Convento de São João de Cabanas

IPA.00003571
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, Afife
 
Mosteiro beneditino de fundação bastante antiga, mas com feição actual maneirista devido às obras do séc. 17. De pequenas dimensões e planimetria irregular, é constituído por igreja de planta longitudinal e nave única, uma torre sineira e dependências conventuais com pequeno claustro. Predominam as linhas sóbrias, características do Maneirismo. Alguma da talha dos altares é já barroca e o da capela-mor, deve já datar de fins do Séc. 19.
Número IPA Antigo: PT011609010034
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Planta composta por igreja longitudinal com torre sineira quadrangular, capela-mor rectangular e dependências conventuais de planta quadrangular, adossadas em ângulo recto a S. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, em telhados de 2 e 4 águas. Igreja com frontespício enquadrado por pilastras, rasgado por portal de verga recta, encimado por frontão interrompido e que, através de enrolamentos vegetais, se liga a nicho, decorado com volutas e enrolamentos, com abóbada de concha e imagem de São João; é enquadrado por 2 janelas, as quais existem 2 cartelas ovais. Sobre a cornija, frontão contracurvado, com brasão no tímpano e ladeado por pináculos. Torre sineira, adossada a N. e um pouco recuada também com cunhais de cantaria e com cobertura cónica enquadrada por pináculos. Interior de uma só nave, com abóbada de berço sobre cornija saliente; coro-alto, 4 altares colaterais, com retábulos de talha, separados por teia de balaústres e púlpitos quadrangulares sobre mísulas e encimados por janelas, 2 altares laterais com retábulos de talha. Arco triunfal de volta perfeita, sobre dupla cornija e capela-mor com retábulo de talha polícroma e abóbada de berço. Das dependências conventuais destaca-se o claustro, de reduzidas dimensões, de dois pisos, separados por friso, tendo no primeiro arcada de arcos de volta perfeita, sobre colunas toscanas, e o segundo fechado, com janelas envidraçadas, separadas por colunelos de cantaria. No centro da quadra, existe fonte centralizada, com grupo escultórico e tanque decorado exteriormente por volutões. A sacristia tem as paredes revestidas a azulejos de figura avulsa e cobertura em falsa abóbada de berço abatido.

Acessos

Afife, Caminho de Cabanas. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,773284; long.: -8,847000

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de dezembro 1997 *1

Enquadramento

Rural, implantação harmónica. Implanta-se numa quebrada da encosta, junto à margem direita do Rio Afife e integrado na Quinta de Cabanas; tem fronteiro cruzeiro e nas proximidades vários moinhos. Junto ao muro alto que fecha o pátio do frontespício, ergue-se velha magnólia de largas tradições.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Joaquim José de Sampaio (1779).

