Castelo de Idanha-a-Nova

IPA.00035643
Portugal, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, União das freguesias de Idanha-a-Nova e Alcafozes
 
Castelo provavelmente construído no início do séc. 13, pela Ordem do Templo, integrado na defesa da Beira interior, reformado no séc. 15, perdendo depois importância estratégica, o que leva à sua ruína, subsistindo apenas a zona principal do recinto, de planta ovalada, com algumas fiadas dos paramentos aprumados da muralha, adaptadas à morfologia do terreno, hoje convertido em miradouro. No início do séc. 16, encontrava-se em bom estado e era composto por castelo e barbacã completa, integrando a norte a igreja paroquial, acedida pela liça. Os paramentos eram aprumados e terminados em parapeitos ameados. A barbacã, possivelmente do séc. 15, era de pedra e barro, tinha a poente uma torre cadeia e sudeste a porta flanqueada por torre retangular e um cubelo curvo, ambos com troneiras. O castelo, com as muralhas em "canto lavrado", era seccionado a norte por muro, criando um "apartado", e tinha duas portas, a principal formando L com a porta da barbacã e a outra no lado oposto, acedendo ao "apartado". A porta principal era flanqueada por duas torres, uma delas, poligonal, com alambor bastante pronunciado, albergando cisterna, adossando-se na face interna uma nova casa para mantimentos e armaria sobre loja, com portal encimado pelas armas do rei. No interior do recinto erguia-se a torre de menagem, de cantaria, ameada, com portal pequeno sobrelevado, interiormente com dois sobrados, sendo acedida por escada a partir da casa do comendador, desenvolvida à sua volta e adossada à muralha, composta por sala, câmaras, cozinha, despensa e alpendre fechado. Do outro lado do muro, dispunham-se dependências de apoio (celeiro, estrebaria, pardieiro, casa do forno etc). Em ambas as faces mais compridas da muralha existiam escadas de acesso ao adarve. No início do séc. 17 a casa do comendador já estava meio desbaratada e a barbacã ainda em pior estado, pois algumas zonas estavam desmoronadas até aos alicerces. A situação foi-se agravando, ao ponto de, em 1758, se referir que dos muros de outrora, "conserva algum pela parte do nascente e poente" e tinha castelo e torre meia caída. Atualmente a zona menor do recinto ou o "apartado" e o traçado da barbacã só é parcialmente percetível no terreno.
 
Registo visualizado 505 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Planta ovalada irregular, com paramentos aprumados em cantaria de granito, conservando apenas algumas das fiadas inferiores, adaptadas à morfologia do terreno, as quais são sobrepostas por muro em alvenaria de pedra, sensivelmente recuado, formando a guarda do miradouro. O paramento no ângulo noroeste apresenta-se bastante irregular. No topo da rampa e escada de acesso, existe atualmente escada de pedra adossada à muralha, com guarda em ferro, para aceder ao interior do recinto. Este foi completamente nivelado, não conservando vestígios das antigas torres ou construções, sendo circundado por faixa em lajes de cantaria. Entre a frente norte e a Igreja Paroquial existem vestígios da secção menor do recinto e, possivelmente, de parte da barbacã.

Acessos

Idanha-a-Nova, Largo da Igreja. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,919917; long.: -7,236646

