Casa do Terreiro n.º 5 a 15

IPA.00003517
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, União das freguesias de Arcos de Valdevez (São Paio) e Giela
 
Palácio setecentista e neoclássico, de influência italiana, com planta rectangular, enquadrada na tipologia de casa comprida, com as fachadas rebocadas e pintadas, de dois pisos separados por friso e com pilastras nos cunhais. Fachada principal terminada em friso e cornija, alteada ao centro, e de três panos ritmados por pilastras, abrindo-se no central portal de verga recta, entre pilastras suportando cornija, encimado por janela de sacada, também terminada em cornija e brasão no falso tímpano, definindo um eixo central, a partir do qual se organiza a simetria do esquema de abertura dos vãos; estes são rectilíneos, correspondendo, no primeiro piso, a janelas de peitoril, com brincos recortados, terminados em friso e cornija, no pano central, e a portas nos panos extremos, e a janelas de sacada, no segundo, terminadas em cornija, friso e cornija. Fachada posterior com arcada encimada por loggia. No interior, piso térreo com vestíbulo central, com portas laterais de distribuição e arco de volta perfeita de ligação a escada de lanços opostos iluminada por clarabóia, com pintura decorativa, de acesso ao andar nobre, com as salas viradas à fachada principal com tectos decorados com estuque, talha e pintura sobre tela, com decoração neoclássica; virada à fachada posterior, tem cozinha, , com ampla lareira, conservando forno e pia e a capela. Contrastre entre a regularidade e simetria da fachada principal e laterais com a irregularidade da fachada posterior, de cinco pisos adaptados ao declive do terreno, o primeiro, inicialmente, para lojas, dividido em quatro espaços de grandes dimensões, cada uma delas com acesso directo ao antigo logradouro e parte rústica; o intermédio, entre o primeiro piso e o andar nobre, ao qual se pode aceder utilizando a escadaria principal, com sete salas, primitivamente composto por um número de divisões menor, tendo-se fechado alguns vãos para aumentar o número de dependências; o terceiro, situa-se acima do primeiro andar, possui escada de acesso em madeira e aí localizar-se-iam os quartos de dormir, contidos em doze divisões. Destaca-se pelo facto de conservar nas salas viradas à fachada principal do andar nobre, tectos ricamente decorados. A antiga capela de planta rectangular, possuía cobertura em falsa cúpula e, ostentava pintura mural decorando as paredes.
Número IPA Antigo: PT011601410016
 
Registo visualizado 609 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palácio  

