Convento de Santa Maria da Ínsua

IPA.00003583
Portugal, Viana do Castelo, Caminha, União das freguesias de Moledo e Cristelo
 
Convento franciscano capucho de construção medieval, de que não subsistem vestígios, tendo sido remodelado ao longo dos sécs. 17 e 18, alterando significativamente a sua estrutura, a última tentando-o adequar às normas da Província da Conceição. Com implantação original num ilhéu, de linhas irregulares, mantém a estrutura primitiva, que não foi possível regularizar devido ao facto de se achar espartilhada pelo Forte, construído no séc. 17. Teve alterações sucessivas até ao séc. 18, que lhe foram alterando a estrutura, com a construção de um coro-alto e a diminuição das dimensões da capela-mor, bem como a ampliação em altura, com a construção do segundo piso da zona conventual, permitindo situar o dormitório, com mais celas, no piso superior. Apresenta planta retangular irregular, composto por igreja e convento desenvolvido no lado esquerdo. A igreja é de estrutura chã, de planta retangular, antecedida por endonártex, e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas em abóbada de berço na nave e a duas águas de madeira na capela-mor, escassamente iluminada por uma janela retilínea rasgada na fachada lateral direita, virada à cerca. A fachada principal termina em empena e é rasgada por portal de verga reta e pelo janelão do coro-alto, assemelhando-se, em termos de estrutura, ao Convento da São Francisco do Monte, em Viana do Castelo. No interior tem amplo coro-alto, de madeira, assente diretamente nas paredes. No lado do Evangelho, o púlpito quadrangular assenta em mísula e tem acesso por porta de verga reta. O arco triunfal, de volta perfeita, é encimado por imaginária, ladeado por retábulos colaterais de talha dourada do estilo rococó. A capela-mor tem retábulo de talha dourada, do estilo barroco nacional, de três eixos e com remate constituído por uma arquivolta de volta perfeita. O convento desenvolve-se em torno de claustro quadrangular, com o piso inferior marcado por quatro vãos arquitravados, assentes em pilares e colunas toscanas, com afinidades com o claustro de São Francisco do Monte de Viana do Castelo. No lado do Evangelho, possui o acesso à Via Sacra e à sacristia, tendo, na ala oposta à igreja, o De Profundis, refeitório, conservando as cantareiras, a ministra, a cozinha, conservando igualmente as cantareiras, uma mesa, o lavabo e a ampla lareira, sustentada por pilar de granito e o forno, embutido no muro e despensa; virado à fachada principal, surge a Casa do Capítulo. Anexo ao De Profundis, possui uma cruz com símbolos da Paixão, pintados, esgrafitados e com embrechados. No piso superior, subsistem sete celas e a casa do fogo. A cerca, de pequenas dimensões e totalmente murada, tem acesso por portal, em arco de volta perfeita, encimado por nicho com abóbada de concha, mantendo duas fontes, embora uma delas esteja entulhada, e duas capelas, uma delas de maiores dimensões, dedicada a Santa Maria Madalena, com vestígios do amplo nicho do orago, rematado por três nichos de menores dimensões e a de Santo Cristo, completamente abandonada. Na cerca, um cruzeiro simples assinala o local onde, durante uma invasão de hereges no séc. 17, os frades esconderam o Santíssimo. Apesar do seu estado arruinado, preserva, ainda, algumas das suas características arquitetónicas, algumas caso único na Província da Conceição e no mundo capucho, como a existência de um endonártex em vez de uma galilé, o qual tem dois nichos de volta perfeita, que possuíam imaginária, e a inexistência da Capela do Senhor dos Passos, com a portaria com acesso por porta anexa ao edifício da igreja.
Número IPA Antigo: PT011602120133
