Capela do Senhor do Além

IPA.00035505
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, União das freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada
 
Capela de fundação medieval, com intenso culto ao Crucificado, reconstruída nos séculos 16 e 19, apesar de ter tido o seu momento áureo no séc. 18, tirando partindo da proximidade do hospício carmelita, responsável pela renovação do património integrado que decora o interior. É de planta poligonal, composta por nave, capela-mor apenas marcada interiormente, torre sineira e anexo adossados ao lado direito, com coberturas interiores diferenciadas, em masseira e falsa abóbada de berço e escassa e unilateralmente iluminada na capela-mor por janela rasgada a norte. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em eixo composto por portal em arco abatido, oitocentista, sobre o qual se rasga uma janela em arco apontado, indiciando influência neogóticas. Interior com coro-alto oitocentista e arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras, encimado por sanefão de talha, onde se erguem as armas dos Carmelitas. Possui três retábulos de talha dourada, do estilo barroco nacional, de excelente qualidade. Possui a fachada principal revestida a azulejos de padrão relevado.
 
Registo visualizado 367 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal composta por nave, capela-mor, apenas marcada interiormente, torre sineira e casa adossada ao lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três (anexo) águas, sendo em coruchéu piramidal na torre sineira. Fachadas em alvenaria de granito aparente, exceto a principal do templo e torre, parcialmente revestidas a azulejos de padrão relevado, muitos já desaparecidos; cunhais em cantaria de granito, na fachada principal sobrepujados por pináculos piramidais, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a ocidente, rematada em empena capeada a cantaria, bastante aguda e elevada relativamente à cobertura, rasgada por portal em arco abatido com fecho saliente e moldura recortada, encimado por janelão de perfil trilobulado e moldura saliente. No lado direito e levemente recuada, ergue-se a torre sineira, de dois registos definidos por frisos e cornijas, o inferior com porta de volta perfeita e janelão de extremos curvos e o segundo com quatro ventanas de volta perfeita, com impostas e fechos salientes. Adossado, o corpo anexo, de dois pisos, o inferior com duas portas e o superior com duas janelas de peitoril retilíneas, todas com molduras salientes. Tem adossado portão de acesso a um pequeno adro. Fachada lateral esquerda rasgada por janela no corpo da capela-mor, tendo, no extremo direito da nave, uma sineira de volta perfeita, com remate em cornija e cruz latina. Fachada lateral direita com o corpo anexo, tendo escadas de acesso ao segundo piso na face virada a oriente. Fachada posterior rematada em empena. INTERIOR rebocado e pintado de branco, percorrido por altos lambris em cantaria de granito, com coberturas em estafe e reboco, em masseira na nave e em falsa abóbada de berço abatido na capela-mor, tendo pavimento em ladrilho hidráulico na nave. Coro-alto de madeira, com acesso por porta no lado da Epístola, a partir da sineira. Confrontantes, dois retábulos laterais em talha dourada. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas de fustes almofadados, encimado por sanefão de talha pintada de branco, verde e cinza, formado por frisos de acantos, fragmentos de frontão e cartela central com o emblema dos carmelitas, ladeado por dois anjos e encimado por coroa. A capela-mor está marcada por supedâneo de degraus centrais, em madeira, e, na parede testeira, surge o retábulo-mor, muito deteriorado. É de talha dourada, de corpo reto e três eixos definidos por quatro pilastras profusamente ornadas por acantos, assentes em consolas de atlantes, havendo vestígios de mais duas exteriores. Ao centro, tribuna de volta perfeita com moldura formada por pilastras estreitas, que se prolongam com as de suporte da estrutura em três arquivoltas, formando o remate. Possui tela a representar o Crucificado. Os eixos laterais não existem e a estrutura remata em quartos de círculo com meias arquivoltas, tendo nas interceções medalhões com atributos da Paixão; o medalhão do remate central não existe. Altar paralelepipédico com talha pintada, tendo sanefa e sebastos marcados, tudo profusamente ornado por acantos.