Descrição

Planta rectangular, de volume e massa simples, de dominante horizontal, tendo adossado à fachada lateral direita garagem quadrangular, mais baixa, a casa com cobertura em telhado de quatro águas, a telha de aba e canudo, pontuado pelos volumes da chaminé, rebocada e pintada de amarelo, e da clarabóia, com estrutura metálica envidraçada, encimada por catavento metálico, e a garagem de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas a amarelo, com pilastras nos cunhais e ostentando nas fachadas principal e laterais, remate em duplo friso e cornija de cantaria de granito e, na fachada posterior, em cornija de betão, pintada de amarelo, sobreposta por beirada simples. Fachada principal percorrida por embasamento de cantaria de granito, terminada em cornija alteada ao centro, formando arco recortado, tendo dois pisos, separados por cornija e três panos definidos por pilastra. No pano central, no primeiro piso, ao centro, rasga-se portal, de verga recta enquadrada por pilastras, de fuste almofadado, assentes em plintos e de capitéis fitomórficos, rematado em cornija e alto friso, onde se dispõe ao centro cartela recortada, de concheados, e duas mísulas decoradas de acantos, que sustentam a janela de sacada do piso superior, rectilíneo com moldura ladeada por aletas recortadas, terminada em friso e cornija, guarda em gradeamento de ferro; sobre a janela e no falso tímpano, dispõe-se brasão, com escudo esquartelado, coroado por elmo, envolta por elementos volutadas. O portal é ladeado, de ambos os lados, por três janelas de peitoril gradeadas, com moldura formando brincos recortados, rematadas por cornija e alto friso, sobreposto pelas mísulas volutadas de suporta das janelas de sacada do piso superior; estas são rematadas por cornija, friso e cornija, possuem guarda em gradeamento de ferro e, tal como todas as outras janelas do andar nobre, caixilharia com bandeira. Nos panos extremos, mais estreitos, rasga-se, no primeiro piso, portal, de verga recta com moldura terminada em cornija, encimada por alto friso, lateralmente volutado, sobreposto pelas mísulas da janela de sacada do segundo piso, seguindo o modelo do pano central. Fachadas laterais de dois pisos, separados por friso, a esquerda rasgada, no primeiro piso, por duas janelas de peitoril molduradas, com caixilharia de duas folhas, e no segundo piso de ambas, por outras duas com moldura rematada em cornija e caixilharia de duas folhas e bandeira; a garagem adossada termina em friso e cornija, sobreposta por beirada, e tem fachada principal rasgada por portal de verga abatida, com moldura recortada lateralmente e de fecho saliente. Fachada posterior, de cinco pisos, parcialmente oculta, ao nível dos dois primeiros, por dois corpos, o da direita do auditório, de planta irregular, de massa horizontal, com cobertura em terraço, dotado de guardas metálicas e pavimentado a lajes de cantaria de granito, constituindo plataforma para miradouro ou esplanada, revestido com lajes de cantaria de granito e acedido por escadaria de cantaria, com guardas metálicas. O da esquerda, revestido a placas de cantaria, é rasgado por grande vão envidraçado, tendo à direita escadaria de acesso ao terraço, com guardas metálicas. A fachada posterior propriamente dita possui na metade esquerda arcaria composta por quatro arcos de volta perfeita, sobre pilares quadrangulares de cantaria, formando alpendre com pano recuado, de dois pisos; no primeiro, rasgam-se quatro portais de verga recta e moldurada simples, encimados por janela de peitoril, de diferentes tamanhos, molduradas, com caixilharia de duas folhas, o primeiro à esquerda ladeado à esquerda por janela jacente gradeada, encimada por janelão entaipado. Sobre a arcada, desenvolve-se loggia, rematada por friso de betão, sustentada por colunelos assentes em plintos paralelepipédicos, intercalados por guarda plena de cantaria; o pano recuado é rasgado por sete vãos rectilíneos. Na metade direita, com três pisos, rasgam-se portas de verga recta e janelas de peitoril, molduradas, com caixilharia integrando bandeira, e uma janela jacente geminada. INTERIOR: Apresenta a maioria das paredes rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria e vãos rectilíneos moldurados. No primeiro piso, vestíbulo rectangular, com pavimento em lajes de cantaria e tecto plano; lateralmente rasgam-se portas de verga recta de comunicação a outras salas, e, frontalmente, arco de volta perfeita sobre pilastras, possuindo porta de madeira pintada de branco, com bandeira envidraçada, ladeada por duas portas de verga recta. A porta central acede a escadaria de lanços opostos, em cantaria, com arranque volutado, guarda em alvenaria rebocada e pintada, e corrimão de cantaria, curvo; é coberta por tecto policromo, integrando clarabóia octogonal sobre tambor com largo chanfro, pintado nas duas faces compridas com escudo suportado por dois anjos, envolvidos por motivos vegetalistas, e nas faces mais pequenas por almofadas com carrancas e motivos vegetalistas; no tambor, surgem cartelas com carrancas, intercaladas por tribunas, em arco trilobado e com guarda de ferro. No patim intermédio, a parede é rasgada por porta de verga recta, com moldura rematada em cornija, ladeado, à esquerda por nicho em arco de volta perfeita, interiormente concheado, albergando estátua de guerreiro policroma. No patamar, a seguir ao segundo lanço, a parede é rasgada por duas portas de verga recta, com moldura rematada por cornija, acedendo às dependências do andar nobre, destacando-se cinco grandes salas, viradas à fachada principal, sendo a central rectangular e as laterais quadrangular. Ao centro, o salão principal, com cobertura em falsa abóbada revestida por estrutura de talha, dourada e policroma, e pinturas sobre tela, decorada com composições de motivos fitomórficos, apoiada em seis mísulas de talha, igualmente dourada e policroma, e ritmada por chaves, de diferentes diâmetros e configurações, evidenciando-se o azul e o branco. À esquerda, outro salão apresenta cobertura em falsa abóbada revestida por estuque composta por nervuras convergindo para chave central recortada, dourada, formando oito panos, ostentando telas pintadas com fusão de uma cabeça de águia com motivos vegetalistas, envolvida por filete castanho e cercadura azul com motivos geométricos em azul mais escuro, que, por sua vez, formam quatro composições, de dois panos, uma vez que as cabeças de águia estão afrontadas duas a duas; o pavimento é em soalho de madeira bicolor. À esquerda desta, sucede sala com tecto contendo composição organizada em torno de um octógono central com moldura nervurada em estuque branco e duplo filete dourado, contendo florão em bronze e frisos vegetalistas estilizados pintados; o octógono é enquadrado nos ângulos por quatro cartelas com molduras nervuradas de estuque branco com faixa azul e filete dourado, contendo paisagens campestres, intercaladas por outras com motivos fitomórficos, criando cercadura; entre esta e o centro, surgem festões, motivos fitomórficos enrolados, fitas e pássaros, com medalhão central, em forma de amêndoa, representando quatro frutos: ananás, melancia, uvas e, provavelmente, melão. À direita, do salão principal, outra sala ostentando cobertura em falsa cúpula de caixotões, decorados com pintura sobre tela, com representação de elmos integrados em cartelas constituídas por elementos vegetalistas. À direita desta, sucede sala, apresentando tecto em cúpula de estuque, branco, com alguns pormenores dourados, decorada com motivos vegetalistas formando flor estilizada, envolvida por friso, seguida por anel ornamentado com fina folhagem e, apoiada em anel decorado com cartelas decoradas com instrumentos musicais de sopro e partituras e outras, decoradas com festões. Nos ângulos do anel surgem quatro medalhões em formato de amêndoa, enquadrando representação de quatro figuras mitológicas, entre as quais Atena e Mercúrio. No andar nobre, além de outras dependências, evidencia-se a antiga cozinha, com grande chaminé, em cantaria, apoiada em pilares e ainda uma pia de configuração circular.

