Ponte Ferroviária de Alcácer do Sal

IPA.00035386
Portugal, Setúbal, Alcácer do Sal, União das freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana
 
Ponte construída pelo Estado no início do séc. 20, para circulação ferroviária, integrada na Linha do Sul. É do tipo arco com tabuleiro inferior ou do tipo "bowstring", em aço, e vigas do sistema Schiwedler. Possui oito tramos, de comprimento desigual, o quarto basculante, em que as vigas têm o banzo inferior reto e o superior semi-parabólico, com tabuleiro plano colocado sete pilares subcirculares e pegões-encontro irregulares. No tramo levadiço, surge a torre da báscula, de perfil retilíneo. O tabuleiro da ponte tem uma única via de circulação, com os carris ladeados por passeios metálicos, protegidos por guardas em ferro. Estruturalmente, possui muitas afinidades com a Ponte Rodoviária de Alcácer do Sal, construída mais a (v. IPA.00035385).
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Transportes  Ponte / Viaduto  Ponte ferroviária  Tipo arco

Descrição

Ponte ferroviária em ferro, pintada de verde escuro, de um tabuleiro, plano e inferior, em aço macio do tipo "Bowstring", composto por oito tramos desiguais (14,00 + 50,04 + 49,68 + 13,41 + 3 x 50,04 + 14,00 m), assentes em sete pilares de alvenaria, revestidos a cantaria, de planta subcircular rematados em cornija moldurada, e em dois pilares encontro quadrangulares irregulares; os tramos assentam nos pilares e encontros por intermédio de aparelhos de apoio em aço, fixo numa das extremidades e livre na outra. Estruturalmente, cada tramo é constituído por uma armação de vigas principais, com o banzo inferior reto e o superior semi-parabólico, os dos extremos e o levadiço mais baixos, ligados por montantes verticais e diagonais (sistema Schwedler). O quarto tramo, com 13,41 m de vão, é levadiço e possui no alinhamento do pilar a torre da báscula, de perfil retilíneo, de que conserva duas rodas dentadas laterais, por onde corriam as correntes da báscula; lateralmente surgem as guias do contrapeso de perfil em I. A ligação entre os diversos elementos estruturais é realizada por intermédio de ligações rebitadas. O tabuleiro da ponte, que serve de suporte apenas a uma via de circulação, é constituído por carlingas e longarinas metálicas, servindo as longarinas à via-férrea, estando localizadas sobre os alinhamentos verticais correspondentes aos carris. Cada carril assenta, por intermédio de palmilhas de borracha, em travessas de madeira apoiadas nos banzos superiores das longarinas. Os carris são contínuos sobre a ponte, possuindo em ambas as extremidades aparelhos de dilatação de via. De cada lado dos carris, dispõem-se passeios com pavimento metálico, protegidos por guarda em ferro, formando reticulado largo.

Acessos

Alcácer do Sal; ao km 78+910,240 da Linha do Sul. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,368818; long.: -8,520365

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado. Ergue-se sobre o rio Sado, no sentido norte - sul, estabelecendo a ligação entre os concelhos de Alcácer do Sal na margem direita do Sado, com o de Grândola, na margem esquerda, numa zona de planície. É enquadrada por arrozais. A cerca de 500m a noroeste, ergue-se, na margem direita, a Estação Ferroviária de Alcácer do Sal.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Transpostes: ponte

Utilização Actual

Transpostes: ponte

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIROS: Sousa Bual (1905).

