Casa Grande de Romarigães

IPA.00003611
Portugal, Viana do Castelo, Paredes de Coura, Romarigães
 
Casa nobre barroca. Conjunto formado por capela e 3 construções principais de planta quadrada ou rectangular, de 2 pisos e alçados incaracterísticos e de extrema singeleza, em parte, pelo menos em 2 deles, resultante das obras operadas por Aquilino Ribeiro. A maior riqueza decorativa encontra-se no frontespício Barroco da capela e estrutura do portão, o qual anuncia já o rococó. Segundo José António Ferreira de Almeida, o frontespício da capela, ornado por magnífica composição escultórica, é único no género em todo o Alto Minho, obedecendo, segundo o mesmo ao gosto das capelas solarengas galegas do 18. O espigueiro que se erguia sobre o muro, e de que ainda se conserva a maioria das suas peças era o maior do concelho de Paredes de Coura.
Número IPA Antigo: PT011605190005
 
Registo visualizado 4451 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Portão principal de verga recta encimada por pedra de armas coroado e tendo à esquerda 1 outro mais pequeno, ambos enquadrados por estruturas com pilastras almofadadas, frontão curvo com cornija coberta de telha e fogaréus. Do lado direito encosta-se interiormente casa de planta quadrada e 2 pisos - a única restaurada. A seguir 1 outro portão, simples, e sobre o muro é ainda visivel o lastro do antigo espigueiro. Do lado esquerdo do portão, mas mais afastado deste, ergue-se junto à estrada capela Nossa Senhora do Amparo com planta rectangular e cobertura em telhado de 2 águas. Frontespício com pilastras nos cunhais encimadas por pináculos sobre soco e coroado por empena interrompida por templete quadrangular. É rasgado por portal, de verga recta sobre pilastras coríntias e encimado por nicho sobre cornija saliente enquadrada por estrutura esculpida de colunas e jamba formados de anjos enquanto outros seguram a cornija superior sobre a qual assenta óculo também muito esculpido. Lateralmente, 2 janelas com frontão curvo de volutas encimado por nichos com imagem, sobrepujado por cornija e cartelas ovais com inscrições; 2 cabeças com elementos esvoaçantes pela empena suportam cornija do templete. A fachada lateral que dá para a rua tem janela quadrada encimada por cruz, 2 vasos floridos e pedra de armas. À fachada posterior encosta-se casa de planta quadrada, de 2 pisos, de alçado muito simples e cobertura diferenciada a 4 águas. Em frente, ergue-se paralelamente 1 outra construção, de planta rectangular e igualmente de 2 pisos e cobertura diferenciada.

Acessos

Romarigães, Estrada Camarária 1076. WGS84 (graus decimais) lat.: 41,866686; long.: -8,625274

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 1/86, DR, 1.ª série, n.º 2 de 03 janeiro 1986 *1

Enquadramento

Rural, isolado, implantação harmónica. Insere-se numa quinta de exploração agrícola junto à estrada, de onde se observa monte com o Castro do Couto do Ouro, também classificado, e tendo fronteiro estufas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa / devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1618, 27 Janeiro - Licenciado Gonçalo da Cunha institui o vínculo de Nossa Senhora do Amparo e parece ter lançado a 1ª pedra da casa; 1700 - segundo inscrição, é erguida a capela; o último fidalgo, D. António Telmo de Menezes Montenegro deixou arruinar a casa; 1864 - data do portão gradeado; 1891, 27 junho - Concelheiro Miguel de Antas, com grande fortuna feita no Brasil, arrematou judicialmente a Quinta do Amparo, acentuando-se a partir daí a sua ruína; posteriormente, parece ter pertencido a Hilário Barrelas; já então caíra tecto da capela, os caseiros haviam queimado as portas, e talha do altar e do coro e se havia roubado as imagens e painéis; por herança, a casa veio a pertencer a uma das netas de Bernardino Machado, D. Jerónima Dantas Machado, com quem Aquilino Ribeiro casou em segundas núpcias; séc. 20, anos 50 / 60 - este escritor procede a obras de remodelação da casa e restauro da capela; 2017 - elaboração de estudo por parte da Câmara Municipal de Paredes de Coura para criar um espaço de receção e exposição da vida e obra do escritor Aquilino Ribeiro, ajudando à fruição cultural e turística do próprio imaginário que representa a Casa Grande de Romarigães; 2023, julho - inauguração da Casa Grande de Romarigães como centro de literatura e cultura, após obras de reabilitação, num investimento de cerca de 508 194,57 euros, financiado a 85% por fundos comunitários do Norte 2020.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Granito, ferro, alumínio e madeira. Cobertura de telha.

Bibliografia

MENDES, Manuel, Aquilino Ribeiro. A obra e o Homem, Lisboa, 1977; CUNHA, Narcizo C. Alves da, No alto Minho. Paredes de Coura, Braga, 1979; ARAÚJO, José Rosa de, Os miliários da estrada Romana de Braga a Tuy, sep. O Distrito de Braga, 2 ª série, 5, Barcelos, 1982; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; MARTINS, Carla Sofia, Casa Grande de Romarigães em estado de degradação, O Comércio do Porto, 21 Março 2002; TOUCEIRA, Elsa - «Roteiro literário vai dar muito a Paredes de Coura». In Minho. 20 setembro 2017, p. 36.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

O Eng.º Ladislau procedeu a obras na casa junto ao portão, havendo projecto para restauro e recuperação do restante conjunto.

Observações

*1 - DOF: incluindo a casa, anexos de função rural e capela do Amparo. *2 - Pelas fotografias gentilmente cedidas pelo Engº. Ladislau, podemos detectar uma certa evolução da casa de Romarigães encostada à fachada posterior da capela. Numa fase inicial, o 2º piso era precedido por escada dando directamente para a rua, o que poderá indicar ser aquela a sua fachada principal. Posteriormente e em data desconhecida eliminou-se esta escada. Do lado interior não existia um edifício homogéneo, mas, pelo contrário, 3 construções, de coberturas diferenciadas, justapostas, adossadas ou interligadas. O desmoronamento da central terá levado Aquilino Ribeiro a mandá-la demolir completamente, ficando apenas as 2 laterais, colocadas paralelamente, tal como hoje as encontramos. Pelo chão do terreiro fronteiro à capela ainda encontramos dispersas algumas pedras do seu interior, como caso da pia baptismal e outros. Com base nas fotografias e em peças constituintes ainda existentes, seria interessante reconstruir o espigueiro que se erguia sobre o muro. Estima-se serem necessários cerca de 400 mil contos para restaurar o imóvel.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

 
 
 
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