Acessos

São Paio, Lugar de Valverde. WGS84 (graus decimais): lat.: 41,847392; long.: -8,417327

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982

Enquadramento

Urbano, adossado, implantado numa zona de terreno de declive bastante acentuado, implicando na fachada posterior, sobranceira ao rio Vez, arranjo paisagístico, integrando escadaria de acesso ao auditório. Fachada principal voltada para o Jardim dos Centenários e a fachada lateral esquerda e, posterior, voltadas para a paisagem onde se destaca o Rio Vez. Ladeia o portal principal dois bancos de pedra. Na proximidade erguem-se a Igreja Matriz (v. PT011601340018) e a Igreja do Espírito Santo (v. PT011601340011).

Descrição Complementar

HERÁLDICA: Na fachada principal a pedra de armas do Visconde de São Paio, a qual terá provavelmente substituído a da família que fundou a casa, tem escudo ovalado, esquartelado, com as armas de Araújo, no primeiro quartel, com uma aspa decorada com cinco bosantes; as de Azevedo, no segundo quartel, por sua vez, também esquartelado possuindo no primeiro e quarto quartéis uma águia estendida e, no segundo e terceiro cinco estrelas de quatro pontas; as de Vasconcelos, no terceiro quartel, dividido em faixas; as de Gama, no quarto possuem axadrezado de três peças em faixa e cinco em pala, ornadas com três filetes postos em faixa, estando o centro do axadrezado valorizado pela presença de um escudete tratado com cinco escudetes, ornados por cinco bosantes. INSCRIÇÃO: no interior, no vestíbulo, placa gravada: "CASA DAS ARTES MUNICIPAL. Inaugurada em 11 de Julho de 2001 por Sua Excelência o Ministro da Cultura Professor Doutor Augusto Santos Silva sendo Presidente da Câmara o Dr. Francisco Rodrigues de Araújo".

