, Gilberto, GOMES, Rosa - Os caminhos de Ferro em Portugal 1856-2006. Lisboa: CP, 2006; HUMBERT, Georges-Charles - Traité Complet des Chemins de Fer. Paris: Baudry, 1891; IP - Infraestruturas de Portugal, IP Património - Rotas dos Azulejos. Rota Autoria / Jorge Colaço. 06 maio 2020 (https://www.infraestruturasdeportugal.pt/sites/default/files/flipbook/RotaJorgeColaco/index.html), [consultado em junho 2020]; LOPEZ GARCIA, Mercedes Lopez, MZA - Historia de sus estaciones. Coleccion de ciências, humanis y enginieria, n.º 2). Madrid: Ediciones Turner, S.A., 1986; LOURENÇO, Tiago Borges - Postais Azulejados. Decoração Azulejar Figurativa das Estações Ferroviárias Portuguesas. Dissertação de Mestrado em História da Arte Contemporânea. Texto policopiado, outubro, 2014, vol. I e II; «O novo edifício de passageiros da estação de Évora» in Boletim da C.P.. Ano 13, n.º 146, agosto 1941, pp. 141-144; PEREIRA, Hugo Silveira - «Caminhos-de-ferro da Beira (1845-1893)». In Revista de História da Sociedade e da Cultura. 2011; PIMENTEL, Frederico Augusto - Apontamentos para a historia dos caminhos de ferro portuguezes. Lisboa: Tipografia Universal, 1892; PEVSNER, Nicolaus - Historia de las tipologias arquitectónicas

Documentação Gráfica

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt)

Documentação Administrativa

Arquivo Técnico da IP-Infraestruturas de Portugal (solicitação através do site www.infraestruturasdeportugal.pt); Arquivo Histórico da CP-Comboios de Portugal

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Azevedo e Ana Sousa 2020 (no âmbito do Protocolo de colaboração DGPC / Infraestruturas de Portugal)

Actualização

 
 
 
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