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Convento de planta retangular irregular, possuindo duas alas que se prolongam no sentido nascente e poente, composto por igreja situada no lado do sul do conjunto, pela zona regral, adossada ao lado esquerdo, de volumes articulados e disposição na horizontal, envolvido por pequena cerca em alvenaria de granito, onde surgem duas capelas e um cruzeiro. IGREJA de planta retangular composta por nave, antecedida por endonártex, e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas a cimento, a principal virada a poente, com remate em empena, com cruz no vértice, rasgada por portal de verga reta, encimado por janelão retilíneo, ambos com moldura simples em cantaria. Fachada lateral esquerda adossada à zona conventual e a lateral direita é rasgada por janela retilínea no corpo da nave.A fachada posterior adossa-se à zona conventual. INTERIOR em cantaria de granito aparente *1, com vestígios de reboco em alguns pontos, e coberturas em abóbada de cantaria aparente, assentes em friso do mesmo material, e pavimento em lajeado de granito. Possui vestígios do primitivo coro-alto *2, constituído por vigas de madeira e acesso por porta de verga reta, rasgada no lado do Evangelho, sob o qual se desenvolve um endonártex, definido por um arco abatido; este possui vestígios das argamassas dos azulejos que revestiam parcialmente a parede, formando silhar *3, possuindo, nas ilhargas, dois vãos de volta perfeita, com os arcos ostentando vestígios de pintura, e cobertura em abóbada, assente sobre pequeno friso, contendo um dado que servia de suporte a imaginária *4; neste local, no pavimento, surge uma sepultura com inscrição. No lado do Evangelho, sob o coro, surge a porta de verga reta de acesso ao claustro, surgindo, no mesmo lado o vestígio do púlpito, quadrangular e assente sobre mísula de cantaria, com acesso por porta de verga reta e moldura simples. No lado da Epístola, rasga-se janela em capialço. Confrontantes, dois nichos de alfaias, que serviam os desaparecidos retábulos colaterais *5, os quais flanqueavam o arco triunfal de volta perfeita e com a moldura formada pelas aduelas *6. Na capela-mor, com cobertura de madeira a duas águas e pavimento em lajeado de granito, surge um supedâneo de cantaria de granito, com um degrau, onde se implantava o altar-mor *7. A partir dela, uma porta de verga reta liga à zona regral. CONVENTO de planta retangular irregular, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas. A fachada poente forma dois panos em ressalto, o do lado esquerdo marcado por escadaria de cantaria, de acesso ao segundo piso, através de porta em verga reta; no vão da escadaria, rasga-se uma segunda porta semelhante, que liga ao piso inferior. O pano do lado direito, virado ao pequeno terreiro da igreja, tem cunhal em cantaria e ostenta três pequenas janelas retilíneas no primeiro piso e uma semelhante no segundo; no ângulo formado por ambos, rasgam-se duas janelas e porta de verga reta com acesso por escadas exteriores, em cantaria. A fachada lateral esquerda, virada a norte, possui vãos retilíneos simples, correspondendo, no piso inferior, a duas portas e três janelas, surgindo, no superior, sete janelas, correspondentes às antigas celas dos frades. É marcada por uma chaminé que se destaca no muro, com remate piramidal e pequeno frontão triangular, telhada superiormente. A fachada lateral direita, virada a sul, é parcialmente adossada à igreja, tendo visível um corpo que a prolonga, com duas janelas e porta de verga reta no piso inferior e sendo cega no segundo piso. A fachada posterior forma um ângulo reto, tendo, na face sul um corpo adossado a uma das dependências do Forte, com um único piso e sem cobertura, sendo visível o segundo piso do convento, possuindo porta de verga reta, ladeada por pia de água benta, em arco de volta perfeita e moldura de cantaria. A face sul do outro braço do ângulo, mais recuado, possui duas dependências adossadas, de um único piso, sem cobertura, uma delas com janela de verga reta, ambas com portas ostentando o mesmo perfil; no segundo piso, quatro janelas e uma porta de verga reta, com acesso por escadas de cantaria. Na face virada a norte, surge, no lado esquerdo, dependência rematada em meia-empena, com porta de verga reta, ladeada por pia de água benta, semelhante à anterior, encimada por pequena janela retangular; no lado direito, duas janelas sobrepostas. Sobre uma das dependências, surge uma sineira em empena, rasgada por ventana em arco de