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: biblioteca

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 18, 2ª metade - construção da casa, pela família Pereira de Vilhena, da casa da Róca, do termo de Ponte da Barca; séc. 19 - D. Manuel II ficou hospedado nesta casa, no contexto de uma viagem ao Norte; 1810 - pouco depois do seu casamento com D. Emília Delfina Barreto de França, Gaspar de Azevedo de Araújo e Gama *1, futuro Visconde de S. Paio, compra a casa a José Pereira Coutinho de Vilhena; pouco depois procede a algumas transformações interiores; 1809, 27 Março - destacamento francês chega a Arcos de Valdevez, sob o comando do capitão Moreau, provindo de Braga e instala-se na casa; 1861, 8 Setembro - depois do seu falecimento, a casa passa para a posse do filho, José Maria de Azevedo Araújo e Gama; posteriormente vende-a ao industrial António Dias Gonçalves; séc. 20 - fecho da varanda para criação de um jardim de Inverno; 1989 - era proprietária da casa D. Maria Cândida Dias da Silveira Azevedo Portocarrero e seus filhos; 1990, década - adquirida pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, por cerca de 80 mil contos; 2001, 11 Julho - inauguração oficial do novo espaço cultural com a presença do Ministro da Cultura, o Prof. Dr. Augusto Santos Silva, sendo Presidente da Câmara Municipal Dr. Francisco Rodrigues de Araújo.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; molduras dos vãos, frisos, cornijas, pilastras dos cunhais, arcos, auditório e escadarias em cantaria de granito; grades metálicas; talha; madeiras; telas pintadas; pintura mural; azulejos; trabalhos de estuque; pavimento de madeira e lajedo; algerozes metálicos; cobertura de telha de aba e canudo.

Bibliografia

GOMES, José Cândido de, Terras de Valdevês, Arcos, 1899; PEREIRA, Félix A., Estudos do Alto Minho, Lisboa, 1914; AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; s.a., Arcos de Valdevez, Tradição Arquitectónica de Raízes bem Profundas in Primeiro de Janeiro, Porto, 16 Set. 1980; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; NOVAIS, Luís, DAMÁSIO, Luís Pimenta de Castro, SILVA, Armando do B. Malheiro da, Casa do Terreiro in Casas Amoriadas do Concelho dos Arcos de Valdevez, vol. 1, Arcos, 1989, p. 89 - 127; s.a., Breve Inventário Artístico do Concelho de Arcos de Valdevez, Câmara Municipal de Arcos de Valdevez; CM Arcos de Valdevez, www.cm-arcos-valdevez.pt , 17 Maio 2006.

Documentação Gráfica

Câmara Municipal de Arcos de Valdevez

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, http://www.cm-arcos-valdevez.pt/casadasartes/?page_id=18

Documentação Administrativa

Câmara Municipal de Arcos de Valdevez

Intervenção Realizada

Proprietário: 1810 - procedeu a algumas alterações no interior; Câmara Municipal de Arcos de Valdevez: 1990, década - recuperação do edifício, prevendo a instalação de uma biblioteca, Biblioteca Municipal Tomás de Figueiredo, um auditório e um espaço de exposições, para além de outras dependências destinadas a actividades formativas e lúdicas, dirigidas ao público infanto-juvenil, zona de depósito e conservação de documentos e, por último, divulgação de conteúdos audiovisuais; valorização do imóvel do ponto de vista histórico e também arquitectónico; reabilitação dos tectos pintados em tela, bem como da clarabóia central, e o redimensionamento da fachada nascente, devido à necessidade de integração de um elemento totalmente novo - Auditório.

