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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro masculino Ordem de São Bento - Beneditinos
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Descrição
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Planta composta por igreja longitudinal com torre sineira quadrangular, capela-mor rectangular e dependências conventuais de planta quadrangular, adossadas em ângulo recto a S. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, em telhados de 2 e 4 águas. Igreja com frontespício enquadrado por pilastras, rasgado por portal de verga recta, encimado por frontão interrompido e que, através de enrolamentos vegetais, se liga a nicho, decorado com volutas e enrolamentos, com abóbada de concha e imagem de São João; é enquadrado por 2 janelas, as quais existem 2 cartelas ovais. Sobre a cornija, frontão contracurvado, com brasão no tímpano e ladeado por pináculos. Torre sineira, adossada a N. e um pouco recuada também com cunhais de cantaria e com cobertura cónica enquadrada por pináculos. Interior de uma só nave, com abóbada de berço sobre cornija saliente; coro-alto, 4 altares colaterais, com retábulos de talha, separados por teia de balaústres e púlpitos quadrangulares sobre mísulas e encimados por janelas, 2 altares laterais com retábulos de talha. Arco triunfal de volta perfeita, sobre dupla cornija e capela-mor com retábulo de talha polícroma e abóbada de berço. Das dependências conventuais destaca-se o claustro, de reduzidas dimensões, de dois pisos, separados por friso, tendo no primeiro arcada de arcos de volta perfeita, sobre colunas toscanas, e o segundo fechado, com janelas envidraçadas, separadas por colunelos de cantaria. No centro da quadra, existe fonte centralizada, com grupo escultórico e tanque decorado exteriormente por volutões. A sacristia tem as paredes revestidas a azulejos de figura avulsa e cobertura em falsa abóbada de berço abatido. |
Acessos
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Afife, Caminho de Cabanas. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,773284; long.: -8,847000 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 67/97, DR, 1.ª série-B, n.º 301 de dezembro 1997 *1 |
Enquadramento
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Rural, implantação harmónica. Implanta-se numa quebrada da encosta, junto à margem direita do Rio Afife e integrado na Quinta de Cabanas; tem fronteiro cruzeiro e nas proximidades vários moinhos. Junto ao muro alto que fecha o pátio do frontespício, ergue-se velha magnólia de largas tradições. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro masculino |
Utilização Actual
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Residencial: casa |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 13 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENTALHADOR: Joaquim José de Sampaio (1779). |
Cronologia
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570 - edificação por S. Martinho de Dume, segundo Pinho Leal; 746 - destruído pelos árabes e logo reedificado; 1382 - na posse de comendatários, mas logo passou a ser dos frades beneditinos com a condição de pagarem aos frades "cartuchos" de Nossa Senhora do Vale, de Lisboa, certa pensão que o Rei lhe impôs; chegou a ter 75 religiosos; 1574 - o mosteiro pertence ao padroado real; 1779, 20 agosto - feitura de tribuna e seis castiçais por Joaquim José de Sampaio, por 240$000; 1830, 30 Março - documento indicando que a entrada do mosteiro que ia dar à portaria tinha de comprimento, de E. a O., 12 varas e de largura, de N. a S., 2 varas e 7 palmos, dispondo de três castanheiros do lado S.; a cerca era constituída por um "pomarzinho", a E., com 9 varas menos 1 palmo de comprimento, de N. a S., e 20 varas menos 1 palmo de largura, de E. a O., tendo 6 laranjeiras, 2 limoeiros e algumas árvores de fruto; tinha uma casa que servia de estribaria, vindo da portaria para o O., uma que servia de palheiro para N., uma que servia de cozinha, também para N., uma horta e pomar na parte S. da horta e da igreja, várias devesas e um moinho; 1834 - extinção das ordens religiosas, passando a propriedade e edifício para a posse da Fazenda Nacional; tinha então apenas o abade e dois monges; 30 Março - Inventário dos bens móveis e imóveis do mosteiro, estando presente o Abade Frei Francisco de Santa Justina Lingoa; o Inventário refere ter-se poupado o seu retábulo, dourado e pintado à moderna, com uma banqueta de 6 castiçais e com crucifixo de pau dourado e um outro crucifixo maior na boca do camarim; no lado esquerdo tinha a imagem de São João com resplendor de folha e no oposto a de São Bento, também com resplendor de folha; os retábulos colaterais eram dourados e pintados, o do Evangelho tinha a imagem da Senhora da Guia com o Menino, com coroa de folha, e em frente um crucifixo de pau, pequeno, e