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, no cimo de um outeiro com cerca de 340 m de altitude, sobre a margem direita do rio Pônsul, sobranceiro à povoação. Ergue-se adaptado ao declive do terreno, assente sobre afloramentos rochosos, de relevo escarpado, existindo atualmente escada e calçada ao longo da encosta da frente poente para acesso ao topo do castelo, delimitadas por guarda tubular em ferro. O antigo recinto foi aplanado e adaptado a miradouro, pavimentado a gravilha e terra, erguendo-se, sensivelmente ao centro, o Cruzeiro dos Centenários de Idanha-a-Nova (v. IPA.00030370). Do castelo vislumbra-se vasta zona da Campina da Idanha, Monsanto e Castelo Branco e, para nascente, a fronteira com Espanha. Em cota mais baixa, ergue-se, a noroeste, a Igreja Paroquial de Idanha-a-Nova (v. IPA.00002470) e, a nascente, o Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Idanha-a-Nova Nova (v. IPA.00002486). No largo da Igreja Paroquial implanta-se a Torre do Relógio quinhentista (v. IPA.00006757).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 15 (conjetural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1201 - concessão de foral a Idanha-a-Nova por D. Sancho I tendo em vista o seu povoamento; 1206, 23 janeiro - D. Sancho I confirma a doação de Idanha-a-Velha (Egitânia) à Ordem do Templo, feita por seu pai e, simultaneamente, doa também à mesma Ordem a vila de Egitânia Nova, ou seja, Idanha-a-Nova, "a qual eu povoei, com todos os seus termos novos e velhos", sendo seu mestre D. Fernando Dias "(...) Quandan Villam, quae vocatur Egitania Nova, quam ego populavi cum suis terminis novis et veteribus (...); 1218 - Afonso II confirma ao mestre e a todos os irmãos da milícia do Templo, em honra a Deus e para remissão dos seus pecados, das vilas chamadas Egitânia, a saber a Velha e a Nova, com seus termos novos e velhos, conforme seu pai lhes havia doado "(...) Ego (...) Portugaliae Rex (...) concedo et confirmo vobis ... illas supradictas villas que vocantur Egitanies Vetus et Nova (...)"; no foral concedido a Proença-a-Velha neste ano, refere-se os foros e costumes de Idanha-a-Nova; séc. 13 - época provável da construção do castelo pela Ordem do Templo; 1307, 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; pouco depois, pelas letras "Deus ultiorum dominus", dirigidas ao arcebispo de Braga e bispo do Porto, nomeia-os como administradores dos bens templários em Portugal; D. Dinis empreende uma série de medidas, internas e externas, para evitar que os bens dos Templários em Portugal integrassem o património da Ordem do Hospital; assim, ordena que seja tirada inquirição sobre o património da Ordem e exige a apresentação de documentos da posse de algumas terras, nomeadamente as de Idanha-a-Velha e Salvaterra do Extremo e respetivos termos; os Templários defendem-se dizendo que tal procedimento nunca fora necessário, mas o rei impõe um prazo de nove meses para cumprirem a determinação, acabando a Ordem por não conseguir demonstrar a posse das terras; 1310, 19 janeiro - sentença a favor do rei pela qual voltam para a coroa as vilas de Idanha-a-Velha e Salvaterra do Extremo e "porque achamos outrosi pera emquiriçom que o Rosmaninham e Segura e Proença eram termos das ditas vilas", fica determinado que também essas povoações pertencem ao rei; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 02 maio - bula "Ad Provirem" concede aos soberanos a posse interina dos bens da Ordem do Templo, até o conselho decidir o que fazer com eles; 1318 - D. Dinis faz doação ao 1.