Cronologia

570 - edificação por S. Martinho de Dume, segundo Pinho Leal; 746 - destruído pelos árabes e logo reedificado; 1382 - na posse de comendatários, mas logo passou a ser dos frades beneditinos com a condição de pagarem aos frades "cartuchos" de Nossa Senhora do Vale, de Lisboa, certa pensão que o Rei lhe impôs; chegou a ter 75 religiosos; 1574 - o mosteiro pertence ao padroado real; 1779, 20 agosto - feitura de tribuna e seis castiçais por Joaquim José de Sampaio, por 240$000; 1830, 30 Março - documento indicando que a entrada do mosteiro que ia dar à portaria tinha de comprimento, de E. a O., 12 varas e de largura, de N. a S., 2 varas e 7 palmos, dispondo de três castanheiros do lado S.; a cerca era constituída por um "pomarzinho", a E., com 9 varas menos 1 palmo de comprimento, de N. a S., e 20 varas menos 1 palmo de largura, de E. a O., tendo 6 laranjeiras, 2 limoeiros e algumas árvores de fruto; tinha uma casa que servia de estribaria, vindo da portaria para o O., uma que servia de palheiro para N., uma que servia de cozinha, também para N., uma horta e pomar na parte S. da horta e da igreja, várias devesas e um moinho; 1834 - extinção das ordens religiosas, passando a propriedade e edifício para a posse da Fazenda Nacional; tinha então apenas o abade e dois monges; 30 Março - Inventário dos bens móveis e imóveis do mosteiro, estando presente o Abade Frei Francisco de Santa Justina Lingoa; o Inventário refere ter-se poupado o seu retábulo, dourado e pintado à moderna, com uma banqueta de 6 castiçais e com crucifixo de pau dourado e um outro crucifixo maior na boca do camarim; no lado esquerdo tinha a imagem de São João com resplendor de folha e no oposto a de São Bento, também com resplendor de folha; os retábulos colaterais eram dourados e pintados, o do Evangelho tinha a imagem da Senhora da Guia com o Menino, com coroa de folha, e em frente um crucifixo de pau, pequeno, e o da Epístola tinha no meio a imagem de São João Baptista, com 4 palmos de altura; a igreja possuía dois outros retábulos colaterais, também dourados e pintados, o do Evangelho, com imagem de Santo Amaro, com resplendor de folha, e o da Epístola com Nossa Senhora do Pilar com Menino e coroa de folha; no corpo da igreja existia uma grade de madeira fechada a chave; no coro, que tinha a grade encimada por um oratório de madeira dourada e pintada com um registo dentro, existia um missal e um breviário velhos, 2 castiçais de latão de madeira dourada e pintada 1 mesa dourada e pintada, 1 par de galhetas e prato e 1 banco de madeira comprido; na portaria existia uma sineta; 23 Outubro - a igreja do mosteiro foi avaliada em 372$000; o edifício e Sorva (?) e 2 pequenos sinos, já quebrados, foram avaliados em 220$000; a cerca do mosteiro, murada, constava de terras de lavradio, matos, devesa, árvores, espinho e outros frutos, confrontando a E. e a S. com caminhos, a N. com o rio e a O. com caminho; a mata de pinheiros e carvalhos ficava a N. do mosteiro, de N. a S., e da parte do E. e S. confrontava com caminhos públicos; 1838, 04 julho - Tomás Alves Conceição, da freguesia de Afife, pretendia arrematar as propriedades do mosteiro, bem como as casas e campos de comenda de Santa Cristina de Afife; as propriedades eram compostas por uma mata, um campo chamado Ratia, uma pequena devesa, uma bouça de mato, a cerca do mosteiro, uma camboa e um souto de castanheiros; acabou por ser vendido em hasta pública ao Gen. Luís do Rego, Visconde do Geraz de Lima; por sua morte, o mosteiro passou para a filha, D. Maria Emília Rêgo e por morte desta, ficou para o seu segundo marido, Dr. Tomáz de Aquino Martins da Cruz que, depois de viúvo, casou com D. Januária do Nascimento da Cunha e Silva, natural de Penafiel; 1897, 15 março - esta vendeu ao Conselheiro Dr. Adolfo da Cunha Pimentel Homem de Vasconcelos, antigo Governador Civil do Porto, e sua esposa, D. Maria Cardina da Fonseca e Gouveia da Cunha Lima Pimentel, os quais fizeram importantes obras de restauro e construíram os muros; posteriormente transitou para a filha, que o voltou a vender; séc. 20 - aqui viveu o poeta Pedro Homem de Mello; 1984, abril - Despacho do Secretário de Estado da Cultura determinando a classificação do mosteiro como Imóvel de Interesse Público; 1992 - obras de restauro na Igreja, pelo prorpietário, Elisabete Wiliams Fleming; 2019, março - compra do convento pela atual proprietário; 2022 - obras de recuperação e adaptação a alojamento turístico, sala de refeições e espaço de artes, com projeto do arquiteto Fernando Cerqueira Barros, investimento de cerca de um milhão de euros; abertura do "Café Cabanas" numa das várias estruturas do convento; 2023 - obras de reabilitação do património integrado, nomeadamente dos azulejos, retábulos de talha da igreja, retábulo da sacristia, janela e sepultura, por técnicos da Clínica de Conservação e Restauro da Universidade Portucalense (UPT).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; pilastras, frisos e cornijas, molduras dos vãos, colunas e outros elementos em cantaria de granito; retábulos de talha; pavimento de lajes e de madeira; cobertura em telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; CARDONA, Paula Cristina Machado, A actividade mecenática das confrarias nas Matrizes do Vale do Lima nos séc. XVII a XIX, Tese de Doutoramento, vol. 3, Porto (Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património), 2004; FARIA, Horácio, O Mosteiro de S.João de Cabanas e o Moinho da devesa no Sec. XVIII in Cadernos Vianenses, vol. 13, Viana do Castelo, 1989, p. 15 - 28; FERNANDES, Ana Peixoto - «Cantora suiça recupera convento de poeta em Afife». In Jornal de Notícias. 11 agosto 2022; RAMOS, Ilídio Eurico Gomes, Monumentos e Solares de Viana. Quinta do Mosteiro de Cabanas em Afife. Capela de S. Bernardo em Viana in Vianense, Viana do Castelo, 5 Out. 1984; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

IAN: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Conventos extintos: Mosteiro de S. João. Ordem de S. Bento Cabanas, Cx. 2203, capilha 1

Intervenção Realizada

Observações

*1 - DOF: Convento de São João de Cabanas, incluindo a sua mata e os terrenos circundantes. Segundo a tradição, antes da fundação do mosteiro existia no local uma ermida, com algumas cabanas, covas ou grutas na serra ao redor, onde viviam os frades que S. Martinho congregou e aos quais deu a Regra de São Bento, daí se ter tomado o nome para o mosteiro.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / 1996

Actualização

 
 
 
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