volta perfeita, onde surge um sino, inscrito. O INTERIOR desenvolve-se em torno de um pequeno claustro quadrangular *8, com a quadra marcada por dois vãos por ala, do tipo arquitravado, suportados por pilares e colunas toscanas, assentes em murete de cantaria, no centro do qual, surge um cruzeiro sobre plataforma de três degraus, o inferior de cantaria e os superiores de alvenaria, onde assenta parte da haste vertical da cruz, com elementos decorativos entrelaçados; do segundo piso, resta a guarda plena em cantaria. A ala sul prolonga-se lateralmente à igreja, formando uma estreita Via Sacra, tendo, na parede fundeira, vestígios de uma capela de orago desconhecido, com estrutura retabular em cantaria, de planta reta e nicho em arco de volta perfeita, rematando em empena angular, com cornija, surgindo algumas pedras do antigo altar; no lado direito, surge um nicho de alfaias, parcialmente revestido a reaproveitamento de azulejo de padrão policromo. No lado esquerdo, uma dependência, provavelmente a zona de acesso à antiga tribuna do retábulo-mor, fronteira à qual surge a sacristia, completamente arruinada. Na ala nascente, duas dependências de funções desconhecidas, surgindo, na ala norte, que se prolonga para poente, uma sucessão de dependências, constituindo o De Profundis, o refeitório, a cozinha e a depensa, antecedido por uma quinta dependência, provavelmente a adega. O De Profundis tem acesso direto ao claustro, marcado por várias mísulas de cantaria, que sustentavam os bancos corridos destinados aos frades, possuindo, na parede que liga ao dormitório, uma mistura de pintura e embrechados, formando uma cartela de enrolamentos, contendo um coração, encimada por cruz latina de hastes flor-de-lisadas e base em forma de coluna, envolvida por cruz e encimada por um galo, uma alusão à Paixão de Cristo, tendo, nas hastes, o cálice, o martelo, a turquês e os cravos. Por porta de verga reta e moldura de cantaria, acede-se ao refeitório, à cozinha e à despensa, o primeiro ostentando a ministra de ligação à cozinha e duas cantareiras embutidas na espessura da parede. Na cozinha, subsiste o lavabo, junto à janela, formando uma ampla taça quadrangular, de bordo saliente, duas cantareiras embutidas no muro, uma mesa de cantaria e a chaminé, sustentada por pilar de granito, no interior da qual surge o forno. Na ala poente, o acesso à antiga Casa do Capítulo, iluminada por duas janelas e com acesso por porta em arco de volta perfeita. No segundo piso, surgem várias celas, divididas por tabique, de construção recente, com pavimento em soalho, bastante degradado, e, no extremo sul, uma sala, hoje degrada, com chaminé e lar, que constituía a Casa do Fogo. A CERCA *9 encontra-se parcialmente envolvida por muro em alvenaria de granito, formando três zonas amplas, com acessos individualizados, dois deles com porta de verga reta e o junto à igreja e terreiro, com ligação por pequeno arco de volta perfeita, encimado por um nicho em abóbada de concha, rematado por volutas. Junto à igreja, a CAPELA da Madalena, de planta retangular simples, de espaço único, com cobertura a duas águas e fachadas rebocadas, com a principal virada a nascente, em empena com cornija e cunhais de cantaria almofadada, rasgada por portal de verga recta com aro almofadado e remate em cornija. O INTERIOR tem cobertura em abóbada de berço em cantaria, possuindo um amplo nicho em arco abatido, assente em pilastras toscanas, que continha a imagem do orago, rematado por friso e cornija, onde assentam dois nichos em arco de volta perfeita com colunas toscanas e abóbada de concha, que centram um terceiro nicho de volta perfeita, sustentado por dois enrolamentos e ladeado por apainelados com florão *10. No lado direito, a CAPELA de Santo Cristo, de planta retangular simples e espaço único, com cobertura a uma água, com a fachada principal, virada a nascente, rasgada por portal em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas. INTERIOR em alvenaria de granito com nicho de volta perfeita. No lado sul, um campo amplo, onde surge um cruzeiro formado por plinto retangular e cruz latina.

