Casa dos Cubos

IPA.00036112
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Casa das medições do celeiro da Ordem de Cristo, construído no séc. 16, parcialmente demolido, mantendo a antiga estrutura ampla, os contrafortes quinhentistas, surgindo no vão algumas inscrições delidas. O interior foi reestruturado para receber serviços camarários, posteriormente deslocados e servindo, de momento, a um centro de estudos de fotografia. O espaço unitário, iluminado por luz zenital e por janelas rasgadas nas paredes exteriores, é seccionado por escadas e muros de alvenaria, onde se integram dependências várias e espaços expositivos, tendo o projeto recebido um prémio internacional em 2009.
 
Registo visualizado 26 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Armazenamento e logística  Celeiro  Celeiro de ordem militar  

Descrição

Planta retangular truncada no ângulo noroeste, simples, de volume único e cobertura homogénea em telhado de quatro águas, interrompidas por claraboias que se elevam da mesma, revestidas a talha, rematadas em beiradas simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. Fachada principal virada a norte, marcada por cinco contrafortes externos, ritmando o edifício, rasgada por amplo vão em arco abatido e com moldura de cantaria, tendo inscrições delidas. Fachada lateral esquerda rematada em empena, rasgada por três eixos de vãos, o inferior com duas portas em arcos abatidos e janela retilínea, a que correspondem três janelas retilíneas. Fachada lateral direita tem, no chanfro, porta em arco abatido, ladeada por duas janelas com o mesmo perfil, a que correspondem três janelas no piso superior, com molduras recortadas e fecho saliente. No pano do lado direito, duas janelas semelhantes às anteriores. Fachada posterior rasgada por porta em arco abatido, ladeada por seis janelas retilíneas e duas janelas jacentes, surgindo, no piso superior, seis janelas retilíneas e uma jacente. INTERIOR seccionado por elementos estruturais em alvenaria rebocada e pintada de cinza, imitando betão à vista pigmentado, com uma área de receção, que liga a duas áreas expositivas e escadas que ligam a gabinetes, situados no piso superior.

Acessos

Tomar, Praça Alves Redol. WGS84 (graus decimais): lat.: 39,602403; long.: -8,411415

Protecção

Parcialmente Incluído na Zona Geral de Proteção dos Trechos arquitetónicos dos edifícios dos Estaus (v. IPA.00002032)

Enquadramento

Urbano, ribeirinho, isolado e implantado junto ao Rio Nabão, com a face principal a abrir para a Praça Alves Redol, com a lateral esquerda para a Avenida Central Norton de Matos, junto à Ponte Nova. Está em zona com ligeiríssimo declive, vencido, na fachada lateral direita por embasamento, que lhe serve de acesso, pavimentado a lajeado e sustentado por muro em cantaria. A fachada lateral esquerda tem canteiros adossados e o passeio público é marcado por canteiros relvados, a acompanhar o perfil curvo da praça em que se insere, que funciona como rotunda. Nas imediações, situam-se o Palácio dos Estaus (v. IPA.00002032), o Chafariz da Prata (v. IPA.00036179) e o antigo Edifício da Escola Comercial e Industrial de Tomar. No lado oposto da rotunda, a Moagem Portugália / Fábrica Mendes Godinho / Museu da Levada (v. IPA.00026376).

Descrição Complementar

Na FACHADA PRINCIPAL, a inscrição "CASA DOS CUBOS" e placa com um símbolo e a informação: "CENTRO DE ESTUDOS / EM FOTOGRAFIA / DE TOMAR".

Utilização Inicial

Armazenamento: celeiro

Utilização Actual

Cultural: centro de conservação e divulgação documental

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Albuquerque Goinhas (2003-2005), Augusto Marcelino (2003-2005), Cristina Mendonça (2003-2005), Luis Baptista (2003-2005), Nuno Griff (2003-2005), Pedro Patrício (2003-2005), Sofia Antunes (2003-2005). ATELIER ARQUITETURA: Embaixada Arquitetura (2003-2005). CONSTRUTOR: Alpeso- Construções, SA (2005-2007). ENGENHEIROS CIVIS: Ana Salomé (2003-2005); Miguel P. Freire (2003-2005); Nuno F. Oliveira (2003-2005); Pedro Fragoso Viegas (2003-2005); Rui F. Mendonça (2005-2007). ENGENHEIRO ELETROTÉCNICO: Augusto Luis Marcelino (2003-2005). ENGENHEIRO MECÂNICO: Luís Andrade (2003-2005).

