Paço da Giela

IPA.00003605
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, União das freguesias de Arcos de Valdevez (São Paio) e Giela
 
Arquitectura residencial, gótica e manuelina. Solar gótico e manuelino inserindo-se planimetricamente na tipologia da chamada "casa-torre", conjugando assim ala residencial, irregular, a uma torre de época anterior. Segundo Carlos de Azevedo constitui um magnifico exemplo de habitação senhorial do final da Idade Média. Embora a ala residencial não seja de planta regular, as suas dimensões mostram a sua importância doméstica, numa altura em que a torre perdera a função inicial de defesa, visto já nem com ela comunicar. Ainda que resultante de 2 épocas distintas, este tipo de solar costuma preocupar-se em alinhar a ala residencial com a torre, o que não acontece com Giela.
Número IPA Antigo: PT011601140003
 
Registo visualizado 2091 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo torre

Descrição

Edifício de planta composta, formado por torre quadrada e ala residencial adossada e avançada em relação à mesma com planta irregular, encurvando-se a nascente e formando recantos a S. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, mas muito derruídas. Torre alta, pouco fenestrada e coroada por merlões piramidais, alguns com seteiras. A E. a alguns metros acima do solo, tem porta com arco quebrado encimado por janela também de arco quebrado, existindo entre ambas 2 sulcos provocados pelos telhados de antigas construções que a ela se encostavam; no topo da fachada S. tem "machicouli". Ala residencial adossada ao cunhal NE. da torre e à qual não tem ligação; frontespício de 2 pisos tendo no 1º portal, descentrado de arco quebrado com pedra de armas sobre aduelas e enquadrado por maciço quadrangular com arco pleno criando varanda ao nível do 2º. piso; neste rasgam-se 5 janelas, sendo as 2 centrais molduradas e tendo colunelos e arcaturas. Entre as janelas distribuem-se gárgulas. Do coroamento restam pouquíssimos merlões chanfrados. Na fachada O. rasga-se portal simples de arco quebrado e ao centro do 2º piso janela ladeada por colunelos suportando friso com arcaturas, 2 torsais e pedra de armas. As restantes fachadas têm fenestração bastante irregular.

Acessos

EN. 202, Lugar do Paço. VWGS84 (graus decimais): lat.: 41,849724; long.: -8,408221