Cronologia

Séc. 20, início - Governo pondera a ideia de se construir uma linha de caminhos-de-ferro de Pinhal Novo ao Algarve passando pelo litoral; a questão mais problemática é se a passagem pela península de Setúbal se faria pelo Poceirão ou por Setúbal; acaba por se decidir que a linha passe pela cidade de Setúbal, Águas de Moura e Alcácer do Sal; 1905 - elaboração do projeto inicial da ponte ferroviária a construir sobre o rio Sado em Alcácer do Sal da autoria do engenheiro Sousa Bual; 1908, maio - portaria autoriza a construção da linha pelo vale do Sado em três secções: a inicial até Alcácer do Sal, a segunda até Alvalade e a terceira até Garvão, hoje Funcheira, onde seria ligada à linha já existente vinda de Beja; 1912 - devido à necessidade de aumentar a capacidade de vazão do rio, procede-se a alterações do projeto da ponte, adicionando-se dois tramos de 50 m e transformando-se um dos tramos em levadiço; estas alterações conduzem a um aumento considerável do custo previsto para a obra; também a necessidade de introduzir novas locomotivas com 90 t, cujos efeitos não eram cobertos pelo Regulamento Português de 1897, então em vigor, leva a mais alterações ao projeto original; além disso, a excessiva compressibilidade dos solos de fundação dos aterros de acesso à ponte, levam à introdução de dois tramos marginais com 14 m e à criação de dois falsos encontros; 1915, agosto - data prevista inicialmente para a abertura de concurso do projeto do tabuleiro; 1916, finais - início dos trabalhos de execução das estacas de madeira com o auxílio de ensecadeiras e bate-estacas manuais; 1918, 14 julho - entra ao serviço o troço da linha do Sado *1, entre Garvão e a margem esquerda do rio Sado, onde é instalada uma estação provisória para servir Alcácer do Sal; 1919 - abertura de concurso para elaboração do projeto do tabuleiro, bastante atrasado relativamente à data prevista, devido ao abrandamento das obras de caminhos-de-ferro, motivado pelas repercussões económicas da 1ª Guerra Mundial; nenhum dos projetos apresentados a concurso é aprovado; 1920, 25 maio - inauguração do ramal entre Setúbal e Alcácer do Sal e da estação definitiva de Alcácer do Sal, na margem direita, sendo o rio atravessado por uma ponte provisória, com grandes restrições de uso *2; a viagem inaugural conta com a presença de dois ministros, música a bordo, filarmónica e chegada a Alcácer num ambiente de festa e grande emoção popular; 1921 - elaboração de um novo projeto para o tabuleiro pelo Serviço de Estudos e Construção, de que resulta a atual modulação da ponte em termos de vãos; 1923, março - conclusão dos trabalhos de execução das estacas de madeira; outubro - início da construção dos encontros; 1925, 01 junho - inauguração da ponte ferroviária definitiva, com tabuleiro metálico fornecido pela Alemanha, como parte das reparações da Primeira Guerra Mundial, e com um tramo móvel para permitir a passagem dos barcos à vela do transporte dos cereais; até ali, os passageiros passam o rio em barcaças e apanham um outro comboio, no outro lado do rio, para o Algarve; 1979 - a ponte detém um papel importante, visto ser por ela que se realiza o transporte de mercadorias pesadas, nomeadamente de minério proveniente das minas de Aljustrel e Neves Corvo; mas, devido à crescente restrição que coloca à circulação ferroviária, estuda-se a sua substituição ou reforço da ponte; os estudos então efetuados, levam a concluir pelo reforço estrutural da ponte; 1980 - elaboração do projeto de reforço da ponte, de autoria do engenheiro Carlos Castanheira, da Divisão de Pontes da REFER, de modo a possibilitar a circulação de locomotivas rebocando cargas até 25 t/eixo e à velocidade máxima permitida pelo traçado da via; 1988, julho - início das obras de reforço da ponte, com adição de material na grande maioria das seções e, em algumas situações, substituição integral do perfil das barras, permitindo conservar a estética original da ponte e a sua integração na envolvente; 1990, maio - conclusão das obras de reforço da ponte; 2001 - estudo da ponte tendo em vista a avaliação do seu comportamento estrutural para a passagem do comboio Alfa Pendular, pelo gabinete de projeto GRID; conclui-se ser bom o comportamento da ponte para a passagem deste comboio até à velocidade de 220 km/h, correspondente à velocidade máxima do mesmo; 2010, 26 outubro - um comboio de transporte de carvão, com destino à Central Termoelétrica do Pego, descarrila junto à ponte, obrigando a realização de obras de reparação; durante estas, que demoram cerca de 3 semanas, a circulação ferroviária é suspensa neste troço, sendo necessário utilizar a variante de Alcácer.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Estrutura de ferro; pilares revestidos a cantaria; elementos estruturais do tabuleiro em aço macio; túlipas de madeira; pavimento dos passeis em chapa; guarda em ferro.

Bibliografia

CHORÃO, Nuno P., CIPRIANO, Carlos - "Refer admite recorrer à variante de Alcácer para reabrir Linha do Sul até ao Algarve". Público. 28 outubro 2010; Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. S.l.: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A., 2006, p. 238; PEREIRA, Alberto - As pontes de Alcácer do Sal. (http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=7183), [consultado em 14 junho 2015]; RIBEIRO, Diogo Rodrigo Ferreira - Comportamento Dinâmico de Pontes sob Acção de Tráfego Ferroviário a Alta Velocidade. Dissertação de Mestrado apresentada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Porto, dezembro 2004.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 2010 - obras de reparação na via e na estrutura da ponte.

Observações

*1 - Os primeiros projetos do estabelecimento de uma ligação ferroviária para servir a região do Vale do Sado, contemplavam apenas a construção da linha até Alcácer do Sal, com uma interface rodo-fluvial na margem do rio. Posteriormente, pensou-se em continuar a Linha do Sado, como era então referida, até entroncar no Caminho de Ferro do Sul em Garvão, constituindo uma alternativa àquela ligação ferroviária. *2 - A ponte metálica, sobre o rio Sado, ainda não estava construída por motivos financeiros e técnicos pois devido à Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra não havia podido fornecer os mecanismos para a sua construção.

Autor e Data

Paula Noé 2015

Actualização

 
 
 
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