Cronologia

Séc. 15 - construção do celeiro dos Templários, por ordem de D. Henrique (ROSA, VII, p. 16); 1493 - no tombo dos bens, surge referência à casa "grande que mandou fazer o Infante D. Henrique e chama-se Casa do Celeiro, e (...) foi feita para a ela se trazer o pão dos outros celeiros do termo e aí se distribuir pelas pessoas da Ordem que haviam de haver pão para suas mantenças e o sobejo se vender na vila", estando num "cerco de casas e chão que aí tem a Ordem, que se chamou por diversos nomes em diversos tempos: chamou-se o Paço, o Chão do Pombal, e o Celeiro; este cerco tem uma ordem de casas ao longo da rua pública e estrada, com que parte do Poente; e da parte do Norte com serventia das Moendas de Farinha da Ordem e com água que saio delas com que moem; da banda do sul da dita serventia um lagar de azeite e duas azenhas de moer pão, que tudo foi dado ao convento com outros moinhos; da banda de levante entesta ao Rio; e da banda do Sul cerra-se o dito cerco com esta casa grande que ficou à Mesa, a qual casa parte ao Levante com casas de Celeiro da mesma Ordem, que foi dada ao Convento, e do Norte com a Casa de Celeiro e Adega do Convento que se fez novamente depois da reformação, e com chão que se chama Pombal" (ROSA, VII, 77); 1527 - referência à casa dos cubos; 1531 - na casa do celeiro e chão do pombal, foi feita uma boa casa para celeiro e loja do azeite, sobradada sobre seis arcos de pedraria, ladrilhada e madeirada de castanho, com cobertura em telha vã; as paredes são grossas e fortes, de pedra e cal e com quatro botaréus do lado do rio e um do lado norte; a casa do celeiro tem três janelas de assento, duas para levante e uma para norte e outra no poente; tem, de norte a sul, 30 varas e de largo 8, com portal de pedraria lavrada; a casa de cima é celeiro para recolhimento de pão; tem o portal e serventia de poente; sobe-se para o celeiro por uma escada de pedra lavrada da mesma banda com 19 degraus e 2 varas de largo e, no meio deles, um tabuleiro lajeado; e em cima até à porta do celeiro outro tabuleiro também lajeado de pedraria coberto, sobre colunas de pedra, madeirado e forrado de castanho; o tabuleiro de cima é de 3 varas de comprido e de 2,5 de largo e ao pé da escada o portal da loja, de pedraria, com a cruz de Cristo no cimo dela pelo que se entra e serve para a casa de baixo, loja de azeite do comprido e largo e ladrilhada com poiais ao redor das paredes de pedraria lavrada, onde estão 56 potes para azeite e mais 3 metidos debaixo do chão, de covas à face dele, para os quais vão canos dos ditos poiais em que os outros estão assentados, para que acontecendo quebrar-se algun deles, se recolha nestes do chão, o azeite e se não perca; debaixo da escada do celeiro e do tabuleiro diante dele está uma casinha de abóbada do tamanho de tabuleiro com porta de serventia para a loja por dentro e uma janela de assento para o poente, onde se assenta quem escreve o que recebe e a venda do azeite (ROSA, VII, 243); 1538 - Frei António de Lisboa constrói, no local, a Casa dos Cubos e o Depósito de Azeite, na Rua da Graça (ROSA, 1964, 21); 1617, 20 setembro - Alvará determinando que se fechasse de noite a porta do Arco do Paço dos Cubos (ROSA, IV, 129); 1618 - data na porta principal (VELOSO, 30), a qual é retilínea, encimada por uma cruz de grandes dimensões, com um dos braços partido, ladeada por dois pináculos (SILVA, 138); 1753 - remodelação da casa, fazendo-se tanques de pedra, em vez dos potes de barro (ROSA, V, 216); 1777 - existem várias casas adossadas ao edifício, ao pátio e arco de entrada (ROSA, VI, 57); 1808 - por a porta ser fraca, resolve-se colocar um cadeado na mesma, ficando uma nas mãos do Presidente do Senado e outra no Mestre Manuel de Sousa Fernandes ou de José Antunes, para procederem à medição do grão (ROSA, 1964, 69); 1809, 11 janeiro - decide-se colocar quatro manjedouras nas quatro lojas dos cubos para os cavalos do Esquadrão da Cavalaria (ROSA, II, 103); 1836, 13 março - na sequência da extinção das Ordens Religiosas, o edifício vai à praça, avaliado em 3:000$000 (ROSA, II, 432); 04 maio - arrematado por 3:200$000 por Joaquim Antunes da Maia (ROSA,1964, 75); 1854, 16 fevereiro - vendida a Tavares Barreto, que as deixou ao seu genro José Crispiano Alves Casquilho, casado com a sua filha Carlota Tavares Barreto (ROSA, 1964, 75); 1890, 01 dezembro - escritura de venda da casa a José Joaquim da Silva Amado, administrador da Fábrica de Fiação, constando-se que se pretendia colocar no local um estabelecimento (ROSA, III, 305); 1903 - alguns lagares são de João Torres Poinheiro e outros de José Cipriano Alves Casquilho (ROSA, 1964, 29); 1910, 18 agosto - a totalidade do edifício é vendido a Manuel Mendes Godinho (ROSA,1964, 75); 1930 - transformação dos edifícios para servirem de escritórios; 1967 - expropriação do edifício pela Junta Autónoma das Estradas, sendo parcialmente demolido para a construção da Ponte Nova (ROSA, 1964, 75); 2003, outubro - 2005, janeiro - projeto de remodelação do edifício para albergar o Centro de Interpretação e Monitorização Ambiental, a Divisão de Animação Cultural da Câmara Municipal de Tomar e a Universidade Sénior, da autoria do Atelier Embaixada Arquitetura, composta pela equipa dos arquitetos Albuquerque Goinhas, Augusto Marcelino, Cristina Mendonça, Luis Baptista, Nuno Griff, Pedro Patrício, Sofia Antunes; projetos especiais das fundações e estruturas do engenheiro Pedro Fragoso Viegas, as redes de águas e esgotos de Rui F. Mendonça, de eletricidade e comunicações de Augusto Luís Marcelino, com a mecânica a cargo de Luís Andrade e os estudos de aquecimento e estudo acústico de Nuno F. Oliveira e Miguel P. Freire, estando o sistema de segurança a cargo de Ana Salomé; 2005 - 2007 - remodelação do edifício pela construtora Alpeso- Construções, SA; 2009 - o projeto é um dos 14 premiados do Contract World Award; 2018, outubro - contrato de comodato cedendo o edifício ao Instituto Politécnico de Tomar para a instalação de um Centro de Estudos de Fotografia; novembro - abertura do edifício ao público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; modinaturas e contrafortes em cantaria de calcário; caixilharias de alumínio e janelas com vidro simples; mobiliário de madeira.