º Grão Mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins, "...na Beyra, Eydanha a Velha e Eydanha a Nova e Segura e Salvaterra e Porença e o Rosmarinha"; quanto a Idanha-a-Nova refere tê-la povoado "quam ego populavi (...)"; 1319, 14 março - bula "Ad ea ex quibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo: "outorgamos e doamos e ajuntamos e encorporamos e anexamos para todo o sempre, à dita Ordem de Jesus Cristo (...), Castelo Branco, Longroiva, Tomar, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e todos os outros bens, móveis e de raiz"; 20 novembro - documento do primeiro mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins regista as doações feitas por D. Dinis nas quais se inclui, na região da Beira, Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova, Segura, Salvaterra, Proença e Rosmaninhal, "as quaes vilas e logares el avia vençudos per sentença da ordem que foy do Templo e que tragia a ssa mão e a saa posse"; 1321, 11 junho - divisão em 38 comendas da Ordem de Cristo dos antigos bens pertencentes aos Templários, uma das quais é Proença; séc. 15 - época provável da construção da barbacã com troneiras nas torres que flanqueavam a porta; 1505, 12 novembro - data da visitação e elaboração do Tombo dos bens pertencentes à comenda de Idanha-a-Nova, da Ordem de Cristo, onde se faz descrição detalhada do castelo *1; 1509, cerca - representação do castelo por Duarte de Armas *2; 1537 - a vila tem 800 habitantes e 200 fogos, sendo comendador D. João Manuel; 1510, 01 Junho - D. Manuel, reconhecendo o progresso de Idanha-a-Nova, concede-lhe Foral Novo, com aplicação de esfera armilar no brasão da vila; 1602, 14 novembro - ampliação e reconstrução da igreja paroquial, para o que terá sido demolida a barbacã; 1606 - elaboração de um outro Tombo da comenda, onde se descreve o castelo *3; 1618, 12 março - elaboração do Tombo dos bens da comenda de Idanha-a-Nova, sendo comendador e alcaide-mor D. Pedro da Alcáçova Carneiro *4; nesta data a barbacã já está "desbaratado e não tem mais que o alicerce em alguas partes"; 09 abril - auto de posse do castelo e alcaidaria-mor por Francisco Trancoso, procurador de D. Pedro de Alcáçova Carneiro; séc. 17 - durante as Guerras da Restauração, o general D. Sancho Manuel, conde de Vila Flor, em vigilância de fronteiras ao norte do Tejo, acha boa estratégia vigiar a zona raiana entre os rios Erges, Pônsul e o Tejo, estabelecendo quartel general em Idanha-a-Nova; 1704, maio - no contexto da Guerra de Sucessão de Espanha, a praça é tomado pelas tropas franco-espanholas comandadas pelo marechal de França, James Fitz-James, 1.º duque de Berwich; 1705, maio - o conde de Minas, governador das Armas da Beira, recupera os territórios de Salvaterra, Segura, Monsanto, Idanha, Castelo Branco e Ródão; 1755, 01 novembro - não padece ruína no terramoto; 1758, 04 maio - segundo as Memórias Paroquiais, a freguesia pertence ao bispado da Guarda, comarca de Castelo Branco e pertence ao rei; tem 551 vizinhos e 1743 pessoas de ambos os sexos; informa que antigamente teve alguma quantidade de muro e ainda conserva algum pela parte do nascente e poente, tem castelo e torre meia caída; 1837 - extinção da comenda de Idanha-a-Nova; séc. 19, finais - séc. 20, início - construção de uma escola primária no cimo do castelo e de uma rampa de acesso ao longo da face poente da encosta; 1930, cerca - demolição do edifício da escola primária existente no cimo do castelo; 1940, 22 outubro - despacho do Ministério das Finanças autoriza o padre Joaquim Pedro Goulão, a título precário, a construir o Cruzeiro dos Centenários no cimo do castelo, com a obrigação de removê-lo se houver inconveniente; 1979, 16 abril - carta da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova a informar a Direção-Regional dos Edifícios e Monumentos do Centro que, "tendo ruído com as chuvadas da recente invernia, parte do paredão que resta ainda do antigo Castelo de Gualdim Pais", solicitava que fossem tomadas urgentes "providências no sentido da possível reparação e reconstrução daquele paredão, pois a continuar o desmoronamento perder-se-á o que resta e haverá perigo de soterramento do histórico edifício da Misericórdia local"; 1955, abril - proposta de classificação do imóvel como Imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de granito.