Acessos

Moledo, por barco desde a Foz do Rio Minho, a partir de Caminha, ou a partir da praia de Moledo. VWGS84 (graus decimais): lat.: 41,859082; long.: -8,874590

Protecção

Incluído na Zona de Proteção do Forte da Ínsua (v. IPA.00003607)

Enquadramento

Marítimo, implantado numa pequena ilha, situado no Oceano Atlântico, a SO. da foz do Rio Minho, a cerca de 200m. da costa. A ilha possui vários afloramentos graníticos e tem acesso através de uma zona de areal, virada a nascente, a partir do qual de acede à porta do Forte da Ínsua (v. IPA.00003607). Situa-se em zona privilegiada, com vista sobre a costa espanhola e a Praia de Moledo, em território português.

Descrição Complementar

No pavimento do endonártex, surge uma sepultura com a inscrição: "PEDRO ANES BARQUEIRO QUE FOI DESTA CASA 1559". O sino da sineira tem a inscrição "Josephus Rex I jussit fieri, & donavit anno 1753".

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: João Gonçalves Nogueira (1481).

Cronologia

1392 - fundação de um oratório numa ilha no meio do Atlântico, junto à Foz do Rio Minho e a uma ermida denominada Senhora da Salva, zelada por um ermitão, pela acção do frade Observante Diogo Aires, que se manteve no local até 1399; doação do terreno por Martim Solteiro; o conjunto é dedicado a Nossa Senhora da Natividade; séc. 15 - feitura da cerca em pedra insonsa, por ordem de Frei Gualter; doação de elementos decorativos para a igreja por D. Isabel Henriques de Mendonça de Mendanha; referência à colocação de 2 órgãos pequenos na capela-mor; execução da imagem do orago; 1419, 20 março - D. João I isenta a casa que os frades possuem em Caminha do direito de pousio *11; 1436, 16 outubro - D. Duarte concede privilégios aos servidores do Convento; 1444 - a Câmara de Caminha dá a exclusividade das camboas e apanha de concha ao Convento; 1449, 19 julho - D. Afonso IV isenta de impostos os pescadores que doassem peixe aos frades; 1467, 21 fevereiro - a Câmara tenta reaver o direito ao pescado e apanha de concha; o Senhor de Caminha intervem, reservando o direito de exclusividade aos frades; 1469, 15 abril - D. Afonso IV confirma a isenção do avô; 1474 - no inventário, é referida a existência de dois cálices de prata, um deles dourado, com esmaltes e figuras lavradas no pé, e um turíbulo pequeno; 1481 - doação de um retábulo-mor, por Pedro da Cunha, que professara no local, pintado por João Gonçalves Nogueira de Lisboa, enviado por João Gonçalves o Velho, que importa em 12$000, tratando-se, provavelmente de pinturas murais, que representavam Santa Maria com o Menino, ladeada por São Francisco a receber os estigmas, Santo António e São Luís Bispo; doa, ainda, um cálice dourado e duas galhetas de prata; 1482, 29 junho e 27 julho - D. João II confirma a isenção dos seus antecessores; séc. 15, final - o convento possui 10 frades; 1471 - na qualidade de Senhores de Caminha e Vila Nova da Cerveira, a Casa de Vila Real assume o padroado do edifício; Frei Jorge de Sousa ordena a remodelação do imóvel, que tinha um piso único, colocando um novo telhado e mandando fazer mais celas, permitindo a permanência de 12 frades; instalação no local de um noviciado; 1498 - feitura de um sino; séc. 16 - o retábulo colateral do Evangelho é dedicado ao Espírito Santo e o oposto à Natividade; 1501 - doação de várias pinturas flamengas, representando a Natividade, a Adoração dos Reis Magos, a Apresentação no Templo e uma