Bibliografia

FRANÇA, José-Augusto - Tomar. Lisboa: Editorial Presença, 1994; ROSA, Alberto de Sousa Amorim - Anais do Município de Tomar. Tomar: Câmara Municipal, 1940 a 1974, 9 vols.; ROSA, Amorim - Os lagares e moinhos da Ribeira da Vila. Tomar: Edição o Templário, 1964; ROSA, Amorim - «Os Cubos» in Anais da União dos Amigos da Ordem de Cristo. Tomar: União dos Amigos da Ordem de Cristo, 1971, vol. VII; SILVA, Eugénio Sobreiro de Figueiredo - «Os Cubos» in Monumentos da Ordem de Cristo. Tomar: União dos Amigos da Ordem de Cristo, 1943, vol. II, pp. 135-145; Tomar Polis uma cidade em mudança. Tomar: Câmara Municipal de Tomar, 2010; VELOSO, Carlos - Urbanismo e Arquitectura Civil de Tomar na época da expansão numa perspectiva turístico-cultural. Tomar: s.n., 1998. Texto policopiado. VICENTE, Leonel - Mendes Godinho. Uma história de empreendimento empresarial familiar. Tomar: Associação MG - Memorial Mendes Godinho, 2018.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Nada a assinalar.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2019

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login