Bibliografia

ARMAS, Duarte de - Livro das Fortalezas. Fac-simile do MS. 159 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa: Patrocínio da Academia Portuguesa de História; edições Inapa, 1997; BARROCA, Mário Jorge - «Aspectos da Evolução da Arquitectura Militar da Beira Interior». In Beira Interior - História e Património. Guarda: 2000, pp. 215-238 (https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/55798/2/MJBarrocaarquitectmilitar000126965.pdf); «Castelo de Idanha-a-Nova». In Portal do Arqueólogo (http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios.resultados&subsid=56867), [consultado em 13 setembro 2016]; CRESPO, Firmino - A vila de Idanha-a-Nova - Monografia Descritiva e Histórica, Lisboa: Oficina Gráfica, Lda, 1985; FERNANDES, Maria Cristina Ribeiro de Sousa - A Ordem do Templo em Portugal (das origens à extinção). Dissertação de Doutoramento apresentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto: texto policopiado, 2009; HORMIGO, José Joaquim M. - Idanha-a-Nova e seus termos nos séculos XVI e XVIII (Documentos). Edição do autor, 1980; HORMIGO, José Joaquim M. - Visitações da Ordem de Cristo em 1505 e 1537. Amadora: 1981; GONÇALVES, Iria (organização) - Tombos da Ordem de Cristo. Comendas Sul do Tejo. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2009, vol. 5; GONÇALVES, Luís Jorge Rodrigues - Os castelos da Beira Interior na defesa de Portugal (séc. XII - XVI). Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa. Lisboa: texto policopiado, 1995; MEIRELES, Maria João Lopes Dias Leão de - A Reabilitação como processo de desenvolvimento local (Idanha a Nova). Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Reabilitação da Arquitectura e Núcleos Urbanos apresentada na Universidade Técnica de Lisboa Faculdade de Arquitectura. Lisboa, policopiado, 2001; VAZÃO, Isabel Cecília Pina Bicho, VAZÃO, Diamantino Pastilha, LOURENÇO, Padre Adelino Américo - Idanha-a-Nova e seus encantos. Idanha-a-Nova: Fábrica da Igreja Paroquial da freguesia de Idanha-a-Nova, 1999.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMC; CMIAN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; CMIAN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH-010/116-0060); CMIAN; DGLAB: Memórias Paroquiais, vol. 18, n.º (J) 5, fl. 39 a 44; BN: Tombo da Comenda de Idanha a Nova, de q he comendador Alcaide môr Dom Pedro d'alcaçova carneiro. Manuscrito, 1618

Intervenção Realizada

1970, década - aquando da derrocada de um troço da muralha, são recolhidos vários fragmentos de cerâmica de cronologia diversa, nomeadamente do Bronze Final e da Idade Moderna, entre os quais Raquel Vilaça identifica um fragmento com bordo e carena e outro bordo com incisões no lábio, que atribui ao Bronze Final.