Acessos

Santa Marinha, Rua Cabo Simão

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção da Igreja do Mosteiro da Serra do Pilar (v. IPA.00005358)

Enquadramento

Ribeirinho, isolado, implantado no sopé da Serra do Pilar, em cota inferior ao Mosteiro da Serra do Pilar, junto ao rio Douro. Implanta-se num pequeno terreiro, horizontalizado artificialmente, num socalco sobre o Douro, protegido por muro de suporte de terrenos, em cujo terreiro se implantam também as ruínas do Hospício dos Carmelitas, ocupado posteriormente como fábrica de loiça. Tem acesso por escadas em cantaria, a partir da Rua Cabo Simão. Encontra-se nas imediações da Ponte do Infante.

Descrição Complementar

Os RETÁBULOS LATERAIS são semelhantes, o da Epístola mais deteriorado, cada um deles de talha dourada, de corpo reto e um eixo definido por dois cartelões, duas pilastras e frisos exteriores, os elementos estruturais sobre consolas de meninos atlantes. Ao centro, nicho facetado, ornado por enrolamentos, acantos e, no painel de fundo, losangos, encimado por motivos vegetalistas e envolvido por pequenas pilastras com os fustes ornados por acantos, tendo querubins nos seguintes. A estrutura remata em frisos de acantos, cornijas e fragmentos de frontão que centram espaldar curvo, recortado e vazado, ornado por festões, querubins e enrolamentos. Altar paralelepipédico, pintado de branco e cinza, contendo frontal decorado por rosetão, acantos e concheados. Nos sinos, arrecadados pela Junta de Freguesia, surge a inscrição: "FÁBRICA DE SINO / L.F. ROCHA / PORTO".

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - Arciprestado de Vila Nova de Gaia - Norte)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

FUNDIDOR: L.F. Rocha (séc. 20).

Cronologia

Séc. 12 - o bispo D. Pedro Rabaldio manda construir uma capela para albergar uma imagem do Crucificado encontrada durante as escavações levadas a cabo para a fundação de um mosteiro feminino, com a invocação de São Nicolau; 1500, 24 agosto - a capela recebe obras para serem colocadas no seu interior as imagens de São Nicolau e São Bartolomeu, transportadas do extinto mosteiro de São Nicolau; 1739, 05 março - fundação do hospício carmelita por cinco frades; tornam-se os zeladores da capela; provável feitura das estruturas retabulares; 1758 - nas Memórias Paroquiais assinadas pelo pároco Jorge Neuel, é referida a capela como sendo inicialmente dedicada a São Nicolau e São Bartolomeu, mas levada nas cheias de 1739; por estar junto ao rio, a imagem recolhia no inverno à catedral; pertencia ao padre Faustino da Costa, sacerdote do hábito de São Pedro, que a doou a um irmão, carmelita, a que pertence; tem 3 altares, construídos com esmolas adquiridas por Frei Feliciano; no altar-mor, Senhor Jesus e Senhora do Carmo e nos lados Senhora da Esperança e São José; o colateral do Evangelho de Santo Elias, Santa Teresa, Santa Maria Madalena de Pazzi e no lado oposto, São Simão Stoch, São Bartolomeu e Santo Ângelo; 1832 - os frades carmelitas abandonam o hospício e deixam de zelar pelo culto da capela; 1834 - venda do edifício do hospício, onde se instalou uma fábrica de loiça; 1877 - reconstrução da capela; séc. 20 - fundição de um dos sinos na Fábrida L.F. Rocha, do Porto; 2016, janeiro - é firmado um acordo entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e a empresa Douro Azul para consolidação das arribas sobre o Douro, recebendo a empresa a contrapartida da construção de um hotel com acesso direto a um ancoradouro, tendo que garantir a requalificação da capela; julho - o primeiro projecto, do atelier Rodapé, é chumbado pela DRCN, por assumir uma volumetria desproporcionada à escarpa onde está prevista a sua instalação; 2017, 24 julho - incêndio na capela.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito; modinaturas, cruz, lambris, supedâneo da capela-mor, pia de água benta em cantaria de granito; coro-alto, portas, caixilharias de madeira; sanefão em talha pintada; retábulos de talha dourada; pavimento da nave em ladrilho hidráulico; coberturas em telha cerâmica.

Bibliografia

AMORIM, Miguel - «Fogo e degradação na Capela do Além». In Jornal de Notícias. 25 julho 2017, p. 24.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 40, n.º 239, fls. 1437-1454

Intervenção Realizada

Nada a assinalar.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2016 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login