Anunciação, por D. Isabel, irmã de D. Manuel I, as quais haviam pertencido à falecida esposa do monarca, D. Isabel de Castela; 1512 - visita o convento o Governador de Ceuta e Senhor de Caminha, D. Fernando de Menezes; 1559 - sepultura na galilé do barqueiro que servia a comunidade, Pedro Anes; 1560 - o padroeiro passa a pagar 40 arratéis de carne semanais, que antes eram doados pela Câmara de Caminha; recebiam, ainda, um carneiro pelo Natal, 15 alqueires de azeite, 10 almudes de vinagre, 5 alqueires de castanhas piladas, um ceirão de figos, 80 varas de burel para os hábitos, 40 varas de peças brancas para as túnicas, 1 cruzado anual para o barbeiro e outro para quem lavasse a roupa e limpasse a casa; 1568 - a casa passa a Convento, integrando a Província Capucha de Santo António, tendo como primeiro guardião Frei Lopo de Penamacor; 1575 - dá-se a primeira ligação documentada da Ilha da Ínsua à costa Portuguesa; 1580 - ocupado pela armada galega, numa atitude de apoio à causa filipina; 1582 - ligação da ilha à costa portuguesa; 1602 - o convent é atacado por corsários Ingleses; 1649 - 1652 - construção da fortificação sob ordem de D. Diogo de Lima, Governador das Armas da Província do Minho, iniciando-se a partir daí uma difícil convivência entre os frades e a guarnição militar; 1652 - D. João IV nomeia como confessores da guarnição militar os frades, para o que pagava 1$500 anuais; 1676 - Frei Luís de Penalva ordena a construção do segundo piso do claustro, com 13 celas; 1686, 08 maio - D. Pedro II declara que a pesca é actividade exclusiva dos frades; 1694, 16 janeiro - decisão de dividir a Província de Santo António em duas; séc. 18 - existência de pintura na nave; o retábulo colateral do Evangelho passa a assumir o orago de Santa Ana e o oposto de São José; as monjas de São Bento do Porto e do Mosteiro de Santa Ana de Viana contribuíram com a dádiva de alfaias; 1705, 24 abril - nascimento da Real Província da Conceição *12, por Breve de Clemente XI, passando o imóvel a integrá-la; 1707 - reforma da zona conventual por ordem de Frei Francisco da Trindade, que manda construir a casa do capítulo e uma cela para os irmãos donatos no piso inferior, e mais três celas no superior; o mesmo manda fazer o retábulo-mor e dourá-lo; 1708 - ligação da ilha à costa portuguesa; 1717 - a comunidade manda refazer a igreja, com abóbada de cantaria, para amenizar o troar dos canhões do forte, e com coro-alto; 1745, 16 março - a casa volta à hierarquia de Convento, visto ter meios financeiros para manter doze membros; 1785, 03 novembro - D. Maria I declara que o produto das camboas pertence exclusivamente aos frades e que a lenha doada ao forte teria que ser dividida com os frades; proibia, ainda, o transporte de presos para o local, para manter o recato da comunidade; 1793 - 1795 - obras de reparação, tendo os frades abandonado provisoriamente o convento, mas regressando alguns anos depois; séc. 19 - pintura do espaldar do cadeiral; 1807 - fortaleza ocupada por forças espanholas devido à 1ª Invasão Francesa; 1834 - extinção das Ordens Religiosas, ficando o edifício na posse do Ministério da Guerra; 1894, 13 julho - cedência de alguns compartimentos no piso superior do convento, para instalação dos faroleiros; 1895 - ligação da ilha à costa portuguesa; 1920, 02 junho - os faroleiros ocupam mais quatro celas no lado norte; 17 outubro - cedência da igreja, capela e parte do primeiro piso do convento