Observações

*1 - No Tombo dos bens pertencentes à comenda de Idanha-a-Nova, de 1505, faz-se a seguinte descrição do castelo: "huu castello forte que tem huua barbacãa de pedra e barro toda bem repairada com seus cubellos e nelles mujtas bonbardeiras e tem huu portal guarneçido de nouo e sem portas E logo huu muro largo todo de canto laurado e nelle huu portal muj forte de pedraria com suas portas bõoas e bem fechadas. e sobre este portal huu cubello bem obrado e forte. dentro nesta çerca estaa huu pequeno apartado de cantaria. e junto do dito apartado. huua torre de menagem alta e muy forte. toda de cantaria laurada e bem ameada. e quasi no meyo della huu portal pequeno bem feito com suas portas bõoas. e tem dois sobrados. bem madeirada de nouo e telhada de telha vãa E sobem pera esta torre per huua escaada de pedra per dentro de huuas casas que som apousentamento do comendador. junto da dicta torre da menagem tem huua salla terrea pegada na torre e muro. bem madeirada telhada de telha uãa. e tem huua janella com suas portas contra ho leuante e leua de longo sete uaras e seis de largo com seus poyaaes de pedra bem feitos de huu cabo e do outro. aalém da dita salla quais no andar do primeiro sobrado da torre contra ho sul. tem huua camera pequena sobradada bem madeira da cuberta de telha uãa. has paredes della som de huua parte ho dicto apartado. e das outras de pedra e barro cafellada de dentro. leua quatro uaras de longo e três e meya de largo. e tem huua janella contra ho ponente bem feita com suas portas nouas. junto da ficta salla tem huua casa terrea que serue de cozinha com sua cantareira d adobes. leua cinquo uaras de longo e três e meya de largo. estaa jgualmente madeirada e cuberta de telha uãa. e has suas paredes som. ho muro e torre e a dita camera. aalem da dita cozinha uay huua casa terrea has paredes de pedra e barro igualmente madeirada cuberta de telha vãa e leua quatro uaras de longo e três varas de largo. junto da dita salla e aa entrada della aa mãao seestra estaa huua casa que serue de despensa pegada no dito muro e salla. estaa bem madeirada e telhada de telha uãa e he sobradada. leua çinquo varas de longo e quatro e meya de largo. diante das ditas casas estaa huu alpendre todo çerrado. has paredes de pedra e barro. bem madeirado telhado de telha vãa. todas has sobredictas casas tem seus portaaes e portas bõoas e bem fechadas. junto da dicta porta e entrada do castello tem huua casa noua pera mantijmentos e armaria. has paredes de cantaria cafeladas de dentro e de fora a logares. oliuellada sobre has asnas de boom oliuel com huu portal bem feito e bõoas portas. leua oito uaras e meya de longo e çinquo de largo. e tem huua bõoa logea de baixo forrada de tauoado sobre ho chãao de todo bem corregida e cafellada de dentro com seu portal e portas muy bõoas e sobre ho portal has quinas d el rey. e tem duas janellas ferradas com suas portas huua ao sul e outra ao ponente. afastado huu pouco da dita torre contra ho ponente tem huua casa que serue de çeleiro e estaa mal corregida de madeira e paredes e telha. e aberta per partes com portas uelhas. leua ix varas de longo e tres de largo. E junto desta casa. outra casa pegada no muro que serue de estrebaria sem manjadoiras. has paredes de pedra e barro. sem portas. e leua seis uaras de longo e duas de largo. E pegada nella huua casa em huua coua de baixo do chãao ambas guarneçidas de nouo bem madeiradas telhadas de telha. e leua çinquo varas de longo e tres de largo: aalem do dicto apartado e junto com elle. tem huu pardieiro e aalem delle huua casa pequena pegada ao muro. que leua çinquo uaras de longo e duas de largo. d outra parte estaa huua casa pegada no dito muro que se chama ha casa do forno. e estaa bem repairada. leua de longo çinquo uaras e tres de largo. e nella huu forno grande. junto do dito apartado estaa huua figueira donegal. e junto da casa dos mantijmentos estam duas moreiras. detras das ditas casas junto da porta do muro estaa huua grande çisterna com seu bocal de pedra bem feito. e sobre ha dicta çisterna huu eirado boom e bem feito com sua capa de cal." *2 - Os desenhos de Duarte de Armas representam o castelo com planta ovalada, irregular, composta por castelo e barbacã, com muralhas ameadas. A barbacã era completa e fechava nos muros da igreja paroquial, que englobava em grande parte na liça, integrando num dos lados uma torre retangular, que servia de prisão. A porta era flanqueada por uma torre retangular e um cubelo curvo, ambos com troneiras. O castelo tinha muralha com 