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Rural, isolado implantação harmónica. Ergue-se sobre uma pequena elevação, na margem esquerda do rio Vez, a cerca de 1 km. da vila, dominando ampla paisagem.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 15 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1258 - Nas Inquirições de D. Afonso III, a paróquia de São Vicente de Giela possuía oito casais pertencentes ao rei; 1288 - nas Inquirições de D. Dinis, Domingos Johannes de Geela jura que toda a Geela era honra, desde o tempo de Dom Nuno Geela, excepto 8 casais que pertenciam ao rei; séc. 14 - construção da torre, pertença da coroa; 1386, 15 Outubro - D. João I doou-a a Lopo Fernandes Pacheco; 1398, 5 Abril - D. João I deu de emprestimo ao seu Escrivão da Puridade, Gonçalo Lourenço a casa de Giela com todas as suas rendas e direitos e pertenças; 1399, 24 Junho - o monarca doou-a a Fernão Anes de Lima, fidalgo galego e emigrado político; 1429, 24 Janeiro - seu filho D. Leonel de Lima, que sucedeu por falecimento de seu irmão primógenito, tornou-se senhor da torre de Giela, por carta de D. João I; 1432, 12 Abril - D. João I especificou os rendimentos disponibilizados para o pagamento do dote e arras devidas pelo casamento de Leonel de Lima com Filipa da Cunha, sua criada, mas não refere Giela; 1433, 20 Novembro - confirmação das anteriores doações por D. João I, incluindo-se então a casa de Giela; 1476, 4 Março - D. Afonso V concedeu-lhe título de Visconde de Vila Nova de Cerveira; 1496 - sucedeu-lhe seu filho, 2º Visconde que não viveu em Giela; séc. 15, finais / 16, início - construção da ala residencial; 1573 - ao morrer o 4º Visconde, D. João de Lima, que pela sua natureza melancólica ali se refugiara, já o palácio estava concluído; 1662, 12 Agosto - o General Espanhol D. Baltazar de Roxas Pantoja ali estabelece seu quartel com numeroso exército, mas na noite de 3 Outubro, a artilharia do Conde do Prado fê-lo retirar, causando grande dano ao Paço; séc. 17 / 18 - alterações e acréscimos no corpo quinhentista; 1868, 15 Jan. - D. José Maria Xavier de Lima Vasconcelos Brito Nogueira Teles da Silva, 16º Visconde de Vila Nova de Cerveira, pelo seu feitio, incúria e desleixo deixou arruinar o paço de Giela, tendo-o vendido a Narciso Marçal Durães de Faria, sobrinho do Visconde de Porto Covo, em cuja família se manteve, mas como habitação de caseiros; 1973, 2 Janeiro - compra da metade indivisa do paço da Giela por Pedro Paulo Bon de Sousa Pernes em arrematação que teve lugar nos autos de execução fiscal administrativa que a Caixa Geral de Depósitos moveu contra o Dr. António de almeida Faria Lima e mulher; 1990 - adquirido por Duarte Nuno por 100 mil contos, para construção de um aldeamento turístico, tendo até sido elaborado um projecto; 1998 - encontrava-se à venda por 175 mil contos; 1999 - comprado pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez por 135 mil contos; 2013, 16 outubro - anúncio de procedimento n.º 5130/2013, publicado no DR n.º 200, 2.ª série, relativo à empreitada denominada Parque urbano do Paço de Giela - reabilitação do conjunto histórico edificado, com preço base de 999630.00 euros.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Granito, madeira.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; AZEREDO, Francisco de, Casas Senhorais Portuguesa, Braga, 1978; BINNEY, Marcus, Casas Nobres de Portugal, Lisboa, 1987; GOMES, José Cândido, Terras de Valdevês, Arcos, 1899; GUERRA, Luís de Figueiredo da, Torres Solarengas do Alto Minho, Coimbra, 1925; PEREIRA, vítor, Siza Vieira vai riscar projecto de recuperação do Paço de Giela, O Primeiro de Janeiro, 11 Março 2000, p. 13; Quem quer o Paço de Giela por 175 mil contos? Monumento nacional posto à venda em Arcos de Valdevez in O Primeiro de Janeiro, Junho 1998; SILVA, Adriano Simões da, Património. Visita ao Paço da Giela, Notícias de Arcos, 24 Novembro 2005; SILVA, António Lambert Pereira da, Nobres Casas de Portugal, vol. 2, Porto, s.d; s.a., Um Belo Exemplar da Arquitectura Civil do Século XVI in O Comércio do Porto, 8 Outubro 1971.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

1939 - Diversos trabalhos na torre; 1943 - obras de completa reintegração na torre (limpezas de cantarias e refechamento de juntas das 2 fachadas principais).

Observações

Do primeiro paço, ou seja, da construção que se adossava à torre de carácter defensivo e que seria sua contemporânea, nada resta, a não ser os vestígios dos apoios do sobrado sobre a porta ogival e os sulcos marcados pelas linhas de telhado. Facto compreensível se atendermos que estes primeiros solares eram construídos em materiais perecíveis, normalmente madeira e só com o tempo alguns eram substituidos por materiais duradouros. No caso de Giela esta substituição foi pouco depois, o que aumenta a sua importância no contexto nacional. As janelas de decoração manuelina, os poucos merlões chanfrados ainda existentes e a gárgula de canhão atestam a sua construção no final do séc. 15 início do séc. 16. A Câmara Municipal possui um plano de aproveitamento turístico para o Paço de Giela, nomeadamente ali instalando o futuro Museu Municipal e o Arquivo Concelhio, um centro de artes e ofícios tradicionais e um anfiteatro natural. O escudo da janela virado a N. tem as armas dos Limas da Galiza: esquartelado tendo no I e IV Leão de púrpera; II e III de prata, 3 faixas xadrezadas de ouro e vermelho.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

Paula Noé 1998
 
 
 
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