o da Epístola tinha no meio a imagem de São João Baptista, com 4 palmos de altura; a igreja possuía dois outros retábulos colaterais, também dourados e pintados, o do Evangelho, com imagem de Santo Amaro, com resplendor de folha, e o da Epístola com Nossa Senhora do Pilar com Menino e coroa de folha; no corpo da igreja existia uma grade de madeira fechada a chave; no coro, que tinha a grade encimada por um oratório de madeira dourada e pintada com um registo dentro, existia um missal e um breviário velhos, 2 castiçais de latão de madeira dourada e pintada 1 mesa dourada e pintada, 1 par de galhetas e prato e 1 banco de madeira comprido; na portaria existia uma sineta; 23 Outubro - a igreja do mosteiro foi avaliada em 372$000; o edifício e Sorva (?) e 2 pequenos sinos, já quebrados, foram avaliados em 220$000; a cerca do mosteiro, murada, constava de terras de lavradio, matos, devesa, árvores, espinho e outros frutos, confrontando a E. e a S. com caminhos, a N. com o rio e a O. com caminho; a mata de pinheiros e carvalhos ficava a N. do mosteiro, de N. a S., e da parte do E. e S. confrontava com caminhos públicos; 1838, 04 julho - Tomás Alves Conceição, da freguesia de Afife, pretendia arrematar as propriedades do mosteiro, bem como as casas e campos de comenda de Santa Cristina de Afife; as propriedades eram compostas por uma mata, um campo chamado Ratia, uma pequena devesa, uma bouça de mato, a cerca do mosteiro, uma camboa e um souto de castanheiros; acabou por ser vendido em hasta pública ao Gen. Luís do Rego, Visconde do Geraz de Lima; por sua morte, o mosteiro passou para a filha, D. Maria Emília Rêgo e por morte desta, ficou para o seu segundo marido, Dr. Tomáz de Aquino Martins da Cruz que, depois de viúvo, casou com D. Januária do Nascimento da Cunha e Silva, natural de Penafiel; 1897, 15 março - esta vendeu ao Conselheiro Dr. Adolfo da Cunha Pimentel Homem de Vasconcelos, antigo Governador Civil do Porto, e sua esposa, D. Maria Cardina da Fonseca e Gouveia da Cunha Lima Pimentel, os quais fizeram importantes obras de restauro e construíram os muros; posteriormente transitou para a filha, que o voltou a vender; séc. 20 - aqui viveu o poeta Pedro Homem de Mello; 1984, abril - Despacho do Secretário de Estado da Cultura determinando a classificação do mosteiro como Imóvel de Interesse Público; 1992 - obras de restauro na Igreja, pelo prorpietário, Elisabete Wiliams Fleming; 2019, março - compra do convento pela atual proprietário; 2022 - obras de recuperação e adaptação a alojamento turístico, sala de refeições e espaço de artes, com projeto do arquiteto Fernando Cerqueira Barros, investimento de cerca de um milhão de euros; abertura do "Café Cabanas" numa das várias estruturas do convento; 2023 - obras de reabilitação do património integrado, nomeadamente dos azulejos, retábulos de talha da igreja, retábulo da sacristia, janela e sepultura, por técnicos da Clínica de Conservação e Restauro da Universidade Portucalense (UPT). |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura de alvenaria rebocada e pintada; pilastras, frisos e cornijas, molduras dos vãos, colunas e outros elementos em cantaria de granito; retábulos de talha; pavimento de lajes e de madeira; cobertura em telha. |
Bibliografia
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ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; CARDONA, Paula Cristina Machado, A actividade mecenática das confrarias nas Matrizes do Vale do Lima nos séc. XVII a XIX, Tese de Doutoramento, vol. 3, Porto (Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património), 2004; FARIA, Horácio, O Mosteiro de S.João de Cabanas e o Moinho da devesa no Sec. XVIII in Cadernos Vianenses, vol. 13, Viana do Castelo, 1989, p. 15 - 28; FERNANDES, Ana Peixoto - «Cantora suiça recupera convento de poeta em Afife». In Jornal de Notícias. 11 agosto 2022; RAMOS, Ilídio Eurico Gomes, Monumentos e Solares de Viana. Quinta do Mosteiro de Cabanas em Afife. Capela de S. Bernardo em Viana in Vianense, Viana do Castelo, 5 Out. 1984; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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IAN: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Conventos extintos: Mosteiro de S. João. Ordem de S. Bento Cabanas, Cx. 2203, capilha 1 |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - DOF: Convento de São João de Cabanas, incluindo a sua mata e os terrenos circundantes. Segundo a tradição, antes da fundação do mosteiro existia no local uma ermida, com algumas cabanas, covas ou grutas na serra ao redor, onde viviam os frades que S. Martinho congregou e aos quais deu a Regra de São Bento, daí se ter tomado o nome para o mosteiro. |
Autor e Data
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Paula Noé 1992 / 1996 |
Actualização
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