10 varas de altura e 2 varas e 2 palmos de grossura, era dividido por muro num dos lados, criando o que o Tombo designa de "apartado", e tinha duas portas, a principal próximo da porta da barbacã e a outra no lado oposto, acedendo ao "apartado". Junto à porta principal erguia-se torre poligonal, com forte alambor e 12 varas de altura, tendo interiormente uma cisterna, com 6 varas de vão e água muito boa, adossando-se na face interna uma casa sobradada com escada. No interior do recinto, erguia-se torre de menagem, com 7 varas e meia por 6 varas, 13 varas de altura e 1 vara e meia de grossura, terminando em parapeito ameado. Envolvia a torre as várias dependências dos aposentos do comendador, no interior do qual havia escada de acesso à torre. Do outro lado do muro dispunham-se outras dependências de apoio. O aglomerado urbano implantava-se afastado das muralhas e parecia estar dividido por casais, tendo na praça principal o pelourinho. *3 - No Tombo de 1606 faz-se a seguinte descrição do castelo: "o dito castelo medindo-se o vão delle pela parte de dentro desde a muralha da porta direita ao fim da plataforma das pessas tem quarenta e nove varas e meya de largo e medindo-se por diante da escada da Torre e que hoje serve de armazém que he de quatro quinas tem desouto varas e meya afora a muralha a qual tem de largo em redondo tres varas e meya e outro sim tem mais o ditto castelo dentro em si huns aposentos das Cazas que servião os comendadores os quais aposentos tem huma sala grande com duas janelas e quatro camaras com seos sobrados rotos e logeas por baixo que servem de adegas que tudo esta desbaratado e tem hum eyrado com huma sisterna a mão direita da dita salla esta outra caza para a qual vão subindo por huma escada de pedra que esta desbaratada e todo o castelo esta cercado de muro forte com suas portas e hum ferrolho forte e a torre tem nove varas pela parte do Poente e pela parte do Sul sete e meya". "Acharão mais os ditos Louvados que conforme os apontamentos do Tombo velho e tinha castelo em redondo huma barbacã da qual hoje não há vestígios della e porque sendo citadas as pessoas com quem parte como constado Partocolo do Tombo em contradizerem couza alguma mandou o ditto Juiz do Tombo se o tombo velho sis sinco varas entrando a muralha da mesma barbacã a qual sendo medida pelos medidores lhe poserão suas balisas e o juiz do tombo mandou ao Procurador do comendador puzesse marcos em redondo donde ficavão sinais de que fiz este termo que assignou o ditto juiz do Tombo e louvados Vereadores, comigo Vaz Ripado, João Adeiros de Abreu António Gonçalves Mastiga, António Pires Calvo, Manuel Fernandes Valente vereador. *4 - Relativamente à demarcação do Tombo, de 1618, é referido que: "tinha a hordem de Christo nesta vila hum Castello com sua Barbacam a qual barbacam timha cinco varas de craveiro de Largura com ho muro della o qual muro da barbacam estaua ja desbaratado e não tem mais que o aliseçe em alguas partes e dento do dito Castello esta hua Torre alta no meio dele que tem de Largura por hua Parte seis varas diguo por hua parte coutra seis varas e o vão delle a sinco varas e asim esta mais dentro deste Castello hu aposento de Cazas donde se custuma aguasalhar o Comendador e seus Feitores o qual aposento tem hua salla grande com duas janelas ao norte que esta repairada e ladrilhada de tijolo com sua chaminé e Forrada com hum Forro ja muito desbaratado e entrando a parte esquerda da dita salla estão quatro Camaras sobradadas que tem suas Logeas por baixo que seruem de seleiros e adegas e duas dellas tem chaminés e Fora destas Camaras pegado com elas esta hum eirado criado com hua sisterna e a mão direita da ditta salla esta outra Caza pera a qual vão sobindo por hua escada de pedra e o sobrado esta todo desbaratado de baixo do Sobrado esta hua Logea que serue de seleiro e contra o norte tem hua varanda pequena e reppairaada a Torre tem seruentia pera hua casa terea de pedra e baro onde estão tres cazas Repartidas pequenas Fora o Corredor por honde he a seruentia da Torre que esta dentro do Castello a qual Torre tem dous sobrados e o mais alto tem hua janela ao norte estão mais dentro do dito Castello quatro Cazas térreas que estão contra o sul e duas delas estão descubertas e todo este Castello esta sercado de muro Forte e se Fecha com huas portas Fortes bem preguadas que estão ao norte com hu Forte Ferrolho de Ferro" (Tombo da Comenda de Idanha a nova (...), 1618, p. 27 e 27v).

Autor e Data

Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login