Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição / Igreja de Nossa Senhora do Terço

IPA.00000362
Portugal, Braga, Barcelos, União das freguesias de Barcelos, Vila Boa e Vila Frescainha (São Martinho e São Pedro)
 
Arquitectura religiosa barroca. Planta transversal, composta por antigas dependências monacais, igreja com coro, nave única, capela-mor e sacristia, tudo em eixo. Interior integralmente revestido a azulejos figurativos joaninos, com cenas da vida de São Bento e da história da igreja. Retábulos de estilo barroco nacional. Púlpito de talha dourada idêntico ao da igreja do antigo Convento do Salvador (v. PT010303410020), em Braga. Pela qualidade e abundância do azulejo, talha e pintura é um dos mais excelentes e densos interiores barrocos em espaços religiosos em Portugal.
Número IPA Antigo: PT010302140016
 
Registo visualizado 1226 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de São Bento - Beneditinas

Descrição

Planta transversal, rectangular, composta por salas das antigas depêndencias monacais, coro, nave única, capela-mor profunda e sacristia, tudo em eixo. Volumetria de dominante horizontal. Fachada principal rebocada e pintada de branco, com embasamento de cantaria e remate em cornija sob beiral saliente, com cruz latina de braços trilobados, sobre o portal principal. Apresenta dois registos, possuindo no primeiro portas rectangulares, com grande portal principal em arco de volta perfeita, com pedra de armas real na pedra de feixo, enquadrado por pilastras toscanas que suportam entablamento, encimado por nicho com imagem da Virgem, que se prolonga para o registo superior, ladeado por aletas e pináculos. Do lado esquerdo rasga-se outro portal, mais pequeno, em arco de volta perfeita, enquadrado por pilastras coroadas por pináculos e rematado por cornija semi-circular com cruz no vértice. O portal é ladeado por cartelas com inscrições, de moldura volutada. Registo superio ritmado por janelões gradeados em capialço, possuindo no extremo esquerdo janela de sacada, com guarda de ferro. INTERIOR da nave e capela-mor com paredes integralmente revestidas a azulejos figurativos, da vida de São Bento e da história da fundação do mosteiro, monócromos a azul. Nave coberta por abóbada de berço decorada por caixotões com pinturas alusivas à vida de São Bento. Pavimento em madeira. Do lado do Evangelho púlpito de talha ricamente decorado com anjos e volutas, assente em mísula bojuda, com guarda plena e baldaquino corado por anjos. Do lado oposto guarda-vento de madeira. Retábulos colaterais colocados em ângulo, em talha dourada, idênticos, de planta côncava, de um só eixo, com remate em arquivolta encimada por composição vegetalista e nicho com imaginária, enquadrado por par de colunas pseudosalomónicas. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas molduradas. Capela-mor com cobertura idêntica à da nave. Parede testeira preenchida por retábulo-mor, em talha dourada, de planta côncava, um só eixo, rematado por arquivoltas. Tribuna com trono, enquadrada por par de colunas pseudosalomónicas, possuindo entre estas peanhas com imaginária. Do lado da Epístola, portal comunicante com corredor de acesso à sacristia, de planta rectangular.

Acessos

Barcelos, Avenida dos Combatentes da Grande Guerra

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 47 508, DG, 1ª Série, nº 20, de 24 janeiro 1967

Enquadramento

Urbano, no topo superior do Campo da Feira (v. PT010302140095), adossado às antigas dependências do mosteiro, onde se encontra instalado um centro comercial, que mantém apenas às parte das fachadas voltadas à rua, o portal da antiga portaria e parte da arcada plena do claustro.

Descrição Complementar

AZULEJO: Paredes interiores da nave e capela-mor integralmente revestidas a azulejos figurativos monócromos a azul. Na nave desenvolvem-se em três registos, no primeiro vinte cartelas moralizantes, de riquíssima iconografia, com divisas em latim e máximas em português. O segundo com cenas da vida de São Bento e o último, igualmente com cenas figurativas e, do lado do Evangelho, janelas fingidas, de modo a formar simetria com o lado oposto. As paredes laterais da capela-mor mostram dois painéis, assinados "P.M.P.", e datados, historiando o lançamento da primeira pedra do edifício, e a entrada solene das freiras no dia da inauguração.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Entalhadores: Ambrósio Coelho (atr. retábulos), Gabriel Rodrigues Álvares (púlpito); Pintor: António Oliveira Bernardes (azulejos).

Cronologia

1707 - Lançamento da primeira pedra do mosteiro de freiras beneditinas, de que a actual igreja fazia parte, pelo arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, a pedido de D. João V em cumprimento de um desejo de seu pai D. Pedro II, para albergar freiras vindas de Monção, e que inicialmente eram para ser instaladas no Convento do Salvador (v. PT010303410020); 1713 - data inscrita nos painéis do corpo da igreja mostrando cenas da vida de São Bento; 8 Julho - a igreja já estava concluída e a parte monacal ultimada; a entrada solene das freiras é feita em cortejo a pé desde o templo do Senhor da Cruz até ao novo mosteiro; 4 Outubro - conclusão do mirante da Pedra do Couto; 1834 - extinção das ordens religiosas; 1842 - as duas freiras que restaram vão para o mosteiro de Viana do Castelo; Novembro - o mosteiro é vendido em hasta pública, sendo arrematado por Domingos Gomes Fernandes; posteriormente o mosteiro é novamente vendido; 1846 - a igreja é entregue à Confraria do Terço, sendo-lhe mudado o orago; séc. 20, década de 30 - parte do antigo mosteiro foi demolido, dando lugar a outras construções; década de 60 - a ala O. do mosteiro é vendida à família Falcão por Maria Emília de Faria Leite de Carvalho Pena.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura e elementos decorativos em granito; revestimento interior com azulejos tradicionais; portas, janelas, tectos, púlpito e retábulos, em madeira; cobertura em telha.

Bibliografia

Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. II, Distrito de Braga, p. 10; ALMEIDA, C. A. F. de, Barcelos, Lisboa, 1990, p. 74 - 76; FERREIRA, Manuel Avelino, A Igreja Beneditina De Nossa Senhora do Terço, Barcelos, 1982; Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 125; ASSIS, Francisco de, ENCARNAÇÃO, Marta, Igreja de Nossa Senhora do Terço: uma jóia de estilo barroco, in Diário do Minho, 29 de Janeiro 2004, pp. 22 a 26; FARIA, Rui Pedro, Descobertas sepulturas junto à Igreja do Terço, in Barcelos Popular, 8 Junho 2006, p. 6; PASSOS, Nuno, Igrejas do Terço e do Sr. da Cruz em obras, in Barcelos Popular, 11 Janeiro 2007.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID

Intervenção Realizada

1967 - Reconstrução da cobertura e outros trabalhos; 1971 - obras de conservação que incluiram a substituição de cantarias, consolidação de paredes, reparação do soalho; 1983 - tratamento contra o caruncho no coro e sacristia (primeiro e segundo piso) e outras obras de conservação; 1984 - trabalhos de conservação; 1985 - reconstrução de painel de azulejo; 1992 - beneficiação de painel de azulejo figurado; 1993 - conservação diversa; 1994 - arranjo dos caixilhos da fachada principal, coroamento e tratamento da fachada posterior, arranjo da instalação eléctrica; 2005 / 2006 - são feitas escavações arqueológicas junto à fachada posterior da igreja, em terreno particular, pondo a descoberto sepulturas do antigo mosteiro.

Observações

Autor e Data

Isabel Sereno e Paulo Dordio 1994 / Joaquim Gonçalves 2004

Actualização

 
 
 
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