ao Ministério da Marinha; 1924 - inventário dos bens móveis, mostrando a existência de estantes para missais, quatro caldeirinhas, três delas de prata, um cálice de prata dourada, duas patenas de prata, uma delas dourada, uma âmbula para os Santos Óleos, um turíbulo, uma naveta, quatro castiçais de latão amarelo, duas galhetas usadas, um vaso de estanho para lavatório, três sacras para os altares, lanternas de folha pintadas e um hissope; 11 março - cedência dos objectos de culto ao Ministério da Marinha; 1940, 30 abril - o piso inferior do convento está alugado ao sargaceiro José Joaquim Lourenço do Paço, por 161$00; 1951 - levantamento da necessidade de obras no local; 1975 - elaboração de um orçamento para obras de vulto, pela DGEMN, orçando em 90.000$00; 1979 - elaboração de um projecto de adaptação a pousada pelos arquitectos Alberto Bessa e Cassiano Barbosa; 29 Julho - referência à mutilação da imagem de Santa Maria Madalena; 1983 - a Câmara de Caminha queixa-se que o espólio está a ser roubado; 15 junho - relatório refere que a igreja tem os retábulos vandalizados e que os azulejos haviam sido roubados; 1990 - estudo do Instituto Politécnico de Viana do Castelo sobre a localização de um Centro de Investigação Avançada das áreas marinhas da costa e Rio Minho; 1993, 20 maio - desafectação do forte da Ínsua ao IPPAR, por despacho conjunto dos Secretários de Estado das Finanças e da Cultura; interesse do Instituto Politécnico de Viana em criar uma pousada e um observatório marinho no local; transporte do espólio da Ínsua para o Museu de Caminha; 2000 - interdição do acesso do público ao interior do Forte para evitar a sua ruína; 2004 - o projecto de 1990 volta a ser tido em conta; 2005 - visita do deputado Jorge Fão, do Director Regional dos Monumentos e Edifícios do Norte e do Presidente do Instituto Politécnico de Viana, avaliando a possibilidade de instalar no local um centro de investigação marinha; 2016, 27 dezembro - o forte e o convento integram a lista de cerca de 30 imóveis a concessionar pelo Estado Português a privados, para ser convertido num projeto turístico, no âmbito do programa Revive; 2019, 08 agosto - governo lança concurso público para a concessão do forte e convento, por 50 anos, no âmbito do programa Revive.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito, parcialmente rebocada; muro da cerca em alvenaria de granito; pilares, colunas, abóbada, modinaturas, pavimentos, cantareira, mesa, lavabo da cozinha, forno, lareira em cantaria de granito; cobertura da capela-mor e pavimentos em madeira.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID-001/016-2183 e 2185, DGEMN:DSMN-001-0590/05, 0332/17, 0352/09, DGEMN:DSARH-010/061-0084, 0087, 0088 e 0097, DGEMN:DREMN-0099/08; DGARQ/TT: Monástico-conventual, OFM, Província da Conceição, Convento de Nossa Senhora da Ínsua, Livro 1; ADB: Convento de Santa Maria da Ínsua, "Documentos diversos", 2 vols., F8 e F14, Convento de Santa Maria da Ínsua, "Index das Ordinárias e Legados", F6, Convento de Santa Maria da Ínsua, "Livro dos Milagres", F7; AHM: Forte da Ínsua, 3.ª divisão, 9.ª secção, cx. 16, capilha 16, doc. 5; DIE: GEAEM, Forte de Santa Maria da Ínsua, 3662-3-37-51, s.d., Planta da Fortaleza de Nossa Senhora da Insula da barra da praça de Caminha, 3659-3-37-51, 1759, SERRA, Maximiano José, Planta da Fortaleza da Insola, 3655/I-3-37-51, 1797; BPMP: Crónica da Provincia da Conceição, 1737, FA - 69