Observações

*1 - Proeminente político e distinto fidalgo liberal, nascido a 11 de Junho de 1792, tornou-se Fidalgo Cavaleiro da Casa Real a 15 de Junho de 1799, na continuidade da tradição da sua família, desde há três gerações; era herdeiro da Casa de Faquelo, na freguesia de São Paio, por parte da mãe, e da Casa de Genço, freguesia de Refojos do Lima, por parte do pai. Atendendo às suas opções políticas foi perseguido durante o período de guerra civil, chegando mesmo a ser preso, e, consequentemente, demitido da sua função de sargento-mor das ordenanças de Arcos de Valdevez, patente que deteve entre 24 de Abril de 1815 e 20 de Dezembro de 1828. Após a vitória de D. Pedro IV, foi nomeado, por carta régia, vereador da primeira Câmara constitucional de Arcos de Valdevez, sendo que a 11 de Fevereiro de 1835 assume o cargo de Presidente do Município, voltando a exercer esta função a 1 de Janeiro de 1840. Passados quatro anos, a 10 de Maio de 1837, é nomeado Administrador do concelho, cargo que voltaria a ocupar entre 1845 e 1846, dado que neste ano, a partir do dia 17 de Junho, passou a assegurar a função de Governador Civil de Viana do Castelo. A rainha D. Maria II nomeou-o seu conselheiro a 15 de Junho de 1853 e, vinte e seis dias depois, concedeu-lhe o título de Visconde, implicando uma tença de 1.055$000 réis. *2 - O vestíbulo possuía pintura mural nas paredes, consistindo em cercadura pintada imitando silhar de azulejo, de tipo geométrico. Nas paredes tinham pintadas grandes cartelas côncavas nos cantos, sem ornamentação. No andar nobre, o salão principal sofreu algumas perdas de pintura mural. As paredes eram decoradas com faixa recortada bege, cujos cantos e vãos dos arcos eram valorizados com ornamentos fitomórficos, em castanho; nos topos, ao centro do vão do arco, estava pintado um medalhão pendente com brasão, distinto em cada uma das paredes, datados de meados do séc. 19. Os dois brasões possuíam escudo quadripartido sobre cartela verde, decorada com motivos vegetalistas e coroada por elmo com colar e virol, da mesma cor. Ambos os escudos eram esquartelados, mas num deles apenas estavam representadas as armas de duas famílias: Sousa, de Arronches (primeiro e quarto quartéis) e Castro (segundo e terceiro quartéis). No outro tinham sido repetidas as armas do brasão que, ainda hoje, coroa o fecho do janelão sobre o portal da fachada principal, à excepção das armas dos Vasconcelos, substituídas, pelas dos Peixoto. Assim, no primeiro quartel, as armas dos Araújo, de prata, com aspa de azul decorado com bosantes de ouro colocados em aspa; no segundo quartel, por sua vez, também esquartelado, as dos Azevedo, de São João de Rei, sendo que o primeiro e o quarto quartéis eram de ouro com uma águia estendida de negro e, o segundo e o terceiro quartéis pintados de azul com cinco estrelas de seis pontas de prata e com bordadura cosida de verde com dezoito aspas de ouro; no terceiro quartel, as dos Peixoto, em axadrezado de ouro e branco, de quatro peças em faixa e cinco em pala, e, no quarto quartel, as dos Gama, de Vasco da Gama, em axadrezado de ouro e de vermelho, de três peças em faixa e em pala, possuindo, ao centro, escudete de prata, ornado por cinco escudetes azuis dispostos em cruz e com cinco bosantes de ouro brocante, ao centro, sobre a segunda tira e parte da terceira. A introdução dos Peixoto no brasão da genealogia familiar de Gaspar de Azevedo de Araújo e Gama justifica-se devido ao casamento de seu neto José Maria de Azevedo de Araújo e Gama de Sousa e Castro, com D. Emília Delfina de Azevedo de Araújo e Gama Peixoto. Deste modo este brasão refere a união das duas famílias através da pessoa de D. Delfina. Em contrapartida, opunha-se o brasão da mãe do neto do primeiro Visconde de São Paio, no outro topo, exibindo as armas dos dois últimos nomes desse: Sousa, de Arronches, esquartelado, sendo o primeiro e o quarto quartéis de prata, decorados com cinco escudetes azuis, distribuídos em cruz e, por sua vez, ornados com cinco bosantes de ouro, possuindo bordadura castanha com filete preto, posto em barra e, o segundo e o terceiro quartéis pintados de azul com uma caderna de crescentes de prata; Castro, pintados de vermelho com seis arruelas de prata. À esquerda do salão principal, no extremo, localizava-se a antiga sala de jantar, actualmente, biblioteca. Do outro lado do corredor, em frente à sala de jantar, existia a cozinha, hoje, espaço multimédia. À direita, do salão principal, no extremo, localiza-se a antiga Sala de Música. Do outro lado do corredor, em frente a esta sala, existia a antiga capela, orientada a E., datada da segunda metade do séc. 18, de planta rectangular, ostentando nas paredes pintura mural neoclássica e, possuindo retábulo e frontal de altar em talha dourada. O retábulo, de planta recta e três eixos, possuía frontal de altar em talha dourada ostentando, ao centro, cartela recortada, onde surge inscrito: "IHS"; o corpo, apresentava três eixos, sendo o central mais estreito que os laterais, rematados por cornija recta alteada ao centro formando arco de volta perfeita, apresentando nichos, dos quais, os laterais são suportados por atlantes, e, o central, ostentava fundo pintado de azul com motivos vegetalistas dourados, simulando revestimento têxtil, que se prolonga para o ático e, albergando imagens de santos; o ático, em arco de volta perfeita com arranque volutado, apresentava, ao centro composição de talha, ladeada por duas cartelas recortadas.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / Marta Ferreira 2006

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login