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 18 - reforma das pinturas do retábulo colateral da Epístola; DGEMN: 1955 - colocação de portas nas entradas do Forte, para evitar que a população invadisse o recinto e danificasse o espólio; 1967 - trabalhos de restauro, com a consolidação de estruturas e feitura de telhados; 1970 / 1971 / 1972 - revisão dos telhados; reparação das caixilharias; 1987 - obras de restauro no convento, com tratamento de rebocos e pinturas, caixilharias, portadas e consolidação de elementos.

Observações

*1 - o corpo do templo estava revestido por telas, provavelmente setecentistas, acondicionadas no Museu de Caminha e aguardando restauro. *2 - O coro-alto tinha guarda em ripa, com uma estante de madeira; possuía um cadeiral de assentos fixos e braços volutados, com espaldares pintados, com motivos fitomórficos e paisagens. *3 - O endonártex possuía revestimento a azulejo de padrão, totalmente desaparecido por roubos ocorridos ao longo do séc. 20; constituía um reaproveitamento de azulejos de outro edifício, pois formava o P-999, não havendo espaço no local para formar esta padronagem, composta de 12x12 azulejos. *4 - As Imagens do sub-coro encontram-se no Museu Municipal de Caminha e representavam um Ecce-Homo e um Cristo atado à coluna. *5 - Os retábulos colaterais eram semelhantes, dispostos em ângulo, de talha dourada rococó, executados em meados do séc. 18, de planta reta e um eixo definido por quarteirões, com nicho retilíneo, na base do qual surgia um sacrário embutido, rematado por cornija; o ático era composto por acantos e concheados recortados, sobrepujados por cornija; o do lado do Evangelho era dedicado a Santa Ana e o oposto a São José; no primeiro, existia uma pintura do Pentecostes, pois o altar tivera a invocação do Espírito Santo, e a imagem do orago, de excelente qualidade, representando as duas figuras de pé, com a Virgem a olhar para um livro aberto; sobre a banqueta, existia um Crucificado, numa cruz de madeira lenhosa, datável do séc. 18; no lado oposto, várias pinturas representando a Natividade, a Adoração dos Reis Magos, a Apresentação no Templo e uma Anunciação, datadas do séc. 16 e reformadas no 18; o São José é algo tosco e desproporcionado, tendo apenas algum dinamismo nas vestes, segurando, na mão direita, uma vara florida metálica; sobre a banqueta, um Crucificado de madeira, com cruz metálica, datável do séc. 18. *6 - A imagem, ainda existente no Museu de Caminha, surge sobre uma glória de querubins e um crescente lunar, bastante longilínea, com tratamento de pregueados algo anacrónicos, com o cabelo solto e anelado, mas com um tratamento de carnações que pronunciam o Barroco que se avizinhava. *7 - O retábulo-mor era de corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas salomónicas, as centrais prolongando-se em arquivolta, constituindo o ático, assentes em consolas; ao centro, trono expositivo, com baldaquino; os eixos laterais, possuíam duas mísulas com imaginária, tendo o fundo pintado com motivos florais; no trono, integrava-se a pequena imagem do orago do templo, Nossa Senhora da Ínsua, Santa Maria da Boa Viagem, nome que lhe era dado pelos mareantes, ou Nossa Senhora da Salva, invocação originada pelo facto de todas as embarcações a salvarem com tiros de artilharia quando passavam pelo local; é de expressão tardo-gótica, com os drapeados a evoluírem nos típicos pregueados triangulares, de face ovalada e olhos amendoados, reconhecendo-se, como posterior o estofado das vestes e o Menino, apesar de possuir um tratamento anacrónico, revelando que terá sido executado segundo o modelo primitivo, com claras preocupações de não criar demasiadas dissonâncias estéticas na imagem, resolução notável, tomada em meados do séc. 18; a imagem é alvo de um intenso culto, sendo transportada, em época de festividades, para a Igreja de Vila Praia de Âncora, revelando a forte devoção que lhe prestam as comunidades piscatórias de uma ampla zona costeira; encontrava-se ladeada pelas imagens de São Francisco e Santo António, executadas no séc. 18, surgindo a figura de São Francisco de mãos cruzadas, a sustentar um Crucificado, possuindo resplendor, enquanto Santo António segura, na mão esquerda, um livro fechado, encimado pelo Menino, de pé e nu, sustentando um globo. *8 - No claustro existiam quadros com os Passos da Via Sacra e uma sepultura com inscrição, pertencente a frei Domingos de São Julião. *9 - A cerca tinha árvores de fruto, uma vinha, que dava um almude de vinho, figueiras, pessegueiros, um deles junto à Capela de Santa Maria Madalena, e amoreiras; após a construção da fortaleza só ficou com hortas; possuía duas fontes, uma delas salobra, pois era cheia pela água do mar, durante as marés cheias; a segunda, de água doce, tinha acesso por escadas de pedra, a primeira com 11 degraus, a que se seguia um lanço com 6, tudo coberto em abóbada, que subsiste atulhada. *10 - a Capela da Madalena tinha as imagens, em nichos, de São João Baptista, São Bento e São Pedro de Alcântara, em pedra, arrecadados no Museu de Caminha. *11 - A necessidade dos frades se deslocarem a Caminha frequentemente, leva à obtenção de uma casa junto à Igreja Matriz, pensando-se que se situaria na Rua da Ribeira. *12 - Faziam parte da Província os seguintes Conventos: Santa Maria de Mosteiró (v. IPA.00002271), Santa Maria da Ínsua, São Francisco de Viana (v. IPA.00003492), Santo António de Ponte de Lima (v. IPA.00006903), Santo António de Viana (v. IPA.00006821) Santo António de Caminha (v. IPA.00009629), São Bento de Arcos de Valdevez (v. IPA.00009627), São Bento e Nossa Senhora da Glória de Monção (v. IPA.00009625), Nossa Senhora da Conceição de Melgaço (v. IPA.00009628), Santo António do Porto (v. IPA.00005418), São Francisco de Lamego (v. IPA.00012943), São Francisco de Orgens (v. IPA.00007063), São Francisco de Moncorvo (v. IPA.00027424), São Francisco de Vila Real (v. IPA.00019861), Santo António de Serém (v. IPA.00025090), Santo António de Viseu (v. IPA.00027659), Santo António de Viana, Santo António de Vila Cova de Alva (v. IPA.00010878), Santo António de Pinhel (v. IPA.00003818), São José de São Pedro do Sul (v. IPA.00002461), Convento do Senhor da Fraga (v. IPA.00013728), Colégio de Santo António de Coimbra (v. IPA.00000991 e IPA.00017559) e o desaparecido Hospício de Lisboa.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2009

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